Monday, January 02, 2017

Tormenta II

Nem semelhante do que se refere a ter sido bem sucedida.
Eu - como muitos e muitos outros - confiei que por ter sido bem sucedido na primeira barreira também iria ser na segunda. Não fui. Não estou a ser.

Por volta das 18.00hs de 31.12 a coisa azedou e, como é habitual, azedou muito depressa.
Poderão perguntar foi do nada? e responderei que não, não foi do nada.
Só que apesar de não ter sido do nada também não foi nada que justifique a entrada de nariz à frente na terra. O que aconteceu, e que não é virgem no meu caso, é que um pequeno e, quase, insignificante evento tornou-se no premir do gatilho de uma arma que já estava carregada e pronta a disparar.

Depois disso, foi sempre a descer. Melhor, depois disso não voltei a subir.

Foi-me perguntado o que tinha e não me apeteceu falar sobre isso; aliás, não me apeteceu e ainda não me apetece, razão pela qual não o farei aqui também.
Aqui, não o farei porque não me apetece mexer em ferida aberta;
Ali, não o fiz porque estou em modo de destruição e sem discernimento para escolher o que mando ao ar.

...é difícil explicar algumas coisas a pessoas que não se conseguem identificar com um determinado tipo de mentalidade ou, de vez em quando penso nisso, a um determinado tipo de enfermidade.

Não tenho vontade de chorar;
Não tenho vontade de falar;
Não tenho vontade de me queixar;
Não tenho vontade de partilhar;
Não tenho vontade de ser ajudado.

Tenho vontade de desaparecer.
Tenho vontade de nada.

Aprendi, contudo, que sempre foi passageiro mas procuro não me esquecer que, como estas tormentas, por ter sido sempre passageiro não quer dizer que venha a ser sempre passageiro.
Aprendi, também, que, nestas alturas, não tenho apenas vontade de desaparecer mas, também, de fazer desaparecer tudo o que me rodeia. Destruição em escala. Destruição na maior escala que me for possível.

Então,
um pouco como os alentejanos que quando têm vontade de trabalhar sentam-se esperam que a vontade passe, faço o mesmo.

Então, se eu tiver as minhas coisas e não quiser partilhar contigo, é na boa.
- Não, não é na boa. Nós não somos iguais. Nós não somos a mesma pessoa.

Ela. como muitos outros e felizmente para os próprios, sentem-se confortadas quando apoiadas e ouvidas.
Eu, como alguns outros e infelizmente, só tenho os olhos cheios de rios de sangue que esperam o momento - qualquer um! - para rebentar as margens e conspurcar tudo, merecida ou imerecidamente.

Vou continuar sentado.


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