Tuesday, September 11, 2018

A Comparação é o Ladrão da Alegria

Comparison is the Thief of Joy, disse o Theodore Roosevelt.
Este Roosevelt é o meu presidente americano favorito.

Por estes dias, um dos gajos que trabalha comigo disse o meu sonho era ter 1.80mts
Tenho a certeza que muitas das pessoas que vêm, por exemplo, o Instagram pensam quem me dera ser como ela ou ele e deve ser por isso que o CR tem tantos seguidores; suponho que as pessoas queiram ser rapadas e ricas e ter carros.

...isto parece-me esquisito desde há muito tempo.
Infelizmente, não poderei dizer que sempre fui assim porque também quis ter as Air Jordan quando era criança e ir de férias para Paris, como muitos dos meus companheiros de escola.
Mas...agora?
Adoraria que esta coisa fosse exclusiva de adolescentes ou crianças mas não é. 
Se fosse algo etariamente pueril não seria vendido um único BMW M3.

Nesta altura, poderão pensar Lá está o K na sua senda contra o materialismo! e estarão apenas parcialmente certos. 
Fujamos a dinheiros e partamos para o que me interessa em termos particulares.
O que eu gostava mesmo de fazer era viajar e ser pago por isso. Esse seria o meu sonho juntamente com ter uma família e viver no meio do monte.
O Bourdain teria a vida com que sonhei - talvez excluindo a droga mas apenas talvez - e o que aconteceu? Matou-se.
A realidade é que neste preciso momento eu sou mais bem sucedido do que ele porque estou vivo (sendo certo que não cheguei à idade dele, ainda).

O gajo que teria a vida que eu mais desejava...não a tinha, de facto. 
Ainda que a Comparação não fosse a Ladra da Alegria, não podemos comparar o que não conhecemos...e, no caso do Bourdain, conhecíamos o programa de televisão. Em muitos outros casos, temos meia dúzia de fotografias retocadas e congeladas num tempo que não tem qualquer expressão.

Agora, porque não sou iludido:
é impossível sairmos ilesos de comparações.
Profissionalmente, por exemplo, é impossível.
Desportivamente, por exemplo, é impossível.

As pessoas mais bem pagas são-no por serem superiores a outras no desempenho das suas funções.
Isto, só se consegue, comparando.
Os vencedores levam a melhor sobre os vencidos e não há manifestação maior de comparação.

A verdade que o Roosevelt corporizou não é aplicável a uma parte considerável da nossa vida social mas, na minha opinião, é-o à mais importante; é aplicável à ilha que podemos ser na persecução da nossa felicidade ou, mais importante, na nossa paz.

Ser o melhor que conseguimos ser, em si, não depende do que os outros são ou possam fazer.
E o melhor que conseguimos ser é dentro de portas. O melhor que conseguimos ser não deveria ser contextualizável. O melhor que conseguimos ser é um trabalho solitário e não solidário, ainda que obviamente se manifeste para lá da pele que nos envolve o corpo.

Eu gosto do Theo.

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