Wednesday, August 23, 2006

Cajado


Esta semana tive de entrar numa igreja devido ao falecimento de um familiar de um amigo.
Não me lembro ao certo de quando foi a última vez que entrei numa... mas ao todo devo ter estado umas 10 (se tanto) vezes dentro de uma igreja.
Lembro-me que uma vez entrei porque queria paz e não me lembrei de nenhum lugar tão calmo como uma Igreja. Não fui à procura de uma seita, fui porque queria paz...e não me lembro sequer que a encontrei.
Uma Igreja fora dos horários de discurso (AKA missa) é um lugar bonito de se ver, é silencioso (ainda existe um lugar sem se ouvir telemóveis), é bonita (algumas lindas até) e uma homenagem a uma entidade etérea em que se acredita.
Fosse sempre assim e eu mudava-me pra dentro de uma, infelizmente é um antro de falsas moralidades e de ingerência neuronal... coisas que me desagradam.
Estava eu e prestar o meu respeito pela dor da perda de pessoas que me são queridas e começa o discurso do padre... e lembrei-me de tudo que me desagrada em cultos organizados.
Começou por "o matrimónio perdeu-se...e agora nem são os pais que educam os filhos", pulvilhado por "todos se afastam do caminho de senhor e dizem que têm a sua forma de encarar a religião...quando a religião está escrita e devia ser uniformemente seguida" e passou ainda por "temos de nos reunir à volta de Deus".
Tive de me segurar pra não lhe perguntar "mas...era melhor há 30 anos atrás quando a esposa não se divorciava e era miseravelmente infeliz?" ou "os progenitores deveriam deixar de trabalhar e viver debaixo da ponte para estar sempre com os filhos? E estes deveriam ser iletrados? Escola custa dinheiro!" ou ainda "temos de seguir fielmente o que tu achas que é a religião? Às vezes dá em Inquisição e outras em aviões a baterem em prédios!" finalizando com "fico na dúvida se é pra reunir à volta de Deus ou à tua".
Lembrei-me, instantâneamente, das recolhas de fundos anuais para melhoramento da casa do padre da minha paróquia...que tem lugar pra 3 carros na garagem e 7 assoalhadas.
Lembrei-me, instantaneamente, das beatas que falam da vida de depravação de quem por elas passa na rua e questionei-me quantas delas são comidas pelo padre que lhes dá a benção.
Eu acredito numa entidade divina (não sei se por medo ou por convicção...a ideia do "nada" arrepia-me até às entranhas) mas não acho que esta divindade fale pela boca de um tipo que anda na faculdade e ganha o papel de ministro (seminário é mais que isso?!).
Sempre me fez alguma confusão aquilo de confissão. Se Deus é omnipresente... preciso de uma estrada específica para ele me ouvir? Bem...eu acho que não.
Para a escolha do representante supremo de Deus na terra (AKA Papa) juntam-se uns quantos bonas que, politicamente, o escolhem. "Estão imbuídos do Espírito Santo" ouvi dizer...o que me leva a perguntar o porquê de várias votações. Será o Espírito Santo um ganda maluco que diz coisas diferentes aos votantes para dar uma grande confusão?
Apesar de parecer, não sou anti católico ou coisa que o valha, cada um saberá de si.
O que me incomoda é esta tentativa de aglutinação sem cara, esta forma de homogeneizar o que em si é absolutamente diferente, o vender de uma moral que nem se sabe se, verdadeiramente, se quer comprar...é mais reflexo do que escolha.
Eu acredito no que quero e no que vejo, nada mais que isso.
Moralistas de vão de escada quero-os longe.
Se for uma ovelha quero ser a tresmalhada, prefiro ficar sozinho do que não ter cara.

3 Comments:

Blogger Kaiser Soze said...

PS: com tanta crítica aos caminhos escolhidos pergunto-me onde se escondeu a tolerância...aliás, chegou a existir?

2:00 AM  
Blogger Pandora said...

Tolerância??? ha ha ha

Já ouviu falar em penitência, expiar pecados e purgatório? É pra isso que ela existe!!!

3:51 AM  
Blogger Kaiser Soze said...

caminho pela dor...também não me agrada ehehehehe

beijos

3:55 AM  

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