Tuesday, August 22, 2006


Sou de lamber as minhas feridas em absoluta solidão.
Não sei partilhar dor, não sei dividir problemas, não sei "descarregar"...sou o solipsismo eremita.
A minha jaula tem de egoista e de altruista.
Não gosto de espalhar o desânimo, parece-me desnecessário estar a sobrecarregar quem quer que seja com um problema que é so meu, dividir uma questão destas parece-me multiplicar o problema e não dividir o peso.
Sou (tenho de ser) capaz de resolver e superar tudo e todos porque, no fim do dia, a única coisa absolutamente segura é que te vais deitar contigo e és a última pessoa com quem podes contar.
E se decides amaparar-te em alguém? E se um dia a muleta falhar? E se um dia, quando menos esperas, estás sozinho?
"Dá-lhe um peixe e alimenta-o por um dia, ensina-o a pescar e alimentá-lo-ás a vida inteira" (é mais ou menos por aí).
Eventualmente seria muito bom existirem certezas absolutas na vida, saber seguramente que o nascer do sol de amanhã será igual ao de hoje...mas se até o horário de Verão é diferente do do Inverno que certezas se pode ter? A que certezas te podes agarrar além de que enquanto viveres conviverás contigo todos os dias?
Há sempre a célebre "única certeza que tens quando nasces é que vais morrer"...e na verdade haverá mais alguma além desta?
A outra questão é o facto de eu, quando em fase menos boa, ser um verdadeiro buraco negro e a menos afável das criaturas.
Sou uma pessoa muito pesada, quando abaixo do nível das águas do mar é muito difícil conviver comigo.
Quando a coisa não está famosa mato toda a luz que anda à minha volta, aliás, acho que até as plantas do jardim vão padecendo à minha passagem.
Conviver comigo quando a coisa está preta retira a alegria até ao vencedor do Euro Milhões.
Não é algo que deseje a ninguém, prefiro alienar-me de convívios.
Sou bom de segurar tristezas alheias, não tenho qualquer problema, sou muito útil a segurar alguém que está a cair da ponte, talvez porque estou tão habituado a carregar o meu peso que tudo o resto me parecem plumas.
Tudo isto porquê? Porque não sou um gajo porreiro e muito menos um gajo simples de lidar...mas gostaria de ser? Infelizmente acho que não.
Sempre fui dado a mundinhos e não ao mundo globalizado.
Alegra-me que mesmo na tristeza Eu seja diferente de ti e tu do outro.
Coerência?! Onde onde? Nunca a desejei.
Sempre que se fala em coerência soa-me a previsibilidade e a vontade de que a massa seja cada vez mais amorfa.
Coerência? Não, obrigado.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home