Jardim de Inverno
Como a maioria das coisas que me atraem, também ele é privado, também ele é de uso exclusivo, também ele não se dá a toda a gente e também ele se revela quando muito bem entende.
Há peles que são assim também.
Há corpos que são assim também.
Há almas que são assim também.
Vejo muito isso em ti.
Não és nem a fachada e nem a pintura, és mais a largura de um sorriso enjaulado.
Não és a caixa e nem o laço, és a pequena safira que se esconde dentro da leve embalagem aveludada.
Há bocas que te marcam à distância, palavras que se escutam com o bramir do vento e olhares que se cruzam na escuridão como se de luz fossem feitos.
Acredito pouco em magias e muito menos acredito em coincidências. Acredito, no entanto, no encontro de desalinhados que se atraem, canções que se criam, melodias que se formam e simpatias que se erguem de lugar nenhum.
Não precisas de um corte para saberes que estás viva e nem de uma ilusão desiludida pra saberes que sentes.
O som do mar a aninhar-se aos teus pés deveria ser suficiente.
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