As paredes tremeram.
Dentro de casa só se encontravam móveis e um aquário com um triste peixe dourado dentro.
Quando Pix chegou à porta de casa, não ousou entrar, preferiu esperar que chegassem os seus pais....não confiava que aquele estremecer de estrutura não terminasse em colapso.
Enquanto esperava, reparou que as outras casas estavam perfeitamente imóveis e que o chão onde apoiava os pés não manifestava qualquer desagrado, estava quieto, como sempre esteve.
"Foda-se - pensou Pix - não percebo nada disto.
Quando saí estava tudo tranquilo, quando volto continua tudo tranquilo menos a minha casa que abana como uma vara".
Continuou por perto mas sem entrar.
Continuou a esperar os seus pais mas não havia maneira de estes chegarem.
Continuou a ver que as outras casas nem se mechiam.
Continuou a sentir a terra firme e sólida aos seus pés.
Como Pix nunca foi a criança mais paciente do reino, começou a ficar irritado com a casa que abanava abanava e não caía.
Na verdade, começou a achar que estava a ser ameaçado... pareceu-lhe que a casa zombava dele.
Do nada, parecia-lhe que a casa se ria perante o medo que infligia a Pix, o medo de não ter onde dormir e nem um tecto que o protegesse.
A irritação de Pix, em poucos segundos, transformou-se em raiva. Os olhos raiaram de sangue e o coração acelerou.
Pegou no isqueiro, tirou gasolina do tanque de um carro e acendeu a casa.
A casa deixou de tremer e ardeu a toda a força...em segundos era cinza e não mais tremia.
Pix olhou para as cinzas e disse:
"Burra de merda!!!
Pensavas que eras capaz de me foder?
Pega!!!! TREME AGORA!!!"
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