Tuesday, August 14, 2007

Insignificância

Quando não consigo evitar, tenho uma ou outra conversa mais pesada com uma ou outra pessoa.
Uma das últimas foi sobre a inesquecibilidade das pessoas, a capacidade de elas nunca terem existido, volvidos alguns anos.

Ora, eu não acredito que alguém seja inesquecível para quem quer que seja.
O facto de o nome ser lembrado e o aspecto físico não torna a pessoa marcante, o que muitas vezes acontece é que o papel da pessoa é, de facto, marcante....mas não a pessoa em si.

É, talvez, o tornar a pessoa num objecto de adorno do passado.
Um bibelot que fica bem naquela cómoda mas que não tem sentimentos, não tem vontades e não tem pulsar.
Muitas vezes, a face é visível mas o conteúdo fica na sombra.
Chega-se ao ponto de, instintivamente, ser lembrada uma cena da nossa vida em que a personagem tem uma ou outra fala mas que depois disso desaparece.
O que Ela fez quando foi pra casa, o que Ela fez quando saiu de casa dela, o que Ela gosta de comer acaba por não existir porque não envolve a personagem principal.....quem a recorda.

Será esse o destino de todos.
Eu passarei a pó na vida de quem se cruzou comigo muito antes de me tornar pó na minha existência própria.

Triste?
Não, a capacidade de memória é limitada, temos de nos libertar da tralha de vez em quando.

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