Tuesday, August 14, 2007

A Morte de Marte

A criação nasce de rupturas e nenhuma das rupturas é mais forte que a morte.
Aquela coisa de encantamento por uma morte bonita ou útil ou qualquer merda parecida nunca foi uma imagem que entendesse.
Não há mortes gloriosas, apenas existem, quando muito, mortes úteis.

Devo ter morrido umas duas ou três vezes.
Não tenho bem a certeza, acho que a primeira nem a senti e só agora a encaro como tendo acontecido.
Preferia nunca ter morrido, preferia nunca me ter recriado, preferia a continuidade, pelo menos significaria que nada havia a mudar e que nada havia mudado.

Todas as vezes que pereci foram úteis, afastaram-me do que era e aproximaram-me daquilo que devo ser... mas nunca quis.
A cada último suspiro que dei esvaiu-se o que de mim, legitimamente, esperavam. Houve uma doçura que se tornou cada vez mais amarga e um sorriso que se foi fechando e uma janela que se foi escurecendo para não permitir olhares intrusos.
Os beijos foram-se esbatendo e as agressões foram-se tornando cada vez mais nítidas e presentes.

Não tenho vontade de morrer outra vez, cansa-me a constante construção de novos alicerces e novas divisões.
Nestes dias que se vão passando, pareço-me mais com quem, realmente, me criou.
Estou, de facto, menos Lobo....o que me agrada.
Não me puderei habituar a esta faceta menos sangrenta, ouço os tambores de guerra ao longe, já os sinto a entoar e nesse momento, Fenris terá de se levantar uma outra vez e uma outra vez fazer o sangue jorrar sobre a relva.

Eu gosto da paz
mas a paz não gosta de mim...

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