Gosto de biografias. Ainda não decidi se prefiro aquelas escritas pelos próprios ou por outrém; as autorizadas ou as não autorizadas.
Todas elas têm os seus prós e os seus contras e o ideal seria, como quase sempre acontece, um híbrido entre elas. Seria útil que tivesse o conhecimento em primeira linha daquele que é retratado, a distência daquele que o observa e, até, a aspreza de quem o descreve sem para isso ter autorização.
A descrição de uma vida, para conhecimento generalizado, deveria ser uma coisa objectiva mas com a subjectividade dos olhos que as viveram.
Neste momento, comecei a do Ghandi.
Como muitos de nós, crio anticorpos que não têm, muitas das vezes, razão de ser. Não ouço Elton John porque ele (não a sua música, necessariamente) me deixa nervoso; deixei de suportar os Gatos Fedorento (dois deles, para ser mais exacto) porque quando escrevem sobre futebol esquecem-se de 2/3 do QI em casa; não gosto de equipas que tenham o CR porque a figura me irrita profundamente e por aí adiante.
O Ghandi nunca me atraiu nem me causou repulsa, sendo que se tivesse de escolher seguiria pela segunda. Não, não sabia absolutamente nada sobre ele mas tenho uma alergia tremenda a gente beata, independentemente da religião professada. Causa-me alguma urticária o discurso de paz e amor porque nem sempre estamos em altura de paz e amor. Aquela coisa, por exemplo, de oferecer a outra face parece-me salutar mas depois de darmos a outra não temos mais nenhuma e é altura de agir.
Então, porque leio Gahndi?
Há uns tempos li dois volumes que versavam sobre os maiores discursos do século XX e cruzei-me com um do Ghandi. Gostei muito e as minhas defesas baixaram ao ponto de querer saber mais.
Neste momento, ainda vou muito no início mas o prólogo dá-me esperança porque nele se diz qualquer coisa como "há verdades sobre nós que apenas nós mesmos e Deus conhecem".
Ultrapassando a alusão a Deus, que dependerá da crença na sua existência, esta é uma verdade, para mim, indiscutível. Há, de facto, coisas que nunca contaremos a ninguém por mais honestos que queiramos ser. Há desejos, fantasias, vergonhas, ideias, sensações que não teremos nunca a capacidade de vocalizar e isto pareceu-me manifestamente interessante aparecer no prólogo de uma biografia.
É refrescante começarmos a leitura da vida (escrita pelo próprio) de alguém que, à partida, nos avisa que não contará tudo porque há coisas que não podem ou não se conseguem contar.
O que para muitos pode parecer ridículo a mim parece uma evidência, uma prova de honestidade, um afago na cabeça que diz "meu amigo, tudo que te disser é verdade mas não te vou dizer tudo".
O discurso que li dele pareceu-me honesto e despretencioso e, por essas razões, atraiu-me.
O prólogo disse-me que devo ter acertado em interessar-me.
O livro e a vida...bem, vamos ver. Quanto a ela ainda não estou convencido mas do pouco que folheei parece-me que ele também não me quer convencer e isso é tudo que se pede: diz o que quiseres mas não me tentes converter.
Todas elas têm os seus prós e os seus contras e o ideal seria, como quase sempre acontece, um híbrido entre elas. Seria útil que tivesse o conhecimento em primeira linha daquele que é retratado, a distência daquele que o observa e, até, a aspreza de quem o descreve sem para isso ter autorização.
A descrição de uma vida, para conhecimento generalizado, deveria ser uma coisa objectiva mas com a subjectividade dos olhos que as viveram.
Neste momento, comecei a do Ghandi.
Como muitos de nós, crio anticorpos que não têm, muitas das vezes, razão de ser. Não ouço Elton John porque ele (não a sua música, necessariamente) me deixa nervoso; deixei de suportar os Gatos Fedorento (dois deles, para ser mais exacto) porque quando escrevem sobre futebol esquecem-se de 2/3 do QI em casa; não gosto de equipas que tenham o CR porque a figura me irrita profundamente e por aí adiante.
O Ghandi nunca me atraiu nem me causou repulsa, sendo que se tivesse de escolher seguiria pela segunda. Não, não sabia absolutamente nada sobre ele mas tenho uma alergia tremenda a gente beata, independentemente da religião professada. Causa-me alguma urticária o discurso de paz e amor porque nem sempre estamos em altura de paz e amor. Aquela coisa, por exemplo, de oferecer a outra face parece-me salutar mas depois de darmos a outra não temos mais nenhuma e é altura de agir.
Então, porque leio Gahndi?
Há uns tempos li dois volumes que versavam sobre os maiores discursos do século XX e cruzei-me com um do Ghandi. Gostei muito e as minhas defesas baixaram ao ponto de querer saber mais.
Neste momento, ainda vou muito no início mas o prólogo dá-me esperança porque nele se diz qualquer coisa como "há verdades sobre nós que apenas nós mesmos e Deus conhecem".
Ultrapassando a alusão a Deus, que dependerá da crença na sua existência, esta é uma verdade, para mim, indiscutível. Há, de facto, coisas que nunca contaremos a ninguém por mais honestos que queiramos ser. Há desejos, fantasias, vergonhas, ideias, sensações que não teremos nunca a capacidade de vocalizar e isto pareceu-me manifestamente interessante aparecer no prólogo de uma biografia.
É refrescante começarmos a leitura da vida (escrita pelo próprio) de alguém que, à partida, nos avisa que não contará tudo porque há coisas que não podem ou não se conseguem contar.
O que para muitos pode parecer ridículo a mim parece uma evidência, uma prova de honestidade, um afago na cabeça que diz "meu amigo, tudo que te disser é verdade mas não te vou dizer tudo".
O discurso que li dele pareceu-me honesto e despretencioso e, por essas razões, atraiu-me.
O prólogo disse-me que devo ter acertado em interessar-me.
O livro e a vida...bem, vamos ver. Quanto a ela ainda não estou convencido mas do pouco que folheei parece-me que ele também não me quer convencer e isso é tudo que se pede: diz o que quiseres mas não me tentes converter.
1 Comments:
Tenho um gosto por biografias, tenho tentado ler a biografia de Clarice Lispector de Benjamim Moser, é bem interessante, já conhecia muito da história por conta de outras obras do gênero, mas o livro de Moser tem um cuidado especial com Clarice e obviamente, até por ser uma obra sobre alguém já falecido, deixa muitas perguntas no ar, mas nada que seja ruim, ao contrário, me causa ainda mais vontade de conhecer as obras de Clarice.
Também gosto muito de livros de cartas, quando os escritores escrevem para a família, os amores, os amigos, é diferente, traz mais humanidade e isso me agrada muito, pensar que as pessoas que admiro são tão humanas quanto eu.
Gandhi foi, sem dúvida, uma figura muito importante, mas que também era falível e tinha lá suas esquisitices e problemas, o que pra mim só o torna ainda mais interessante.
Até...
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