Orçamento 2012
Tenho muito a apontar aos portugueses e quando digo "portugueses" também me incluo, naturalmente. Apesar da multiplicidade de defeitos que encontro no nosso biotipo tenho de dizer que somos um povo estoico e esta nossa capacidade de adaptar e entender as adversidades tem sido claramente manifestada nos dias que se vão sucedendo desde o defunto e não saudoso governo.
Uma das provas desta capacidade que se torna evidente é a pancada aplicada pelos portugueses à esquerda mais esquerda nacional: nesta época de provação, os portugueses têm, ainda, a presença de espírito para entender que a resposta não é a putrefacta lenga-lenga de "não pagamos" e "os mercados e os bancos são o demónio" e "declara-se guerra ao trabalhador". Os portugueses podem ser, até, incompetentes mas parvos não são de certeza; todos sabemos ao que cheira, ainda, a URSS, a China ou, até, a Venezuela.
Quando ouvi o OA de 2012, contudo, senti um estremecimento.
A maioria das medidas desagradam-me mas não me parecem o fim do mundo. É preciso trabalhar-se mais meia hora por dia? Trabalha-se. É preciso menos feriados? Seja! Eventualmente menos férias? Siga. Agora...cortar ambos os subsídios aos funcionários públicos que ganham mais de 1.000,00€...bem...parece-me excessivo.
Dir-me-ão que é necessário e eu posso até concordar...mas empurra-nos para onde não queremos ir.
A única forma de fazer com os cidadãos (funcionários públicos ou não) encarem os sacrifícios pedidos com coragem e determinação é que estes entendam que os fazem para salvaguardar o que têm, para que não fiquem sem nada e para que a luz ao fim do túnel não seja um combóio. Quando estas crenças não chegam ou já não existem, como dizemos cá em cima, "tá tudo fodido!".
Hoje em dia (com culpa de todos, naturalmente, e não apenas do estado) os subsídios não têm a função que tinham aquando da sua criação (presentes natalícios e fazer umas coisas giras nas férias) mas uma nova; hoje, os subsídios são como que um valor incluido no acervo familiar para fazer face a despesas e a dívidas...se falta, as dívidas batem à porta e não têm resposta e se não têm resposta vêm as inevitáveis penhoras e se vêm as inevitáveis penhoras o dinheiro, curto, deixa de chegar e não há emprego que salve da miséria.
Com este conjunto de apreciações quero dizer o quê?
Bem, quero dizer que quando sentirmos que nada temos a perder isto deixa de ter salvação e podem pedir os esforços que quiserem. Sociedade pacíficas são construídas às costas da classe média porque é a classe média que sonha em subir ou que tem uma vida decente que não quer perder. Quando a esperança for embora com o livro de cheques temos aquilo que todos tememos: A Grécia!
Virão agora, seguramente, as greves. Por princípio, sou contra greves, especialmente neste momento em que nunca tanto precisamos de trabalhar, mas com isto dos subsídios...terei de dizer que se fosse funcionário público também ia para a manif.
É isto que me apraz dizer quanto a este tema (perdi a paciência para escrever mais e estou, até, algo deprimido com tudo isto): se nos deixam sem nada, esqueçam a colaboração.
Uma das provas desta capacidade que se torna evidente é a pancada aplicada pelos portugueses à esquerda mais esquerda nacional: nesta época de provação, os portugueses têm, ainda, a presença de espírito para entender que a resposta não é a putrefacta lenga-lenga de "não pagamos" e "os mercados e os bancos são o demónio" e "declara-se guerra ao trabalhador". Os portugueses podem ser, até, incompetentes mas parvos não são de certeza; todos sabemos ao que cheira, ainda, a URSS, a China ou, até, a Venezuela.
Quando ouvi o OA de 2012, contudo, senti um estremecimento.
A maioria das medidas desagradam-me mas não me parecem o fim do mundo. É preciso trabalhar-se mais meia hora por dia? Trabalha-se. É preciso menos feriados? Seja! Eventualmente menos férias? Siga. Agora...cortar ambos os subsídios aos funcionários públicos que ganham mais de 1.000,00€...bem...parece-me excessivo.
Dir-me-ão que é necessário e eu posso até concordar...mas empurra-nos para onde não queremos ir.
A única forma de fazer com os cidadãos (funcionários públicos ou não) encarem os sacrifícios pedidos com coragem e determinação é que estes entendam que os fazem para salvaguardar o que têm, para que não fiquem sem nada e para que a luz ao fim do túnel não seja um combóio. Quando estas crenças não chegam ou já não existem, como dizemos cá em cima, "tá tudo fodido!".
Hoje em dia (com culpa de todos, naturalmente, e não apenas do estado) os subsídios não têm a função que tinham aquando da sua criação (presentes natalícios e fazer umas coisas giras nas férias) mas uma nova; hoje, os subsídios são como que um valor incluido no acervo familiar para fazer face a despesas e a dívidas...se falta, as dívidas batem à porta e não têm resposta e se não têm resposta vêm as inevitáveis penhoras e se vêm as inevitáveis penhoras o dinheiro, curto, deixa de chegar e não há emprego que salve da miséria.
Com este conjunto de apreciações quero dizer o quê?
Bem, quero dizer que quando sentirmos que nada temos a perder isto deixa de ter salvação e podem pedir os esforços que quiserem. Sociedade pacíficas são construídas às costas da classe média porque é a classe média que sonha em subir ou que tem uma vida decente que não quer perder. Quando a esperança for embora com o livro de cheques temos aquilo que todos tememos: A Grécia!
Virão agora, seguramente, as greves. Por princípio, sou contra greves, especialmente neste momento em que nunca tanto precisamos de trabalhar, mas com isto dos subsídios...terei de dizer que se fosse funcionário público também ia para a manif.
É isto que me apraz dizer quanto a este tema (perdi a paciência para escrever mais e estou, até, algo deprimido com tudo isto): se nos deixam sem nada, esqueçam a colaboração.
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