Thursday, November 19, 2015

Demasiado Sensíveis, Demasiado Activo, Demasiado Independente

DEMASIADO SENSÍVEIS
Há uns dias, estava para abalar de onde me encontrava quando uma mulher se aproximou do vidro do meu carro para pedir ajuda para o seu carro que parecia avariado.
Pediu-me pode ajudar-me e preparava-me para dizer que não porque eu e mecânica nunca nos chegámos a conhecer mas não tive tempo porque continuou preciso de empurrar o carro e já chamei o meu namorado.
Ok. Empurrar não custa.
O namorado estava na fila ao lado e começámos a empurrar e quando a mulher perguntou o que fazer esperei uns segundos para ver se o gajo respondia e como não respondeu disse-lhe quando for para a frente aponte ao passeio e quando vier para trás vire tudo ao contrário.

Ora, reforçando que não tenho um osso de machista no meu corpo não posso esconder que tenho todos os ossos de um homem e daquilo que entendo serem questões masculinas; algumas dessas questões prendem-se com características físicas e outras educacionais.
Da mesma forma que dou o meu casaco ou outra coisa qualquer a uma mulher que tenha frio independentemente da temperatura, entendo que, no caso que descrevi, haveria de ter sido o namorado dela a pedir-me ajuda, deveria ter sido o namorado dela a dizer para que lado devia virar o volante e deveria ter sido o namorado dela a agradecer-me a ajuda que dei.

Não se pense que pelo descrito - ou só pelo descrito - o considero um pamonha mas considero-o um pamonha pelo que aquilo representa.
E o pior é que esta é a imagem do que se passa no Mundo. O politicamente correcto e o medo de ser considerado das cavernas exclui características masculinas e ao fazê-lo acaba com uma muito sã e bonita diversidade de papéis.

Não preciso nem quero que mulher minha tenha de lavar e passar só porque é mulher mas podem ter a certeza que mulher minha que seja ameaçada (ainda que ao de leve) por um qualquer gajo não precisará de se defender, ainda que o consiga fazer; eu existo para algumas coisas e foi, também, para essas coisas que nasci homem.

Sabes, K, homens mesmo estão em vias de extinção... já ouvi muitas mulheres dizerem.
...mas eles não entendem isso porque uma característica mais feminina que lamentavelmente não aprenderam (em vez de se depilarem e preocuparem com a conjugação de cores) foi ouvir.

DEMASIADO ACTIVO
Uma das minhas regras - nem sempre respeitada mas com excepções bem definidas - é que não trabalho em casa.
Visto de fora, é uma coisa que me faz parecer, na minha área, mais ou menos radical porque quase todos o fazer. É mais uma demonstração de rebelião contra the man, uma posição quanto ao mundo corporate...só que não é.

Não trabalho em casa quer porque trabalho muito fora quer porque, e especialmente, se trouxer trabalho para casa não consigo fazer apenas o necessário mas tudo o que houver para fazer.
Como estou há uns dias ausente, trouxe forma de comunicação para o caso de alguma urgência (esta é uma das excepções, quando estou algum tempo fora) e nenhuma urgência ocorreu. 
Ora, se não houve nenhuma urgência, fiz coisa nenhum, certo? ERRADO....ficar quieto quando há alguma coisa para fazer dá-me comichão, comichão essa que aumenta quando sei que - ad nauseam - nada de bom acontece quando tenho demasiado tempo livre.

DEMASIADO INDEPENDENTE
 - Já foste e já vieste?
 - Já, acabei de chegar.
 - Vais fazer-me irritar e ter de perguntar como correu?
 - Não correu grande coisa...
(as campainhas dispararam. Gente que não se queixa responder com outra coisa que não correu bem é sempre um perigo)
 - Bem...eu vou de andar a pé (não tinha) por isso aproveito e vou ao A tomar café (não ia). Quando estiver a 15 minutos aviso e vais lá ter.

De facto, não correu grande coisa e, como se previa, não correr grande coisa foi um eufemismo.
Não relatarei o problema porque ainda me chateia e o âmago da coisa, para este efeito, é o seguinte:
umas horas depois recebi um sms a agradecer o cuidado e, para não ser demasiado apaneleirado, acabava com és uma peste! o que aprecio sempre.
Respondi que até me ofendia estar a agradecer uma coisa destas e, para não ser demasiado apaneleirado, perguntei se, pelo menos, tinha ganhado uns pontos para ela trabalhar a irmã a meu favor.

A gente que não gosta de partilhar problemas - gente que, como eu, acredita que não alivia mas antes multiplica - e que é muito orgulhosa não se deve dar motivos para sentir que está em dívida com respostas politicamente correctas como de nada ou gosto de ajudar ou preocupo-me contigo porque só as fará sentir mais em dívida e mais fragilizadas.

Gente demasiado independente quando sente a independência escorregar um bocado entra em pânico.

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