Rui Rio
É muito raro vir para cá falar, especificamente, de um determinado gajo; político ou desportista ou artista mas tem havido e haverá excepções.
O estado em que o Mundo se encontra - os Bolsonaros e os Trumps, por exemplo - faz-me pensar em gente autoritária e na vontade que o povo tem de reagir aos Sócrates desta vida.
O Rui Rio foi o presidente da minha Câmara e nunca gostei dele.
Foi reeleito as vezes que pôde e mais vezes seria se o pudesse ser, não me resta a mínima dúvida; e havia motivos para isso porque o Rio não é só defeitos.
O problema do Rio é outro. O Rio não aprecia, verdadeiramente, o pluralismo e muito menos opiniões divergentes da dele. O Rio é um moralista. O Rio quer ser o exemplo. O Rio quer ser justiceiro. O Rio sabe melhor que todos o que é preciso.
O Rio é autoritário.
Um político autoritário não é um político com autoridade. Não é a mesma coisa.
É comum ficarem chocados quando me ouvem dizer que vejo Salazar em Rui Rio.
Não estou a chamar fascista a Rui Rio, até porque Salazar também não era;
Não estou a dizer que Rui Rio é Salazar, até porque ainda não pode; até porque pode não ter talento para isso; até porque pode muito bem não ser; até porque a impressão que tenho pode estar obvia e completamente errada.
O que estou, de facto, a dizer é que vejo ali a frugalidade, o potencial autoritarismo, a superioridade (pelo menos para o próprio) moral; a certeza do caminho; a beatitude.
O que também vejo é um problema que, na minha opinião, torna uns autoritários piores que outros: sede de Poder!
Ah, K, mas isso têm todos!
Mais ou menos.
O Trump, por exemplo, tem sede de poder por conta do dinheiro que isso dá. Se lhe derem dinheiro, dão-lhe o que ele quer e é relativamente fácil comprar quem está à venda (vejam a cena da Arábia Saudita).
O Salazar tinha sede de poder mas em estado puro. Não queria dinheiro. Gente que não quer dinheiro, não pode ser comprada. Esta gente é sempre mais perigosa porque não se lhe pode dar nada que a faça ir embora.
...mas há mais.
Rio afoga-se na simplicidade e, por feitio e não defeito, é-lhe incompreensível compreender o intangível.
A Baixa do Porto nasceu e cresceu apesar de Rui Rio;
A Casa da Música mantém-se apesar de Rui Rio;
A expressão artística do Porto não de escafedeu apesar de Rui Rio.
Ah, K, o que ele fez foi cortar no tacho dessa gente que anda a cantar merdas e fumar charros!!
Seguramente que há gente a aproveitar-se;
Seguramente que há gastos ridículos.
Há sempre coisas a fazer e a melhorar.
...mas Rio nunca entendeu que há intangíveis não imediatamente mensuráveis.
Conheci gente lá fora que cá veio por causa da Casa de Chá da Boa Nova, do Siza;
Há uns meses, vi um matagal de estrangeiros a visitar a exposição de obras de arte ao ar livre na Fundação Serralves;
Todas as semanas aparecem pelo Porto gajos e gajas de Braga, Aveiro, Guimarães, Coimbra e sei lá de onde mais para irem para a noite na Baixa;
O mais emblemático do Porto é o FC Porto - podem pensar vinho do Porto mas não estou certo que seja maior - e o Rio foi ridículo ao ponto de não receber os Campeões Europeus.
O Rio pretende, ainda que sob a capa de uma outra merda qualquer, controlar o MP e os Juízes.
Acham que penso que é para ele e os amigos roubarem? Não acho.
Acho só que quer mandar e decidir o que outros possam e tenham poder para decidir. Independência seria esquisito.
...e o problema que se põe é que os Rios e Trumps e Bolsonaros são a resposta aos Lulas e aos Sócrates.
E quando digo resposta não me refiro a solução mas a reacção.
As pessoas fogem dos corruptos e da desilusão para o papá. E o papá é forte. E o papá não aprecia artistas. E o papá explica-nos que não temos trabalho por causa dos imigrantes. E o papá defende-nos dos castanhinhos que andam a meter bombas. E o papá vai fazer com que tudo fique bem!!
Não vai.
Eu não aprecio o Rui Rio.
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