Monday, October 22, 2018

True Story

Este Domingo estive a ver este filme com o James Franco.
O cerne é um psicopata que matou a família toda e engana um repórter, pelo caminho.
Como se poderia dizer em inglês, Psico doing psico shit.
O filme nem é mau mas o que mais me chamou a atenção foi o seguinte:

O repórter era conceituado e, a dado momento, foi fazer uma reportagem não me lembro bem para que País africano. Esta reportagem versava sobre a escravatura que por lá ainda andava sob a forma de maus tratos e tal nas condições de trabalho.
O gajo fez a reportagem; a reportagem foi capa; o gajo que ele usou como tema de reportagem não era, afinal, o que constava da capa e não lhe tinha acontecido tudo o que ele descreveu.

Por que motivo fez ele isto?
Primeiro, porque a editora lhe disse que seria melhor focar-se numa pessoa e contar a história do que fazê-lo em abstracto;
Segundo, porque o gajo entendeu que ela tinha razão e juntou as histórias de 5 pessoas apenas naquela.

Isto parece estúpido, não é?
Ele não mentiu no que contou mas decidiu mentir quanto ao alvo de todas aquelas atrocidades.
Fez isto porquê?!

Porque somos todos estúpidos.
A sociedade não é dada a pensamento abstracto.
É preciso ter uma cara para focar toda a indignação porque 5 seriam muitas.

Reparem, por exemplo, que os políticos - mormente nos EUA daquilo que tenho conhecimento - vão para um comício e dizem que a Gertrudes, de Moimenta, lhe disse que a reforma que recebe é miserável! ou o Carlitos, de Ovar, lhe contou como era difícil arranjar trabalho! ou a Marlene, de Condeixa, não arranjava onde deixar os filhos, quando ia trabalhar!!!.
Interessa quem são as pessoas?
Interessa de onde são as pessoas?
Só se pretende resolver o problema da Gertrudes, do Carlitos e da Marlene?! Não. Mas a turba precisa da merda de um nome para se identificar.

Repare-se, por exemplo, na Princesa Nonô.
Uma criança que agarrou Portugal pelo coração. Esta criança cancerosa comoveu todos.
...mas depois de ter partido - reparem como também eu sou incapaz de usar um termo que facilmente usaria para quem morre e recorro a um eufemismo - mais nenhuma criança teve a infelicidade de ter cancro?
Tivemos - muito justamente - compaixão por ela mas e os outros todos?!

Esta é uma das razões que impede um avanço efectivo.
A nossa compaixão e empatia termina à flor da pele.

....e o outro gajo fodeu a carreira dele porque sabia muito bem disto.

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