Wednesday, September 26, 2018

ELITES

O termo Elites desagrada-me porque a primeira coisa que me ocorre é castas e eu não aprecio castas.
Esta minha reacção visceral à palavra está em confronto com a racionalidade que - acho - lhe deve ser conferida.

...mas esta minha repulsa não vem do nada.

Quando se diz Elites as primeiras relações que se fazem será com dinheiro e berço; não são uma e a mesma coisa mas estão, as mais das vezes, ligadas. Outra delas é um avanço ou vantagem inata que decorre do dinheiro e do berço.
Estas relações não estão erradas mas não são necessárias.

A primeira vez que tive contacto com Elites foi quando entrei no secundário e a minha ideia foi de encontro ao parágrafo anterior. Aquilo a que, na altura, apelidava de betos.
Então, porque acho ser uma relação directa mas não necessária?

Bem, para mim e acho que correctamente, Elite corresponde a desenvoltura intelectual e conhecimento.
É mais fácil conseguir-se esta desenvoltura e conhecimento quando se tem berço e dinheiro porque o berço implicará uma cama que já vem preparada para transmitir a importância de se saberem cenas e o dinheiro permitirá o acesso à educação e à informação.
Ora, porque nem todos os que beneficiam destas condições são capazes de as aproveitar a relação não é imediata e consequência; será, no entanto, obviamente mais fácil.

A título de exemplo, os meus Pais, a quem nada tenho a apontar e que sempre apoiaram as minhas investidas académicas, não devem ter lido 3 livros entre eles. Não faziam ideia de onde era o Sri Lanka e nem o que realmente quer dizer ser-se de Esquerda ou de Direita.
As conversas que tinha à mesa não eram sobre o impacto de medidas orçamentais nem sobre a influência da queda do Muro de Berlim no Mundo.

A partir dos, talvez, 12 anos já os tinha ultrapassado culturalmente.

Os gajos que conheci a partir do secundário podem não ter aproveitado o que lhe era proporcionado mas tinham acesso.

Eu não fiz, não faço nem nunca farei realmente parte da Elite de berço e dinheiro. Movimento-me nela com facilidade mas não a integro. 
Eu passei a fazer e faço parte da Elite intelectual deste País porque trabalhei e trabalho para isso. É verdade que tenho prazer em aprender merdas e sou curioso inatamente mas esforço-me por não ser burro.

Ah, K, por que motivo te lembraste disto?!

Bem...
O Bismark, membro da Elite, inventou o Estado Social para controlar a turba. A turba beneficiou dela mas isso foi a consequência e não o objectivo.
O que o Bismark pretendia era manter Poder numa altura em que a cajadada já não chegava.

A Elite controla sempre porque sabe mais.

Com esta confusão que praí anda do Benfica, por exemplo, é ver a quantidade de idiotas que acreditam no inacreditável! E o inacreditável só é vendido porque é comprado.

Por estes dias, apanhou-se umas merdas em que - em código - o Paulo Gonçalves usará o termo padres para se referir a árbitros.

Reparem:
O Paulo Gonçalves - que haverá de ser condenado ou absolvido - começou a carreira no Porto, passou pelo Boavista e chegou ao Benfica;
Nuns E-mails anteriores, o Pedro Guerra refere-se, expressa e claramente, aos árbitros como padres e aos jogos como missas.

....e, contaram-me, que ontem começou a ser vendida a estória de que o Paulo Gonçalves é muito religioso e que vai à missa sei lá quantas vezes por semana e que até tem uma capela em casa.

Gente!
Como é possível alguém achar que um gajo começa no Porto, passa pelo Boavista e chega ao Benfica mas apenas no Benfica terá descoberto: caralho, um gajo pode fazer umas merdas manhosas!
Como é possível alguém papar a estória da religiosidade?!

Mas papam.
E papam não por serem más pessoas mas antes por ser ignorantes.
O tempo e conhecimento não lhes foram dados para aceder a um estádio em que a lógica impere ou, pelo menos, tenha uma palavra a dizer.

Eu, por exemplo, não acho que o Paulo Gonçalves nasceu no SLB e muito menos que tenha inventado alguma coisa que nunca fora feita.
Eu, por exemplo, acho que o problema é transversal, independentemente da possibilidade de provar que todos o fazem.

Isto é óbvio!

Eu, por exemplo, sei que o Porto - o meu clube - não me vai pôr comida na mesa e, por isso, tenho muitas e muitas e muitas coisas mais importantes em que pensar.

Pão e circo.

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