Thursday, December 06, 2018

...e aí está o Natal!

Chegou a altura da minha diatribe anual quando a esta quadra e ao Ano Novo que o segue. Confirma-se, uma outra vez, que Dezembro é o meu pior mês do ano.
Este ano demorou um bocado a chegar e até pensei que saltasse uma ano da mesma forma que algumas características genéticas saltam uma geração. 
Pensei mal.

Normalmente - segundo a minha falível memória - rebelo-me contra a hipocrisia em que esta época é pródiga. É certo que a hipocrisia não tem uma estação em concreto mas mais certo é que ganha proporções diferentes nesta altura.
Temos a hipocrisia do somos todos irmãos e ajudamos os pobres do Natal e a do vou mudar e ser melhor! do Ano Novo.
Detesto as duas mas em maior medida a segunda. A primeira, pelo menos, beneficia quem precisa ainda que apenas uma vez ao ano enquanto a segunda é só estúpida.

Vamos deixar a hipocrisia de fora.
Vamos centrar-nos no sentimento de exclusão que, como a hipocrisia, não tem estação mas que aumenta de intensidade.

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Parece-me que andei na ilusão de que não seria afectado pela quadra porque não estive cá quando começou a borbulhar e no estrangeiro tinha mais com o que me preocupar...ao que acresce que apesar de haver decoração natalícia nos trópicos o clima impediu-me de a sentir.
....e depois cheguei.
Ainda tive uma semanita de paz mas acabou. Andei uma semana meio anestesiado e em modo caralho, era tão mais fixe não ter voltado! mas acabou.

Jantares de Natal;
Anúncios de televisão;
Conversa quanto à indumentária para os jantares;
Recolhas de alimentos por ser Natal;
Decisões quanto a onde passo 24 e onde passo o 25;
O que se quer receber e o que se quer dar de presente;
Decorações e montagem de merdas;
Cobertura dos enfeites de Natal da cidade;
Confirmações de comparência a cenas.
Foda-se.

Quando dei com as costas por cá, tinha 4 jantares de Natal para os quais tinha de decidir se ia. Maluco como andava, ponderei dar um sim a todos.
...e depois o tempo passou.
A 2 deles não poderei falta e já confirmei;
A 1 deles já me desmarquei;
A 1 deles estou com esperança de não ir mas é muito ténue;
E ainda falta 1 outro que ainda não apareceu mas que estará para aparecer ainda que a minha esperança seja poder dizer ah, já tenho tudo cheio até Janeiro...

A racionalidade não me permite embarcar em muitas fantasias e uma dessas fantasias é tempo de família.
Família não me diz grande coisa. Pode ser por nunca ter tido uma com muita gente; Poder ser por não apreciar ser desiludido e quem está ou esteve mais próximo ter mais hipóteses de o fazer; Pode ser porque a ligação de sangue é uma tanga inventada para nos fazer achar que algo de mágico se passa que impede uma avaliação que faríamos e fazemos a todos os que nos rodeiam.

Sou pela terceira.

Ah, é sangue do meu sangue! e A família é o mais importante! e A família é tudo! e, o pior, pensar que se elogia alguém ao dizer-se Tu és como da minha família!.
Tanga. Tudo tanga.

A cartada somos família sinto-a sempre como a de um parasita que está a falar com o hospedeiro.
Afinal, quando é que se ouve este tipo de expressões quando não é para pedir alguma coisa ou para justificar uma qualquer merda que se fez?
É sempre quem anda a correr atrás do prejuízo que manda este tipo de linhas.

O problema é que tudo isto que escrevo é incrivelmente desadequado.
Ah, K, mas tu não queres saber o que as pessoas pensam de ti nem do que tu achas!!
É certo. É mesmo verdade.
Há, contudo, o seguinte:
muitas vezes digo e penso que é inacreditável como é que uma pessoa de quem ninguém gosta não pára para pensar caralho, se calhar sou eu ou quando alguém que falha de relacionamento em relacionamento não pensa caralho, se calhar sou eu.
...nesta época temo ser uma destas pessoas por uns momentos.

Vejo um Mundo unido em irmandade - que sei ser falsa - e toda esta unanimidade leva-me a ponderar o raciocínio que referi: caralho, se calhar sou eu...
E se durante a esmagadora maioria do tempo sou capaz de perceber não, não sou eu. Pode dar-se o caso de estar sozinho mas não estou errado! todo este bombardear faz um ou outro buraco na minha armadura.

Estou farto disto e ainda nem a meio cheguei.

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