A DOR DOS OUTROS
Por natureza e feitio não sou particularmente fácil de afectar.
Tudo o que faço tem como destino ser livre e, quando sou bem sucedido nesta empreitada, torno-me virtualmente invulnerável.
Não me sinto em dívida e não devo. E tudo o que faço pelos outros faço-o sem perspectiva de retorno.
Tento, também, imaginar todos os cenários que consigo para evitar tomar decisões que me venham a desapontar. Não é propriamente não falhar; não vejo como possa nunca me enganar nem nunca falar. O meu objectivo é poder olhar para trás, sempre!, e pensar é, fizeste merda mas com a informação disponível não podias ter achado coisa diferente.
(ainda ontem explicava que um dos vários factores do meu insucesso profissional é o de que sou obrigado a fazer as coisas que digo, mesmo que isso não me beneficie. Responderam oh, mas não és obrigado! o que seria verdade se não se desse o caso de ser perseguido, para sempre, com um peso que não me larga quando faço coisa diferente daquela que acho que deveria ter feito.
Não me entendem. Não sou eu. É justo.)
...mas podem foder-me quando fazem mal às pessoas de quem gosto.
O maior problema, aqui, é que me vejo confrontado com dois problemas:
1. As pessoas de quem eu gosto tendem a saber defender-se sozinhas...mas eu acho que posso sempre fazer esse serviço melhor que elas;
2. Se eu decidir fazer alguma coisa para defender essas pessoas, não é só o eventual agressor que sofre, serão elas também.
Tenho tentado não me manifestar nem tomar posições até me ser impossível. Fico calado e vou desinsentivando o contacto com quem considero ser nocivo mas sem forçar demasiado.
O motivo para isso é simples: se eu decidir fazer, só vou fazer e, com isso, quem for dano colateral também se vai foder.
Ainda há umas semanas, tive de dizer merdas pouco agradáveis no meio da família dela o que nada me agradou mas já não dava para evitar; melhor: tentei com o que disse evitar dizer algo de bem mais agressivo e, consequentemente, irreversível para mim.
Ora,
Ela conhece-me e, em abono da verdade, a família dela também mas não da mesma maneira.
A família dela, como a maioria das pessoas, acham que podem dizer e fazer cenas de que depois se arrependem e, com o arrependimento, tudo fica bem.
Comigo, não. Comigo, não fica.
Soube, dias depois, que a mãe dela (por quem tenho apreço e só coisas boas a dizer) lhe disse que achava que aquilo tinha sido desnecessário.
Ela respondeu-lhe: Aquilo foi o mínimo que o K conseguiu fazer. Já vinha a ferver há muito tempo. Olhá lá, o K não tem nenhum contacto com o pai dele...o que é que tu achas que ele vai fazer com a minha irmã?!.
Ela está certa e sabe disso.
Não fodam os meus porque, depois, fode-se toda a gente.
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