Saturday, September 19, 2020

Smell The Flowers

 Esta coisa progressista e pseudo-desenvolvida de viver a vida e apreciar as pequenas coisas e cada um é cada qual e todos devem ver as suas opiniões respeitadas dá-me nos nervos.

Estou em crer que toda esta coisa que parece ser óbvia e universal está nas antípodas de o ser. É o resultado de uma bolha de uma clara minoria não apenas de países desenvolvidos mas de metrópoles desses mesmos países desenvolvidos. E nos dias de hoje é muito fácil achar-se que o que nos rodeia é verdade quando somos bombardeados (consciente e inconscientemente) pelos mesmos pontos de vista.

Há uns ano, o Bill Maher perguntou, em directo, ao Larry King se ele sabia qual a série de televisão mais vista nos EUA; quando o Maher lhe disse NCIS acrecentou que não conhecia ninguém que a visse...o que foi um atestado do alheamento a que todos estamos sujeitos quando pensamos que o monte mais alto do Mundo é aquele que vimos.

 

Há dias, estava a ouvir o Chappellle falar do problema em que se meteu por causa de pronomes por ter perguntar a um gajo que estava vestido de gaja se elE estava bem; não ter-lhe-ão dito, ELA está bem. O Chappelle, como eu, não está particularmente preocupado se um gajo quer ser tratado como se fosse gaja ou vice versa mas, ele como eu, não acha que a realidade alternativa interesse grande coisa. 

Disse ele que se eu entrar num banco para pedir um empréstimo e mo recusarem posso dizer que estão errados porque me sinto Branco mas o banco não me vai conceder um empréstimo por isso! Podemos ter opiniões quanto à veracidade ou extensão da diferença de tratamentos entre raças mas o que ele descreveu é óbvio: o pessoal pode sentir-se o que quiser - incluindo um gato, por exemplo - e até poderei aceder a tratar o pessoal como ele se sente - estalando os dedos para os chamar, como faço com a minha gata - mas, de facto, sentir-se como uma qualquer coisa não faz com que se seja essa coisa.


...uma volta enorme para dizer que o meu objectivo é smell the flowers mas não como o pessoal das missangas.

O Mundo não é e nem nunca foi paz e amor;

A Natureza é espectacular e há poucas coisas que aprecie mais mas preciso de uma casa de banho;

Quero muito poucas coisas materiais na vida mas aprecio ter o Netflix.

E, verdade seja dita, eu até consigo apreciar o momento; cada vez mais à medida que o tempo passa...a menos que fique irritado.

Sou um homem com sorte. 

Há gente com mais sorte que eu? De certeza que deve haver mas no quadro geral das coisas eu tenho muita sorte.

Só que às vezes esqueço-me.


Luto muito contra a minha mentalidade obcessiva. 

Gente inteligente conta até 10 mas, com uma pena maior do que o que pagam à Cristina Ferreira, vezes há em que não chego ao 2.

Não tenho problemas para resolver depois, só tenho problemas para resolver AGORA;

Não tenho desejos para satisfazer depois, só tenho desejos para satisfazer AGORA;

Não tenho vontades para depois, só tenho vontades para AGORA.

Ah, K...és uma besta! seria uma apreciação justa com base no que escrevi e, provavelmente, em geral.

Felizmente, por estes dias, costumo chegar muito mais próximo do 10 e, assim, controlar a estupidez mas deparo-me com um problema que ainda não consigo conter: acontece qualquer merda e eu conto até 8 ou 9 e, depois, preciso de tempo de recuperação; não consigo contar muitos números duas vezes seguidas.

Se tiver de contar agora e daqui a - vou ser simpático! - um dia outra vez, esta segunda tem uma hipótese baixa de ultrapassar os 3 (simpático outra vez) e vai dar merda.


Em geral, isto não me preocupa por aí além.

É certo que me pode trazer dissabores mas vivo bem com isso.

O problema é quando isto acontece, por exemplo, com Ela. Nunca aprecio mesmo quando tenho razão (quando não tenho é dramático!) porque raramente é proporcional.

...e depois magoo quem faz o que pode - e faz muito - para contornar, muitas das vezes como se andassem em cascas de ovo, o meu mau feitio sem que a isso seja realmente obrigada.


Só consigo cheirar realmente as flores quando estou contente e isso é raro. Estava, há momentos, a lembrar-me de termos saído de uma aldeia no meio da montanha na Geórgia, há coisa de um ano, e percorrido a estrada com a desculpa de ir ver uma cascata; em momentos assim, cheiro todas as flores!

No resto do tempo, esforço-me por dar uma fungadela na esperança de criar um hábito mais regular.

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