A Arte do Inofensivo
Tava numa discoteca onde animavam o ambiente as Alcantara Dancers.
Todas elas sem roupa, todas elas bem insinuantes, todas elas provocação, todas elas podres de boas.
À volta dos palcos um conjunto de homens colados nas ancas, de copo na mão e com ar matador.
E ela a olhar em frente, a esfregar-se no varão, a empinar a "bunda" e altamente lasciva....assumo que entendo e li o pensamento de todos aqueles homens, pensei o mesmo.
Eu não estava naquele meio de cortejadores pavões.
Não porque não me interessasse o espectáculo e muito menos porque não me interessasse a movimentação "ancal".
Não me desloquei pra lá porque não vi utilidade...via bem de onde estava e escusei-me que pensassem de mim o que pensavam deles.
Pior quando a menina desceu...Puta que pariu.
Foi ao bar refrescar a garganta e foi abalroada por todos os abutres da foto e mais alguns que não ficaram na objectiva.
Vi-os aproximarem-se, puxarem-lhe o braço, falarem-lhe ao ouvido e o ar enfadada dela não tinha descrição.
Aquele bando de tonis meio bêbados diziam-lhe coisas tipo:
"És linda" (ela não sabia) 20 ptos pela originalidade.
"Tens um belo corpo" (ela não sabia) 30 ptos pela inovação.
"Pago-te um copo?" (ela não tinha bar aberto?) 40 ptos pela sagacidade.
"O que fazes quando não estás a dançar?" (estou no convento) 50 ptos pelo interesse.
Pergunto-me como achavam que a iam sacar?
Parece-me que homens não entendem o significado de "distinção", não entendem que convém ser UM na multidão e não MAIS UM, palavras repetidas são inoperantes e nunca serão relembradas.
Eu nem me dirigi a ela, não sabia o que lhe haveria de dizer e não tinha o meu cajado comigo pra abrir caminho.
Uma coisa é certa, se as frases de engate que me ocorressem fossem aquelas seguramente ficava-me por:
"Olha...dá pra te comer?"
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