Quando, há anos atrás, decidi começar a viajar sozinho o pessoal ficou estupefacto. Afinal, sozinho não é sem ninguém? O que se faz sozinho?
Bom, não é sequer um caso de mais vale só do que mal acompanhado, era e é apenas uma caso de mais vale só.
As primeiras vezes que fui daqui pra fora foram, primeiro, com os meus pais e, depois, com amigos e sempre foi divertido; mais divertido com os meus amigos que com os meus pais, claro, mas sempre divertido.
Como eu não sou de decidir contra coisas que funcionam, no caso ir de férias com boa companhia, o acaso deu-se quando eu queria ir e não tinha quem fosse comigo. Não foi uma decisão filosófica foram apenas as circunstâncias acrescidas da minha personalidade: quero ir agora! Não há quem queira ou possa ir também? Vou sozinho!
Este acaso passou, então, a ser uma escolha. Percebi, em muito poucos dias, que via muito mais coisas que me interessavam, que tinha, por necessidade social, de falar e conhecer gente do lugar onde estava e que não precisava de relógios para nada.
Não transplantava comigo um, neste caso, Portugal que me limitava alhures; estava onde estava e em mais lugar nenhum, sem memórias ou histórias curiosas, sem hábitos circulantes que não se adaptavam.
Não foram nem são tudo rosas.
Às vezes sentia-me só porque não tinha com quem partilhar o que se passava nem pessoas que entendiam um sentido de humor que só se entende quando há um convívio alargado.
Mas também esta pequena infelicidade serve de sal. Este sentimento de perda de Norte é importante porque a viagem imita a vida e não deve ser um parêntises...motivo pelo qual apenas uma vez, por escolha própria, fiquei num resort e jurei que nunca mais o faria...
Depois de ter sido pioneiro, entre as pessoas que conhecia, claro, nesta ida em regime singular há mais um ou outro que me seguiram as pisadas e não se arrependeram mas a maioria, sem que aqui faça qualquer juízo de valor, nunca entenderam este apelo e nunca o entenderão.
Eu gosto de andar sozinho...
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