Pannonica Rotschild
Há meses que apanhava, de forma incompleta, o documentário The Baroness of Jazz dedicado à memória de Nica Rotschild. Ontem apanhei-o todo.
Além de tudo que me atrai no documentário, em especial o Be-Bop e o Monk e o Bird, chamou-me à atenção, logo no início, a informação, por parte de Hanna Rotschild, que os filhos da Nica não tinham querido colaborar com o documentário.
O que poderia levar filhos a não apoiar um documentário sobre uma mulher com uma tão grande influência, como mecenas, sobre o Jazz e, mormente, sobre uma figura icónica e irrepetível como o Monk?
Uma mulher que, tanto quanto o documentário nos revela, ia apanhar um avião para o México e apanhou, em vez disso, um outro para os Estados Unidos, Nova Iorque, porque ouviu, no próprio aeroporto, o Round Midnight?
Ora bem, no meu muito limitado entender exactamente por isso.
A história da Nica é, para mim, absolutamente brilhante!
É de ficar eternamente grato alguém ter alimentado altruisticamente talentos como o Monk e o Dizzy, por exemplo. É de ficar eternamente grato a quem andava, de Bentley, o que é delicioso, a fazer rondas em NY a entregar comida a músicos esfomeados e a pagar-lhes a renda ou a visitá-los no hospital quando ninguém o fazia.
No entanto, tão verdade como o que acabo de escrever é que não acharia o mesmo se fosse minha mãe.
Não acharia graça que tivesse preferido o Be-Bop em vez de mim ou dos meus irmão;
Não acharia graça que andasse a distribuir apoios a outros que não as crianças que tinha gerado;
Não acharia graça que, apesar de se dizer que tal nunca havi acontecido, a minha mãe andasse metida com um heroinómano bipolar e casado.
Eu entendo os filhos dela, não sei se algum dia seria capaz de colocar o bem do mundo acima do meu e, talvez ainda mais importante, do dos meus irmãos.
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