Monday, May 13, 2013

Ópio do Povo

A cultura desportiva em Portugal é baixa.
Vamos pensar nos eventos desportivos e imaginá-los como aquilo que são e aquilo que, certamente, se chama como espectáculo. Haverá outro espectáculo de qualquer espécie em que a qualidade prede para o resultado? Que me lembre, não.
Em Portugal e em muitas partes do mundo (de cabeça, tenho apenas Inglaterra como excepção) o mais importante é ganhar! Se der para ser um bom jogo, tanto melhor mas a qualidade do jogo é absolutamente secundária quando comparada com o resultado em si.

Por exemplo:
Sou portista desde que me lembro e sofro com os jogos do Porto. Vejo o jogo todo, fico tenso, fico nervoso e se perder o meu dia ou noite estão estragados...fico com muito mau feitio.
Tenho, contudo, alguma dificuldade em assumir-me como fã de futebol. Tenho uma enorme dificuldade em ver jogos que não incluam o Porto de um dos lados, com excepção de coisas extra-terrestres como um Real Madrid x Barcelona e afins ou a final de uma competição europeia. Excluindo casos como estes sou incapaz de perder uma hora e meia em frente à televisão. Não consigo mesmo.

Então, também eu estou imensamente mais interessado em ganhar do que com o que efectivamente se passa no campo.
Também eu fico mais contente quando o Porto joga bem e ganha mas o jogar bem vem depois, muito depois.

Este Sábado, contudo, revelou-se tudo o que de bom ganhar tem.
Não foram os jogadores que ganharam, fomos todos nós que ganhámos com eles; foram os tipos que andavam atrás da bola e todos nós que andávamos, mentalmente, atrás deles.
Quando o Porto ganhou, aos 91, por uns momentos deixámos de nos interessar nos números do desemprego e na Troika e nas contas e nas dívidas e nos Governos e em tudo que nos assola diariamente há demasiado tempo; naquele momento fomos vencedores, naquele momento não havia núvens, naquele momento não havia intempérie, naquele momento todos eramos ricos...

Naqueles momentos fomos felizes e só por isso valeu muito a pena.

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