Tuesday, June 18, 2013

A Virtude ao Meio?

Não é a primeira nem a segunda vez que ouço fazer um paralelismo quanto ao estado em que nascemos e aquele em que morremos, partindo do princípio que chegaremos a velhos.
O Bnjamin Button foi pouco subliminar nesta imagem ao nascer velho com todos os problemas da velhice a ao morrer bebé com todos os problemas dos recém nascidos que em muitos casos se assemelham, por exemplo no que concerne à incontinência.
Não sei até que ponto concordo com isto em termos fisiológicos mas em ambos os casos aceito certas características pessoais como inevitáveis. Ora porque é muito cedo ora porque é muito tarde.

Vou-me dar como exemplo.
Quando era miúdo padeci de problemas de homofobia, xenofobia e até de algum racismo.
Quanto à homofobia percebi que era uma afirmação vazia de masculinidade e de incapacidade de perceber que não temos de detestar diferenças; quanto à xenofobia foi uma coisa mais de manel vai com as outras, a dado momento dei-me com gente que, sei agora, pertencia à extrema direita ou, talvez para ser cool, fingia ser essa a sua crença; o racismo já foi diferente: nunca tive nada contra pretos por serem pretos mas fui martelado durante muito tempo, em todo o lado, pelo preconceito de que eles eram menos inteligentes do que nós, os branco.

Ultrapassei tudo isto.
Deixei de me sentir menos macho por me ser indiferente quem dá o que é seu a outra pessoa;
Deixei de ser xenófobo porque eu não passaria a ser uma besta quando atravessava a fronteira para Espanha e, por isso, o inverso será necessariamente verdadeiro;
Deixei de ter ponta de racismo porque aprendi que as pessoas - TODAS - são resultado do meio ambiente e do historial que, neste caso a raça, lhes marcou.

Voltemos, então, à cena dos novos e dos velhos.
Quanto ouço miúdos com ideias parvas acho normal. Desde aquele sentimento de revolta sem fundamento à vontade de ser diferente que os conduz a serem, na verdade, iguais porque querem ser aceites.
Os miúdos crescerão com o passar dos dias e, se tudo correr bem, aprenderão coisas que julgam no presente inimagináveis, como me aconteceu a mim e tenho a certeza que a muitos outros como eu.
Quando ouço os velhos com ideias parvas a questão é diferente. Não tenho a esperança que tenho nos miúdos, porque as raízes são mais profundas, e aceito, sem problemas, que eles serão assim sempre. Já não vão a tempo de mudar.

O meu problema é com os adultos que ainda não são suficientemente velhos para serem velhos mas também não são suficientemente novos para serem novos.
Sinto que não aprenderam o que deviam, não são os seres humanos que deviam, não são tão inteligentes como julgam e não acrescentarão nada de novo aos seu filhos e muito menos aos filhos dos outros.

Nas crianças temos esperança.
Nos velhos temos resignação.
Nos adultos é só triste.

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