Wednesday, June 26, 2013

Manifs no Brasil

Nunca pensei ver tal coisa!
Não me refiro às manifs em si nem às cenas, ainda que, de alguma forma, marginais, de violência que se vão vendo.
O que nunca pensei ver era o povo brasileiro a dizer, alto e bom som, que não queriam saber da copa para nada! Que o que os preocupava eram as escolas e os hospitais, por exemplo, e não estádios de futebol ou coisas do género.
É uma manifestação de cidadania impensável há, por exemplo, 5 ou 6 anos atrás e, para mim, impensável agora, em 2013, se me dissessem que ira acontecer.

Estas manifestações resultam, na minha opinião, do alargamento que sofreu a classe média, o motor de mudanças em todos os regimes e em todos os países. O emergir de uma classe que entende o seu papel e que deseja lutar para que lhe seja proporcionado aquilo que entende (e é) seu por direito.
Esta maravilha da cidadania, contudo, terá um peso muito negativo em outras partes do globo. Este tomar de posição legítimo será um alerta para muitos lugares que se encontram mais perto ou mais longe de dar à luz uma classe média.

À cabeça, lembro-me, por exemplo, da China.
Depois de ter visto a pujança brasileira a nomenklatura chinesa tenderá, naturalmente, a reprimir mais, a constranger mais, a permitir menos.
Para que a China continue a crescer ela vai precisar de uma classe média que é, ainda, embrionária mas essa classe média será, como sempre é, a génese da tempestade que se abaterá sobre o Poder.
Os poderes chineses terão, mais cedo do que mais tarde, de decidir se querem a pujança económica ou o braço de ferro com que governa a sua população.
Tendo a achar que optarão por menos economia para manutenção do poder.
O mesmo se poderá dizer de outros países tais como Angola ou a Rússia. Enfrentarão as mesmas questões e, enquanto conseguirem, tentarão a mesma solução de repressão.

É extremamente interessante como a alforria de uns vai ser ou é o aviso à navegação para que se impeça a de outros.
Os movimentos são inelutáveis e acabarão por vencer, como a história nos ensina. Quantos corpos ficarão pelo caminho é uma outra questão.

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