Wednesday, July 10, 2013

Ainda a Percepção

Quando andava na ordem do dia os massacres nas escolas dos EUA discutia-se muito a saúde mental dos tipos que andavam a matar crianças e não só.
Eu, como a maioria das pessoas, vai bebendo, com alguma inocência, naquilo que se vai dizendo por pessoas, supostamente, avalizadas para o fazerem (eu sei que é parvo mas é, também, instintivo).
Num desses programas de post mortem apareceu um preto que disse qualquer coisa como isto: estamos a discutir o problema da saúde mental e do acesso às armas e estes tópicos são muito pertinentes e importantes. Agora, vocês já pensaram o que aconteceria se os assassinos não fossem todos brancos? Já imaginaram se a discussão ocorresse se os homocidas fossem pretos?!

Ele estava coberto de razão mas nunca tal me tinha ocorrido, talvez por não ser preto.
Tenho a certeza que se tivessem sido pretos a matar crianças brancas não se andaria a pensar nem a discutir a sua sanidade mental. Seriam criminosos. Seriam, apenas, homicidas. Seriam marginais.
Como eram brancos, a discussão era, evidentemente, outra.
A palavra racismo nunca apareceu mas, depois de ter ouvido levantar esta hipótese, fiquei a pensar se não estaria presente subliminarmente.

Depois, li numa entrevista do Miguel Sousa Tavares que a mãe ia passear com ele, quando criança, e que, por vezes, perdida no seu mundo perdia-o também a ele. Se bem me lembro, ele ia para uma loja ou qualquer coisa do género, e esperava que ela desse pelo ocorrido e aparecesse, o que ocorria sempre, pelos vistos.
A história foi contada docemente e em termos divertidos. Uma ocorrência sem grande significado.

Ora, se a mãe do Miguel não fosse a Sophia mas uma qualquer anónima que perdesse o seu filho na rua a história seria outra e muito menos doce e divertida.
Será que as falhas das pessoas, neste caso as mães, variam de intensidade e gravidade de acordo com o génio que transportam entre as orelhas?
Não, não variam mas que parece, parece.

A finalizar, mas talvez o principal motivo para me ter lembrado destas coisas, ouvi ontem a notícia que as mulheres andam a ser mais mal tratadas por esta altura.
Não me surpreendeu. Não me surpreende, também, que ocorram mais suicídios, apesar de nada ter ouvido a respeito. Não me surpreende, també, que haja mais abandonos de animais. Não me surpreende, também, que haja mais crianças a abandonar a escola.
A crise é isto. Aritmética simples.
MAS,
e disto, confesso, nunca me teria lembrado, o que levará a mais agressões a mulheres nesta altura específica do ano será o facto de o pessoal estar de férias e os casais terem de conviver mais do que o que estavam habituados!

É espantoso e absolutamente simples.


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