Saturday, July 06, 2013

Jeans

Há muita coisa evidente que não se consegue ver nem entender até que alguém as aponta. É como aquele sinal que nunca tínhamos visto e que não conseguiremos deixar de ver nunca mais chegando ao cúmulo de nos passarmos a sentir perseguidos por eles de tantas vezes o vermos.

Os jeans são um desses exemplos. São, talvez, o primeiro símbolo da identidade pessoal e individualidade que tiveram precisamente o efeito contrário.
Os jeans foram criados como uniforme de trabalho, vamos chamar-lhe isso. Depois, com a emancipação feminina e cenas passou a ser uma marca de rebelião e individualidade, de reacção ao status quo.
O que é engraçado é o que, de facto, aconteceu.
Depois do advento dos jeans à escala mundial passou a ser muito difícil vermos uma fotografia e saber de onde era. exactamente. Os trajes autóctones, fossem de onde fossem, tornaram-se símbolos de repressão e massificação (onde tal foi permitido) e foram substituído pela roupa rebelde. Roupa essa que podemos passar a chamar farda.

Em suma:
Os jeans não individualizaram, massificaram até onde jamais havia sido imaginado.

Tenho esta sensação imensas vezes, desde que tomei conhecimento desta história ou desta apreciação da história.
Vejo, por exemplo, reportagens à porta de concertos da Lady Gaga (poderia ser da Madonna há umas décadas) em que todos a admiram (e se admiram, de caminho) pelo ser diferente e pela individualidade. Afinal, eles foram born daquela maneira.
São todas iguais. Vestem-se igual. Todas diferentes da mesma maneira.

Outro exemplo, por exemplo, são os blogs (como este mas os que são muito particiapados).
Aglomeram-se uns quantos nicks numa determinada bolha com uma determinada visão e com uma determinada posição. Sentem-se seguros. Sentem-se em casa.
Ora, esta revolta contra a sociedade (é o que costuma acontecer), junta os revoltados, os diferentes. E o que procuram os diferentes? Aceitação, ou seja, serem iguais. Serem iguais na sua diferença, serem os escolhidos e os iluminados.

Em suma:
Discordam mas odeiam a discordância.
Fazem-me lembrar uma amigo que era muito engraçado e dava muito gozo ao pessoal que o rodeava...mas odiava que lhe fizessem o mesmo.


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