Saturday, July 06, 2013

Keep Me In Your Heart For a While

A primeira vez que ouvi ou que me lembro de ter ouvido esta música foi no fim do episódio final do House e ontem ouvi-a outra vez.
A voz do tipo (Warren Zevon) é, pra mim, o equivalente a um corpo cheio de cicatrizes, um corpo mal tratado, uma vida que não facilitou ou alguém que não facilitou perante a vida. É dor. Dor.
Esta merda desta música não me sai da cabeça.

A repetição do Keep me in your heart for a while lembra-me o I want you to notice when I´m not around dos Radiohead ou o Deixe-me ir, preciso andar do Cartola. Diferentes intensidades e diferentes visões do não aguento mais quer porque não posso dar quer porque não posso esperar.
Dor.

Agora está na moda ter relacionamentos resolvidos; uma coisa do tipo a gente falou e acertamo-nos, chegámos à conclusão que qualquer coisa mais ou menos relevante e mais ou menos profundo.
Não tenho nem nunca tive relacionamentos (que o foram, de facto) resolvidos. Pode ter sido incapacidade, em alguns, será impossibilidade em outros.
Dor.

Há uns anos, poucos, tive uma conversa mais ou menos honesta com uma ex, a minha primeira ex, a ex que melhor me conheceu porque eu ainda era demasiado inocente para me esconder o suficiente.
Ela tinha, na altura, agora não sei, um namorado já há bastantes anos. Como a conhecia, pelo menos, tão bem como ela me conhecia a mim, percebi, e disse-lhe, que não entendia como ela estava com aquele gajo; não por aquele gajo ser bom ou mau, nem sequer o conhecia, mas porque não tinha a relevância que devia e ainda que muita gente possa desconhecer que relevância é essa ela não podia desconhecer.
Disse-me ela que nunca, como até ao momento em que ficámos juntos, tinha sentido repulsa por um toque de qualquer pessoa que não fosse eu; não havia fantasia que não me tivesse como protagonista; não havia dia em que não quisesse falar comigo mesmo quando não queria estar comigo.
Não se pense que era só ela que sentia isto. Ela não era obcecada sozinha, eu estava lá com ela (à parte da questão da fantasia...sou gajo e toque de gaja jamais me repugnou).

O que não percebi e não percebo, talvez por defeito de carácter (um defeito que se revela em amplas partes da minha vida), como é possível passar-se de uma fogueira para um clima temperado.
Entendo quem viva num clima temperado quando nunca andou pela fogueira mas o contrário já não. O óptimo só não é inimigo do bom quando se não conhece o óptimo.

É romântico ser-se como eu. Romântico no verdadeiro sentido da palavra...mas é Dor.

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