Friday, August 09, 2013

Como Um Gajo Pode ser Distraído

Como não vivo nos estates a informação de que vou dispondo é algo errática e conheço, apenas, parcialmente as pessoas que por lá vão tendo poder.
Um desses tipos é o Alan Greenspan, o presidente da FED durante imenso tempo.

Um destes dias cruzei-me com a biografia dele mas, naquela altura, não me apeteceu pegar nela porque os tipo da total desregulamentação e que entendem os mercados como deuses deixavam-me excessivamente tenso. Contudo, no caso do Greenspan a minha curiosidade era imensa porque depois de 40 anos a defender e a praticar uma determinada teoria económica vi-o (e pareceu-me sincero) a dizer que se tinha enganado e que as coisas não eram como ele as entendia nem como as tinha previsto.
Ora, caso ele tenha sido sincero, até a mim me doeu porque não deve ser fácil e muito menos agradável admitir um falhanço de uma vida. Especialmente um gajo que era tratado quase como um oráculo.
Caso ele se tenha flagelado apenas para inglês ver, revelaria que é uma besta como muitas outras e que andou a cavalgar a onda das influências.
Por princípio, sem nada que me empurre noutra direcção, prefiro acreditar que viveu em erro toda a vida.

Esse tempo em que estava tenso, entretanto, passou e estou agora mais ou menos a meio da biografia. Quando terminar talvez fale do que li mas o que me levou a este post é uma outra coisa.

Uma das coisas que aprendia a fazer com bastante eficácia é afastar a atenção das pessoas de locais onde a sua atenção não é por mim pretendida.
Começou com relacionamentos com os elementos femininos quando fazia o que não devia e, depois, tornou-se uma espécie de necessidade profissional. Pelo meio, ajudava amigos menos previdentes com esta coisa que consigo fazer: a dado momento passou quase a ser um número para proteger incautos.

Ora, ainda no início da biografia em questão descobri que o Alan havia sido músico profissional. Saxofonista que chegou a andar em digressão pelos estates. Este facto fez-me, de imediato, pensar nele de outra maneira até porque foi a época de ouro do jazz e a digressão que ele fez foi em Big Band, uma das minhas formações favoritas.
Depois piorou! Estava eu já meio amolecido e a repensar o que pensara dele e é revelado que um dos gajos que tinha aulas de saxofone com ele era um tal de Stanley Getz. Este passaria a ser conhecido do público como Stan Getz. Este passaria a ser para muitos um dos maiores saxofonistas da história (a par de Coltranes e afins) e, para outros, entre os quais me incluo, passaria a ser o maior saxofonista da história.
Li a breve passagem que refere o Stan mais do que uma vez, uma coisa quase inédita na minha forma de ler.

E voltamos ao título deste post:
Imaginei-me na audição do senado em que o Alan participou e imaginei que naquela altura (o auge da crise) teria vontade de o sangrar o mais que pudesse. Com olhos raiados de raiva.
E imaginei, depois, que por um qualquer motivo ele faria alusão a ter tido aulas de saxofone com o Stan Getz. É muito possível que me deixasse de interessar a bolha imobiliária e o resgate bancário e apenas quisesse saber mais e mais sobre o Stan Getz de 15 anos.

Somos todos parvos e manipuláveis, é só encontrar os botões.

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