Wednesday, August 14, 2013

Esquenta!

"Esquenta" é o nome de um programa de tv brasileiro que celebra a diversidade e o tropicalismo. Uma coisa quase anárquica (absolutamente anárquica no contexto televisivo) em que se cruzam, por exemplo, os maiores da Bossa-Nova com os tipos que fazem Fevro. É absolutamente tolerante e muito colorido. É um dos meus programas favoritos, tenho de o dizer.

O problema deste programa, como de tantos outros onde se incluem mesmo CVs escolares, é que a tolerância e diversidade deixam de o ser no momento em que são impostos.
Por exemplo: não tenho nenhum problema com a homossexualidade nem com homossexuais mas entendo que haja gente contra o casamento de pessoas do mesmo sexo, onde não me incluo; entendo que haja pessoas contra a adopção de casais homossexuais, onde não sei se me incluo. Mas estas pessoas não são, obrigatoriamente, homofóbicas. E são assim designadas pelos adeptos da tolerância e da diversidade.

Quando o próprio conceito de Diversidade é definido ele, por definição, exclui. E é isto que muitas vezes me parece acontecer em programas como este.

Outro exemplo que encontro neste programa e que me desagrada é o facto de que no Flower Power é indifernte o que as coisas custam, quem as paga e como arranja forma de as pagar.
Talvez atenta a conjuntura que abraça Portugal me faça ver isto com mais seriedade e realismo. Para que haja artistas a cantar e a comerem do que cantam tem de have quem compre os bilhetes, quem trate de os vender, quem trate de os promover, quem trate de os patrocinar e por aí adiante, factos a que os artistas, muitas das vezes, se consideram completamente alheios. Ou seja: a sociedade capitalista que tanto contestam é a que lher permite ter carros e casas e o sistema financeiro que tanto detestam é quem lher empresta dinheiro e quem faz a cheta circular.

Agora, a verdade é só uma e por isso gosto tanto do programa:
No momento em que, por exemplo, a Letícia Spiller ou a Sharon Menezes estão a sambar nada mais me importa; no momento em que o Zeca Pagodinho ou o Arlindo Cruz estão a cantar nada mais me interessa.
E, provavelmente mais importante que tudo isto: daqui por 50 anos (se ainda estiver vivo) vou-me lembrar do concerto em que Ney Matogrosso interpreta Cartola e não farei ideia de quem era o Ministro das Finanças brasileiro ou o valor do déficit em Portugal.

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