Empatia
A empatia é um sentimento que sempre apreciei nas outras pessoas e alimentei-o nelas sempre que me foi possível.
Um dos principais motivos para ter esta apreciação e para a alimentar é porque não fui educado para o ter. Não é uma coisa que lamente porque já aconteceu nem critique por não me ter sido incutido de uma forma ou de outra. As pessoas são produto das suas experiências e são estas e essas pessoas que transmitem o que aprenderam tornando este, como outros, um ciclo difícil de quebrar.
Acresce que por muito que a empatia faça as pessoas sofrer parece-me que quem dela padece acaba por sofrer mais embora o não saiba. É que quem não se liga não se desilude mas...também não se liga.
Como em tudo o resto que nos rodeia, é possível encarar o que quer que seja como um defeito ou uma virtude. O Egoismo é mau para os outros mas bom para os próprios; o Sacrifício é maus para próprios mas bom para os outros. Enfim, como há muito foi dito pelo Frederico Nish, as virtudes são avaliadas de fora.
A Empatia não é muito diferente ou não é nada diferente.
Vi agora uma reportagem sobre o Lamar Odom e por isso veio-me este tema à cabeça.
O Lamar é um basquetebolista de excepção e juntamente com esta sua excepcionabilidade vem o facto de ser toxicodependente, ser apanhado a guiar alcoolizado, destruir relacionamentos como se destroem hamburgers e por aí fora.
A mentalidade com que fui educado revela-me, simplisticamente, que ele é uma besta! Ganha milhões e milhões e é incapaz de se manter na linha. Não há nada que desculpe estes milionários bestas que são a quintessência do pobre menino rico.
A mentalidade que gosto de ver nos outros revela-me, contudo, que o Lamar cresceu num lugar terrível (drogas violência e afins), tinha um pai ex-militar e heroinómano que o abandonou (a ele e à mãe) quando ainda nem tinha 10 anos, teve uma mãe que morreu quando ele tinha 12 anos com cancro, teve um irmão que morreu baleado há pouco tempo e por aí fora... Um tipo que viveu isto e se tornou equilibrado seria um tipo excepcional e não normal.
O meu problema, contudo, é difícil de ultrapassar.
Como se repara deste blog desenvolvo algum esforço em compreender o motivo pelo qual o que acontece acontece. Dou-lhe imenso valor. A chave para evoluir consiste em compreender para, se possível, evitar o eterno devir de coisas más.
Mas este é um esforço intelectual e abstracto. Algo que, frequentemente, designo como compreender ser diferente de perdoar.
É fundamental, por exemplo, sabermos o que aconteceu ao Lamar para ele ser como é. Não por causa do Lamar mas por causa de todos os outros a quem pretendemos privar uma infância de completo infortúnio.
Mas! Para mim, isto não perdoa o Lamar. Ele deve apanhar como os que não tiveram a sua infância miserável porque, ao fim das contas, as pessoas que ele prejudica (imaginemos alguém que ele atropelava enquanto alcoolizado) têm muito menos culpa do que ele e não merecem ver o seu sofrimento desmerecido porque aconteceu a alguém algo com que nada tiveram que ver.
Empatia: Benção Vs Maldição.
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