Ontens...
Os velhos do Restelo existem em todas as gerações e somos, virtualmente, todos nós.
Como já por aqui escrevi, senti-me entre as lágrimas e o riso quando dei por mim a pensar coisas como és muito novo, não perceber ou isso de DJ não é fazer música e muito menos tocar música!, e por aí fora.
A potencialidade para Restelarmos está entre todos nós. Vem com as rugas. É uma chatice. Quase tão chato quanto os dois dias de que preciso, agora, para curar uma ressaca. Não é justo. Costumava ser mais resistente...
Nas coisas importantes, contudo, sou menos velho. É verdade que me incomoda que o pessoal passe o tempo agarrado ao telefone (contacto visual está demodé), é verdade que me entristece que os miúdos de hoje não andem a brincar pelas ruas como há algum tempo atrás. Mas, no geral, não desejo o retorno.
Como os defensores dos bons costumes que querem voltar ao que Deus pretendia por exemplo quanto aos gays. É indiferente que a história humana seja, de facto, pan-sexual. É indiferente chuvas de enxofre e tal. É, assim, um regresso ao passado (existente ou não) mitigado. Escolhe-se as características, como se isso fosse possível.
Como os gajos, em Portugal, que acham que estamos pior agora do que antes e que devíamos voltar ao que já fomos. Bem. Eu, como acredito a maioria, é amiga da sua sanita, um objecto muito mais raro no antigamente. Outra coisa que me agrada, por exemplo, são lâmpadas! Gosto particularmente de ver por onde ando, ainda que isso possa parecer menos entusiasmante para quem gosta de viver no perigo. Agrada-me, ainda, que o pessoal tenha sapatos e não enfrente filas para a distribuição de pão e por aí fora.
É evidente que nem todos ficamos contentes com o progresso e que o progresso, em abstracto, nem sempre o é.
O probelma dos românticos do ontem é que querem um que não existiu. É uma coisa mística. Uma coisa heremética. Uma coisa asséptica.
A realidade é uma outra coisa...
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