Sunday, March 15, 2015

Não Disse?

GRÉCIA

Como previa, a coisa começa a encaminhar-se para o que era previsível que acontecesse: Ah, se calhar um gajo não vai fazer exactamente aquilo que disse que ia fazer.
Pois. É mais fácil ser radical quando o radicalismo é apenas uma manifestação de vontade.
Faz deles más pessoas ou mentirosos? Quer dizer...sim e não. Mentiram e isso é verdade. Mentiram quando, presumo, sabiam que estavam a mentir. Agora, isso não faz deles más pessoas, faz deles pessoas normais ainda que isso possa ser mau mas não imprevisível ou uma ofensa à realidade.
Cai quem quer...

O que lhes aconteceu foi um encontro com a realidade. A responsabilidade, para quem tem algum bom-senso, sobrepõe-se à ideologia (sim, eu não tenho bom-senso, por isso evito promessas que me fazem sempre sentir que tenho de cumprir, mesmo que resulte em desastre e aniquilação própria ou alheia). Foi o que lhes aconteceu: Meus amigos, vocês podem dizer o que quiserem mas o que vão fazer, se é que querem sobreviver, é uma outra coisa e uma outra coisa é o que farão.
Já ouviram os alemães - o público - dizerem nem mais um euro para a Grécia e se não querem que a vontade do povo se reflicta na de quem dirige não podem esticar a corda.

O que nos diz isto do Mundo?
Nada que não se soubesse. Quem tem cu tem medo.
O que nos diz isto dos Políticos?
Nada que não se soubesse. É a arte do possível e da sobrevivência do mais apto a mudar de opinião.
Vai a Grécia safar-se?
Impossível prever mas que vai sobreviver mais uns meses, isso vai.

(Sem ter muito que ver com o assunto em questão mas com uma ligação quase invisível, é relativamente comum as pessoas acharem que sou ou poderia ser um bom líder e não discordo. Quando me deixam solto - não mandando - ou quando me dão poder para dirigir, os resultados costumam aparecer.
A principal questão, contudo, é se o tipo de liderança que ofereço é a que se quer e a resposta, aqui, é mais duvidosa. Contrariamente ao gajos da Grécia, não tendo à complacência quando desagradado nem à curva quando ameaçado.
Se querem um rolo compressor - que, ainda assim, não esmaga quem não merece - maravilha; se querem um político para o possível a porta é mais ao lado)

AINDA DENTRO DA GRÉCIA
vi há uns minutos o super sensual Varoufakis (acho que se escreve assim) numa reportagem cor de rosa. Um artigo sobre a intimidade do Ministro das Finanças que chocou o mundo por usar cenas de cabedal, recusar-se à gravata e andar de mota.
Foi uma lufada de ar fresco no cinzentismo político!! Não, não foi.

Também o Varoufakis é uma pessoa como as pessoas.
Quando viu sobre si o holofote; quando leu sobre si que deixava as gajas húmidas; quando descobriu que o cabedal (tanto o casaco como o próprio) começaram a ser mais notícia que o seu Primeiro Ministro; quando percebeu que Hollywood também pode existir na velha Europa... COLOU!

Acontece com bastante frequências as pessoas começarem a acreditar no seu próprio mito. Algumas vezes criam-no e outras criam-no para elas. Em qualquer dos casos, torna-se cada vez mais esbatida a diferença entre a realidade e a ficção. Ou melhor, torna-se confuso saber o que é a realidade e a ficção porque se tudo que se vê e ouve é ficção haverá muita diferença entre uma coisa e outra?

Seria esquisito um gajo que pugna por um país na miséria aparecer com a esposa a degustar vinho sob os olhos da Acrópole ou ao piano, em sua casa em tons pastel. 
Seria, se ele fosse mais do que o humano médio.
Varoufakis apaixonou-se pelo que as pessoas pensam dele e isso só o torna normal e para quem gosta de normal isso não é mau.

OS PATOS E OS CISNES

Poderia ser uma coisa à volta do Patinho Feio (o gajo que andava no meio dos patos e, quando miúdo, era feio e não se sentia incluído mas que quando cresceu se tornou que de mais - uma tanga feita para nos sentirmos bem - mas não é). Aliás, deve ser, como me costuma acontecer, tema repetido. Tema e história repetida.

Bem, sa foda.
No Love Affair, a personagem da Katharine Hepburn (RIP para uma das gajas mais bonitas de sempre) explica à Anette que os patos são uns promíscuos e que os cisnes são fiéis.
A Anette diz que, então, o Warren é um pato e a Katharine diz-lhe que não, que ele é um cisne que acha que é um pato.

Por muitos motivos, sempre me identifiquei com esta pequena história mas com a desvantagem que, contrariamente ao Warren, eu não acho que sou um pato.

No caso dele, de acordo com o que se retira do filme, o que se passa é que além de ele se comportar desta maneira passou a esperar-se que ele assim se comportasse. Infelizmente, como acontece com o Varoufakis, muitas vezes as pessoas começam a acreditar no que de si se pensa, mesmo quando, anteriormente, a ideia que tinham era diferente.
Quantas vezes se conseguiria ouvir tu és assim, tu és assim, tu és assim até que se passe a acreditar? Afinal, se toda a gente acha, é muito possível que estejam certos!.
Poderia chamar de idiotas quem se deixa enredar nestas coisas mas não o farei porque aprendi a entender que, às vezes, todos estamos sujeitos a ser apanhados no turbilhão.

A mulher de um amigo meu, de quem eu gosto e que gosta de mim, perguntou-me há umas semanas: Então? Miúda nova? Quando é que assentas? Ficaria contente se arranjasses uma gaja, toda a gente precisa disso!
Tinha razão. Tem razão.
Eh pá... eu queria mas a coisa não me parece que se vá dar (já era meia mentira nesta altura e só era meia porque já não queria, já tinha).
És um esquisito! Nada te serve! (mais uma meia verdade. O que acontece é que eu não quero que me sirva).
Talvez 1 hora depois, a mesma pessoa:
Olha lá, K! Estou-te a ver! Não penses que te vais fazer à H! Ela não é para te andares a entreter!!
Foda-se, R! Há uma hora, era procurar e agora nem tocar?! Em que ficamos?!

A mesma pessoa, umas vezes acha-me um cisne e outras um pato. Não me ofende, prefiro que me achem um pato. Não me importo que achem de mim aquilo que quero que achem porque saberem de mim o que eu não quero que saibam é muito mais doloroso.

Voltando,
não vou dizer que nunca quis sacar gajas a torto e a direito. Seria mentira. Ser-me-ia impossível pensar em ter conhecido uma mulher a vida toda; não faz parte do meu instinto não saber o que anda por aí. Gostaria de pensar que se tivesse, cedo, conhecido a pessoa certa teria ficado por ali. Gostaria mesmo mas não poderia acontecer.

Mas o que eu sempre quis foi ter uma mulher e não sentir que andava a perder nada e quando tive uma mulher não senti que andasse a perder nada. É um conceito muito esquisito para quem me vai conhecendo entender-me como fiel mas é isso que sou. Sou tão fiel que quando me começa a parecer que quero ser outra coisa entendo que algo de errado se passa.
Entendam-me, não passo de um animal que quer todas as gajas do Mundo para um Eunuco, não é isso que acontece. Acontece um mudança mais subtil que tem, potencialmente, a mesma força: deixo de querer outra coisa além da que me abraça e, no meu caso, o querer sobrepõe-se a tudo.

A maior diferença, para mim, entre a personagem do filme e eu é que a minha dificuldade não é reconhecer-me ou assumir-me; não me interessa o que poderão pensar de mim; não me interessa que me digam que fui domesticado ou que tenho dona ou que morri para a vida... a minha masculinidade não é afectada por este tipo de coisas (a parte boa de ser muito mais importante para mim o que acho sobre o que se passa do que o que as outras pessoas pensam). 

O que nos distingue é que o meu problema é dizer aqui tens. Faz de mim o que quiseres
Mais uma vez: pareço ouvir ah, disso toda a gente tem medo!. Pois tem. Mas como o Governo dos Gregos, as pessoas dizem isso mas têm a afirmação como uma coisa absoluta mas meio relativa... eu não.

Ai K, quem me dera encontrar alguém assim!!!
Pois, várias amigas me disseram isto e quando digo amigas quero mesmo dizer amigas porque as outras...vá, amigas não sabem estas coisas nem outras sobre mim.
Novamente, também: Elas dizem isto a acho que até acreditam nisto mas porque têm a felicidade de não viver. Isto fica melhor no papel ou, em linguagem do Sec XXI, em bits.

CENAS NEW AGE

Sou pouco dado a energias do universo e karmas e destino mas de vez em quando não vejo muitas explicações para algumas coisas que acho engraçadas e se consigo evitar pensar sobre muitas coisas sobre outras, especialmente aquelas a que acho graça, é-me mais difícil.

Há 1 Minuto
 - Olá, filho. Está tudo bem?
 - Sim...porquê?
 - Saíste muito cedo. 
 - Eh, pá, tenho coisas para fazer e, como saber, amanhã só vou trabalhar meio dia. Tenho de dar andamento. Mas vou almoçar.
 - Queres mais cedo? Mais tarde? Queres que te leve?
 - Não, não. Não te preocupes.
Obviamente, não está tudo bem. Obviamente, sentiu-se isso mas como se não quer tocar em assuntos que se sabe não me agradar, fica-se pelo estou preocupada e isso é suficiente.

Há 3 anos
(7.30hs da manhã de uma segunda-feira)
- Está tudo bem?
- Sim, sim. Saí agora do (insert nome de bar) e não vou dormir. Não te preocupes!
- Ok. Tem cuidado.
Isto seria normal se, por acaso, fosse normal ligarem-me quando eu não estou em casa em momento em que não disse que estaria. Mas não é normal.
Quando o telefone tocou, tinha acabado de sair de um carro pela janela, partida, porque tinha ficado encarcerado. Sem ter de usar muita imaginação ou ser fatalista, poderia ter acontecido de não ter atendido o telefone por ter quinado.

Há Tempo Que Não sei Definir
 - É esquisito, K... Sempre que me ligavas ou mandavas mensagens era em momentos muito parecidos, por isso às mensagens respondia mas aos telefonemas não podia...
 - O que queres dizer com isso?
 - A última que me lembro, disseste que estavas a vir da Póvoa e que a minha casa ficava em caminho. Se quisesse era avisar!
 - Sim, lembro-me de qualquer coisa do tipo. Vinha do Casino com o P e lembrei-me disso.
 - Pois...estava sozinha. O M tinha ido sair com os amigos e as coisas estavam esquisitas... Não te respondi porque o que queria era dizer "Sim" mas contigo não posso arriscar estas coisas porque era uma vingança muito perigosa. Apareces sempre quando sinto a tua falta.
Eu não sabia de nada disto e muito menos consigo fazer planos às sei lá quantas da manhã regado a sei lá quanto wisk.

Há Algumas Semanas
- Estás vivo?!
- Nem por isso...
E não estava. E estava em suspenso.
- Largava tudo, agora, se me pedisses!!
- Já devias saber que não vale a pena largares nada porque não sou de agarrar.
Mesmo sendo dos poucos momentos em que aceitaria ver o ego afagado, nunca é o suficiente para aceitar sacrifícios a que nunca poderia corresponder.

Há Uns Dias
Enquanto me escapava a um a que horas te apanho? É Quinta, temos samba!! e me insultava mentalmente por ter respondio Pá, cheguei a casa às 8 e tal e amanhã tenho um jantar...não vou aguentar, hoje, passava pelos canais e toquei no Mezzo.
O que estava a dar? Tedeschi Trucks Band. Fiquei muito contente! E quando procurava alguma coisa para contrabalançar esta minha alegria, o que é sempre o meu instinto natural, pensando Foda-se! Devo ter perdido o Midnight in Harlem, começou o....Midnight In Harlem.
Deixei de ter desculpas.

Há 1 Dia
Esta não reproduzirei e só me referirei a ela porque não consigo evitar, ainda que o devesse fazer.
Nunca estive preparado para que me amassem ou para que dissessem que me amavam, o que são coisas diferentes, evidentemente, mas que têm mais ou menos o mesmo efeito.
O motivo é complexo e pouco dado a resumos mas, ainda assim, talvez o principal motivo tenha que ver com o facto de não estar certo de conseguir responder. É parecido com não merecer mas não porque não mereça mas mais porque não sei o que fazer. São muitos defeitos, são muitos issues, é muita carga para partilhar...

Contrariando tudo... não sei se haveria outra coisa que quisesse ouvir e, embora com um elevado risco de estar enganado, não tive muito medo.
Não tive muito medo mas não tenho dormido muito bem... e estou aqui preso mais tempo do que estive em meses...e deveria estar a fazer outras coisas porque estou muito metido na merda...e porque estou a manter-me ocupado porque tenho os neurónios a chocarem uns com os outros...e porque pareço uma puta de uma virgem em véspera de Lua-de-Mel (não olvidando que puta e virgem é mais ou menos um oxímoro)... e porque tenho vontades que não posso alimentar.

(espero não voltar aqui, hoje)

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