Friday, November 20, 2020

Na Palnície das Serpentes

 Estou a ler o último do Theroux. Estava a pensar guardá-lo para quando estivesse a viajar que, descobri, é uma coisa que faço sem dar por ela: levo um livro de viajens quando estou a viajar e, melhor que tudo, nunca sobre o lugar onde estou.

Achas que leio este a seguir ou o do Damásio? Costumo ler os do Theroux quando viajo...

- Então, lê o do Damásio e guarda o do Theroux!

...não. Com a BabyG e com o COVID não sei quando vamos viajar decentemente.

Isto parece um post sobre o Theroux mas não é. Quer dizer, não completamente.

Quando ouço pessoas que lêem falar sobre livros é muito comum ouvir citações dos seus livros favoritos e discorrer sobre autores e títulos de livros.

É certo que há muita gente que lê mais do que eu; quer por terem mais tempo quer por terem tido mais tempo mas eu ainda leio um bocado, pelo que, volta e meia, penso: caralho, devia de saber mais sobre livros; tipo: citações e merda! mas a verdade é que não sei. Se for suficientemente honesto, nem me lembro do fim de todos os livros que tenho na prateleira muito menos dos muitos que trouxe emprestados da Biblioteca.

Com mais honestidade ainda, direi que já por mais de uma vez dei por já ter lido o que estava a ler quando pensei pera lá! Eu já sei toda esta merda e porcelana não é das áreas em que sou mais competente!

Sim. Há livros que não me lembro de ter lido e autores que não conheço, apesar de já ter lido livros seus.

Mas eu não leio para isto. A minha personalidade não me permite e a minha ausência de vontade de ser impressionante também não.

...e voltamos ao Theroux (e isto nem será novidade)

Numa das partes do livro, o gajo está num mercado e alguém lhe pergunta o que quer. Ele responde estou só a ver e acrescenta, para nós (vou parafrasear) é tudo que faço.

Não me perguntaram apenas uma vez por que vais a X lugar? e a minha resposta costuma ser vou ver e é um bocado isso que fui fazer sempre desde que viajei para (é verdade!) o México.

A minha primeira experiência do que entendo, hoje, como viajar foi para o México; sem nada marcado e para ir ver. A primeira vez em que não fui para um hotel e nem para a noite e nem para um destino que as outras pessoas tinham ido.

Foi a primeira vez que fui ver e não quero fazer mais nada desde que descobri que gostava muito de ver.

Os livros, para mim, têm algo de comum com isto.

Quando leio - porque já não estou na faculdade - não quero decorar o que leio. O que quero é ir entendendo e sabendo coisas que ficam comigo e que me informam, conformam e me fazem saber pensar mais um bocado.

Se foi o Theroux, o Mann, o Trotsky, o Damásio ou o Paulo Coelho (o Paulo Coelho é certo que não foi!) que me deixaram a ideia que, depois, me foi útil quando tive de pensar não é relevante.

Viajar;

Ler;

Fotografia.

Só vou ver.

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