Jogo da Sombra
Apesar de parecer eu não sou um tipo sombrio.
Malgrado as letras pejadas de peso e de negatividade, sou um tipo que (quando não provocado além do que me parece razoável) está de bom com a vida, que gosta de ser como é e que tem a felicidade de, de uma maneira geral, estar rodeado de quem deve estar.
Não sou tanto o diabo que aparece frequentemente mas também o sou.
Seguramente não sou um santo mas de vez em quando também o sou.
O motivo pelo qual não escrevo que estou feliz ou apaixonado ou que o mundo é lindo é que não tenho qualquer interesse em revelar.
Não porque me envergonhem os estados de felicidade ou de bem com a vida mas antes porque esses não têm de ser expiados, não precisam de ser ressaltados nem reverenciados e nem publicitados.
As alegrias vivo-as, não as descrevo.
Em contrapartida, todos os demónios e desvios de perfeição que tenho em mim (e são imensos) preciso de os materializar para os ver.
Como não quero o negrume esquecido lanço-o à luz, preciso de o ter próximo para que não me domine à distância, no subconsciente.
Não acredito no bem nem no mal como verdades absolutas.
Não quero sequer ser um exemplo de virtude porque nunca quis ser transparente nem amigo da humanidade em geral.
Não me quero libertar dos meus guardiões que vestem negro e jamais sorriem porque são bem mais eficientes que a aureola de bondade que de tão compreensiva se torna ingénua e auto destrutiva.
Quero domar o que me habita porque tudo é útil e se não o for hoje se-lo-á amanhã.
Como já escrevi, é cansativo ser eu mas não queria que fosse de outra forma.
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