Saturday, October 22, 2011

Um destes dias tive de andar de combóio, o que não é, de todo, um sacrifício. Retirando o carro (quando sou eu quem guia), o combóio é o meu meio de transporte favorito.
Esta viagem, contudo, não correu como previsto porque, como já uma vez me tinha acontecido, a locomotiva pifou e, por isso, além de ter andado não sei quantos kilómetros entre o parado e o muito devagarinho, papei uma seca de mais de uma hora numa estação um pouco antes do meio do caminho.

Desta vez, contrariamente à anterior, tive alguma sorte. Primeiro porque estava uma óptima temperatura para estar fora da carruagem a fumar uns cigarros e segundo porque conheci, a fundo, uma nova amiga.
Quando falei com um ou outro amigo, no dia seguinte, queixei-me, obviamente, do tempo que perdi mas não deixei de dizer que "pelo menos saquei uma gaja". Depois de ter dito isto arrependi-me; não porque me incomode anunciar (especialmente porque ninguém a conhece) nem por ter sido uma tirada a atirar para o chauvinista, o que não sou. Arrependi-me porque não a saquei como, para mim, nunca saquei gaja nenhuma.

Os homens são sacados. Ou de uma forma óbvia, o que é mais raro mas não tão raro como se quer fazer crer, ou de uma forma dissimulada, o que é mais comum mas menos comum do que o desejado porque não somos tão espertos como gostávamos ou como acreditamos.
A mulher escolhe sempre e quem escolhe saca.
Nós andamos, normalmente, às aranhas a ver se a coisa anda para a frente e, quando anda, enchemos o peito porque "sacámos mais uma"! Nada disso. Fomos escolhidos entre tantos outros que querem o mesmo que nós e lutam pelo mesmo pedaço de carne que não é caça, como o imaginamos, mas caçador.

Nesta viagem de combóio foi igual.
Quando saí da carruagem uma miúda saiu atrás de mim (não no sentido de me perseguir mas apenas depois de mim) e perguntou-me já não sei o quê.
Eu estava tão irritado que respondi mas sem, sequer, pensar em mais do que isso apesar de ter reparado num belo para de jegas e nuns lábios carnudos.
Depois, ela tocou-me uma, duas, três vezes no braço enquanto sorria e, lá pela quinta vez comecei a achar que "se calhar ia dar!!" Pessoal, pela QUINTA VEZ!! As quatro anteriores eu devo ter achado que era o vento inexistente ou um desiquilíbrio que nunca existiu!

Ah, para provar que não sou chauvinista nem exageradamente machista, não fiquei a achar menos dela (bem...talvez um bocadinho...).

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