Paul Theroux
Há uns tempos devo ter escrito alguma coisa sobre ele porque andei a ler todos os livros de viagens a que consegui deitar mão.
Devo, também, ter feito apologia à forma como ele viaja porque, medidas as distâncias (que são gigantes), é parecida com a minha mas não é disso, em específico, de que me apetece falar.
Quando li os livros do Theroux, mais especificamente o da viagem por África por ter sido o primeiro, senti que havia ali coisas com as quais concordava em absoluto, porque também as vivi, mas que via como um falhanço ou algo que não queria partilhar. Não tanto porque tivesse vergonha mas porque, por educação e feito, acho que o sofrimento e a desgraça deve ser digerida em solidão ainda que não entenda nem uma coisa nem outra como uma vergonha, como disse, e encoraje a que as pessoas se partilhem.
A primeira viagem que fiz sozinho senti-me só, a espaços. Não só nos termos em que me agrada, ou seja, quando o escolho, mas só porque não tinha ninguém comigo. É uma espécie de angústia porque somos animais sociais, ainda que uns mais do que outros (há uns dias uma amiga dizia-me que acreditava na vida alienígena e respondi-lhe que preferia não pensar nisso até porque já há gente a mais por aqui). Detesto coisas como a angústia porque me fazem sentir a perder mas, independentemente de gostar ou não ela estava lá.
Theroux padece do mesmo nas suas viagens e suponho que todos os que as fazem nestes termos sofram do mesmo mas encarava tudo isto como parte integrante da coisa...e eu, sem saber, fazia o mesmo porque se entendesse como sofrimento deixaria este martírio de lado, por falta de talento para mártire, e nunca o fiz.
Viajar sozinho é a melhor maneira de viajar e, se descontarmos turismo, é a única maneira de viajar.
Foi refrescante e libertador ver alguém explicar com naturalidade o que me custava aceitar. Empatia pura sem qualquer contacto prévio e sem a menos vontade de contacto futuro.
Afinal, nunca se saberia o que é o doce se nunca houvéssemos provado o amargo.
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