Friday, October 25, 2013

Ignorância II

Na sequência do anterior, lembrei-me de um caso leviano (os melhores!) em que preferia a tal ignorância selectiva.

Eu sou um gajo que gosta muito de música. Vou ver os shows que consigo e tento, depois, saber mais coisas sobre os músicos ou bandas que realmente me interessam. É uma festa de Googles e Wikipédias e Youtubes e por aí fora. Interessa-me a música, em si, mas também a vida em termos amplos; uma janela para se entender, quando se tem sorte, o motivo que leva uns para os Blues, outros para o Jazz, outros para o Rock e por aí fora.
Por norma, não vou ver mais do que uma vez um determinado artista e como regra nunca vou ver dois concertos do mesmo artigo que versem sobre o mesmo trabalho. Esta segunda regra será relativamente óbvia para todos, apesar de haver quem siga digressões inteiras: não quero ouvir o mesmo dois dias seguidos.

Esta regra foi quebrada há uns tempos.
Fui ver dois concertos da mesma artista em dias diferentes mas, como referi, a versar sobre o mesmo tabalho.
Foi horrível!
Não me incomodou muito ouvir as mesmas músicas, faço-o constantemente no carro, mas foi destrutivo ouvir as mesmas histórias nos mesmos momentos; os mesmos elogios aos mesmos minutos; a mesma emoção desbargada em lugares diferentes.
Eu sei que a minha ideia de espontaneidade era juvenil. É evidente, se pararmos para pensar, que os artistas dizem, as mais das vezes, o mesmo a pessoas diferentes e que as histórias pessoais que partilham fazem parte da actuação. Eu sei tudo isto mas não queria acreditar. Não vou a concertos com a minha mente analítica mas com a outra que não sabe nem quer saber o que é uma mente analítica.

Pior!!!
Convivi em vários momentos com a protagonista do concerto em questão em diversos momentos e alguns dias. Pareceu-me muito simpática. Pareceu-me que gostei dela como ela gostou de mim - e, vamos ser honestos e neandertais... quando uma mulher bonita e sensual acrescenta a isto dominar um palco com sei lá quantos gajos a pensar o mesmo queu, o seu factor de atracção cresce exponenvialmente. Pareceu-me uma pessoa que, por acaso, era artista e que a sua personalidade não tinha sido infectada por esse pequeno facto.
Não era o que pareceu. E eu não sou fácil de enganar... a menos que tenha pouco tempo de observação acrescido do facto da gaja ser boa.
Afinal, não era tão normal como parecia. Era uma divazita (zita porque ainda não tem o estatuto necessário) com os tiques de estrela que não apareceram quando estive com ela por um motivo que desconheço.

Preferia não saber...
Não que me incomode esta coisa de ser diva. Para ser honesto até acho graça mas à distância.
O que mais achei engraçado nela acabou. Gostei nela aquilo que gosto nas outras pessoas que conheço: que sejam inesperadas e que desmintam o que os lugares comuns dizem delas.

Mas os lugares comuns, por muito irritante que isso seja, nasceram por alguma razão...


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