Malala Yousafzai
A Malala é a menina de quem se fala. Inclusivamente, foi aventada a hipótese de lhe ser atribuído o prémio Nóbel da Paz.
Como se sabe, esta menina sobreviveu a um tiro na cabeça à queima-roupa dado por um taliban paquistanês que, como os outros talibans de qualquer parte do Mundo, é contra a educação para as mulheres.
Ouvir a Malala e saber o que ela passou é comovente a todos os níveis. Esta criança é, hoje em dia, o estandarte para os Direiros Humanos e, mais concretamente, para o Direito das Mulheres.
E isto incomoda-me...
Um escritor cujo nome não recordo terá dito pobre da sociedade que precisa de heróis ou algo parecido. Quando acrescentamos à frase a palavra criança antes de herói... bem...parece-me que a pobreza desce a um novo nível.
Não deveríamos precisar de uma criança para nos lembrarmos do que os adultos deveriam fazer.
Não deveríamos precisar que uma criança levasse um tiro na tola por querer ir para a escola para que a educação passasse a ser prioritária.
Não deveríamos precisar de uma criança para verter nela toda a responsabilidade do mundo.
Não deveríamos de precisar de uma criança como exemplo e quase mártir para abrir os olhos e muito menos para nos sentirmos orgulhosos de crianças assim existirem.
Devíamos ter vergonha que tenha de ser uma criança a levar a tocha.
Devíamos ter vergonha de cogitar que uma criança possa ganhar um prémio Nóbel da Paz por levar um tiro que nunca devia ter acontecido.
A infânica da Malala acabou com um tiro ou, quem sabe, mesmo antes disso; ou, quem sabe, nunca chegou a existir.
A perda da infância, como a da inocência, pertencem ao caminho natural de uma vida (pelo menos de uma vida a partir do Sec. XX...ainda que o Sec. XX ainda não tenha chegado a todo o lado) e não devíamos dar loas à sua morte prematura.
A Malala, admirável e espantosa como é, deveria ser o símbolo do que não queremos e não o contrário.
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