Tuesday, September 02, 2014

VAMOS CHAMAR "SETEMBRO" PORQUE ESTAMOS EM SETEMBRO

VERDE

A cena da ecologia sempre me deixou um bocado nervoso. A ecologia, o vegetarianismo, as cenas macrobióticas, o yôga (uma vez disse ióga, como qualquer pessoa, e fui violentamente atacado por alguém em posição lótus. Nem sei se escrevi bem mas foneticamente dizem-me que é assim) e que tais também.
Podem pensar que me irrito com facilidade, o que não seria falso, mas, curiosamente, é a mesma coisa que me irrita em todas as situações descritas: a soberba.

Não me interessa o que as pessoas comem ou fazem mas já me interessa que se interessem pelo que eu como ou faço. O ar de somo mais sofisticados faz-me querer queimar uma árvore, matar e como, cru, um boi, fumar muito e biqueirar a boca de alguém que esteja numa posição de elasticidade.
Peguem no estilo de vida e enfiem-no no rabo, juntamente com o gel lubrificante que usem e que foi testado em animais ou no verniz que teve a mesma génese.

Bem, depois de destilado algum veneno, o VERDE:
O meu problema com os ecologistas ficou mais ou menos pintado. Os verdes são os gajos que querem criminalizar o mau trato dos animais, como se isso fosse um assunto premente que não é. Quem maltrata animais deve ser punido mas chamar-lhe crime... bem, devem ser os mesmos idiotas do abaixo assinado a favor do Zico (acho que era Zico). Devem, também, ser os mesmos que desejam a morte de pessoas que parecem ofender animais (e basta parecer).
Este bando de mentecaptos fazem que pessoas como eu tenham zero respeito pela causa.

Para que nos entendamos:
Eu gosto muito de florestas. É para lá que fujo e onde passo férias. Vivo na cidade e, talvez por isso, goste tanto do mato. Não quero que desapareça e corta-me o coração sempre que vejo e leio incência na peneda gerês.
Também gosto muito de animais. Mais uma vez, porque vivo na cidade senti um prazer imenso quando vi pelicanos a pescar pela primeira vez. O mesmo quando vi crocodilos e o mesmo quando vi tartarugas gigantes.

O que eu não faço é pesar a vida humana ao nível da animal (sendo que todos somos animais e que não duvido por um segundo que há animais que merecem mais a vida que humanos) e não critico quem anda a cortar árvores porque precisa de construir, por exemplo, casas.
Tudo tem de ter peso e medida e uma escala de valores porque se tudo valer o mesmo tudo vale nada.

PORQUÊ O VERDE?

Como tenho asco a este tipo de coisas só as apanho de surpresa e andei a ler coisas que interessam e que fazem pensar no VERDE de outra maneira.
Neste caso, não é uma batalha incessante quanto à dignidade e nem sequer foi citado o gajo de lençol que faria medir o nivel de desenvolvimento de uma nação pela forma como trata os seus animais. Não.

O que explica é que estamos fodidos. Não os animais mas todos nós.
Explica o evoluir e o porquê de termos de nos preocupar. E se, para mim, isto ainda seria demasiado etéreo - porque estou convicto de que quando se torna verdadeiramente necessário o pessoal dá andamento... e se não der, também não faz diferença - é feita uma ligação directa entre os combustíveis fósseis e a falta de democracia e a agressividade internacional.

Estou a ver-vos a dizer grande novidade! e de facto com razão. Nada disto é novidade mas já o é - para mim - nas ligações.
Por exemplo, é demonstrado graficamente que quando o petróleo sobre de preço o nível ou propensão para a educação e democracia desce na mesma medida.
É demonstrado que o Bahrein começou a caminhar para a demoracia no meio de não democracias porque foi o primeiro a ver desaparecer o petróleo...e quando o petróleo subiu de preço esse caminhas não parou mais diminuiu de intensidade.
O Wahabismo é directamente proporcional à procura do petróleo; esta faceta radical do Islão era marginal antes do advento do petróleo face ao mais moderado que se praticava em países como Marrocos, Egipto e, até, Irão.
Putin veria os seus testículos largamente mirrados se caísse o preço do barril.

Tudo um bocado sobre o mesmo, não é?
Pois bem, fiquem-se com a seguinte a que cheguei quando pensei nas energias renováveis e no mirrar dos poços de petróleo:
A URSS não caiu porque o actor/presidente americano pediu, por muito que os Republicanos o digam. A URSS caiu porque a Arábia abriu as torneiras e fez tombar o preço do petróleo, o que afundou os comunistas.
Agora: não se poderia fazer o mesmo para apertar o Putin (que era muito mais manso com o petróleo mais barato)? Não. Não dá para abrir as torneiras da mesma maneira porque já há menos a saltar do chão.

Então, VERDE porquê?
Porque é preciso. Realista. Agora. Não porque queira abraçar golfinhos a malhar uma árvore.

INESPERADO

Tenho terror de ter de mim uma imagem distorcida e não garanto que a não tenha. Por isso, à defesa, parto do princípio que haverá quem faça melhor e por isso esforço-me por fazer mais. Por isso, à defesa, deixo tudo à vista no que tange é minha incapacidade de perder, por exemplo, imenso tempo a ouvir alguém dizer coisas que não me interessam ou discutir assuntos que não me dizem nada.

Quem está comigo algum tempo sabe que não gosto muito de convívio com quem não conheço e que o melhor é deixar-me em paz porque se não me incomodarem eu não incomodo.

Acrescido a isto, tenho, também, uma visão fria e calculista dos outros (há quem lhe chame cínica). Vergastados por medo e insegurança, parece-me que a maioria gosta de passar por baixo do radar e ser um bom menino ou parecer um bom menino.
Falam nas costas tanto porque não querem ser confrontados como porque não querem ofender. Tentam, também, facilitar a vida aos outros na mesma medida e no mesmo lugar onde querem ver a sua vida facilitada; dizem que um qualquer foi à casa de banho por isso não pode atender - quando, na verdade, não chegou ou foi fumar, atacam a entidade patronal porque é injusta pedindo muito e oferecendo pouco - o que, muitas vezes, é verdade mas nem sempre - e desculpam idiotices com um acontece.

De vez em quando, algo inesperado acontece. Ou melhor, de vez em quando reparo que algo inesperado acontece: as pessoas não são tão parvas como parecem ou como eu as pinto.

Há uns dias, uma determinada pessoa disse-me que achava estranho e não estava a contar que houvesse tão mau ambiente num espaço tão reduzido. Ora, como já por cá disse, mau ambiente não me incomoda e, am alguns casos, beneficia-me e não me parecia, sequer, que o ambiente fosse assim tão pesado; não me parecia nem me parece mas talvez isso tenha que ver com feitio.

Ora, na minha cabeça, a origem do mau ambiente sou eu. Melhor. Na minha cabeça as pessoas pensam que a origem do mau ambiente sou eu por ser mais abrupto e menos complacente que a maioria. E porque acho isso não me incomoda nada que o pensamento dos outros coincida com o meu.
A realidade, pura e crua, não é que eu seja o culpado do mau ambiente, ainda que possa ser a sua origem. A génese desse ambiente não parte de mim porque se não me incomodarem eu não incomodo; dou-me bem com o silcêncio da minha mesa... o que acontece é que não como e calo e não me dou bem com autoritarismo, especialmente quando exercido por quem não tem autoridade.

Voltando e simplificando: a culpa pode ser alheia mas quando sou eu o dínamo pode muito facilmente parecer própria e parto desse princípio.

Esta pessoa de que vos falo percebeu o que descrevi. Também não acha que a culpa é minha mas sim de outros. E foi surpreendente e agradável.
Não é, contudo, despiciendo pensar no porquê de ela ter chegado a esta conclusão quando eu não a divulgo e não é visível à superfície.
Pode haver duas respostas:
a) ela é esperta e já viu isto em outros lugares;
b) eu lidero da única maneira que sei: pelo exemplo.

Gostava que fosse a b) mas acho que é mais a a).
Ainda assim, supreendente e agradável.