Sunday, June 16, 2019

...esta merda vai perseguir-me anos...

O meu orgulho não é pequeno.
Suponho que cada um escolha, mais ou menos, aquilo de que se orgulha ou quer orgulhar. Uns orgulham-se do carro que têm. Outros das gajas que sacam. Uns da colecção de qualquer merda. Outros da sua beleza...e por aí fora.

Eu orgulho-me de fazer o que digo. De ser previsível neste aspecto em particular.

Ontem, um gajo soprou-lhe um beijo. Ela nem viu. Eu vi.
Ela entrou no metro à minha frente e, do que me parece, acharam que Ela estava sozinha. 
O gajo percebeu que eu estava a olhar para ele um bocado fodido (não necessariamente um bocado) e encarou.
Perguntou-me se eu queria sair na próxima paragem e eu disse que não.

...isto vai perseguir-me.

A situação, mais pormenorizada e real é a seguinte:
Estavam três gajos mas eu achava que eram mais. Dei por ela de este gajo ter falado/tocado com alguém que estava nas minhas costas ainda antes desta merda se ter dado.
Até aqui, Ela e eu e, pelo menos, 4 gajos.

Esquecendo o óbvio soprar do beijo, o gajo nada mais fez além da postura de macho.
Eu não saí do lugar onde estava e nem andei para lado nenhum. Fiquei lá.
O gajo disse qualquer merda entredentes e eu aproximei-me para lhe perguntar o que tinha dito.
Não ouviste...
- Não, não ouvi. Se tivesse ouvido, não te perguntava.

Ele e os amigos afastaram-se de onde eu estava - não muito - e deixaram a coisa rolar. Fingiram que nada tinha acontecido.
Antes de saírem na paragem que escolheram, o gajo pediu desculpa, à saída.

Por fim, porque não vivemos num filme de Hollywood, ninguém precisa de combinar sair de lado nenhum para andar à pancada.
Quem quer andar à pancada, anda à pancada.
Eu não precisava de sair. 

...isto vai perseguir-me.

Esta descrição não revela que fui um hiper-bicha mas é assim que me sinto.
Provavelmente, esta estória que relatei não é o suficiente para sentir a minha masculinidade afectada. É, até, possível que seja qualificado como adulto.
Na minha cabeça, são racionalizações.

A idade não ajuda.
Não em termos físicos. Aí, tudo está tranquilo.
O problema há-de ser aquilo a que se chama maturidade. Maturidade e conhecimento de como as merdas realmente funcionam.
Eu sei que merdices destas acabam, de vez em quando, em alguém levar um tiro. Já vi acontecer. E eu não tenho uma arma.

A noção de risco cresce com a experiência porque se vão descobrindo os...riscos.
Aqueles mentecaptos, por serem miúdos, não percebem que esta estupidez tem todas as possibilidades de se tornar num desastre para alguma das partes.
O idiota que falou corria um risco real de ter a sua cabeça pisada pelo meu pé e pelos mais de 100 kgs que o empurram. Isto é real. Já o fiz.

Bem...
Se alguém me descrevesse o que acabei de relatar apoiaria por completo o comportamento.
Se quiserem saber mais, direi que mesmo que me contassem que quando a coisa parecia que ia azedar se foram embora dali ou qualquer coisa do género, apoiaria na mesma.
Nada disto vale a pena.
Nada de bom resultaria de enfrentar idiotas em superioridade numérica e aparente inferioridade moral.

...mas não penso o mesmo de mim.
Penso alguém haveria de ter levado na boca. Fodam-se esses burros ou foda-me eu.
Um olho pisado ou coisa do estilo passaria mais depressa do que esta coisa que relatei.

...esta merda vai perseguir-me anos.

Tuesday, June 11, 2019

Palavras e Acções

A minha impressão é que nunca tiveram o mesmo peso. Pelo menos, não me lembro de um tempo em que tal tenha acontecido.

Um acto vale mais do que mil palavras, diz-nos a sabedoria popular e ouvimos repetir tantas a tantas vezes.
A sabedoria popular está certa.
A sabedoria popular falar para ouvidos de mercador.

Vamos a exemplos práticos.

Como já disse por cá, aquando da minha avaliação foi-me dito que não era suficientemente comprometido com a empresa (não foi exactamente assim mas foi o que se queria dizer).
A ideia subjacente é que não interajo muito e que não compareço nas festas organizadas e que não sou entusiasta com o percurso e com o crescimento - uma vez mais, não garanto que tenha sido dito isto exactamente.
...poderia achar tudo isto uma parvoíce mas não acho.
A minha personalidade é especial mas vejo que estas coisas são ou podem ser importantes para os outros e compreendo, também, que esta minha vontade de oxigénio desobstruído não é mais sociável de todas.
Ok.
...mas isto está muito longe de ser tudo. E não é prestada atenção ao que deveria e, para mim, é mais importante.

K, agora vai deixar de tratar de 1 e 2. Podes escolher tratar de 1 ou de 2 mas outra pessoa ficará com o que não quiseres.
- Pá...vejam o que vos faz mais falta e o que dá mais jeito. Por mim, tanto dá.

É verdade o que disse. A minha intenção é colaborar para que a minha entidade patronal seja bem sucedida e, algumas vezes, este sucesso deles não corresponde ao meu.

Esta minha escolha - ou passar da escolha para o mais útil - custou-me, pelo menos no imediato, bastante dinheiro.

Mas o que preocupa as pessoas é o caralho dos convívios.
É o que é.
Sou culpado porque sei que assim é e comporto-me como me parece melhor e não mais proveitoso.
Mas que é estúpido...é.

Vamos continuar no âmbito empresarial:

Nunca levo a minha máquina fotográfica nem as minhas lentes para eventos da empresa.
Os motivos são simples de explicar: não tenho vontade de andar com os copos e com a máquina; não quero que ponham as mãos na minha máquina; não gosto que me andem a chatear para tirar fotos a isto e a aquilo.
Desta última vez, aconteceu o mesmo: não levei a máquina.
A diferença é que levaram uma máquina e pediram-me para tirar fotos. Isto era demasiado difícil recusar.

Resumindo:
As fotografias foram tiradas e enviadas para o pessoal que trata de promover cenas.
As fotografias foram usadas mas não creditadas.

Ah, K caga nisso! Estavas à espera que te agradecessem ou que te pagassem?!
Na verdade, não me chateia não ME terem creditado. Chateia-me não terem creditado.
As fotografias foram tiradas por mim mas não na minha máquina e nem foram por mim enviadas. Admito que não soubessem que eu era o autor e nem me importo.
MAS a dona da máquina e a pessoa que lhes enviou as fotos haveria de ter sido creditada. Para todos os efeitos, as fotos eram dela.

Isto para dizer o quê?
Bem, o assunto é o mesmo.
Apreciar o que um colaborador faz pela empresa haveria de ser reconhecido. Um esforço, por pequeno que seja, altruísta e de que a entidade patronal tira proveito (aqui, seria mais aproveita).

Não seria útil?
Não integraria?
Não faria essa pessoa sentir-se parte de uma equipa?

Nã...
Team building, não é?
Team building é o caralho.