Saturday, November 29, 2014

Há uns tempos vi um documentário sobre arte e uma das perguntas que apanhei teve quer ver com a inexistência, actual, de grandes vultos da arte (estava- se a falar de pintura, no caso). A inexistência de gente, hoje, que avançasse e quebrasse barreiras.
A resposta, em geral, poderia ser simples e bastaria lembrar que os revolucionários actuais apenas são reconhecidos muito tempo depois de terem revolucionado; é mais ou menos uma revolução silenciosa cuja paternidade apenas é descoberta muito tempo depois.

Ora, o gajo a quem a pergunta foi feita tinha uma ideia diferente.
O que ele achava era que como hoje o diagnóstico e o tratamento são muito mais avançados e, concomitantemente, também o tratamento, o que faz com que os tidos como génios passados deixem de se encontrar em tempos hodiernos é que o que os tornava diferentes foi fazendo-os iguais.

É uma discussão muito mais antiga que o documentário.
A questão da necessidade/desnecessidade de drogas no processo criativo; a questão de transformar um desiquilíbrio mental em instabilidade (uma arte de figura de estilo); a questão do ser diferente entre os iguais e, quando apreciado, este diferente querer dizer melhor.

Isto lembra-me duas passagens que não sei exactamente de onde as tirei:
Então, se tivesses tratado o Van Gohg ele nunca teria criado aquelas maravilhosas pinturas!
 - Não. O que aconteceria é que ele ainda teria a orelha.

Queres dizer que o Miles Davis não era brilhante porque estava drogado?!
 - Não. O que quero dizer é que ele tocava melhor quando estava sóbrio.

Não sei responder nem clinicamente nem em termos de apreciador de arte a esta questão. O que posso dizer com segurança é que tudo se está a homogeneizar (começando pela tentativa de afirmar masculino x feminino como igual).
Será isso bom?
Em tese, será mas em concreto há mais dúvidas.
Para ilustrar isto, mais ou menos, sem entrar em temas demasiado polémicos, lembro-me, assim, de dois exemplos; um mais histórico e outro mais actual.

1
Há muitos anos atrás (não preciso porque não sei e não me apetece pesquisar) houve um gajo que foi dar a volta ao mundo numa altura em que tal era mais difícil mas em que já havia máquinas fotográficas.
Então, este gajo foi fotografando os lugares por onde passava e na altura em que, supostamente, não se vivia no individualismo e afirmação da singularidade dos indivíduos, era perfeitamente possível aferir de onde eram as pessoas analisando, apenas, as fotografias.
Depois, inventou-se, por exemplo, os jeans e tal distinção tornou-se impossível.
A luta pelo individualismo metamorfoseou tudo.

2
A Lady Gaga atafulha todas as suas músicas de referências ao cada um como cada qual e nasci assim e é assim que eu sou e cenas deste tipo.
Se, como eu, virem as pessoas (crianças?) que estavam a fazer fila para a ver, todas elas cientes da sua individualidade, terão atentado que era muito difícil distingui-las porque eram todas iguais.
Mais uma vez, como acima, a ideia da individualidade entra em conflito agravado com a realidade.

A dado momento do texto parece que me perdi...
Então,

Valeria a pena o Van ter mantido a orelha se tal evitasse a expressão da sua genialidade?
Para nós, não.
Para ele, sim.

Glória póstuma é glória nenhuma para o glorificado.

Seremos todos o mítico rebanho e será o gajo que se julga pastor o pastor de facto ou apenas mais uma ovelha que se vê distorcidamente ao espelho?
Não estou certo da resposta mas tendo a pender para a segunda.

Thursday, November 27, 2014

POLÍTICA...ARGH!

O EX-PM

Não tenho problemas em dizer o nome Sócrates porque não lhe dou a importância que tem Sauron, aquele cujo nome não devemos pronunciar, mas causa-me algum mal estar estomacal e os meus dedos ressentem-se.

O assunto não nos sai dos olhos, o que, contrariamente ao que acontece normalmente, me parece amplamente justificado quer porque é o primeiro ex-PM a bater com as costas na pildra quer porque ele é a besta que é.
Antes de falar sobre esse gajo, não posso deixar de dar uma palavra ao país dos comentadores em que nos tornamos:
É alucinante que se ache tudo e mais alguma coisa sobre o que, em concreto, se desconhece; é alucinante que se ache despropositada a detenção no aeroporto sem se saber o motivo dela ter acontecido (o gajo vive no estrangeiro, apesar de cá estar bastante tempo, pelo que não me parece estranho que mais do que fugir ele, pura e simplesmente, não voltasse); é alucinante que se ache despropositada a prisão preventiva sem se saber, também, o motivo da sua aplicação (mais do que 1 idiota disseram que nunca haveria perigo de fuga...para um gajo com dinheiro e residência no estrangeiro...).
Enfim...há muito cú apertado com isto e muito apaniguado a ver a vida a andar para o lado, por agora.

O que parece escapar a muitos, e escapa-se no sentido em que não têm coragem para o dizer, é que o que prendeu Sócrates foi a sua soberba, orgulho e sentido desmesurado de Ego (a que Soares sobreviveu porque foi outra época).
Um gajo tem de declarar, nos últimos 15 anos, os rendimentos que aufere e, de um momento para o outro, ele é Mercedes S, apartamentos aqui e no estrangeiro, jantaradas à má fila, fatos tudo Rosa & Teixeira e cenas do tipo...com o dinheiro que ganhou como deputado!!
Um gajo que supostamente não tem nada a esconder e possui o referido Classe S decide alugar um Golf com 10 anos para comparecer no programa de televisão. Ah?!
Um gajo que viu outros manterem a crista baixa para não se foderem presume-se mais e melhor, pelo que anda por aí como se não devesse nada a ninguém...

Quanto à preocupação das virgens da televisão quanto a temer que Sócrates já tenha sido condenado em praça pública tenho notícias de última hora!
ELE JÁ TINHA SIDO CONDENADO ANTES DE TER SIDO DETIDO! ELE JÁ TINHA SIDO CONDENADO ANTES DE SE SABER, SEQUER, QUE HAVIA PROCESSO!
Ah, isso é injusto.
Foda-se!
Por muito que queiram tapar a verdade, foi este gajo com as suas merdas que nos fez dar o passo para lá do precipício. Não foi só ele que nos levou até lá mas foi ele que nos atirou!

Uma palavra final para:
Mário Soares: o Sócrates do seu tempo que por isso ao admirar o actual se admira a si mesmo. Este é, agora, ininputável também porque temos pena dos velhos. Tenho Pena. Se se regressasse a um passado não muito distante ele poderia ser o Recluso 45... mas não se regressa...
Proença de Carvalho: só uma coisa me causa espécie... Este era Advogado de Ricardo Espírito Santo e de José Sócrates (entre muitos outros). Agora, quando a coisa ardeu para ambos, nem de um nem de outro; é Advogado do motorista de José Sócrates. É a puta da loucura;
Ferro Rodrigues: depois de ter de andar desaparecido por causa do escândalo dos putos, ressurgiu em toda a sua imponência para...relembrar e celebrar a memória política de José Sócrates, no Parlamento (?) uns dias antes deste último ter sido detido por...corrupção. Este Ferro não tem sorte nenhuma!

 HENRY DAVID THOREAU

Há uns tempos tinha lido um pequeno livro dele que consistia na descrição do que precisou e usou para construir a sua cabana à margem do lago, no meio do mato, e onde viveu em reclusão durante cerca de dois anos.
Achei engraçado mas não suficientemente interessante.

Passado algum tempo vi o In To The Wild (suponho que se escreva assim mas não tenho a certeza), um filme que, no fundo, era a tentativa moderna de um gajo fazer o mesmo que Thoreau mas sem a mesma intensidade, inteligência ou profundidade, o que é mais do que natural.
Ora, este filme atirou-me, novamente, para loge de Thoreau. O filme, de que gostei enquanto ficção, seria o documento de uma história verídica... muito adolescente, fantasiosa e romântica no pior dos sentidos.

Porque me lembrei disto?
Tendencialmente, no que a mim diz respeito, as pessoas inclinam-se para achar que tenho aversão a coisas ; acham que o meu problema é com naturistas, ascéticos, vegetarianos, geração saúde e por aí fora. Não vou dizer que são parvos por achar isso, eu alimento esse tipo de primeiras impressões, mas também não vou dizer que são particularmente inteligentes.

Para mim, as coisas não são boas ou más sozinhas.
O meu problema com coisas como o Into The Wild não é a crença é a soberba. O meu problema não é com o gajo que se revolta contra a sociedade; o meu problema é com o gajo que acha que é superior porque se revolta contra a sociedade. Problema que se agudiza quando se revolta mas aproveita o que a sociedade lhe proporciona para facilitar a sua revolta (vamos pensar, por exemplo, no rendimento mínimo).
O mesmo para vegetarianos e que tais. Interessa-me zero o que comem e o motivo que os leva a fazer isso. Estou, até, disposto para saber o que os leva a pensar que faz melhor. Agora, o ar sou mais evoluído do que vocês omnívoros faz com que os queira espancar.

Então, de novo ao Autor:
Apanhei outro livro dele, este mais extenso e que ainda não acabei.
Apesar da cena transcendental e natural me ser, intrínsecamente, difícil de apoiar não me é difícil de entender. Aliás, estou a achar muito interessante - daí ainda não ter largado - porque o Henry não diz o que acha ser melhor ele faz o que acha ser melhor e isso, para mim, é admirável.

Não vou sair daqui a abraçar árvores e a chorar o curto tempo de vida de um borboleta, porque eu sou realista e mais existencialista, mas vou sair mais contente porque aprendi alguma coisa de alguém cujo intuito não era ensinar.

BRUTAMONTE

No seguimento do que disse anteriormente, isto tem que ver com o que as pessoas preferem achar do que saber.
Como se retira do que escrevo - porque escrevo como falo e como vivo - não sou o gajo mais preocupado com o que pensam de mim. Também não sou o gajo mais preocupado em evitar dizer foda-se quando é foda-se que quero dizer. Também não gosto de me justificar porque...não me interessa o que pensam.
O que, contudo, também não sou é um mau gajo. Não falo nas costas; não minto despudoradamente; não manipulo quando não entendo como estritamente necessário; não preciso de gosta de alguém para lhe fazer favores (embora precise de não desgostar).

O que acontece - tema recorrente! - é que a maioria de nós não está habituada a pensar nem observar além do óbvio. A maioria de nós mais do que dar mais valor à aparência dá mais valor às palavras do que aos actos.

Então,
há uns dias disseram a uma pessoa que trabalha comigo (um outra pessoa que trabalha comigo mas à distância) que aquele é um brutamentos, apontando para uma fotografia minha. A pessoa a quem foi dito isto respondeu: não, não é. É diferente daquilo a que estamos habituados mas não há nada de que se precise e que se peça que ele não faça...ao contrário da maioria.
A que me entende como brutamontes ficou atónita porque isso destrói o se parece, é! com que viveu a vida toda.

E agora, por que motivo é ela parva?
Ela não é necessariamente parva. Assumiu o que lhe parecia e contra isso nada a dizer. 
A limitação desta em concreto é outra: Ela não percebeu - e ainda não percebe, parece-me - que as lealdades não se fazem com sorrisinho; ela não percebeu - e ainda não percebe, parece-me - que as poucas virtudes que tenho e ofereço o melhor que consigo impediria que qualquer coisa que dissesse me seria reportado...porque quando quem não deve me esconde o que não deve a reacção é sempre energética.

Não estou com vontade de retaliar. Não me parece que o vá fazer.
O problema destas coisas, contudo, é outro: SE um dia eu me irritar um bocadinho por um qualquer motivo, isto que agora nada me interessa passará a interessare muito, e o perigo é sempre esse. 

Monday, November 17, 2014

MANIPULAÇÃO

Da mesma maneira que não tenho conhecimento de burros que confirmem sê-lo também não tenho presente alguma vez ter visto um manipulado que confirme tê-lo sido...e já todos estivemos lá.

Há uma concepção mais ou menos generalizada que apenas os fracos (tanto de espírito como de mente) são atreitos a que sejam induzidos a fazerem o que não querem. Não é verdade.
A manipulação, como muitas outras coisas - como a corrupção, por exemplo - é melhor em igual proporção a que é desconhecida. Um manipulador que revela ter manipulado pode ter muito talento mas nunca será um mestre porque fá-lo pelos aplausos e, como disse, a manipulação está na sombra e não no holofote.

De volta aos fortes e aos fracos:
A manifestação de força, perante um fraco, fará com que ele actue como pedido;
A manifestação de força, perante um forte, fará com que ele actue em confronto com o pedido.

Ora, se se tentar forçar no sentido contrário ao que, de facto, se pretende, o forte acaba de ser manipulado.
TODA  a gente pode ser manipulada.

Como se combate isto?
Com educação, esclarecimento, pensamento abstracto (do tipo, por exemplo, que se aprende em cursos superiores independentemente da especialidade) e com os olhos bem abertos.
Acho que, tecnicamente, também se pode chamar de Esquizofrenia.

CORDEIROS vs LOBOS

Um bocado no sentido das manipulações e dos burros, é muito raro alguém assumir que prefere lidar ou mesmo comandar Cordeiros do que Lobos e, ainda assim, em sentido diametralmente oposto, o que lideram e comandam são Cordeiros.

Não é parvo. Faz sentido.
Por muito que todos se queiram ver como especiais - é só ver o sucesso do FB em que os próprios acham importante actualizar o estado como se isso interessasse a alguém - se todos fossem, de facto, especiais ninguém o seria.
Vou passar por cima, também, do todos somos iguais não porque discorde em termos abstractos, porque com esse concordo, mas porque, de facto, não somos; uns são mais bonitos que outros, uns são mais espertos que outros e por aí adiante.

O que eu digo é isto:
Para a esmagadora maioria das necessidades, por exemplo, de uma empresa são precisos Cordeiros. O trabalho de sapa, que tem de ser feito, o Sim Senhor, o seguir ordens sem análise crítica fica-lhes bem e, mais do que ficar bem, é indispensável.
Acresce que, dependendo de quem lidera ou manda, é mais fácil e, às vezes, útil não ter quem o questione.

Para uma minoria do trabalho são precisos Lobos.
De vez em quando e em alguns lugares, é preciso quem meta o pescoço e seja destemido. Que faça porque é preciso fazer, independentemente do que lhe pedem.

As organizações assentam em Cordeiros para funcionar mas precisam de Lobos para crescer.
O problema é que, pelo que disse, há muitos mais lugares para Cordeiros do que para Lobos. E poderão dizer que também há mais Cordeiros do que Lobos e tendo a concordar; o problema é que apesar de a maioria dos Lobos entender sê-lo, o mesmo não acontece com os Cordeiros.

Lobo ou Cordeiro?
Não estou certo que seja uma escolha consciente.

GUSTAVO SANTOS

Não vou dizer que Gustavo Santos representa tudo que há de mal no mundo. Não tem toda essa importância e também não é particularmente perigoso.
Vou, contudo, dizer que Gustavo Santos - como o gajo do bate punho cujo nome não me lembro - representa o sucesso da ignorância e da banha da cobra.

Porquê?
Nada diz além de banalidades requentadas. Parece, como muitos noutro meio, um discípulo do Mourinho com a desvantagem dos do outro meio: o Mourinho diz e faz e é isso que impede que achemos que ele é parvo.
O gajo escreve não sei quantos livros - que não li, obviamente - e tem um português absolutamente atroz; especialmente atroz para quem diz que escrever foi a sua primeira arte. Não, meu amigo, não é arte o que tu fazes.
O gajo diz que a mente se chama mente porque mente, como quem faz uma revelação. Não, meu amigo, mente tem outra origem epistemológica mas não exigo, sequer, que saibas o que isso é.

Poderia continuar a bater nele porque, infelizmente, vi tantas vezes os seus vídeos de youtube que sei esta merda quase sem falhar (incluindo os gestos teatrais e cenas).
...e estão a ver? Apesar de tudo que disse e do que não disse, EU também sou o público dele e, agora, para quem não conhecia e vai googlar, passa a ser também.

É certo que vejo por outros motivos que não os que ele queria mas o principal ele conseguiu: há mais um camelo a completar a assistência?

Não terei sido manipulado?

Friday, November 14, 2014

AMBIGUIDADES

MULHERES NO LOCAL DE TRABALHO

Este assunto é muito delicado. Delicado como o racismo e a homofobia e afins.
Para que pareça culpado, logo à partida, devo dizer que nunca tive problemas em trabalhar com mulheres e, neste momento, até há uma que manda em mim e, verdade seja dita, dou-me bastante bem com ela e é uma óptima líder.

Quando comecei a trabalhar - depois de terminar o curso porque antes já trabalhava - o lugar que me recebeu não tinha mulheres dos quadros médios para cima. Não era um acaso. Abertamente, internamente, não se recrutavam mulheres para este tipo de posições.
Nunca perguntei porquê e não me atrevo a presumir a resposta mas posso dizer o seguinte:
Não sei se por uma questão de evolução de mentalidade ou por constrangimento de recrutamento, a dado momento começaram a ser recrutadas mulheres para cargos onde antes não existiam.
O que aconteceu a seguir foi que começou a haver malhanço no local de trabalho e, posteriormente, mau ambiente porque, às vezes, um malhanço é só um malhanço.

Não sei se quem não queria mulheres tinha este problema em mente e sei, também, que a culpa não era das mulheres porque são precisos 2 para malhar. A vedade, prática, é que foi isto que aconteceu.
É intelectualmente honesto? Não.
Quem manda tem de abdicar da consciência em prol do bom funcionamento? Não sei...

Neste momento, estou abalroado por mulheres. Eu e mais uns muito poucos somos uma clara minoria, algo que não é de estranhar se atentarmos tanto na demografia como na diferença entre números de licenciados de ambos os sexos.
Eu próprio, que mais que gostar de mulheres até gosto de trabalhar com elas - talvez por ter sido educado por mulheres - começo a achar excessivo.
Por estes dias houve um bate boca a céu aberto, algo absolutamente inadmissível, entre 2 mulheres...porque apesar de poder parecer e até ser politicamente incorrecto, gajas não gramam gajas.

Ah, isso podia ter acontecido entre homens, também! sinto estar a ser dito por revolucionárias de socas e a isto respondo: Poder até podia...só é muito menos provável.

Uma das mulheres que trabalha comigo não gosta de trabalhar com mulheres.
Esta afirmação tem, para mim, duas coisas imensamente fascinantes:
a) nunca ouvi uma mulher dizer coisa diferente;
b) todas as mulheres dizem isto umas das outras entendendo-se diferente das demais.

Poderá haver um evidente atraso histórico entre o sentimento de equipa ou pertença entre um grupo de homens e um grupo de mulheres. Para pensar no início dos inícios, os gajos tinham de colaborar na caçada e, por via disso, resolver os seu problemas rapidamente senão não haveria o que comer. Poderia esticar este argumento sociológico e histórico até dar náuseas mas não me apetece.

Eu gosto muito de mulheres. Eu gosto de trabalhar com mulheres. Eu gosto de falar com mulheres.
Agora, quantas mulheres são demasiadas mulheres?!

LIBERALIZAÇÃO DAS DROGAS

Há uns dias, à mesa de jantar, a discussão surgiu. Uma das partes era absolutamente favorável à liberalização de todas as drogas e usou muitos dos muito válidos argumentos para o efeito: impostos, melhor qualidade, menos criminalidade, a cena do fruto proibido e por aí fora.
Para ilustrar um dos argumentos, foi-me dito que havia visto um documentário sobre o Alasca - onde, ao que parece, o álcool é proibido...desconheço - em que pessoas bebiam perfumes e cenas por conta dessa proibição.

Este assunto e a minha argumentação, se não particularizar, dá para quase todas as campanhas em defesa ou detrimento de qualquer coisa.

Então, alguns dos meus problemas são estes:
É muito difícil convencerem-me que com a liberalização haveria menos drogados. O motivo é simples: ninguém me convence que o facto do álcool ser legal leva a que haja menos alcoólicos.
O estigma do drogado poderia até ser diminuido mas o seu efeito prático, não.
Quando se liberaliza, num determinado lugar e não no mundo todo, a droga o que acontece é que aquele lugar em concreto torna-se o rio onde desagua o esgoto. Há um enorme aumento de turistas, como em Amsterdam...e eu odiaria viver em Amsterdam.
Depois, os documentários revelam o que lhes interessa: não é por causa do álcool ser proibido no Alasca (?) que as pessoas bebem perfume... é porque são alcoólicas. Não é preciso ir ao Alasca...bem...não me é preciso andar mais do que, talvez, 1 km de onde estou para encontrar alguém que bebe perfume.

A finalizar, perguntei: Lembras-te daquelas lojas que vendiam sais e cenas que mandaram fechar por ser prejudicial à saúde e onde andavam os miúdos a mandar coisas que substituiriam, por exemplo, o efeito da coca? Pois bem: achas que todas as pessoas que lá iam compravam, antes, cocaína ou heroína na rua ou se o iriam fazer caso tais lojas não existissem?
A resposta foi negativa, como me parece óbvio que seria.
Então, o que levaria uma pessoa que não era chegada a drogas ou, pelo menos, consumidora a consumir aquelas coisas?!
Correndo o risco de estar errado, parace-me que o faziam porque era legal (e legal significa seguro na cabeça social) e porque era de fácil acesso.

Liberalizar tudo ou não?
Neste momento, não estou preparado para pensar que seria uma coisa boa.

OI?!

Contrariamente ao habitual, o adágio olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço não faz escola em mim. O contrário é mais verdadeiro, no meu caso.
Mais uma vez, poderia ser pretencioso e dizer que resulta de ser um iconoclasta. Era, até, bonito! Mas a verdade é que não gosto de coisas óbvias e menos ainda de lições de moral: digo coisas contrárias ao que acho delas por entender divertido ver gente a engolir em seco.

Nesta onda, é muito comum ouvir-me dizer que todas as gaja no mundo me querem sacar e as que não querem serão lésbicas ou burras. Naturalmente, não acho nada disso, algo que quem convive comigo mais de 2 horas entende com muita facilidade e quem não entende...bem, que se foda (ainda não tinha usado linguagem reles, hoje, o que me estava a incomodar).

Há pouco tempo, esqueci-me de qualquer coisa no lugar onde costumo almoçar e percebi quando cheguei ao posto. Acto contínuo, voltei ao lugar de onde tinha vindo e estavam 3 mulheres a almoçar no lugar que tinha abandonado algum tempo antes.
Desculpem interromper e incomodar mas por acaso não viram a coisa x que acho ter deixado nesta mesa?
E, neste momento, elas ficaram muito excitadas! De uma maneira que me deixou entre o perplexo e o desconfortável...afinal, eu queria saber da cena que deixara lá e não da cena delas.
Depois de terem confirmado que não tinham nada na mesa, agradeci e fiz gesto de bazar e chamaram-me outra vez: tinham encontrado?! Não, acharam melhor procurar se tinha caído ao chão ou, se calhar, entre as ranhuras do estrado... o que seria indiferente porque, se tal tivesse acontecido, nunca seria encontrado nada..
Ah, muito importante: numa escala de 0 a 10, 2 delas eram entre o 6.5 e o 7, números muito apreciáveis especialmente quando atribuídos em completa sobriedade.

Não contei isto a ninguém até hoje que falei com uma amiga muito próxima a quem posso dizer estas coisas sem me sentir parvo. E sinto-me parvo por não ser uma apreciação jucosa mas verdadeira.
Ela respondeu-me: Não me surpreende nada. Estás muito melhor agora do que há 10 anos atrás. É muito natural que elas tenham ficado todas excitadas! Algumas das minhas amigas também ficam mas não dizem nada porque ainda acham que há alguma coisa entre nós.

Que diferença faz isto? Toda.
Não que eu alguma vez tivesse tido muitos problemas em orientar-me com o sexo oposto, não tive. A diferença é que os meus pontos fortes tinham que ver com mais do que a questão física. Eu sou esperto e conheço muito bem o mundo feminino, pelo que orientava-me sempre!
Ou seja, não é que antes fosse humilde, não é uma coisa que me assista.
É mais uma mudança, ainda que eventualmente ligeira, de paradigma: ao que parece, agora, tenho mais armas do que o que tinha.

Por causa disto, vou ter de começar a evitar dizer certo tipo de piadas porque piadas deixam de ser piadas quando são um relato da realidade.
Não estou triste com isto, obviamente. Agora vou ter é de mudar o meu reportório de stand up e disso já gosto menos.

Saturday, November 08, 2014

SUN TZU DOS POBRES

MANIPULAÇÃO

Não gosto de ser manipulado e a melhor maneira de se ser manipulado é permitir que se descubra tanto o que nos impele como o que nos impede.
No meu caso, optei por esconder uma e não manifestar claramente outra mas sem a esconder.

Quanto ao que me irrita e desregula o que fiz e faço é criar uma primeira barreira de irritação. O que isto quer dizer é que menifesto as coisas que me irritam um bocado fazendo com que elas pareçam ser as que me irritam muito. O que isto faz é que quando me querem irritar usem o que sabem ou o que demonstro e, desta maneira, nunca me irritam muito.
Por exemplo: fico bastante irritado quando o Porto perde mas parece que fico bem mais irritado do que de facto fico. Assim, quando massacrado quanto a este aspecto nunca fico realmente de cabeça perdida mas parece; significa isto que consigo parar e não entrar em curto-circuito...o que não acontece se soubessem onde me picar.

Quanto ao que quero sou mais aberto e é mais fácil ser percebido.
Poderia optar por uma solução próxima da anterior mas não o fiz porque há uma diferença muito grande, na minha cabeça, em relação a estas duas coisas:
Mesmo que eu descontrole quando me neguem o que quero a minha consciência consegue justificá-lo porque estou a lutar por alguma coisa; quando me descontrolo porque me conseguem picar onde dói sinto-me parvo por me deixar afectar e fico a lutar contra alguma coisa.

Felizmente, o que relamente me afecta é relativamente incompreensível para os outros... raramente descobrem.

NUANCES

Aquilo a que se chamam incongruências ou falta de coerência resultam, muitas das vezes ou a maioria delas de pequenas alterações psicológicas acrescida do facto de sermos pessoas. Todos somos pessoas, até prova em contrário.

Por Exemplo:
Imaginem uma pessoa coscuvilheira ou alcoviteira, dependendo da sua posição geográfica.
Em tese, ninguém gosta desta característica e com razão. O leva e traz é feio.

Agora, pensem nisto (true story):
Há uma pessoa que é coscuvilheira. Eu conheço essa pessoa como coscuvilheira. Quando a conheço - talvez seja de dizer que, nesta fase da minha vida não desgosto por não conhecer - acho graça a esta característica. Não dou muita trela mas é algo que me diverte.
Passado um tempo, essa mesma pessoa irrita-me profundamente e passo a ter qualquer coisa contra ela. Nesse momento, a mesma característica, na mesma medida e na mesma pessoa deixa de ser divertida e passa a profundamente negativa.

O que mudou?
A percepção. Apenas isso. E isso chegou.

Há uma montanha no Curdistão (se o Curdistão existisse) que de um lado pertence à Índia e do outro ao Irão (perdoem-me se há falha geográfica. Sou péssimo nisso).
De um lado da montanha temos combatentes da liberdade;
Do outro lado temos terroristas.
O que acontece é que a mesma pessoa é combatente da liberdade de manhã e terrorista à tarde, dependendo do turno que lhe calhar em cada lado da montanha.

É sempre a mesma pessoa a fazer as mesmas coisas.

DEFESA

Não posso dizer que sou contra relacionamentos íntimos (e quando escrevo relacionamentos íntimos quero dizer foder ) com pessoas com quem trabalhamos; e só não o posso dizer porque já o fiz...antes de o fazer era contra.
O meu problema não tem que ver com o que os outros pensariam ou diriam disso, não me interessa muito. O meu problema é que é raríssimo (aconteceu-me, talvez, 2 vezes) algo acabar de forma limpa e sem remorsos. Normalmente é necessária distância e quando se trabalha com é muito difícil concretizar.
(também poderia dizer que, no meu caso em concreto, nunca tive rupturas em que ambas as partes quisessem o mesmo... mas vou poupar-vos aos meus problemas sentimentais).

Então, o que faço eu?
Bem... gostaria de ser mais claro e decidido mas como a carne é fraca o máximo que consigo é baixar o volume da minha agressividade quanto ao que quero.
O que quer isto dizer?
Sou capaz de mandar uma indirecta quando não sou de indirectas; sou capaz de não encorajar mas já não de desencorajar; sou capaz de não provocar aproximação mas já não de criar distanciamento.
Em termos práticos:
Na sexta-feira passada estava uma miúda a engraçar comigo num bar que estava manifestamente quente (o bar) e, ainda assim, os seus mamilos notavam-se a espreitar espevitadamente. Disse-lhe ao ouvido não me parece que seja do frio... e ela primeiro ficou mais ou menos estupefacta mas depois decidiu não negar o óbvio.

Isto é o que eu faço, normalmente.
Não o faria se a mesma miúda, nas mesmas circunstâncias, trabalhasse comigo.
É pouco, eu sei, mas quem dá o que tem...

O ANTERIOR FOI UMA PREPARAÇÃO PARA ESTE

No House, a meio de uma discussão em que o House defendia que uma pessoa, qualquer pessoa, é mais bem tratada se for bonita (usando o exemplo que de que gente bonita não é acusada de assédio sexual...o que não me parece mentira) foi-lhe perguntado: Mas acha que a vida é um concurso de beleza?! ao que ele respondeu: Evidentemente!!!
Ora, apesar de ser contrário ao que se ouve é precisamente o que se vê.

Há uma miúda que trabalha comigo que é muito bonita (uso pouco o termo muito antes de bonita mas ela, de facto, é).
Como todas as miúdas giras está habituada a que lhe façam senão todas a mairia das vontades. É normal, é como o mundo funciona. Gente bonita é mais bem tratada.
Como a vida assim é, pessoas mais abençoadas pelos traços do que maioria aprende a fazer os seus joguinhos para levar a água ao seu moínho: um bocadinho de trela; um sorrisinho; uma atençãozinha; um ignorar depois das coisas que acabo de dizer... para terminar com a sua vontade ou com um o que é que se passa? fiz alguma coisa?.

Não se pense que acho que estas pessoas são manipuladora por mal ou porque são más pessoas. Estas pessoas são assim porque funciona e ninguém quer uma vida mais complicada se a pode ter mais facilitada, digam o que disserem.
Também não se pense que critico quem cai no joguinho. Os gajos querem gajas boas e estão prontos para vários sacrifícios para isso (um amigo meu disse-me uma vez que era capaz, facilmente, de tirar um amo-te muito do bolso se fosse a chave para ela tirar as cuecas... numa altura em que eu nunca tinha dito tal coisa para qualquer efeito).
E também não se pense que vou dar uma palmada nas minhas costas porque isso comigo não funciona, sou muito mais desenvolvido!.

Não.
O que eu não tenho é paciência. Se eu tivesse um bocadinho de melhor feitio era um joguete na mão das mulheres. (In)Felizmente, se me irritarem eu só vejo sangue e nunca mamas boas.

Então, esta miúda decidiu o jogo clássico. Ignorei.
Visto que se sentiu ignorada, fez o que as pessoas que não percebem o ambiente em que estão e pensam ser todos iguais fazem: duplicou a táctica e em vez de se fazer difícil passou para o passive - agressive juntamente com o que me pareceu má educação.

E pronto... não me dou com gente mal educada.
Desliguei da corrente e passados todos os 2 dias tentou fazer as pazes como a fazem as pessoas bonitas: um gesto pequeno que por ser levado a cabo por quem é abençoado geneticamente parece muito maior.
Não Não, minha querida. O que Fenris procura agora é uma humilhação ligeira que vai sendo cada vez menos ligeira à medida que o tempo passa.

Fosse eu um cão e não um lobo e já andaria de língua de fora e de cauda a abanar.
Assim....