Monday, July 31, 2006

Luzes

Desconheço a insegurança que faz com que as pessoas se coloquem no lugar do astro rei sem para isso fazerem nada.
Admiro a perseverança de quem quer, de uma qualquer forma, ser o centro universal dos acontecimento.
Na verdade, admiro e repugno.
Nos escritos "neteiros" sempre houve uma coisa que constatei e que comecei por detestar e, por fim, passei a preocupar-me:
"Eu sou aquilo que digo e o que digo é perfeito!"
Só a mim soa a estranho o imenso mundo de bem querer e de virtude que se vive nas ondas cibernauticas?
Só a mim causa estranheza a incapacidade de assumir defeitos e incorrecções (não falarei de fraquezas porque também não as assumo...ou não as tenho eheheh)?
Não é a primeira vez que esta questão me assola e nem é a primeira vez que sobre ela escrevo.
Das outras vezes que coloquei este assunto em aberto a resposta mais comum foi que:
"aqui somos o que queremos ser e de amarga chega a vida!"
Sou, definitivamente, a encarnação de belzebu, por vezes o anti cristo mesmo.
Não percebo o que se ganha quando se destila um churrilho interminável de inverdades antes de dormir, o estado de dormência beneficia quem lá está para se alimentar das fraquezas...e fraqueza nenhuma é combatida antes de descoberta por quem dela padece.
Eu gostava que a fome acabasse e que houvesse paz no mundo, no entanto, não é a primeira nem a segunda e, provavelmente, nem a 5ª coisa que me passa pela cabeça quando me perguntam "o que é que desejas neste momento?".
A simpatia global pelas coisas que eu quero e pelas ideias que eu defendo e pelas posturas que assumo e pela minha visão maniqueista da vida nada me interessa.
Não venho para aqui, nem para qualquer lugar, dizer que a vida é maravilhosa e que o sol nasce para todos e que amanhã é outro dia e que tudo vai correr bem.
A vida tem momentos maravilhosos, o sol às vezes tá encoberto por nuvens, amanhã é outro dia que provavelmente será igual a este e dificilmente tudo vai correr bem.
Não, não sou depressivo.
Não, não sou pessimista.
Não, não me preparo para arder nas chamas do inferno.
Sou assim desde que acordo até quando me deito e isso inclui estes momentos em que escrevo.
A história de que "uma mentira mil vezes repetida passa a verdade" resulta, e de que maneira, para a plateia que te vê quando passas na rua.
Uma mentira mil vezes repetida para o teu âmago nunca vai deixar de ser mentira!

Vácuo


A imagem mais triste que guardo é a de um funeral.
Foi uma imagem que me deixou pregado ao chão, de mãos atadas e a pensar se queria ou quero aquilo pra mim.
Há uns anos, poucos, faleceu a avó de um grande amigo e eu, que até conhecia ambos os avós mas por respeito a uma amizade, fui ao velório fazer o "corpo presente" e o "se precisares já sabes" e depois passar o mais possível por baixo do radar.
Companheiros que o foram, de facto, até que a morte os separou.
Quando vi o "homem" prostrado e perdido a olhar pró caixão quase senti a terra girar em meu torno.
O ar perdido daquele ser, a forma como se lia nele que acabara de perder o rumo, a angústia calada e inerte ao lado do sarcófago....foi demais pra mim.
Quando alguém se entrega uma vida inteira daquela maneira confundem-se vidas e, acredito, batimentos cardiacos.
É de uma violência atroz ver o dia a dia morrer e ver-se amputado, eventualmente, da melhor parte do seu corpo....a que vivia autónoma mas ainda assim dependente.
Deu-me o medo que sempre me acompanhou.
O medo de que nada é eterno, até porque existe a morte.
O medo de se entregar de corpo e alma e um dia ficar sem qualquer uma das duas.
O medo de sentir morrer enquanto ainda se respira.
Foi muito agressivo para mim.
Não me lembro de nada que se me tenha entranhado tanto na alma.
Isso do "um dia de cada vez" é uma balela...o amanhã sempre me preocupou muito.
A "Arte do Dar" é algo que estou a aprender, não nasceu comigo.
Mas sempre que me lembro do espectro do fim arrepio-me de ponta a ponta.

Thursday, July 27, 2006

Deturpações


Do que vejo (por todo o lado) e do que leio (por todo o lado também) fico com a nítida sensação que o país que se vê é uma coisa e o país que é é uma outra absolutamente diferente.

Parece uma "la paliçada"? Não me parece que seja.
Não falo das promessas eleitorais incumpridas (se se pode chamar "incumprido" ao que antecipadamente não o era pra ser) nem à descrição idílica do que se passa no benfica quando se lê "A Bola".
Também não falo do que se vê de fora...falo do que se diz de dentro.

O VIVER INTENSAMENTE

A cada pessoa a quem é perguntado como leva a vida escuta-se um "vivo intensamente" seguido de "o meu lema é carpe diem".

Se assim fosse, e não é, como se compreende o cinzentismo deste país?
Se assim fosse como haveria o "deixandarismo" que polula em cada esquina?
Se assim fosse porque motivo os meus amigos não viajam sozinhos?
Se assim fosse porque motivo se fica amorfo num posto de trabalho fétido?

Não é assim...a resposta é simples e clara.
Não critico o facto de as pessoas não viverem intensamente...eu não vivo.
Aliás, eu tenho zero responsabilidades, não tenho contas pra pagar, não pago a minha alimentação e posso mandar tudo prás urtigas quando me apetecer....
Não o faço porque tenho uma profissão, tenho ambição e sou pressionado socialmente (e vergo a essa pressão) para atingir um determinado fim.

E pasme-se... eu até sou dos "meio passados"...mas também tenho os pés no chão.
Eu não faço o que quero...e alguém faz?! Ao que parece são aos milhões.

O que me parece é que ou existe um denso manto de nevoeiro a turvar o que se vê quando se olha pra dentro ou a tristeza de ser marioneta é tão grande que se prefere mentir.

GANHO POUCO DINHEIRO

Se atirar 10 pedras ao ar, 8 delas vão acertar na cabeça de gente que não quer trabalhar, de gente que não se empenha no que faz, de gente que "tá nem aí"....mas que ganha mal.

Ontem estava numa conversa ao jantar em que ouvi "a empregada de tal loja é impecável!! é simpáctica!!!"
Caiu-me a ficha...quando a obrigação de todos aqueles que servem (não depreciativo mas profissional) é serem simpácticos e atenciosos com os clientes, lembra-mo-nos "daquela" empregada que é simpáctica e não da que é antipáctica.

Trocando em miúdos, habitua-mo-nos a ser mal atendidos e quando o não somos quase ficamos agradecidos.
É definitivamente xutos e pontapés na "vida ao contrário"

Mas todas ganham mal.... pois...

Depois tens o "9 às 6" que pica o ponto...estica meia hora a hora do almoço, toma o seu café a meio dos periodos de trabalho, fuma o seu cigarrito...e às 6 abre e se não estiver feito o pessoal que se amanhe.

Mas todos ganham mal....

Deve tar aí alguém a pensar "pois...falas falas falas mas ou não fazes nenhum ou então és como os de cima e estás a escrever enquanto devias estar a trabalhar".
Não deixa de ser verdade...no entanto, se precisar saio à meia noite e entro às 6. Os meus excessos eu pago-os, ninguém paga por mim.

Não sou coitado nem vítima, assumo quando não quero fazer nenhume depois pago a factura...sozinho.
Ouvir-me queixar não ouvirão, quando achar que é hora e tiver oportunidade vou à minha vida.

Wednesday, July 26, 2006

Pra Quê?


Acho que o cérebro e o seu uso é sobrevalorizado.
Trás mais problemas do que os que resolve.
Nunca tiveram vontade de desligar?
Nunca tiveram vontade de assumir o "sa foda"?
Nunca tiveram vontade de esquecer?
Pois...e não se consegue.
"Ah...mas resolve problemas e ta...é preciso pra se desenvolver pessoalmente...a riqueza é o conhecimento...."
Ah...foda-se.
Quanto mais gente ignorante e desconecta do seu cérebro conheço mais acho que é uma benção.
Estes nem se preocupam, deixam andar, pancada daqui pancada dali....
"Ah....mas são ou pobres ou uns idiotas ou meliantes..."
Pois, a maioria enquadrar-se-á numa dessas categorias ou em mais que uma...e eu?
Eu não pertenço a nenhuma dessas categorias (bem...talvez à dos idiotas eheheh) e pareço uma barata tonta pra dar conta dos meus compromissos, durmo pouco e mal, ando em stress com prazos...porque trabalho com o "cérebro".
Ah....é hipervalorizado!
O que eu queria era ficar uma semana a "engolir" programas de merda da TV (menos os da manhã...tortura é demais...), cérebro desligado e apenas com a função operante de decidir o que quero comer.
Isso é que era!

Monday, July 24, 2006

Trilhos

Nunca gostei muito de andar em catálogos e em considerações sobre o certo e o errado e, especialmente, entre o Bem e o Mal.
Naturalmente acredito que matar é mau...mas sê-lo-á quando uma morte salva 10 vidas?
Naturalmente acredito que roubar é errado...mas sê-lo-á quando serve para matar a fome ao teu filho?
Naturalmente acredito que enganar é nefasto...mas sê-lo-á quando disso depende o teu futuro profissional?
Nada escapa ao olho da relativização.
Existem, como já foi dito, muitas coisas entre o céu e a terra.
Tenho uma extrema dificuldade em olhar para o que quer que seja e saber que naquela situação o "x" devia ter actuado de outra forma.
Sou capaz, feliz ou infelizmente, de o criticar pelo resultado, mas isso é um "pós" e não um "ante". No momento em que a opção é tomada não tenho o capacidade de saber se naquela situação não faria o mesmo ou pior.
Soube há poucos dias que um tipo de que eu conheço comeu a namorada de um amigo de infância e que agora tomou o lugar dele.
Acho execrável este comportamento, tipos deste deviam ser fuzilados, tipos deste não merecem o ar que respiram, tipos deste maculam tudo que o elemento masculino deveria representar, tipos destes desconhecem o que é a lealdade, tipos destes deviam ser exilados na sibéria (no pacífico não, parece-me mais prémio que castigo eheheheh)
Agora...e se eles ficam juntos (os traidores)? E se eles forem felizes para sempre? E se eles são aquilo a que se chama almas gémeas?
As coisas, aos meus olhos relativizam-se....
Há um amigo que se fode mas há, também, duas vidas que se juntam e era pra se juntarem mesmo.
Aos meus olhos são dois fdp na mesma...mas não será um mal necessário? E quando o mal é necessário não se torna um bem?
Deixo bem claro que gaja nenhuma vale uma amizade aos meus olhos...mas e se valer? E se eu estiver errado?
Difícil não é?
ps: estes para mim não vão ser felizes porque uma qualquer mulher que trai uma vez trairá de novo, é o célebre "cesteiro que faz um cesto faz um cento"....e se não trair?

"O" Duro

Não poderia deixar de prestar homenagem a este grande senhor do cinema mundial e, quiçá, do próprio universo.
Na verdade, se houvesse um qualquer outro arrogando-se de ser tão Maxo e Implacável como o enorme Chuck Norris, a esta hora já estaria com a cara virada prás costas em virtude de um qualquer dos pontapés que constitui o manancial de guerrilha deste senhor.
O olhar impávido e sereno do Walker, a indiferença quando face ao perigo, a voz sempre calma, a rapidez de execução do rotativo (independentemente de estar na cara de um Uzi...o rotativo leva sempre a melhor)...Walker é "O" homem.
Existe algum prevaricador que não tema pela vida quando encontra este ranger?
Alguém no seu perfeito juízo o olha nos olhos?
Nenhuma forma de vida é susceptível de escapar às pernas voadoras do "Washoo"...a não ser ele próprio.
Não se percebe porque não o mandaram pró Iraque. Se o tivessem feito, o Sadam saía calminho do seu palácio com uma bandeirinha branca e uma folha a pedir autógrafo (alguém não é fã?!).
Existe um motivo pelo qual o Bin Laden não mandou um avião pró Texas...o Walker tem lá um rancho e o Bin é fundamentalista mas não é louco.
O pior, digo, melhor, é que os dotes vocais do Chuck são tão bons (ou quase) como os marciais.
Aquele hit intemporal que serve de banda sonora à série "Walker, o ranger do Texas" mostra-nos aquele homem de voz quente e com o seu "quê" de rouco que calcorreou os tops de vendas de todo o mundo...por mais que não seja porque nenhum idiota se escusaria de comprar o CD sob pena de ver os seus chifres estilhaçados com um pontapé.
Chuck rules!!!!!
E pra quem duvida...digam-me quem mais desapareceu e apareceu em combate!!! AH??? AH???
Ah pois é bébé....

Sunday, July 23, 2006

A Arte do Inofensivo


Uma noite, há uns tempos atrás, dei-me conta, uma vez mais do quão idiota é o homem quando caça.
Tava numa discoteca onde animavam o ambiente as Alcantara Dancers.
Todas elas sem roupa, todas elas bem insinuantes, todas elas provocação, todas elas podres de boas.
À volta dos palcos um conjunto de homens colados nas ancas, de copo na mão e com ar matador.
E ela a olhar em frente, a esfregar-se no varão, a empinar a "bunda" e altamente lasciva....assumo que entendo e li o pensamento de todos aqueles homens, pensei o mesmo.
Eu não estava naquele meio de cortejadores pavões.
Não porque não me interessasse o espectáculo e muito menos porque não me interessasse a movimentação "ancal".
Não me desloquei pra lá porque não vi utilidade...via bem de onde estava e escusei-me que pensassem de mim o que pensavam deles.
Pior quando a menina desceu...Puta que pariu.
Foi ao bar refrescar a garganta e foi abalroada por todos os abutres da foto e mais alguns que não ficaram na objectiva.
Vi-os aproximarem-se, puxarem-lhe o braço, falarem-lhe ao ouvido e o ar enfadada dela não tinha descrição.
Aquele bando de tonis meio bêbados diziam-lhe coisas tipo:
"És linda" (ela não sabia) 20 ptos pela originalidade.
"Tens um belo corpo" (ela não sabia) 30 ptos pela inovação.
"Pago-te um copo?" (ela não tinha bar aberto?) 40 ptos pela sagacidade.
"O que fazes quando não estás a dançar?" (estou no convento) 50 ptos pelo interesse.
Pergunto-me como achavam que a iam sacar?
Parece-me que homens não entendem o significado de "distinção", não entendem que convém ser UM na multidão e não MAIS UM, palavras repetidas são inoperantes e nunca serão relembradas.
Eu nem me dirigi a ela, não sabia o que lhe haveria de dizer e não tinha o meu cajado comigo pra abrir caminho.
Uma coisa é certa, se as frases de engate que me ocorressem fossem aquelas seguramente ficava-me por:
"Olha...dá pra te comer?"

Dilema Americano

Já me questionei várias vezes pelo asco que sinto pelos EUA.
É, no fundo, uma enorme dicotomia.
Detesto aquele país...nada tenho contra os seus cidadãos (bem...a reeleição deste cowboy louco deixou-me mais no meio da ponte...).
A minha vontade de visitar os EU é nenhuma...e a cidade que mais quero ver é Nova Iorque (estranhamente não a vejo como parte integrante dos EU...).
O que muitos vêem como sentido patriótico Americano eu vejo como cegueira conduzida.
Existe uma virtude monstra num país que se une como se une nos tempos de tragédia (vide 11/9), no entanto o motivo que leva a esse mesmo sentimento não me parece alicerçado na cidadania pura e no patriotismo orgulhoso mas na absoluta ignorância do que se passa além fronteiras.
Li, não sei onde nem quando, que uma percentagem muito grande de N. Americanos não saberão quais os países com os quais fazem fonteira.
São domesticados à nascença de que o mundo termina no seu quintal.
Depois temos o idiota que os governa (não quero dizer que NOS governa mas nem me soa a mentira), um mentecapto (ex) alcoolico, filho de um outro que já o era, perito em falir empresas e que deve a sua fortuna a uma venda da sua equipa de futebol americano....e nem esta venda foi verdadeiramente um negócio, foi uma esmola dada por quem o queria na casa branca e sabia que um tipo menos que milionário nunca ganharia.
A América profunda é, obviamente, iletrada funcional. Este idiota que representa tudo o que me desagrada naquele país, foi eleito pela "província" e perdeu nos centros americanos mais esclarecidos.
Tenho Pena....Temos todos pena.
Olho para o Iraque como uma birra de menino que quis limpar a merda que o pai fez e entristece-me que o mundo "dollardependente" tenha seguido.
Os idiotas nem o Bin Laden apanharam, a fonte e objectivo primeiro de tudo isto, e berram vitória.
O camelo texano foi pro porta aviões festejar a vitória no Iraque e tem ainda um país longe de ser domesticado.
Vamos ver agora com a Líbia....
Acabaram de lhes mandar um carregamento de "mísseis inteligentes" (aos israelitas claro).
Será que agora não se vão meter? Será o lobby judaico? Será que não são, agora, os protectores do "free world"?
Olhem, isso de misseis inteligentes é balela.
Missil que fosse VERDADEIRAMENTE inteligente já se tinha dirigido ao cú do Cowboy Alcoolico Megalomano Iletrado (aka Bush).

Friday, July 21, 2006

Arruminhas


Cancro dos cancros.

É chegar a qualquer lugar e aí estão esses vermes, colados, nauseabundos, rôtos e tudo mais de desagradável que se pode imaginar.
Vais estacionar e vem o FDP a correr e a parecer que se vai desconjuntar todo pelo caminho.
O pior? Não se desconjunta....foda-se.

Duas coisas que me deixam em estado de ebulição:

1) Estacionar onde eles não "descobriram" .

Aproximas-te e vês o espantalho nojento a apontar pra um espaço. Pra não te incomodares, porque viste outro, vais para onde ele não está.

E lá vem o rastejante verme dizer "dê uma moeda...tou com fome" (foda-se...ainda te acham idiota).
Além de não se saber bem porque motivo estes frunculos acham que devem receber uma moeda por um lugar que guardam (?) ainda te fodem a cabeça por um onde não estavam.

Eu não dou moedas...ponto! Puta que os pariu.

Felizmente sou um tipo que ocupo algum espaço e estes virus de 5 kgs drogados da merda normalmente não resmungam...ou pensam (e pensam de certeza) ou dizem quando não consigo ouvir.

Um desses animais disse uma vez entre dentes que "depois os carros aparecem riscados..."

Colou-me o pistão...

A esse disse-lhe "vou ali jantar e quando voltar se tiver o que quer que seja no carro rebento-te esses cornos de uma maneira que nem a tua mãe te vai reconhecer", ao que, esperto, ele me respondeu "fô...e se não tiver sido eu?"...."pelo sim pelo não fodo-te a tromba na mesma, se fosse a ti tomava conta do carro com a vida."

E fui-me embora...quando voltei o idiota tava nas redondezas e o carro impecável...e não estavam 70 colados à minha espera pra me abrir ao meio como cheguei a imaginar enquanto jantava.

2) Quando alguém com medo ou pena dá menos do que eles querem.

Prontamente sai um "só isto? dê mais!"

Revolta-me ouvir esta merda. Especialmente porque quem normalmente sofre são as mulheres.
Os FDP aproveitam-se de uma pessoa "mais fraca" e com menos testosterona e agigantam-se.

Onde andam os polícias que espancam pessoas? Não sei mas deviam estar onde estas merdas acontecem.

Conclusão:

Vêm me dizer "coitados", que "são doentes", "toxicodependentes", vêm de "lares degradados".

Que me interessa isso? Que culpa eu tenho?

Fodam-se a todos, deportem-nos pra sibéria, ponham-nos a limpar florestas, prendam-nos, deêm-lhes cabo do canastro mas tirem-nos da minha frente e da frente de pessoas decentes.

Era um pontapé nos cornos de cada um que apontasse para um espaço...pontapé nos cornos e partir-lhes o "dedinho apontador".

Thursday, July 20, 2006

Natasha (Capital Inicial)

Dezessete anos e fugiu de casa
Às sete horas na manhã do dia errado
Levou na bolsa umas mentiras pra contar
Deixou pra trás os pais e o namorado
Num passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar
Pelo caminho garrafas e cigarros
Sem amanhã por diversão roubava carros
Era Ana Paula agora é Natasha
Usa salto quinze e saia de borracha

Um passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar
O mundo vai acabar
E ela só quer dançar
O mundo vai acabar
E ela só quer dançar, dançar, dançar
Pneus de carros cantam:Thuru, Thuru, Thuru, Thuru

Tem sete vidasMas ninguém sabe de nada
Carteira falsa com idade adulterada
O vento sopra enquanto ela morde
Desaparece antes que alguém acorde
Num passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar
Cabelo verde, tatuagem no pescoço
Um rosto novo, corpo feito pro pecado
A vida é bela o paraíso é um comprimido
Qualquer balaco ilegal ou proibido

Num passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar
O mundo vai acabar
E ela só quer dançar
O mundo vai acabar
Ela só quer dançar, dançar, dançar
Pneus de carros cantam:Thuru, Thuru, Thuru, Thuru

(MUUUUUUUUUUUUUUUITO boa a música)

Os verdadeiros NEO

Os verdadeiros "escolhidos"são portugueses e podem ser vistos numa televisão ou rádio ou jornal ou qualquer coisa que lhes dê o sentimento de holofote.

Um deles chamaremos MRS (acho de péssimo gosto usar o nome das pessoas, por isso não direi Marcelo Rebelo de Sousa...ups) e outro NR (não revelarei ser o Nuno Rogeiro...ups 2).

De entre todas as diferenças que existem entre ambos, têm uma coisa de todo semelhante...sabem TUDO.

É o domínio da Matrix, é a cognoscência absoluta sobre tudo e todos.

NR

Diverte-me muito, atenta a minha absoluta ignorância sobre basicamente todos os assuntos.

É absolutamente fabuloso como este se manda da economia global para a venda de rebuçados no quiosque com a mesma facilidade com que respira.
Um dia enquanto o via na televisão (não consegui evitar...é magnético) pareceu-me ver uma luz que incidia sobre ele vinda do além, uma luz branca, radiosa, abençoada....mas era um holofote do estúdio.

Isso leva-me a apresentar uma reclamação solene para o facto de Deus não prover NR de uma iluminação própria e perene que o acompanhe sempre.
Parece-me inveja... tinha-se a ideia que Deus era omnipresente e omnipotente e que criava homens à sua imagem.
Ora, descobriu-se, ao fim de contas que Deus, isso sim, foi criado à imagem de NR. Aliás, NR sabe disso e não se importa de o mostrar.

Lembro-me particularmente das análises bélicas efectuadas por NR (ele não controlou o arrastão porque não quis, acredita no livre arbítrio), plena de tecnologia e de gráficos e tudo.
NR, além de tudo, é a verdadeira raposa do deserto e se os americanos não fossem tão arrogantes tê-lo-iam contratado e não teriam problemas no Iraque...aliás, as torres gémeas estariam ainda lá.

NR sente as vibrações no ar e sabe tudo antes de todos.

MRS

Também ele fabuloso.
Também ele é Deus mas não espalha...chega-lhe saber disso.

O canguru das televisões, o homem que tem o maior sentido de câmara da história.
Falam do emplastro? Menino perto de MRS.

Contaram-me que ele uma vez estava na Líbia (coordenava um tratado de paz que não se concretizou pelo motivo a seguir descrito) e rebentou um cano de água numa casa em Santa Combadão.
Até aqui, MRS poderia deixar passar, era uma catástrofe que ele rapidamente resolveria (sim, também entende de "canologia") mas eis que a TVI manda uma câmara para cobrir este incidente.
MSR em dois nanosegundos apareceu em Santa Combadão vindo da Líbia (na altura pensou-se ser o 3º segredo de fátima mas este nem Nossa Senhora soube como foi possível) e prestou o seu auxílio e recanalizou não aquela casa mas Santa Combadão em peso.

Lembro-me que neste mundial (que MRS naturalmente comentou mas não disse quem ia ganhar pra não estragar a surpresa) MRS num dos jogos, estupidamente não me lembro de qual, "viu na cara dos jogadores que eles não conseguiriam reagir animicamente ao resultado...o que OBVIAMENTE se veio a concretizar.

Tivessem eles o bom senso de falar com MRS e nem se teriam cansado idioticamente a correr atrás de uma bola quando foi visto nos seus semblantes que ele não tinham força anímica.

PS: MRS é um upgrade de Nostradamus....é uma versão sem erros

Luizinho no Lost


Ontem antes de me mandar pra cama dei a costumeira passada na imprensa desportiva.
Gosto sempre de me manter a par do mercado (nem sei porquê...) e, ocasionalmente, tenho o enorme prazer de me rir com as idiotices que se dizem nesse tão rico meio.

Há um tipo que se drogou para jogar melhor, ou nem se drogou...isso agora pouco importa para o caso (se bem que se se drogou pra potenciar a capacidade física e continuava no banco revela da qualidade deste tipo), o que releva é o resultado pleno de oportunidade e sentido de importância relativa que as coisas têm.

O caso em questão tem pouco de claro, como habitual, o caso em questão levanta inúmeras dúvidas, como de costume, o caso em questão viveu de acusações recíprocas, como sempre, o caso em questão foi uma bandalheira, como é apanágio em situações similares.

Toda a gente viu isso, inclusive um político que veio dizer: "Esta merda é uma bandalheira, uma vergonha!"

PÁRA TUDO!!!!

O Luizinho ouviu isto e lá foi com o seu farto bigode e a sua cabeleira "á lá permanente anos 80" mostrar-se indignado: "Porque falam do que não sabem, porque o que aconteceu é o justo e não admito que duvidem"

Quem é este bonas para admitir ou deixar de admitir? Não sei...mas ele acha que é alguém porque está à frente de uma equipa de futebol... (e aqui entra a primeira façanha alucinogenea do tipo Lost).

Mas isto só piora...ou melhora se a intenção é divertir quem lê.

"Esse gajo lá do Governo disse isso?? Ah é? Bora fazer um debate nacional!!!"

QUÊ?

Debate nacional por causa de um caso de dopping?
Pois, bom dia república das bananas.

Sa foda os salários baixos e as greves que buscam a pontezinha e páram o país.
Sa foda a inflação.
Sa foda o estado da saúde e os incêndios.
Sa foda as pensões de reforma miseráveis.

O que nos interessa é um debate nacional por causa de umas decisões ambíguas no futebol português (vamos todos deixar de trabalhar porque é debate que não acaba), o que importa é que o Luizinho se sente injustiçado.

Alguém acorda este tipo?
Alguém o manda para reabilitação?

Tenho medo é que as pessoas não entendam que ele é um maluco que só quer brincadeira, mesmo quando não é 1 de Abril.

Eu, particularmente, acharia mais útil um debate nacional sobre se se devia permitir que o Luizinho aparecesse na televisão com aquele bigode, aquele cabelo e aquela verborreia, ou melhor, se deveria aparecer na televisão...ponto!

Poluição visual é crime.

Mandem umas cassetes desse tipo prá Prisão de Guantanamo e eles começam a confessar tudo...mas escondam do congresso americano, os gajos andam a stressar com tortura e os direitos humanos e tal.

Wednesday, July 19, 2006

Grão de Areia


É indiscritível o que faz um gajo queimar de vez....muitas vezes.

Dias e dias de uma engrenagem que se movimenta como estando perfeitamente oleada mas não está.
Horas acomuladas de uma indiferença que no fim da linha se transforma em raiva.
Minutos silenciosos que a cada bater de ponteiro se torna mais ruidoso.

FODA-SE!!!

Não sei se lhe hei-de chamar agressividade contida...a minha é bem latente e nada camuflada.
Não sei se lhe hei-de chamar submissão...tenho mais de dominante do que de dominado.

Chamar-lhe-ei a impossibilidade de ser tão distante e tão frio como desejaria.
Chamar-lhe-ei a impossibilidade de exteriorizar o quanto certas merdas me afectam.
Chamar-lhe-ei a impossibilidade de distribuir um virus que só eu posso conter.

Prefiro esconder-me nas horas em que me transformo no maior buraco negro do universo, nestes momentos em que o sol se apaga quando olho pra ele, nessa sequência temporal em que as feras se escondem nas tocas pra não serem esventradas.

É o ferro de fora a derreter com a lava de dentro.

Odeio esse sentimento de incapacidade de ser capaz de matar o grão de areia como mato o Golias.

Grão de areia sádico que não corta mas incomoda.
Grão de areia diabólico que não se estranha mas que se entranha.

Filho da Puta de Grão de Areia....

Tuesday, July 18, 2006

Profetas


Tem duas coisas que me desagradam....

1)São portadores de verdades absolutas
2)Indiciam/prevêem o que está pra vir.

Não gosto do pastor que dirige o rebanho, provavelmente por ser o tresmalhado.
Não gosto que me digam o que é e o que não é...ainda que estejam certos.

1)
É coisa que não existe (soa-me a repetitivo ehehe).
Dá-me náuseas aquele que se arroga "correcto" e "íntegro", o que dizer do que se arroga de iluminado.
Não vejo utilidade numa segurança que aparece sabe-se lá de onde. Vejo utilidade nas experiências transmitidas e na diminuição do erro, no aprender com os caminhos alheios...ainda que os percorra estupidamente com os mesmos defeitos de visão e imperfeição.
Mesmo sendo míope ou até cego, tenho esse direito e não vou dele prescindir.

Acho que se aprendeu menos do que o que se devia (ou nada mesmo) com "coisas" como a inquisição ou as cruzadas ou a bula de indulgência ou com as guerras santas ou com IURD....

A crença cega e desregulada no que diz não sei quem é um caminhar perto do abismo até despencar.

2)
Juntar o acreditar com a previsão...

A crença num devir previamente assinalado e fadado é o convite à inépcia e, particularmente, à estupidez.

Com os milhares de milhões de variantes como acreditar cegamente numa previsão? Até o enorme Antímio de Azevedo se enganava....e tinha a colaboração dos satélites.
Que dizer das previsões do fim do mundo que quando não acertadas (como sempre aconteceu...ou não estaria a escrever) passam a "metáforas" ou um qualquer outro recurso estilístico que as "lavam" e tornam a usar?

Novamente o problema da miopia ou da cegueira....

É tão desprovido de sentido o que não quer ouvir nada como o que quer ouvir tudo.
Um anda de parede em parede...o outro também.

Cansa-me o "este disse isto por isso é verdade"

O espírito crítico anda perdido entre um e outro "sabichão"...e o rebanho lá vai a abanar o rabinho...

Monday, July 17, 2006

Ópio do Povo


...e o meu também.

O efeito catártico e potenciador de desaparecimento de problemas que uma vitória do meu clube proporciona é uma das coisas mais estranhas (ou nem tanto) que conheço.

Durante 1.30 hs tudo que meche do outro lado do campo é inimigo, a batalha é violenta, o "bonas" que anda de preto é o maior fdp de entre todos os fdp e quando se ganha...o céu é mais azul (literalmente eheheh) e a temperatura sobe.

Só ganho quanto? Ah....não interessa...
Tou desempregado? Ah...pouco importa...
O deficit quê? Ah...ganhamos o jogo...
Corrupção onde? Oh...viste o golo do McCarthy??

É inacreditável...e eu vou no barco também.
Chego a acreditar que o PIB dispararia para patamares (a palavra patamares e futebol são indissociáveis ehehe) nunca vistos se Portugal tivesse sido campeão do mundo...ou pareceria...

Futebol é cultura, aliás, a única forma de cultura que é capaz de deixar toda a gente em igualdade.
Não conheço ninguém (além de uns pseudo intelectuais alienados) que não discuta um penalti mal/bem assinalado, não conheço ninguém que não saiba exactamente qual o problema da equipa que não ganhou...e não é tão bom?

Acredito, piamente, que um fenómeno de massas é o melhor veículo para a educação de uma povo eventualmente alienado, acredito, piamente, que a xenofobia e o racismo podem ser muito melhor combatidos naquele hiato em que toda a gente anda atrás de uma bola do que com campanhas do tipo "a raça tal é nossa amiga".

Também é um veículo que potencia a xenofobia e o racismo poder-se-á dizer...mas algum xenófobo ou racista deixará de dar vivas ao preto, cigano, chinês ou seja lá o que for que marque o golo da vitória?

Nada é perfeito...mas o futebol é um "igualizador" (atentem no neologismo) como poucos.

Pouco interessa a cor, o carro, o vencimento ou a casa do tipo que está ao teu lado na bancada...ele também leva um abraço se as coisas correrem bem.

É verdade que o árbitro é gatuno e que o treinador que perde é burro e que o jogador que falha de baliza aberta devia era estar a chapar massa...mas é um mal menor....

Já agora...
FC Porto que ganhe o campeonato nacional, a champions, a taça de portugal e a super taça também!!!

Se não ganhar...amanhã sou portista na mesma e depois e depois e depois e depois e depois e depois e depois e depois e depois....

Monstros


A diferença entre o ontem e o hoje.

Nunca acreditei que as pessoas mudassem...sempre me pareceu um esforço hérculeo ou, na maioria das vezes, uma tentativa de "engrupir" alguém.

Bem...aconteceu-me a mim.

Nunca escondia a minha natureza de quem o não merecesse, sou verdadeiro e às vezes até demais.

Sou um fdp...sim.
Nunca achei que o dia em que fosse ser fiel chegasse, ainda que o quisesse...sim.
Adoro mulheres de todo o tipo e feitio...sim.
Não ofereço a minha amizade de graça....sim.
Não sou leal com quem não conheço...sim.
Não me "dou"...sim.
Não sou o sonho de um pai para a sua filha...sim.
Sou a primeira pessoa da minha lista...sim.

Detesto mentiras, detesto o cavaleiro andante, detesto o bom samaritano e o seu cavalo branco.

De um momento para o outro (literalmente) tudo mudou.
Deixei de querer ser ou mesmo de ser o que descrevi e converti-me no que gostaria de ser.
Fui envolvido por um manto que sempre quis à minha volta mas que nunca achei que fosse chegar.
De um momento para o outro deixaram de me interessar as mulatas e as "boazonas".
De um momento para o outro o meu mundo ficou reduzido ao tudo que me era oferecido e até eu mesmo passei para segundo plano.

Foda-se...puta de passado...puta de facada vinda sabe-se muito bem de onde.

Expurgar pecados?
Castigo?
What goes around comes around?

Eu mudei o presente...mas infelizmente nada consegui fazer quanto ao passado.
É a super partida pregada ao brincalhão.

E o monstro espreita...

Pessoas


É o que de bonito existe no mundo.
Não as paisagens e nem as praias e nem os montes e nem as florestas e nem o dinheiro e nem o último modelo da lamborghini...são as pessoas.

O cruzar de histórias e o encontro trespassado de acaso.
O que acontece sem se contar, o que está lá quando a luz se acende, a imagem no espelho que aparece de supetão.

Quantas vezes (mormente quando ando de comboio) me perco em conversas desfasadas, em excertos de telefonemas, no movimento de lábios enquanto se lê um jornal.
São pessoas como eu mas absolutamente diferentes de mim.

Têm esperanças que não são as minhas, gostos que não são os meus, ideias diferentes das que me percorrem, visões moldadas pelas vivências próprias....e isso é a fortuna das fortunas.

Não gosto de romancezinhos, não gosto de policiais...gosto de vidas.
Não me interessa o complô israelita e nem a conspiração libanesa...gosto de vidas.

Aquele momento no semáforo em que param ao teu lado e não sabes o que lhes vai na cabeça, por que motivo está aquela pessoa triste e não feliz. Será que o que lhe aconteceu te deixaria triste ou te seria indiferente?

Os mundos que inundam os corpos são absolutamente marginais ao meu olhar....e como gosto de todos eles.

Será que os quero entender? Não...apenas os quero conhecer.
Será que os quero julgar? Não...apenas gostaria de saber porquê.

Thursday, July 13, 2006

Máscara

Já ouvi muitas vezes que uso "máscara" e que uso uma "capa".

Não é mentira.

A maioria das vezes que era arremessado esse argumento quando eu tinha uma postura fria, dura, indiferente, antipática, distante.... em traços gerais, quando não era o que se esperava e não dizia o que se queria.

Não é verdade.

Eu uso uma máscara, no entanto, não porque quero parecer o que não sou ou porque quero fingir que acho não sei o quê porque é "cool".
A minha máscara tem exactamente o objectivo oposto, é feito para que não entre na minha intimidade quem não tem qualquer motivo para entrar.

Por que carga de água deverá um tipo que eu nem conheço ou conheço mal ou não tenho interesse em conhecer conhecer-me a mim?
Por que carga de água deveria eu ser aberto e expor-me sem necessidade disso?

O mundo seria melhor? Não.
Eu sairia beneficiado? Não.
Teria utilidade? Não.
Faria com que quem não deve soubesse mais do que seria desejado? SIM.

Não sou de forjar amizades ou pedir arrego...
Sou da forma que me mostro, no entanto, não sou APENAS a forma como me mostro.
Eu demonstro o que quero demonstrar e nada mais que isso. Não é uma mentira, longe disso, apenas é a parte da verdade que não está "vedada" a estranhos.

Faço mal? Nem me interessa.

Tenho pra mim que a beleza das relações que se criam com as pessoas (namoro, casamento, amizade...) está na intimidade que se cria, está no diferencial entre o que se é com um estranho e o que se é com uma pessoa que é, verdadeiramente, importante.

Quanto mais é o meu carinho, maior é a minha nudez e mais especial é essa pessoa para mim, quanto mais eu me exponho mais certezas tem essa pessoa que não é mais uma que passa...e isso é muito importante para mim.

No momento em que nada mais resta de mim do que a pele é momento em que estou entregue.

Queres?

Veneno


Prefiro que me matem a que me retirem o veneno....o que acabaria por dar no mesmo.

Desde muito novo, porque nasci e cresci na selva, descobri o valor que tem ser predador e não presa, o assassino e não o alvo, o agressor e não a vítima.

Cada vez que ligo a televisão ou o rádio sou bombardeado por "pedidos" de "vamos melhorar o mundo" e "temos de construir o amanhã".

BAH!

O hoje é o amanhã de ontem e anteontem já se pedia que o futuro fosse melhor. Deu em alguma coisa?
Não consigo perceber o prazer de se dizer o que parece bem e o que os outros quererão ouvir.
Será que é a vontade de passar por querubim quando se tem o diabo dentro do corpo?

Há, ciclicamente, umas campanhas de angariação de não sei quê e uma recolha de fundos pra não sei onde.
Aparece a Caras, aparece a RTP e os programas de merda cor de rosa (que envergonhadamente vejo ehehehe) e é "o acontecimento"! Depois da festa e da publicidade...aquilo era pra quê mesmo?

cri...cri...cri (os grilos...a única coisa que se ouve)

Depois tem o pequeno detalhe em que não quero viver num mundo perfeito (ainda que o conceito seja quimérico).
Não tenho paciência para a ideia de paz (não no sentido bélico da coisa), não tenho saco pra andar por aí paradinho à espera que Deus deixe cair qualquer coisa do céu.

Sou predador e assim quero continuar.
Posso nunca vir a ser o rei da selva...mas quero ter a possibilidade de tentar.
Posso ter muitos desgostos com o mundo mas quero ter a oportunidade de ter alegrias.
Quero ter a possibilidade de me distinguir da multidão.

Não...o veneno não me tiram!

Wednesday, July 12, 2006

Minuto



Aproveito para assumir um momento que raramente me acontece e que nunca dura...daí ter o título de minuto.

Agora, tou sem vontade de fazer nada...respiro porque é instintivo e olho porque não posso dormir.

Tenho a sensação de que estou perdido e que não vale a pena nada do que faço, não tenho qualquer competência, tudo sai mal, tudo aparece quando não devia e, especialmente, que o mundo se uniu pra dar cabo de mim.

Agora, vale-me uma luz que chega sob a forma de mensagem escrita e me faz acreditar que nem TUDO na minha vida é mau e nem tudo é áspero.

Porque me sinto assim?

É triste a realidade, no entanto, terá de ser assumida...não há nenhum motivo em específico, não há nada que justifique a minha amargura.

Ou melhor, na verdade há mas é ridícula vista de fora (como tantos problemas e encruzilhadas o são), é o contraponto do que me faz forte, é a faca de dois gumes.

Sou aquilo a que se pode chamar obstinado, sou aquilo a que se pode chamar camião. Vou e levo o que aparece à frente. Sou movido a confiança, uma confiança baseada em factos e não na imaginação, uma confiança virtualmente inabalável...menos quando acho que fiz merda e a culpa é minha.

Não suporto o meu erro, não suporto não cortar a meta em ombros (que no caso são os meus).

Quando assim não acontece bate-me este fundo de poço...mas passa rápido.

Feliz ou infelizmente, não me posso dar ao lucho de ficar abatido e deitado na estrada.

O minuto está a passar e tudo está de volta ao normal.

Tuesday, July 11, 2006

Ah?!

De vez em quando apanho uns quantos (mais precisamente umas quantas, infelizmente) idiotas ao telefone.

Frases carregadas de "Eu quero", "Faça isso", "Mande-me aquilo", "Se não pode ser assim não é de maneira nenhuma" e por aí adiante.

Porque são idiotas?
Em primeiro lugar, e isto é importantíssimo, porque são mal educadas e mal formadas, não é forma de se falar com ninguém, não é maneira de tratar quem quer que seja.
Em segundo lugar (e isto sim é de arrepiar até ao último pêlo)...a parte forte da "coisa" não são "eles" mas eu....

É um mundo de loucos...

Eu posso fazer e desfazer, eu posso aceitar e recusar (basicamente como me apetecer), eu posso dizer "não" com a maior facilidade do mundo, eu posso negar tudo que me é pedido sem nenhum (NENHUM) custo acrescido para mim....e eles "querem", eu tenho de "obedecer"....devem ter andado a distribuir LSD e ninguém me avisou.

Este tipo de comportamento traz um incoveniente enorme...é a mim que apanham do outro lado da linha.
A minha paciência é muito limitada.

Admito (não poderia fazer outra coisa) que as pessoas não tenham um nível de instrução (que não educação) que lhes permita entabular uma conversa elaborada e tendente a criar empatia com o interlucotor (eu). Sou incapaz de me fazer valer da minha posição perante quem "não sabe" ou "não entende" as coisas mas reconhece que eu a posso ajudar e é a única forma de se "safar".

Não peço submissão, peço respeito.

Agora, um caralho que se apresenta como "Dr." sem se saber porquê (há pessoas que usam "Dr. como nome próprio...é a república das bananas mesmo) e que por um qualquer motivo que desconheço acha que sou empregado dele...terá de suar muito (e às vezes nem assim) para conseguir o que facilmente lhe seria dado em 2 minutos de conversa respeitosa.

Detesto pretensiosos, detesto tipos que se põe em bicos de pés, detesto "Drs." de merda...

Acabei de falar com uma (surpresa..era fêmea!!!) que me disse que "Queria e queria agora" acabando com um "Mande-me isso".

Eheheheeheheh

Fenris disse-lhe "Mando se tiver tempo e especialmente vontade. Aliás...eu trabalho para si e ninguém me avisou?! Bem...ou é isso ou é a Sra. (naturalmente ignorei o Dra.) que anda equivocada".

Esta deve ter mandado fumo pelas fuças.

Batido o telefone no descanço (nem sei se ela tinha desligado) veio-me à cabeça aquela sábia frase...aquele conhecimento popular que muito me orgulho de trazer comigo:

"Puta que te pariu!"

Monday, July 10, 2006

PVF

É verdade que um cacto precisa de pouco,
é também verdade que precisa de ti.
É verdade que aos outros se faz mouco,
é também verdade que precisa de ti.

O sol nascia despliscente e desinteressado
e o cacto nem por isso se sentia menor.
Havia dias em que se queria inanimado
e outros havia em que era inacessível à dor.

Há, no entanto raios que penetram na alma,
encontrou um desses o espinhoso ser.
O frio da seiva transformou-se em chama
e um batimento no peito começou a aparecer.

É a fonte do aperto e do prazer.
É o calor do dia e o frio da noite.
É a vontade pulsante de viver.

O Não

É uma palavra que em termos de relações pessoais me sai com uma facilidade incrível mas que profissionalmente está bloqueada.

A minha vontade é fincada com um "não" sempre que não me agrada qualquer coisa, sempre que me parece de pouca utilidade ou que não me trará satisfação.
Não tenho qualquer tipo de problemas em negar um comportamento ou vetar uma ida a um qualquer lugar que, na altura, não me apeteça ir. Já foi muitas vezes confundida com atitudes de menino mimado, já foi confundida com mau feitio, já foi confundida com ser do contra...talvez seja mesmo uma delas ou todas elas mas a verdade é que não tenho qualquer problema com isso.

Não me apetece não faço.
É uma lógica simples.

Profissionalmente, no entanto, é uma outra história.

O "Não" soa-me a incapacidade de produzir, soa-me a derrota...e com isso lido muito mal.
Sou competitivo, sempre fui, detesto o segundo lugar, detesto imaginar que há alguma coisa que não consiga fazer, detesto sentir-me incapaz do que quer que seja e detesto, ainda mais, assumir que alguma coisa será demais para mim.

O "Não" simplesmente não é opção.

É uma forma simples de me manipular e uma maneira simples de me fazer encher os olhos de sangue...tentar passar subliminarmente que não sou capaz de qualquer coisa.
Tem a virtude de me tornar eficaz, as coisas serão feitas...não existe alternativa.

Quando caio em mim, depois do "Sim" fico fodido por não impor determinados limites a mim mesmo, fico fodido de ser tão simples empurrar-me para 16 horas de trabalho, fico fodido de me deixar levar pelo lado competitivo negligenciando a minha saúde mental.

Desabafo ridículo este, não tem qualquer utilidade.
Daqui a 15 minuto o telefone toca e eu vou dizer "Sim".
É uma idiotica da qual não consigo fugir, é uma estupidez que me seguirá sempre.

A consciência reconhece mas o instinto manda.

Sunday, July 09, 2006

Pureza

É o quê?

A busca incessante pela semelhança e pelo "ancaixe" deixa de parte o melhor que o mundo tem...a diversidade.

A mescla de elementos é a criação da diferença e do novo, para mim, do próprio avanço do mundo.
A construção de arquétipos teóricos resulta de imagens pré-definidas, de conceitos, muitas vezes, gastos, de uma construção que resulta da observação do igual e da falta de vontade de torbulência.

A diferença mostra o caminho, a diversidade mostra o que de outra maneira não se conseguiria ver e a miscegenação foi e é a mãe das maiores belezas.
O que seria de um mundo (que uma franja idiota e mononeuronal defende) que não tivesse África metida na Europa e Ásia crivada na América?

Seria chato!
Seria cansativo à vista!
Seria pobre!

Uma caixa heremeticamente fechada não perde ar mas não recebe ar novo.
Uma gaveta fechada não permite a confusão mas atrai o mofo.

O arco iris é o corte do azul ou do cinzento do céu.
O outro é a riqueza daquele.

Saturday, July 08, 2006

Ego


FORÇA!

É a primeira e última palavra que encontro para definir o que sou e o que vejo em mim.
Estou longe de ser boa pessoa e mais longe ainda de ser o bom escuteiro.

As apreciações externas pouco me interessam, o que pensam de mim nada me diz porque nada me acrescenta.

Tenho bem presente que quero bem a quem me é querido, sei bem o que isso representa para mim, sei bem o que me custa ser a fonte de desapontamento.

Egocentrico é outra palavra que me serve como uma luva.
Parto de mim para o mundo e não o inverso.
As virtudes apregoadas como tal não são as minhas, sinto-me filho do desejo e do fogo, sinto em cada arfada de ar a necessidade de estar bem na minha pele.

Não encontro felicidade nem satisfação no sacrifício, não o vejo como "bom", vejo-o como admirado por quem vive fora de minha casa....e isso nada me interessa.
Não sei por que razão quem morre passa automaticamente a ser bom samaritano. Se foi filho da puta em vida, que a terra lhe seja bem pesada e que o calor do inferno lhe dê um belo bronze.
Não sei porque o egoismo (não o que cega e prejudica terceiro em benifício próprio mas o que te faz ciente do que queres) é um mal, nunca farei ninguém feliz se eu não for feliz antes.

Incomoda-me os moralistas de vão de escada que têm debaixo do casaco todos os desejos reprimidos que acabam em depravação.
Incomoda-me os senhores das verdades. Se o fossem vendiam o que sabem e deixavam de me encher a paciência.
Incomoda-me a manada monodireccionada e monocromática que faz isto e aquilo "porque sim" sem nunca saber porquê.

Eu Quero o céu e a terra.
Eu Quero o mundo na minha mão.
Eu não sou intermédio, eu sou extremo.

Eu Quero o Meu Mundo e não o que me encomendaram antes de eu nascer sem me perguntar se me agradava.

Eu+Eu+Eu+Eu

Ilusão

A dor dos outros é a incógnita das incógnitas.
Ouve-se com uma frequência absurda "eu entendo" e "sei o que estás a sentir" e "isso passa".
"Eu entendo"....entendes o quê?
"Sei o que estás a sentir"...sabes como?
"Isso passa"....e passa quando?
Nunca vi utilidade na comiseração, desconheço o que essas frases feitas terão de milagroso para fazerem qualquer tipo de efeito, não sei de onde vem a capacidade de entrar na pele dos outros por mais que os conheçam e por mais similar que seja uma situação passada.
Poderia qualificar como pretensioso este tipo de comportamento...mas não acho que seja.
Acredito que em muitas situações será um intenção sincera de quem quer ajudar, no entanto, não faz sentido e não ajuda.
A dor resulta de uma sensibilidade que resulta de uma visão que resulta de um sentimento que resulta de uma vivência.
Como poderá ser entendida por quem não a sente?
Como poderá alguém ter uma leitura emocional tão precisa de outra pessoa?
Como se sabe um resultado que não provém apenas da soma simples das parcelas?
Não dá...não é possível...
Quanto a mim, a ajuda vem do ouvido do outro e do ombro.
Não quero que me "compreendam" e nem que "saibam o que estou a passar".
Chega-me (e já é tanto) saber que alguém estará lá e que estará lá por mim.
Não entendam...respeitem

Friday, July 07, 2006

Fragilidades

Engraçado....

Passam-se anos em construção de um baralho de cartas.
No momento em que a construção ocorre parece estar a pousar-se tijolos ou granito, parece que se é o porquinho previdente e não os porquinhos desleixados.

Há um certo conforto na ideia de que se é o que se pensa e que se reage como se prevê.
Muitas (a maioria absoluta) consigo ser tudo aquilo que vejo no espelho, no entanto, acabei por dar de cara com o facto de que o espelho reflete a imagem e não a alma.

"Sou o homem que adora as pedras e que odeia as rosas."

Sempre me defini mais ou menos nestes termos, sempre me vi em solipsismo, sempre me encontrei sozinho na escuridão....e sempre foi essa a minha vontade.
No dia em que entrei no jardim, "no" jardim e não "num" jardim, as pedras acabaram por perder o encanto e a lâmpada ganhou o seu valor.

Gosto da flor e espero que ela goste de mim.
Gosto da claridade e espero que ela goste de mim.
Gosto de andar com "A" companhia e espero que ela goste de andar comigo.
O início parte sempre do vazio...

Não é minha intenção vender receitas de felicidade e nem melhorar o mundo.
Não é minha vontade iluminar mentes (ainda que miraculosamente fosse capaz de tal feito) e nem de descobrir o sentido da vida (pelo menos conscientemente).

É, sim, minha intenção compilar o que de outra forma jamais conseguiria (sim, foi tentado), juntar, que não organizar, momentos desconexos e descompassados.

Parece, de facto, paradoxal publicar o que não se tem a intenção de que seja lido....no entanto, nunca foi minha vontade ser imparcial e muito menos coerente.

É a vista da minha janela, muito pouco ou nada mais que isso.