Friday, May 15, 2009

À medida que os anos vão passando, vou dando menos valor ao que se diz e mais ao que se faz.
Está a acontecer o mesmo com a música, vou trocando cada vez mais (ainda que nunca definitivamente, na verdade, por muito que se negue, há momentos em que até a mentira é bem vinda) as palavras pelo acto.

A título de exemplo...

http://www.youtube.com/watch?v=Gsz3mrnIBd0&feature=related

Thursday, May 14, 2009

É o bonde do dom que me leva
Os anjos que me carregam
Os automóveis que me cercam
Os santos que me projetam
Nas asas do bem desse mundo
Carregam um quintal lá no fundo
A água do mar me bebe
A sede de ti prossegue
A sede de ti...
Preciso de alguma coisa e quando preciso de alguma coisa, o perigo espreita.
Tenho o hábito de não contar com ninguém, o que implica que seja eu mesmo a suprir as necessidades que apareçam. Umas vezes com a realidade, outras com a fantasia, umas vezes com a verdade, outras vezes com a mentira.

O perigo, quando preciso de alguma coisa que não me posso oferecer é que tendo a confundir tudo e mais alguma coisa.
Foi em momentos parecidos com estes que achei, umas vezes, que estava apaixonado e, outras, que alguém estava apaixonado por mim.
Por norma, não tenho necessidade/vontade de depender animicamente de ninguém, então tudo é muito simples e, porque assim, é, raramente acho que alguém quererá alguma coisa de mim.

Agora, temo o que me desagrada em, basicamente, toda a população terrestre: Procurar.
Sempre achei (e este estado de incompletude não altera isso) que há coisas que, pura e simplesmente, não se procuram, aparecem quando e se tiverem de aparecer.

Procurar implica necessidade, necessidade implica subjectividade, subjectividade implica distorção da realidade, distorção da realidade implica erro.
Simplificando ou tentando fazê-lo:

"Uma mulher coloca-te a mão no ombro"
Como, apesar dos pesares, não sou tão pretensioso como pareço, acho que isso acontece porque a mulher em questão quer passar ou precisa de se apoiar por um qualquer motivo.
Em momentos como este, acho que quer mais alguma coisa, estará, dissimuladamente, a chamar-me a atenção e a dizer que existe.

Em momentos como este mas menos tensos, acharia que me quer comer, por exemplo.
Em momentos como este, actual, acho que me vê como a melhor coisa que lhe pode acontecer.

O enorme perigo, então?
Bem, uma vez, quase em vidas passadas, apaixonei-me porque ela estava apaixonada por mim.
Foi uma merda que não fez bem a ninguém.

Tuesday, May 12, 2009

Arte

Sinto a terra comer-me os pés.
Não me entristece, não...
Parece um castigo justo para quem fez
mártir o destino em prol da razão.

Não tenho para onde ir,
não tenho estrada para caminhar.
Vejo, ao longe, abutres a vir
e nem isso me faz animar.
É a sensibilidade que fugiu
assim que a água subiu.
É a dor que desapareceu
assim que o desejo morreu.

Quero nada, quero sombra.
Já vi o sol vezes demais
e, de alegria, nada sobra.
É muito, é cor a mais,
quero nada, quero sombra.

Monday, May 11, 2009

Billie Holiday

'Cause he ain't got rhythm
Every night he sits in the house alone
He ain't got rhythm
Every night he s@ts there are wears a frown
He attracted some attention
When he found the fourth dimension
But he ain't got rhythm
So no one's with him
The loneliest man in town

Oh! lonely man is he
Bending over his books
His wife and family
Keep giving him dirty looks
'Cause he ain't got rhythm
When they call him up
It's to call him down
With that daring aviator
He encircled the equator
But he ain't got rhythm
So no one's with him
Loneliest man in town
Apetecia-me escrever uma coisa pró metafórico, não porque tenho vontade de impressionar ou tornar a leitura mais apetecível mas porque se for dito de forma nua, crua e despudorada, vai doer-me bem mais.
Ainda assim, mesmo sabendo que me rasga a pele e me fura o cérebro, não consigo contar esta imensa idiotice de terceiríssima categoria que carrego como se de ferro se tratasse.

Custa-me muito saber que não aguento, que me perco, que te quero, que não conseguirei ter-te, que já muitas luas se passaram, que a lembrança pode ser o mais diferente que se possa imaginar da realidade ultrapassada, que, na realidade só te quero porque não tenho vontade de querer mais ninguém.

És a única promessa que não consegui cumprir.
Já tentei tudo de que me lembrei, menos o que, eventualmente, deveria ter tentado logo de início.
De todas as idiotices que fiz, dos telefonemas que não evitei, dos outros que desconheço se consegui evitar porque apaguei o registo antes de poder, no dia seguinte, confirmar, a que recuso com todas as células do meu corpo é tentar recuperar-te.
Nunca o propus, nunca o irei propor. Não sei se quero mas tenho a certeza que não iria conseguir segurar.

Há pessoas a quem desejo muito melhor do que prender-se a quem não consegue manter-se no mesmo rumo muito tempo.
Hoje, detesto-me.
Detesto-me pelo que continuamente faço sem necessidade ou fundamento.

Detesto-me e não consigo, de todo, perceber como não me detestas também.
detestável... absolutamente detestável!!!

Thursday, May 07, 2009

Acho que as pessoas salvam-se umas às outras, quando se encontram. Quando não se encontram, dá na merda que se vê olhando à volta.

Desde tenra idade acredito que será uma mulher a salvar-me, a conter-me, a segurar-me o braço quando quero ir embora.
Talvez seja a minha visão romântica (um romantismo muito particular e tão forte como subliminar enquanto caminho) de como as coisas deviam ser, é possível que seja, também, utópica mas temos de acreditar senão...

Preciso que me seja dado um motivo para ser menos eu, para não passar a vida na faixa rápida, para dormir mesmo em vez de apenas fechar os olhos.
Esta é uma das minhas (muitas) limitações, a incapacidade de evitar certos e determinados movimentos que, além de não serem bonitos, não beneficiam ninguém, nem sequer a mim.
Parecerá parvo mas, contudo, é verdadeiro: Há coisas que faço porque não tenho motivo para fazer diferente.

Agora, a verdadeira, pura e cristalina estupidez:
apesar de acreditar piamente em tudo que disse, de querer, mesmo, que exista alguém que controle os meus defeitos e excessos, não consigo deixar de pensar que tenho de ter a capacidade de largar tudo (absolutamente tudo) muito rapidamente e não olhar pra trás.

Utilitarismo + maquiavelismo + romantismo.
(ainda acham que sou normal?)
"Isto assim não tem graça nenhuma...."

"Sem mim?"

"Haveria de ser o quê?"

"Já vou..."

Não é pretencioso.
Não é a pedido.
Não é coisa nenhuma.
Não é um convite.
Não é uma declaração.
Não é coisa nenhuma.
Não é provocação.
Não é tensão.
Não é coisa nenhuma.
Não é tesão.
Não é saudade.
Não é coisa nenhuma.
Não é futuro.
Não é passado.
Não é coisa nenhuma.

"Abri um Veuve Cliquot agora mesmo e lembrei-me de ti"

"Pois, coisas boas lembram-te de mim"

É um nada que sabe bem, muito bem.
Hoje fui bater-te à porta.
Desconheço o que guiou os meus pés, nada em mim aponta para ti mas, ainda assim, fui bater à tua porta.

Há um conforto que te rodeia, há uma calma que me envolve.
É estranho...
Acho que gosto cada vez mais de ti porque, no fundo, para mim não existes.

Wednesday, May 06, 2009


Durante muito tempo sentia uma alegria brutal quando ouvia samba (deste tipo, o de raiz, o mais corrido agrada-me menos), era a minha música de fim de expediente à sexta-feira, este ritmo de cobra que se enrola à nossa volta sempre foi muito amigo dos meus ouvido.
Hoje, a coisa já não é assim.

Hoje, lembra-me de tudo o que me desagrada.
Lembra-me que ainda aqui estou.
Lembra-me que não posso decidir meter-me num boteco e beber cerveja enquanto isto me cerca.
Lembra-me que, apesar do que se diz, o sonho tem limites, especialmente o limite imposto pelo tempo que vai esgotando a possibiliade dele se tornar palpável.

É mais que pertinente perguntar porque continuo a ouvir.
Apesar de eventualmente disparatada, a resposta é simples: Não consigo evitar.
Não tenho muitos exemplos de casos que me incomodam, hábitos de que não me consigo desligar, apesar de dever (poderia falar dos cigarros, mas isso ainda só me dá prazer, não lhe sinto, ainda, o mal).

(a coisa mais parecida com este sentimento de miséria alegre é o número de telefone que já apaguei de todo o lado mas que os meus dedos ainda sabem...).

Poderá não fazer qualquer sentido mas...é qualquer coisa como "se quiserem rezar por mim que o façam a sambar", é etéreo e vai-me ser mais útil, esteja onde estiver.