Tuesday, July 30, 2013

Não os conheço NEM os quero conhecer!

A falta de vergonha é ambivalente. Tanto pode ser divertida como catastrófica e ofensiva, dependendo que quem profere as imbecilidades e o tema sobre que versa.

Por exemplo:
Acho que há duas épocas atrás, logo depois de ter sido campeão nacional, o Jorge Jesus disse, primeiro, que tinha a certeza que ia ganhar a Champions um dia e que acreditava, até, que esse dia tinha chegado.
Esta época disse uma imbecilidade ainda maior: que o SLB estava próximo de atingir a hegemonia nacional no futebol.

Ora, este é um exemplo da falta de vergonha divertida.
Só um gajo que viva numa outra dimensão pode tomar como séria qualquer uma das afirmações.
É um número de tão má qualidade que poderia, talvez, integrar os Batanetes.

Depois há uma cena como a do Machete, que é bem menos divertida.
O tipo que supervisionou a SLN durante 8 anos (acho que foram 8) e, por essa via, o BPN nunca viu nada de estranho (o que levanta questões sobre o terma suprvisão ). Mas ok, vamos assumir que não viu nada mesmo e entendê-lo, apenas, como incompetente.
O tipo também esteve metido no BPP. Para surpresa generalizada, foram estes os dois bancos que foram de vela. Ambos com contornos estranhos, ainda que um mais do que o outro.
Vamos, então, partir do princípio que nada de ilegal praticou o Sr. Machete. Vamos, por bondade, assumir, também, que não foi incompetente.
É, no mínimo, aquilo que os nossos irmãos do outro lado chamam de Pé Frio. Algo de que também não precisamos.
Ah, quase me esquecia!! O nosso novo MNE não é lá muito bem visto pela diplomacia americana por conta da Luso-Americana que dirigiu 20 anos. Os Americanos não ficaram muito convencidos da bondade do Sr. Machete e da forma como ele dirigiu os fundos que os americanos para lá mandavam.
Poderão dizer: ah, mas foi só com os Americanos, é só um povo.
Pois é. Foi só com os diplomatas do país mais poderoso do mundo. Foi só isso. Foi só com os gajos que mandam nisto.
AH! E o filho do Sr. Machete é Juiz Conselheiro. Coincidências e cenas...

A finalizar, o Sr. Machete foi convidado de véspera e decidiu em 3 horas. E como se não bastasse contar-nos que isto do Governo é montado à pancada, ainda achou desprezível perguntarem-lhe sobre a sua ligação ao BPN, ligação que esqueceu (um síndrome recorrente, o Franquelim sofreu do mesmo) de mencionar no CV.

Isto não tem graça.
Isto não é entretenimento.

A finalizar, o Sr. Machete ainda entende como 

Saturday, July 27, 2013

O Álvaro

Não vou, aqui, fazer o mesmo papel que se faz quando as pessoas morrem. Como toda a gente já reparou e muita dessa mesma gente praticou, quando alguém bate a pota passa, de imediato, a ser um gajo porreiro, cheio de virtudes quando em certos casos a única virtude do falecido foi tê-lo feito.

O caso do Álvaro é o mesmo do do Gaspar e o de tantos outros antes dele.
Quando o Gaspar foi embora logo muitas Madalenas choraram a sua partida. Essas neo-Madalenas seriam, algumas delas, umas prévias Medusas ou nem sequer renasceram mas antes limitaram-se a nascer. Mais! Foi possível ver naquela carta que o Gaspar deixou uma manifestação de humildade e não um ajustar de contas; nã, ele não disse que o PM era incapaz de liderar; nã, ele não disse que falhou porque se demoraram a mandar-lhe uma qualquer carta; nã, não fica subentendido que foram as circunstâncias que o rodearam que impediram o sucesso. Nada disso!
Ele foi, na verdade um mártire! Vamos ter muitas saudades dele!!

A quantidade de gente que pratica a mais antiga profissão do mundo mas que lhe chama uma outra coisa é alucinante...

O Àlvaro só foi diferente porque até simpatizo com ele. Não posso garantir que não seja a mesma simpatia que sinto por uma criança, de forma inata, mas a verdade é que sinto.
Quando o Álvaro pedui que o tratassem, justamente, por Álvaro eu ri-me. Não porque tenha achado ridículo, afinal, foi assim que o baptizaram, mas porque aquilo demonstrou a inocência de quem está a nascer numa realidade que não conhece.
Neste país em que está na moda dizer-se que há demasiados Drs. e que isso é indiferente... Álvaro foi e é massacrado por querer que o tratem pelo nome.
Também me pareceu que o Álvaro não era um aparatchik. Obviamente não o era por ser independente e virgem à política mas poderia sê-lo quando confrontado com a realidade que se apresentou...e eu não fiquei com a ideia que tal aconteceu.
Poderá questionar-se a mansidão que revelou quando foi uma e outra vez destratado mas, mal ou bem, nunca atirou a toalha ao chão. Tiveram de lhe dar um KO e, isto talvez seja o romântico em mim, é sempre mais digno o KO!

Mas, pasme-se, agora o Álvaro era o São Jorge para os dragões que eram os lobbies;
agora, o Álvaro era um tipo com uma visão diferente mas certa na forma como o poder deveria ser encarado;
agora, o Álvaro é fixe!

Otários!

Friday, July 26, 2013

A empatia é uma qualidade muito valorizada mas que serve de entrave em muitas e diversas situações.
É comum, por exemplo, ouvirmos dizer que a juventude se desperdiça nos jovens e, se tivermos uma visão retrospectiva, esta afirmação não é desprovida de sentido. Os anos passam e nós ficamos, espera-se, mais espertos e vividos. No entanto, a empatia tende a crescer na mesma medida em que vamos experimentando e isto sendo, em si, positivo, obsta a que tomemos decisões que deveriam ser tomadas por respeito aos outros; e se os outros nos merecem todo o respeito - bem...nem todos os outros - não é menos verdade que a falta de vontade ou de capacidade para ferir nos mantém, as mais das vezes, inertes.

Não é esta uma apologia ao solipsismo ou a que nos tornemos eremitas ou que aceitemos, sem entraves de nenhuma espécie, a lei do mais forte no seu estado mais puro.
É uma apologia, isso sim, a que se avance, como tem de acontecer, apesar de, infelizmente, se ter de deixar uns corpos pelo chão.

É nisto que a juventude não é desperdiçada nos jovens.
Os jovens têm a imensa vantagem de tomar decisões sem as terem vivido, do outro lado, antes. É uma insconsciência que permite ir porque as circunstâncias e, muitas vezes, os resultados são desconhecidos.
Não é só por questões físicas que as primeiras linhas dos exércitos e as forças de assalto são entregues aos mais novos - cuja consciência é limitada pelo que viveram, nem boa nem má mas apenas limitada - enquanto os planos mais elaborados e sofisticados são deixados aos mais velhos - cuja consciência é menos limitada e que na ausência da visão concreta consegue dirigir o resultado necessário sem um entrave empático.

É por isso que, por exemplo, o Comunismo e o Fascismo têm apoiantes jovens. E é, também, por isso que a sua base de apoio vai diminuindo à medida que a idade dos seus apoiantes avança.
O pessoal cresce e aprende a pensar.
No caso do extremos, ainda bem.
No caso da necessidade de se ir mais além e derrubar paredes, menos bem.

A Igualdade de Tratamento

Antes de partir para o que pode parecer, para uns, o homem das cavernas, deixem-me dizer que não sou, de forma nenhuma, a favor da discriminação por sexos e nem de que uma mulher só deveria pilotar o fogão.
Dito isto, tenho uma aversão imensa ao feminismo não como movimento histórico de igualdade (a possível) de tratamento mas como a coisa travestida e masculina que é hoje.
A rematar este intróito, que fique claro que fui criado por mulheres e que, por isso, lhes tenho o maior respeito possível.
(sinto-me um bocado como aquele gajo que não é racista e que precisa de justificar e clarificar que o não é por uma questão de correcção política mas...).

Bem:
neste momento parece-me cada vez mais equilibrada a distribuição masculino/feminino nos espaços de comentário político que polulam na tv. Não é uma afirmação científica mas parece-me.
Ora, a maioria das comentadoras deixa-me nervosíssimo. Como exemplo destas que me dão nos nervos posso citar, a título meramente exemplificativo, a Ana Gomes, a Constança Cunha e Sá (que se reparte, pensa ela, entre comentadora e moderadora) e qualquer das comentadoras atreitas ao BE.
Porque me deixam elas nervoso?
Parecem-me imensamente histéricas. São irritantes. Constantemente a interromper mas odeiam ser interrompidas. Adoram levantar a voz.
E aqui entra esta coisa da igualdade!
Porque não são os comentadores masculinos tão histéricos, irritantes e engrossadores de voz? Não, não me parece que seja uma questão de possuir ou não possuir um orgão que trabalha na reprodução externamente. É porque sabem que quando entram num esquema destes terão o reverso da medalha da parte do outro comentador o que levará a que a coisa se torne imperceptível para quem assiste e desprestigiante para os próprios.

Porque o fazem as mulheres, então?
Poderemos dizer que é uma questão de género?
Não me parece que seja. Conheço muita mulher e trabalhei e trabalho com algumas e nunca tive uma experiência perenemente histérica.
Será por se sentirem ameaçadas pelo elemento masculino e, por isso, tentam a toda a força fazer-se ouvir?
Não me parece. O elemento masculino costuma falar mais baixo e respeitar mais os tempos alheios.
Será porque sabem que o podem fazer?
Aí está! Eu acho que é isto.
Elas sabem que eles não podem levantar-lhes a voz como elas lhes fazem a eles. Elas sabem que no momento em que lhes for pago na mesma moeda aquilo que praticam elas ou alguém por elas chamar-lhes-ão machistas e dirão que estão a tentar intimodá-las. Elas sabem isto e eles sabem também daí que me pareça uma coisa mais defensiva do que paternalista.

Não é possível, neste contexto, uma igualdade de tratamento.
Não sei se eu conseguiria levantar a voz a uma mulher... custa-me mas é possível de acontecer quando me irritam o suficiente mas isso é longe, muito longe.

As meninas que comentam aproveitam-se do contexto social para fazerem o que não admitiam que lhes fizessem.
Eu acho tudo isto...e ainda assim, por muito irritante que isto seja, compreendo os gajos. Eu faria o mesmo. Mas isto NÃO É igualdade de tratamento.

Wednesday, July 24, 2013

Confucio

Há uns dias surgiu a notícia que de que a China ia criminalizar a não visitação dos pais pelos filhos.
À mesa, toda a gente ficou chocada menos eu. Não que a ideia não seja, aos olhos ocidentais, uma insanidade mas com um pouco de conhecimento de como as coisas funcionam no império do meio, tanto em termos culturais como em termos da ditadura que é, a estupefacção seria menor.
Aliás, não foi difícil aos repórteres encontrarem chineses tão indignados como os ocidentais quanto à matéria e, correndo o risco de dizer inanidades, como sempre corro, esta indignação de alguns chineses será um dos motivos para que a tal lei tenha entrado em vigor.

Os tipos que mandam na China não são parvos. Podem ser muitas coisas mas parvos não são.

Eles hão-de ter percebido algumas coisas e uma delas é que a modernização chinesa e o nascimento de uma classe média poderia levantar problemas porque se quem nada tem se contenta com pouco quem tem pouco quer mais um bocado e isto tem um efeito exponencial.
Ora, esta lei é a codificação de um costume que se baseia no Confúcio; é passar a letra o costume de que a família é o núcleo essencial e de que é obrigação dos filhos tratarem dos pais. Na verdade, foi este princípio e costume irrevogável (não no sentido do Portas mas no real) que levou a que o pessoal quisesse ter o maior número de filhos que conseguisse para assegurar a velhice, como tinham feito com eles os seus pais e por aí adiante.
Este princípio é, contudo, mais fácil de realizar quando a base é agrícola e quando a miséria grassa porque não é questionado. É a sobrevivência e não o conforto.
À medida que a China se industrializou e o pessoal começou a mandar-se para as cidades aconteceu o mesmo que em qualquer parte do mundo: mais gente mas mais atomizada. Mais oportunidades mas mais gastos...e isto leva a que cada vez mais pessoas tentem libertar-se do peso da velhice e queira que o Estado se encarregue disso.

Foi sempre assim a evolução para o capitalismo e será assim também na China.
Tanto assim é que foi legislado algo cuja necessidade era impensável há uma década.
O Governo chinês quer segurar a tradição e, de caminho, evitar gastos sociais.

A juntar a esta festarola temos o Brasil.
É verdade que isto é uma abstracção do problema, ou seja, é tentar ver o Efeito Borbuleta enquanto ele ocorre, o que torna a hipótese de falhar muito maior mas...
As manifs no Brasil, na minha opinião, foram um alarme que despertou muitas das ditaduras que ainda polulam, assim como a Primavera Árabe o foi para o pessoal daquela parte do globo.
O nascimento da classe média, o que aconteceu com Lula apesar de todos os mensalões desta vida, levou a que a expectativa crescesse, levou a que a exigência crescesse, levou a que o controlo de mentalidades se tornasse mais difícil. JAMAIS pensei que veria brasileiros a exigir melhor saúde e melhor educação em troca de uma mundial de futebol! Nunca! E aconteceu.

Visto isto, os chineses querem continuar a controlar os seus cidadãos com punho de ferro mas isto tornar-se-á cada vez mais difícil à medida que estes tenham outras preocupações além da próxima refeição.
Aliás, com algum conhecimento histórico, é bom de ver que quando os governantes chineses vêm que a coisa está a descontrolar, fecham-se ao desenvolvimento.
Por exemplo, a marinha mercante chinesa era gigante séculos antes das outras serem grandes. O comércio marítimo chinês foi gigante séculos antes de outros povos o tornarem apenas grande. Quando os gajos que mandavam viram que a riqueza estava a crescer fora das suas mãos fecharam a porta...e atiraram a china uns séculos para trás.

Fizeram-no antes e se conseguirem farão novamente.
Eles como os outros (e os outros são todos) impedirão a emancipação o máximo que lhes for possível.

Taylorismo e Fordismo

Apesar de serem coisas diferentes tendem para a mesma funcionalidade: optimização e especialização do trabalho.
Pensarão que isso faz todo o sentido porque hoje a coisa está absolutamente impregnada na sociedade. É por isso que qualquer tipo de actividade necessita de uma licenciatura. É por isso que os especialistas são venerados mesmo que essa especialidade que possuem seja apertar uma porca com a pressão exactamente de que esta necessita.

Sou contra a especialização?
Não, nada disso. Sou contra a especialização que se centra numa porção ínfima de conhecimento e que se limita a ele. A especialização que vai necessitar de 10 especialistas para trocar uma lâmpada. A especialidade que não permitira que o tipo que escreve pode ser o mesmo tipo que lê (eu sei que é hiprebólico mas já o foi mais do que hoje).

Ouvi há uns dias um tipo dizer que o médico que só sabe de medicina nem de medicina sabe e tendo a concordar com ele e a estender esta afirmação para qualquer profissão que se pretenda imaginar.
O Da Vinci deve sentir-se imensamente parvo. Ele e os iluministas como ele...

Eu entendo que as áreas de conhecimento são tão vastas e potencialmente ilimitadas que é impossível a alguém saber tudo sobre tudo, tudo sobre uma miríade de áreas. Isso é evidente.
O que eu não entendo é que se capacite alguém para um movimento apenas; para um par de metros apenas; para um conjunto de letras apenas.

Afinal, não somos assim tão parvos, pois não?

Saturday, July 20, 2013

Porquê, Seguro?

Ouvi o Seguro, ontem, e como se previa (ainda que não pelo novo mago da governação José Gomes Ferreira) não foi possível chegar a acordo. Era evidente. Era óbvio.
O PS não aceitará o papel de bad cop antes de ganhar as eleições. Em que planeta se pensava que iam apoiar o corte de 4.7 mil milhões (ou outro parecido)?
O Seguro, ainda que domine a máquina partidária, como se provou com o caso Costa, não é líder que se apresente a fazer face aos jovens turcos Socialistas; aos tipos que continuam, desavergonhadamente, a defender Sócrates, onde se inclui o próprio.
Por via das dúvidas, os Soares, Alegres e Sócrates do PS avisaram que ia haver uma cisão (expressão com graça, quando sai da boca do Soares) e que a assinatura de um acordo ia ajudar o PCP e o BE (o que é verdade).

Ah, como me sugeriram o Seguro e mais uns quantos badamecos do PS fui ver a cena apresentada e deu-me vontade de rir: qualquer pessoa que já tenha participado numa negociação de qualquer tipo entende que as propostas eram fogo de vista eleitoral. Revelam uma posição que não permite qualquer aproximação. O acordo com a Troika prevê cortes (acordo assinado, em primeira mão, pelo PS) e o PS apresenta medidas de aumento de despesa e recusa qualquer corte.
Parvoíces da política nacional e uma tentativa activa de nos chamar a todos de parvos.

Só em nota de roda-pé, será útil juntar a estas apreciações a Esquerda nacional:
1) O BE faz um número de circo ao dizer que queria reunir com o PS para pensar numa governação à Esquerda quando o PS está a negociar com a Direita. Previsivelmente, num número de circo a que só faltou o diablo, saiu da reunião a dizer que o PS estava na cama com o Governo. Evidente, bafiento e clássico.
2) O PCP finge que se aproxima do BE quando precebe que existiria uma hipótese de que a oposição viria a ser assegurada apenas por Comunistas. Parvoices.

Sobra-nos, como previ, o Presidente da República.
O que vai fazer, agora, Cavaco?
O seu Magistério de Influência falhou rotundamente e com estrondo.
O PR volta a ser um espantalho a quem ninguém ligou e, em abono da verdade, neste caso nem sequer podia ligar.

Depois desta palhaçada em que ninguém fica bem, suponho que o PR vai aceitar a proposta de alteração do Governo apresentada pelo Primeiro-Ministro numa versão revista de Cavaco e o Rabinho Entre as Pernas.
Deitou gasolina da fogueira; empatou-nos mais uma semana; foi para as Selvagens de onde não deveria ter voltado (nem ele nem o Alberto João) e agora...vai fazer o que se recusou a fazer há uma semana.

É mais um irrevogável.

Thursday, July 18, 2013

WARP Speed

Há uns dias encontrei uma amiga que tinha acabado de chegar de uma viagem que eu desconhecia, sequer, ter começado. A viagem em questão durou 15 dias e abarcou 4 ou 5 países, 7 ou 8 cidades. Uma inanidade!

Como percebeu a minha perplexidade perante aquele abuso fez aquilo que as pessoas costumam fazer quando dão conta da incredulidade alheia perante um qualquer acto que praticara: Explicou-se.
Então, o principal motivo que a tinha levado a fazer a viagem em questão, segundo ela, foi a vontade de conhecer de gás para decidir ou aprender quais dos locais mereciam uma segunda visita.
Ok. É um motivo ou uma explicação lógica...mas...

Pra mim esta coisa de circuitos não dá.
É-me impossível entender o que se faz numa cidade durante 1 dia; preciso de mais do que isso só para me dar conta de que língua se fala e que tipo de roupa se veste.
Depois, quando vou a algum lado não penso em voltar onde valha a pena. Vou a contar que tal aconteça e perco tempo com isso porque há tanto para ver e conhecer que nunca conto voltar e, se o fizer, será depois de ver muita outra coisa que ainda não vi e, nessa altura, o que me parecia super-espectacular poderá muito bem deixar de o ser. E daquela viagem sobra-me a sensação de uma escala.
Esta coisa de testar antes para fazer a sério depois lembra-me da época em que aprendi que é mais útil, no que a fêmeas diz respeito, parecer espontâneo do que ser. Nessa época, batia os lugares onde iria levar o elemento feminino antes para saber o que se servia, o que era bom, para que lado abriam as portas, onde eram as casas de banho....enfim, pareceria muito mais cosmopolita, desenvolvido e conhecedor do que era verdadeiramente.

Quando não pretendemos impressionar os outros, é sempre melhor ser do que parecer. É sempre melhor conhecer do que parecer que se conhece. É preferível um carimbo decente no passaporte do que meia dúzia deles que sejam, em si, a recordação de que fomos a algum lado.

Tuesday, July 16, 2013

Moralismos

Há uns tempos li um livro sobre sociedades secretas, mormente sobre a Maçonaria. Não é o tipo de coisas que faça com frequência porque acho o pessoal das teorias da conspiração uns pirados cujo ADN deve ter vestígios de LSD.
Ainda assim, a moral do livro e da história que lá foi contada é a de que quando se chega suficientemente alto naquela organização é revelado que aquilo tudo é um embuste e que Deus não existe.
Ora, a Maçonaria, como as religiões organizadas, têm mais ou menos o mesmo escopo psicológico: o controlo do rebanho com um ilusório chicote que produz o efeito placebo de doer sem que, efectivamente, exista.

Nada disto é novo mas quando tomamos disso consciência parece estar em todo o lado.

Se olharmos para acontecimentos isolados começaremos a ter noção do que é a fachada e do que é o interior.
Por exemplo:
Na altura da campanha contra o aborto, a maioria daqueles que se lhe opunham pareciam ser da classe alta. Exactamente aquela que não tinha problemas de fazer o contrário do que pregava além fronteiras (e isto não é de ouvir dizer. Era, grosso modo, a mesma classe que pregava ou prega os bons costumes mas que se perdia em cenas como o Ballet Rose. Até porque eram os únicos que podiam frequentar o lugar.
Mas não fica por aqui.
São também as classes altas que iniciaram a festarola da cocaína; foram estas que desenvolveram as orgias e a própria homossexualidade foi, em privado, amplamente aceite nestes círculos.

Os bons costumes estão mais em baixo.
O pessoal mais acima usa-os como arma ou exemplo que não seguem porque se sentem (sempre se sentiram) acima do bem e do mal; a moral é uma coisa incutida a seres inferiores, parece-me ouvir.

É, por exemplo, espantoso que o Papa tenha falado em on do lobby gay no Vaticano. Não é espantoso? Os horríveis sodomitas com um lobby no Vaticano? Apareceu ontem? Apareceu há uma semana? Quantos deles não sobem ao púlpito para condenar a homossexualidade mas depois vão dar o rabo?
Detesto moralistas.

Há uns tempos, foi perguntado a um gay que estava a lançar um livro o que ele achava da política de não uso de preservativo por parte da Igreja Católica. Ele respondeu que enquanto os acólitos forem todos do sexo masculino a Igreja não mudará a sua política.
Quanto ouvi isto tive aquela reacção de mal estar entre o riso e o esgar de dor mas, ainda que tal tenha sido uma piada, não deixa de estar a meio caminho entre a realidade e a ficção.

Saturday, July 13, 2013

Um Mundo Inteiro de Ressabiados

Como muitos, ouvi o PR a falar ao País esta semana e quando, eu como muitos, também, esperava uma coisa parecida com a aceitação do novo elenco governativo...apanhei um choque completo.
Depois disso já muitas interpretações ao que foi dito pelo PR foram feitas e a maioria delas, quando acham isto tudo muito bem, bastantes rebuscadas para evitar replicar, com eficiêcia, o que foi dito.

O que eu ouvi e pensei foi mais ou menos isto:
Foi uma barafunda de afirmações. A afirmação de que o Governo está em plenitude de funções é absurda porque, primeiro, não sabemos que Governo é esse a que Cavaco se refere e, segundo, um Governo com prazo de validade anunciada é, quer se queira quer não, um Governo de gestão e isto não se coaduna com plenitude de funções.
Depois, Cavaco não terá aprendido com Teixeira dos Santos que quando se dá uma meta específica, um número específico, uma data específica, esta torna-se um alvo. Teixeira fê-lo com os 7%. O Governo dos EUA fê-lo com o aumentar de número de assinaturas necessárias para que a Casa Branca se pronunciasse quanto a petições. A gaja que vendeu a virgindade fê-lo ao estipular um valor.

Há ainda que ter em atenção a falta de coragem e o espírito mesquinho e vingativo do PR.
Prevendo alguma (eufemismo óbvio) dificuldade para que PS se junte, de alguma forma, ao PSD e CDS teve a ideia de falar de uma qualquer figura, etérea, de grande prestígio para ajudar as negociações. O último nome de que se terá lembrado foi o próprio e isto não terá sido por modéstia. Obviamente!
Mesquinho e vingativo porque se vingou daquilo que lhe fizeram. Foi, evidentemente, degradante a cena da entrevista antes do entronamento da nova Ministra das Finanças e ele aproveitou, agora, para tentar aniquilar Portas e Coelho. O primeiro um ódio antigo (e recíproco) e o segundo um ódio recente (e, também, recíproco).
Não me entendam mal. Não é que eles não mereçam. Não é que não tenham sido de uma falta de lealdade imensa com o PR. Nada disso. Agora, quando se pede às crianças que cresçam é preciso dar o exemplo...mas Cavaco nunca foi homem para isso.

Por fim, há que ter em conta o reverso da atitude.

Vamos imaginar que, agora, o Governo apresenta uma moção de confiança (nisto, o PR teve sorte porque vai ser apresentada uma moção de censura). O que faria o PR perante um Governo re-legitimado?
Vamos imaginar, também, que na moção de censura a apresentar contará com o voto favorável do PS? O que faria, então, o PR?
Vamos imaginar que o plano corre exactamente como pretendido. PS, PSD e CDS juntam-se num ménage. Quem vai fazer a oposição a solo? Absolutamente a solo? O que fará o PR quando formos assaltados pelos comunistas?

A mim parecia-me óbvio que teria de haver eleições depois da saída da Troika. Se fossemos adultos e sofisticados (talvez como os Irlandeses...) teria havido um acordo, sigiloso, nesse sentido.
Caso o parágrafo anterior fosse tornado realidade, aceitaria o Governo que me apresentassem (podia fazer-me difícil e tal mas aceitava) e protegia a existência de uma oposição moderada.

Mas isso sou eu.

Wednesday, July 10, 2013

Ainda a Percepção

Quando andava na ordem do dia os massacres nas escolas dos EUA discutia-se muito a saúde mental dos tipos que andavam a matar crianças e não só.
Eu, como a maioria das pessoas, vai bebendo, com alguma inocência, naquilo que se vai dizendo por pessoas, supostamente, avalizadas para o fazerem (eu sei que é parvo mas é, também, instintivo).
Num desses programas de post mortem apareceu um preto que disse qualquer coisa como isto: estamos a discutir o problema da saúde mental e do acesso às armas e estes tópicos são muito pertinentes e importantes. Agora, vocês já pensaram o que aconteceria se os assassinos não fossem todos brancos? Já imaginaram se a discussão ocorresse se os homocidas fossem pretos?!

Ele estava coberto de razão mas nunca tal me tinha ocorrido, talvez por não ser preto.
Tenho a certeza que se tivessem sido pretos a matar crianças brancas não se andaria a pensar nem a discutir a sua sanidade mental. Seriam criminosos. Seriam, apenas, homicidas. Seriam marginais.
Como eram brancos, a discussão era, evidentemente, outra.
A palavra racismo nunca apareceu mas, depois de ter ouvido levantar esta hipótese, fiquei a pensar se não estaria presente subliminarmente.

Depois, li numa entrevista do Miguel Sousa Tavares que a mãe ia passear com ele, quando criança, e que, por vezes, perdida no seu mundo perdia-o também a ele. Se bem me lembro, ele ia para uma loja ou qualquer coisa do género, e esperava que ela desse pelo ocorrido e aparecesse, o que ocorria sempre, pelos vistos.
A história foi contada docemente e em termos divertidos. Uma ocorrência sem grande significado.

Ora, se a mãe do Miguel não fosse a Sophia mas uma qualquer anónima que perdesse o seu filho na rua a história seria outra e muito menos doce e divertida.
Será que as falhas das pessoas, neste caso as mães, variam de intensidade e gravidade de acordo com o génio que transportam entre as orelhas?
Não, não variam mas que parece, parece.

A finalizar, mas talvez o principal motivo para me ter lembrado destas coisas, ouvi ontem a notícia que as mulheres andam a ser mais mal tratadas por esta altura.
Não me surpreendeu. Não me surpreende, também, que ocorram mais suicídios, apesar de nada ter ouvido a respeito. Não me surpreende, també, que haja mais abandonos de animais. Não me surpreende, também, que haja mais crianças a abandonar a escola.
A crise é isto. Aritmética simples.
MAS,
e disto, confesso, nunca me teria lembrado, o que levará a mais agressões a mulheres nesta altura específica do ano será o facto de o pessoal estar de férias e os casais terem de conviver mais do que o que estavam habituados!

É espantoso e absolutamente simples.


Crashs e Cenas

Li uma vez a história abreviada de Nathan Rotschild, o tipo que terá dito que não lhe interessava quem fizesse as leis desde que ele controlasse o dinheiro (parafraseando).
Na City há uma coluna que tem o seu nome, a coluna onde ele se encostava e dava ordens enquanto o pessoal dava o suor para as cumprir. As pessoas sabiam que ele estava lá e olhavam-no e estudavam-no; afinal de contas ele era o Oráculo reencarnado o que, ao que parece, não era necessariamente a maior hipérbole do mundo.

Ainda assim, tudo é um jogo de percepções.

Por falta de memória e, também, por falta de vontade de desenvolver pesquisa, contarei aquilo que me interessa sem muitos pormenores porque aqui, como em quase todo lado, o que me interessa é a moral da cena.
O Nathan tinha espiões que iam ver e analisar as coisas que se passavam no mundo in loco para que as informações de que dispunha fossem as melhores e mais fidedignas, bem como as mais rápidas. Não era um segredo, o resto do pessoal do metier também sabia disto...e o Nathan sabia que eles sabiam.
Ora, quando se estava a dar uma batalha fundamental entre Inglaterra e França, batalha que decidiria a guerra, o Nathan mandou gente para ver como aquilo corria e para que lado ia cair a vitória.
Quando o informador chegou, disse o Nathan que a Inglaterra iria ganhar e, acto contínuo, Nathan mandou os empregados venderem tudo que tinham na City...porque sabia que os outros sabiam que ele sabia; quando todos perceberam o que se estava a passar, começaram, também, a vender tudo por pensarem que Inglaterra tinham perdido.
No momento em que os preços tombaram para mínimos ridículos, Nathan comprou tudo e, ao que parece, multiplicou a sua fortuna várias vezes. Sem nada produzir, claro, só com base no logro.

Esta história veio-me à mente quando vi o crash causado, supostamente, pelo Portas e o aumento dos juros da dívida.
Sem negligenciar as ramificações do caso, é imprescindível que se perceba que as empresas que caíram não perderam, factualmente, nada. Quer porque os preços voltaram a subir quer porque não pararam de produzir nem de vender nem de pagar salários nem de gastar electricidade nem nada de semelhante.
É evidente que isto traz complicações mas os únicos que terão perdido dinheiro (e até isto pode ser discutido) foram os que ganham dinheiro à custa das firmas e não com as firmas. Aqueles a quem a produção ou o prejuízo ou o lucro é indiferente. Aqueles que compram a descoberto e que nunca mas nunca viram, em concreto, o que compram e vendem.

Não quero com isto dizer que devemos descurar a importância bolsista mas tudo tem de ser visto com moderação e calma.
É o pânico que leva a más decisões; foi o pânico dos outros que multiplicou a fortuna do Nathan.

Monday, July 08, 2013

Niilismo II

Ora, o meu problema é exactamente com a raiva. Apesar de sentir uma satisfação enorme quando me liberto dela, o que se passa antes não compensa.
Tenho imensos problemas com autoridade e nem sequer me resguardo no actual eufemismo usado para a coisa parecer menos agressiva: autoritarismo. Como hoje parece mal ter-se uma posição vincada, usa-se uma palavra que não ser; é como o pessoal que não tem medo...tem receio. Quem é o idiota que vai nisto?
Bem, o meu problema com a autoridade é o primeiro incidente.
Depois, filho deste problema com a autoridade é o meu problema com a falta de controlo. Detesto sentir-me perdido e sem saber, exactamente, o que vou fazer a seguir. Não tenho a veleidade de controlar o mundo exterior mas irrita-me não controlar as minhas acções e a raiva faz com que isso aconteça; o meu estado de cegueira não é atreito a grandes pensamentos.
A finalizar, a minha raiva não tem o condão de raciocinar quanto ao seu alvo; quer dizer, o alvo é conhecido mas o caminho pode ter curvas...e eu não faço curvas quando guiado por raiva. Sigo o caminho mais rápido entre A e B e este é sempre uma recta. Se estiver gente à frente...

Isto escrito é uma maravilha. Melhor. Parece uma maravilha mas não é. Esta merda de eu saber o que acontece quando entro no planeta vermelho só me faz sentir mais parvo.
Se se sabe o resultado e se se não gosta dele é evitar, certo?
Pois, não sou bom nisso...

E...o Niilismo.
A minha abordagem intelectual à vida é tudo menos Niilista, Gosto de ordem. Gosto de coisas. Gosto de conceitos. Gosto de organização. Gosto de gajas. Gosto de séries televisivas. Gosto de (alguns) livros. Gosto de cama (foda-se, acabei de perceber que quase me perguntei o que dizem os teus olhos... melhor parar).
A minha abordagem real é outra.
Não gosto de gostar. Sempre me pareceu limitativo.
Essa coisa de raízes é admirável mas nunca me disse grande coisa. Não tenho nem nunca tive problemas em cortar laços, afectivos ou outros. Não padeço de angústia nem de saudades. E descontando comida e bebida, no termo mais literal da coisa e não no edonista (edonismo...que também aprecio), não me preocupa priscindir de coisas, quer goste muito ou pouco delas.

Ora, como eu gosto de coisas mas não o suficiente para gostar de gostar delas, quando a raiva toma conta de mim há um travão que falta. Não é consciente mas como não sinto afeição por coisas também não tenho no meu subconsciente um barómetro que me limite sob pena de sofrimento futuro.

No Heat, o Robert de Niro diz, a dado momento, que está preparado para virar as costas a tudo que tem em 15 minutos e, por isso, nunca será apanhado.
Não ando a fugir de ninguém mas sempre achei que a minha liberdade depende, também, desse quarto de hora.
E deixar tudo é ficar nada.

Niilismo I

Niilismo é nada. Poderia entrar numa conversa filosófica quanto ao assunto e quanto às nuances do Niilismo mas, em suma, como a etimologia da palavra revela, Niilismo é Nada.

Quando há alguma coisa, seja ela qual for, quer seja física ou não, para chegar ao estado de Nada é necessário destruir. Quer física quer imaterial. E muitas das vezes haverá necessidade de destruir a própria ideia daquilo em que martelamos porque a essência do real é etéreo, a Coisa não é só o que vemos ou tocamos mas também o que representamos quando não estamos perante ela. Por exemplo, neste momento não estou a ver um par de mamas à minha frente mas elas existem porque consigo imaginá-las e configurá-las sem que fisicamente as consiga tocar.

Apesar de o que vou dizer não se consubstanciar numa verdade absoluta, a destruição, normalmente, provém de raiva. Não tem de ser uma raiva que nasça naquele momento, pode ser uma raiva perene e, muitas das vezes, uma raiva cuja existência desconhecemos mas a que damos um outro nome. Trauma, por exemplo. Posição política, por exemplo. 

Saturday, July 06, 2013

Jeans

Há muita coisa evidente que não se consegue ver nem entender até que alguém as aponta. É como aquele sinal que nunca tínhamos visto e que não conseguiremos deixar de ver nunca mais chegando ao cúmulo de nos passarmos a sentir perseguidos por eles de tantas vezes o vermos.

Os jeans são um desses exemplos. São, talvez, o primeiro símbolo da identidade pessoal e individualidade que tiveram precisamente o efeito contrário.
Os jeans foram criados como uniforme de trabalho, vamos chamar-lhe isso. Depois, com a emancipação feminina e cenas passou a ser uma marca de rebelião e individualidade, de reacção ao status quo.
O que é engraçado é o que, de facto, aconteceu.
Depois do advento dos jeans à escala mundial passou a ser muito difícil vermos uma fotografia e saber de onde era. exactamente. Os trajes autóctones, fossem de onde fossem, tornaram-se símbolos de repressão e massificação (onde tal foi permitido) e foram substituído pela roupa rebelde. Roupa essa que podemos passar a chamar farda.

Em suma:
Os jeans não individualizaram, massificaram até onde jamais havia sido imaginado.

Tenho esta sensação imensas vezes, desde que tomei conhecimento desta história ou desta apreciação da história.
Vejo, por exemplo, reportagens à porta de concertos da Lady Gaga (poderia ser da Madonna há umas décadas) em que todos a admiram (e se admiram, de caminho) pelo ser diferente e pela individualidade. Afinal, eles foram born daquela maneira.
São todas iguais. Vestem-se igual. Todas diferentes da mesma maneira.

Outro exemplo, por exemplo, são os blogs (como este mas os que são muito particiapados).
Aglomeram-se uns quantos nicks numa determinada bolha com uma determinada visão e com uma determinada posição. Sentem-se seguros. Sentem-se em casa.
Ora, esta revolta contra a sociedade (é o que costuma acontecer), junta os revoltados, os diferentes. E o que procuram os diferentes? Aceitação, ou seja, serem iguais. Serem iguais na sua diferença, serem os escolhidos e os iluminados.

Em suma:
Discordam mas odeiam a discordância.
Fazem-me lembrar uma amigo que era muito engraçado e dava muito gozo ao pessoal que o rodeava...mas odiava que lhe fizessem o mesmo.


Keep Me In Your Heart For a While

A primeira vez que ouvi ou que me lembro de ter ouvido esta música foi no fim do episódio final do House e ontem ouvi-a outra vez.
A voz do tipo (Warren Zevon) é, pra mim, o equivalente a um corpo cheio de cicatrizes, um corpo mal tratado, uma vida que não facilitou ou alguém que não facilitou perante a vida. É dor. Dor.
Esta merda desta música não me sai da cabeça.

A repetição do Keep me in your heart for a while lembra-me o I want you to notice when I´m not around dos Radiohead ou o Deixe-me ir, preciso andar do Cartola. Diferentes intensidades e diferentes visões do não aguento mais quer porque não posso dar quer porque não posso esperar.
Dor.

Agora está na moda ter relacionamentos resolvidos; uma coisa do tipo a gente falou e acertamo-nos, chegámos à conclusão que qualquer coisa mais ou menos relevante e mais ou menos profundo.
Não tenho nem nunca tive relacionamentos (que o foram, de facto) resolvidos. Pode ter sido incapacidade, em alguns, será impossibilidade em outros.
Dor.

Há uns anos, poucos, tive uma conversa mais ou menos honesta com uma ex, a minha primeira ex, a ex que melhor me conheceu porque eu ainda era demasiado inocente para me esconder o suficiente.
Ela tinha, na altura, agora não sei, um namorado já há bastantes anos. Como a conhecia, pelo menos, tão bem como ela me conhecia a mim, percebi, e disse-lhe, que não entendia como ela estava com aquele gajo; não por aquele gajo ser bom ou mau, nem sequer o conhecia, mas porque não tinha a relevância que devia e ainda que muita gente possa desconhecer que relevância é essa ela não podia desconhecer.
Disse-me ela que nunca, como até ao momento em que ficámos juntos, tinha sentido repulsa por um toque de qualquer pessoa que não fosse eu; não havia fantasia que não me tivesse como protagonista; não havia dia em que não quisesse falar comigo mesmo quando não queria estar comigo.
Não se pense que era só ela que sentia isto. Ela não era obcecada sozinha, eu estava lá com ela (à parte da questão da fantasia...sou gajo e toque de gaja jamais me repugnou).

O que não percebi e não percebo, talvez por defeito de carácter (um defeito que se revela em amplas partes da minha vida), como é possível passar-se de uma fogueira para um clima temperado.
Entendo quem viva num clima temperado quando nunca andou pela fogueira mas o contrário já não. O óptimo só não é inimigo do bom quando se não conhece o óptimo.

É romântico ser-se como eu. Romântico no verdadeiro sentido da palavra...mas é Dor.

Thursday, July 04, 2013

A Crise Política

Ando a acompanhar isto como se tratasse de um puzzle. Aliás, é como um hobbie que nos desafia a mente e eu nunca entendi o Sudoku.
Quando penso nisto, e ando a fazê-lo, sinto-me perdido na renda. Não consigo chegar a uma conclusão e apenas vejo cenários que entendo como mais prováveis uns que outros.

Porque se mandou o Portas?
Bem...um gajo dá uma refrescadela e entende que o Portas nunca foi um tipo confiável. Muito astuto e inteligente, a léguas de distância em sofisticação dos outros que andam pelo Governo, é como uma cobra que vai mudando a pele. Este Portas não é o mesmo do Independente, apenas partilham o nome.
Também eu acho que é inadmissível a nomeação da Maria Luís. Não só por conta dos Swaps, que já seria suficiente, mas porque não é admissível seguir o mesmo trajecto acrescido do facto de ela não ter qualquer peso. É uma formiga a tentar fazer o papel de Hércules e um gajo não anda numa fase de Anderson.
Também eu acho que o Passos Coelho não tem formação, personalidade ou capacidade para guiar um país, muito menos um País no estado em que se encontra.

Parece, então, justificável que o Portas se mandasse...caso um gajo entendesse o Portas como um patriota, o que não é o caso.
Portas preocupa-se com Portas. Portas preocupa-se com drama. Portas gosta que pensem que ele vai salvar alguma coisa. Portas está preocupado com a banhada que aí vem. Portas está preocupado com os reformados não por serem reformados mas por serem os eleitores que lhe restam.
Portas, sem saber, entrou no desconheciso.

O que se passou com o andar para trás?
Aqui a trama adensa-se...
Pelos vistos, Portas não avisou os amigos que se ia mandar e os amigos não gostaram. Pior!! Contrariamente ao que Portas pensaria (e tenho a certeza que o pensou) o pessoal ficou muito fodido com ele e quando digo pessoal refiro-me aos portugueses.
Parece-me que Portas atirou o CDS para onde caiu o BE nas últimas eleições: o BE pensou em ser macho ao não se encontrar com a Troika e o pessoal mandou-lhe uma paulada que ele nem se acreditou; Portas pensou que respondia ao seu eleitorado quando bateu com a porta (um dia depois do Gaspar e antes da tomada de posse da Maria) e o pessoal está para lhe mandar uma paulada pior do que a que mandou ao BE.

Então, os amigos que não gostaram, mandaram-no voltar e isto deve ter sido pior do que mandar o Portas comer uma gaja.
E ele lá foi ou está a ir, pensando que vai fazer damage controll mas não vai...é tarde.

O Portas fez a brincadeira do costume e, segundo me parece, o eleitorado não o vai perdoar e começo a achar que o CDS também não.

Tuesday, July 02, 2013

Anarquismo

Descobri o Anarquismo por intermédio do Chomsky. Não que desconhecesse o termo e uso termo porque, apesar de pensar o contrário, nada sabia sobre o movimento.
Achei, e acho, tão interessante que estou, agora, a ler um livro que conta a história do Anarquismo até aos nossos dias. E vou ler todo apesar de saber que não refere Chomsky, o que me parece triste mas não podemos ter tudo a toda a hora.

Não vou aqui dissertar sobre o Movimento em questão nem as suas raízes nem a sua importância para o desenvolvimento de Movimentos e Direito que são hoje sobejamente conhecidos.
Não vou, sequer, insurgir-me contra a ideia, que também era a minha, de que são todos um bando de mentecaptos selvagens.
Não. O que me interessa, neste momento, vem no seguimento do post anterior.

O problema com que os anarquistas se confrontaram ao longo dos tempos e que me parece nunca poder ser ultrapassado é a Realidade. A Realidade deu e dá cabo dos anarquistas como deu cabo do Gaspar.
É extremamente interessante nós vermos que, independentemente da nossa filiação ou não religiosa, somos impregnados pelo conceito de pecado-castigo. A lei é pecado-castigo. A Troika é pecado-castigo. E é contra este tipo de coisas que os anarquistas se insurgem. A ideia de que o Homem é inerentemente mau (a que nos rodeia a todos...daí o castigo) e a de que o Homem é inerentemente bom (dispensando assim a trela da lei porque tudo que fizesse estaria de acordo com a sua consciência).

Por princípio, eu acho que o Homem é inerentemente bom...mas depois a realidade dá cabo de mim...
O Homem inerentemente bom não passaria por Guerras Mundiais ou admitiria a chacina de outros Homens bons; o Homem inerentemente bom não sacrificaria o seu par por um LCD maior.
Por outro lado, o Homem inerentemente mau não roubaria para comer se não precisasse; o Homem inerentemente mau não negligenciaria a sua família se tivesse outra forma de prover por ela.

É aqui que o Anarquismo e outros regimes...vamos chamar-lhes pretensamente iluminados se espalham ao comprido.
A Realidade diz-nos que somos tudo.
A Realidade diz-nos que o tipo que dá uma esmola é o mesmo que depois pode matar a família.
A Realidade diz-nos que o tipo que lava os pés aos desafortunados é o mesmo que depois vai violar crianças.
A Realidade não é unívoca pelo mesmo motivo que o Homem também o não é.

Gaspar

Soube-se ontem que o Vítor Gaspar terá batido com a porta. Digo terá batido porque se disse que apresentou a demissão mas, nestas coisas, as certezas são poucas até porque mesmo que não tenha sido demitido pode ter sido convidado a demitir-se e pode, ainda, ter sido criado o ambiente propício para que ele não tivesse outra saída.
Vamos assumir que, como se disse, ele demitiu-se. A coisa continua a cheirar mal.

Não sou um fã de Vítor Gaspar. Nunca fui com a cara dele. Como quando ele apareceu nunca o tinha visto antes nem conhecia a sua existência apenas posso dizer que me pareceu um pequeno ditador. Aquela forma de falar mais do que me irritar parecia-me um show de soberba.
O tempo não provou que estava enganado.
O Vítor e os seus amigos (aqui refiro-me aos Borges desta vida...argh!!), que não os seus subalternos (como Passos Coelho), são os gajos que chamam elites a si próprios. São os gajos que vivem emparedados no mundo fantasioso da burocracia ou das faculdades onde tudo é heremético e as variáveis são virtuais mas como são capazes de pensamento abstracto entendem que o seu show de masturbação colectiva é o mundo onde o resto de nós vive.

O problema nunca são eles.
O problema é a realidade. Ela é que fode tudo.

Ainda assim, o que me cheira muito mal...
O Gaspar, pelos vistos, queria ter ido embora em Outubro passado mas não foi.
Se o convenceram a ficar é uma coisa, se ele ficou em moratória à espera de uma solução é outra.
Volvido todo este tempo, vemos que aparece a Sra. dos Swapps como Ministra das Finanças, o braço direito de Gaspar.

Ora:
Sai o Ministro das Finanças que numa carta de recalcado (na onda do a culpa não foi minha, a realidade é que me fodeu) travestida de flagelamento dando conta de que nada funcionou...e em resposta passa a Ministra das Finanças a gaja que vê o mesmo quadro nas mesmas cores?
Terá o Gaspar decidido de manhã que queria vazar à tarde e por isso teve de ser a Sra. Swapps a assumir?
Se sim, o que terá de facto acontecido? Aguentou desde Outubro e agora a bolha rebentou porquê?
Como é possível que se nomeie Ministra quem já, com razões para isso, se viu perante o pedido da sua demissão...enquanto Secretária de Estado?

Estes gajos não vão durar muito mais e estão a trabalhar afincadamente para isso!