Monday, August 31, 2015

Portugal entrou em alvoroço porque o Rangel disse que se o PS estivesse no poder o 44 e o Espírito Santo não estariam a ser investigados. Teve o cuidado de dizer que isto não significava que fossem culpados (o que, na verdade, significava) mas nem investigados, a sério, seriam.
Estará enganado? Tendo a achar que não.

O problema que surge são as meias verdades, ou melhor, o contexto real.
O problema são só os do PS? Haverá poucos amigos do Cavaco, que talvez também sejam do alheio, que se não fossem afiliados onde são estariam ainda a esvoaçar?
É verdade que a crise forçou a que a paciência se esgotasse (casa onde não há pão...) mas...
E às vezes nem é só uma questão de se dizer a verdade ou a parte dela que dá jeito; às vezes só se vê parte da verdade porque se está muito perto da parte que nos diz respeito.

Exemplo básico - os meus favoritos são os básicos porque permitem extrapolar:
Na semana passada:

- Ah, K, palavra de honra! Não entendo como é que aquela gaja, com namorado, dá em cima de ti dessa maneira... é uma vergonha!
(não está enganada mas...)
- Oh X, diz-me lá uma coisa: tu não achas que a Y se excita demais comigo? Não achas que se estica muito mais do que o que devia, às vezes?!
(a Y tem uma vantagem e uma desvantagem: a desvantagem é que mais do que ter namorado é casada; a vantagem é que é amiga da X)
- ...acho...

A diferença entre uma e outra (há mais! A primeira estica-se claramente mais mas o princípio não é diferente) é que a segunda estava a ser defendida mas a única diferença era a afectividade e a dificuldade que a X tinha em aceitar achar o mesmo sobre quem conhece e sobre quem não conhece.

Para que conste: acho mal ambos os casos mas não sou eu quem vai evangelizar o Mundo, até porque, normalmente, tenho a comida ao lume!
Machismo é um assunto que me interessa muito e tenho mais interesse, ainda, porque a opinião de quem me conhece mal - com culpa própria e que me diverte - é que padeço desse mal.
A verdade, contudo, é muito diferente. Porque fui criado por mulheres tenho respeito demais (se é que isso existe) para entender o sexo masculino como superior; na verdade, a entender algum desequilíbrio entendo-o ao contrário.

Há uns anos, num almoço, uma mulher que não conhecia veio dizer-me (já disse que as pessoas tendem a querer dizer-me coisas?) que se tinha divorciado há pouco tempo e que o que lhe parecia ter levado a que o marido bazasse foi o facto de ela ganhar mais dinheiro do que ele.
Parece parvo? 
Não a conhecia mas concebo como bastante possível.

Há umas horas, contaram-me a história de um casal que teria uma conta conjunta para as despesas de, por exemplo, super-mercado e quando chegavam à caixa o gajo pedia o cartão à gaja para ser ele a pagar.
Não estava lá para ver mas acredito piamente.

Machismo, para mim, é isto.
Alguém que precisa que saibam (no caso, achem) que é ele quem paga as contas;
Alguém que precisa de ganhar mais (reparem: não interessa se já ganha muito ou se ambos ganham pouco) do que a mulher.

Complexo de pila pequena.

Não fujo, nem quero, do meu papel de Homem; não somos iguais, temos características diferentes, somos uma coisa que as mulheres não são, e vice versa, mas isso não se aplica a contas bancárias nem a quem lava os pratos ou aspira a casa.

Pior:
pessoas que procuram companhia fraca ou menos desenvolvida intelectualmente para se sentirem mais fortes ou menos burros... como se aguenta isso?

Mais uma...
Pelos vistos, a minha postura revelará - ou quem me observa é burro - que procuro subalternidade e não há nada que queira menos (bem...talvez queira menos morrer e ser encornado) do que gente que precise de mim. Não que precise no sentido de ajuda, precisamos todos; que precise no sentido que dependa e quando falo de dependência a financeira é das que menos me preocupa.

Mulheres.
Gosto muito de Mulheres.

(uma velhinha que é difícil apanhar ao vivo e que se adequa a macho idiota

Friday, August 28, 2015

Tentando Contrair uma Sexta franzida, como de Costume...

VOLTEI AMÔ


Quando era miúdo, às vezes tinha dificuldade em adormecer porque sofria - parece-me agora mas na altura não sabia - de vertigens. Sentia o escuro a aproximar-se a a afastar-se e ficava muito inquieto; o mesmo sentimento de inquietude era-me provocado por um sonho recorrente em que estava rodeado de bolas que não paravam de pinchar, algo que me deixava, também, muito inquieto.
Com o passar do tempo fui aprendendo que se ficasse quieto e calado, durante algum tempo, que às vezes era bastante, as coisas voltavam ao normal e acalmava.

Isto nunca me abandonou.

O que me parece, agora, é que a verdade era inversa à aparência. Não era o escuro que se aproximava nem afastava, era eu dele; não eram as bolas que não paravam de pinchar, era eu.
O desassossego era meu. O desassossego é meu.
A resposta a este estado, contudo, mantém-se mais ou menos o mesmo: ficar quieto e calado durante o tempo que conseguir; esperar que tudo acalme até à próxima vez em que acontecer.

O que acontece, de vez em quando, é que não me é possível ficar quieto e quando isso acontece é pouco recomendável. Deixo de ter noção, concreta, da realidade e do que se precisa para passar a cavalgar a onda da insatisfação.
Já estive perto de ser alcoólico; já fui embora durante mais de um mês; já me deitei em todas as camas que consegui enquanto isto durava; já bati em quem me apareceu à frente; já parti árvores à força bruta; já destruí coisas que me poderiam ter feito bem, caso tivesse encontrado as estribeiras.

Hoje, quando não consigo sedar-me à base de silêncio, tento, pelo menos, conter; tento definir um hiato temporal em que me permito queimar tudo o que me apetece queimar; um período curto porque, contrariamente à maioria, não tendo a cansar-me mas a habituar-me à degradação e a Baco.

O tempo que defini para arder terminou há pouco e hoje estou, outra vez, muito inquieto...por isso estar muito quieto...
Hoje, contra tudo o que gosto de fazer neste dia de merda, vou rebentar-me em desporto para ver se durmo porque quero apagar. Não devo andar. Não devo descontrolar. Não devo regressar. E posso tudo isto e quando posso tendo a fazer.

Há uma cena que me marcou o cérebro em que um gajo, depois de ter perdido o que não queria ter perdido, despediu-se da última réstea de ligação ao mundo que tinha e, quando acordou (literalmente) ficou estarrecido a olhar para o tecto, ressacado e rodeado por três gajas que, como ele, estavam nuas; levantou-se e foi buscar cerveja.

Thursday, August 27, 2015

Hoje preciso de dormir, por isso fiquei em casa e não dou o meu tempo por perdido: estou a ver o Jerónimo de Sousa a ser entrevistado.
Opto por achar divertido em vez de trágico...

Divertido porque é engraçada a distopia em que alguns vivem;
Trágico porque fosse um fascista (nem vou a nazi) a dar uma entrevista e caía o Mundo; Trágico porque as palavras "liberdade" e "democracia" deviam queimar na boca se um Marxista-Leninista.

Há uns tempos vi uma reportagem sobre um gajo que foi condenado por cenas pesadas.
A reportagem consistir em entrevista-lo a ele, à família e a outros associados (código fraco para outros criminosos como ele).

A família estava em choque! Não entendiam o que tinha acontecido para ele se ter tornado no que se tornou e, depois, alguns elementos da família foram contando acontecimentos da sua criação sem nunca relacionar uma coisa com a outra.
Verdade seja dita, o próprio não e queixava de nada da sua educação e, aparentemente, também não relacionava uma coisa com a outra.

Não vou perder tempo quanto aos pormenores porque egocêntrico que o seja só se interessa pelo que lhe diz respeito.

Então,
há uns dois dias pediram para falar comigo e quem pediu é um daqueles familiares que, teoricamente, não se recusa nada.
Esse mesmo gajo tem uma pendência comigo, uma filha da putice a que já me referi mas, conhecendo o bicho como o conheço, tinha a certeza que nada teria que ver com isso e tinha razão. Tinha que ver com ele e com cenas dele, problemas dele para os quais precisava de ajuda.
A ajuda que ele precisava não poderia estar mais ligada ao que faço todos os dias mas, infelizmente para o próprio, não apanho sentado; não sou caninamente fiel quando entendo não se justificar; não há laços sanguíneos que sustentem a ingratidão.

Pois... não sei. Já tiveste quem te tratasse de cenas dessas (e teve, quando preferia que não se soubesse) e o melhor é manteres e não mudares....

Não caiu bem e nem sequer fui tão brusco como deveria, o que me come um bocado por dentro mas foi um sacrifício que fiz em benefício de interesses que não são os meu e por quem merece que eu faça o que conseguir.

Como se liga à reportagem?
Simples: eles criaram um assassino e não percebem por que motivo um assassino mata; ele criou um bicho que não aceita o que não aceita, sem contemplações, e surpreende-se quando é mordido.

....e ainda não acabou!

Wednesday, August 26, 2015

Happiness


1. Um gajo que conheço disse a uma amiga que ia voltar para cá e que ela tinha sorte por isso. Podia aceitar a colaboração dela porque não há competência como a dele!
Ela, por sua vez, acha (com razão, presumo) que ele é como um penedo e nem amarrada o queria lá.
Preocupa-me esta falta de noção porque não é algo que quisesse que me acontecesse.

2. Ontem cruzei-me com uma ex de um antigo amigo que espera o 3º filho. Está a rebentar.
Estava com as duas outras crianças pela mão e quando a encontrei íamos todos atravessar a rua. Pus-me do lado de onde vinha o tráfego e depois, na passagem da segunda rua uns metros à frente e pelo mesmo motivo, mudei de lado.
Ela conhecia-me socialmente, apenas. E, socialmente, sou um emaranhado de palavrões e expressões demasiado coloridas para ouvidos sensíveis e, naturalmente, todos têm tendência em achar que os outros são aquilo que deles conhecem.
Ontem, por causa da cortesia (a que chamo educação) que descrevi, ficou muito surpreendida e agradecia.
Eu sempre fui isto (tanto os palavrões como a educação) mas ela não sabia.

3. 
- Ainda bem que apareceu... pensei em si, hoje; até lhe queria ligar mas não tenho o seu número...
- Se quer o meu número, é pedir; não é segredo.
- Então, se calhar, é melhor...
- Aqui está. Mas se for para usar só para questões profissionais, não vale a pena!

Riu-se, embaraçada.
Contei isto, hoje, a uma pessoa; não se acreditava que tinha dito isto.
Disse, disse. Não convém que haja confusões!

4. Uma pessoa que conheço muito bem contou-me, orgulhosa, que se tinha cruzado com um gajo por quem tinha estado e achava que ainda estava perdidamente apaixonada; o orgulho resultou de ter constatado que não lhe tremeram as perna, que não lhe saltou o coração do peito e que não ficou tensa. Passou.
Depois, contou-me, só para completar, que o gajo parece ter ficado sem saber o que fazer e eu disse-lhe que isso era ainda melhor. Melhor que lhe ter passado, a ela, era não lhe ter passado a ele. Era uma afago muito agradável ao ego.

Hoje, quando cheguei, tinha isto no E-mail:
No assunto, lia-se: Espero que Gostes.
Gostei da música, porque gosto do Rei;
Gostei da lembrança, porque gosto que se lembrem de mim;
Gostei da declaração, ainda que não me sinta confortável quando se declaram a mim...apesar de, como todos, gostar.

Não respondi nem vou responder.
Faz-me bem, é muito agradável mas não sou um crápula que alimenta o que sabe não poder cumprir.

E a finalizar, o loop de hoje:

Monday, August 24, 2015

Cancro (lamento...vai demorar)

O título é dramático mas é o que é por isto: não sei bem onde mas acho que foi num filme, alguém disse que guardar os sentimentos só para nós, bem guardados e recalcados, dá em cancro.
Ora, eu não sou de partilhar sentimentos porque não gosto e porque acho que não interessam a ninguém e há alguns que nem sequer gosto de reconhecer. É por isso que mesmo aqui há assunto em que não toco; uns por princípio e outros porque conjunturalmente me parece que não devo mas...

Sempre que me dizem que tenho de assentar respondo que não dá porque ninguém me quer: não é verdade.
Podia responder, de forma um pouco mais próxima da verdade, que é porque não quero ninguém: não seria completamente verdade.
Por fim, poderia dizer que tenho pavor que me aconteça o que acontece em todo o lado para onde olho (ok, talvez não para todo mas para uma vastíssima maioria) e que se resume a gente que se conforma sem que a outra gente saiba que é isso que acontece: completamente verdade.
...e este é um dos assuntos de que não gosto de falar ligando-o directamente a mim. Em abstracto, trato-o bastantes vezes...mas quando o pessoalizo, dá na palavra que não uso com frequência e que, na verdade, em viva voz não me lembro de dizer: pavor.

O maior pesadelo que me ocorre é ponderar que alguém me queira porque não pode ter outra pessoa; é-me inconcebível imaginar que tal possa acontecer e porque não é inconcebível que aconteça é muito difícil furarem-me a carapaça.
É verdade que sou mais atento que a generalidade; é verdade que sou mais seguro que a generalidade; é verdade que tendo a achar que estou certo; é verdade que não sou medroso...mas não é menos verdade que não acredito ser a excepção de todas as regras; não é menos verdade que não acredito que o mal só acontece aos outros; não é menos verdade que pensar que os outros não podem ser o meu espelho seria a maior das parvoíces.

Até hoje, em nenhum dos relacionamentos que mantive tive uma sombra de dúvida de que só me queriam a mim e que me queriam mais do que alguma vez tinham querido alguém.
Quer isto dizer que tinha razão? Impossível dizer mas os indícios mesmo vistos com a distância do tempo não indicam para que me tenha enganado.
Então qual é o problema?
Bem, o problema é este: essas mesmas pessoas têm hoje a vida completamente orientada - todas casadas, acho - e todas com filhos - tenho a certeza - e todas continuam a manter contacto comigo, umas de forma mais desavergonhada e outras menos.
Por que é um problema? Simples. Eu poderia ser o marido/namorado ou outra coisa qualquer, delas; eu poderia ser o pai dos filhos delas e outro gajo poderia ser eu. 
Poderia ser Eu o formal e outro o desejado. Poderia ser eu o enganado e seria sempre enganado mesmo que nada de carnal acontecesse. Teria comprometido a minha vida com alguém - e eu não comprometo meio - que estava comprometida com outra pessoa, mesmo que apenas (o que é o pior!) emocionalmente.

Serão felizes? Eu até acho que são.
Serão tão felizes como poderiam ser? Eu acho que não.
Muito, para mim, é tão pouco.

PAVOR!
Disto não costumo falar por princípio mas não quero ficar canceroso, já me chega o que me apoquenta.

Há uns anos, uma das minhas exs voltou a aparecer com vontade. Na altura, tinha terminado uma relação com um gajo qualquer e, como acontece com alguma frequência nestes casos, voltou a lembrar-se do que queria e tinha perdido.
Algum tempo depois, quando percebeu que não volto de onde saí mas não necessariamente por isso, disse-me que o gajo tinha voltado e que a tinha pedido em casamento. Respondi-lhe: a isso chama-se double down. É o desespero a falar. É como os casais que pensam em ter filhos para salvar o casamento. Isso nunca vai funcionar.
Como habitualmente, estava certo e ela acabou por ter sorte porque o idiota roeu a corda a tempo e ela evitou uma vida (ou mais tempo do que o necessário) com alguém que não a ia fazer feliz.

Por que tem o double down que ver com isto?
É mais uma das maleitas da humanidade que faz com que tenha pouca esperança nela.

Novamente, tudo quanto disse e vou dizer em tom de crítica - que é! - não me exclui. Gasto muita energia a estar atento e tentar perceber tudo mas concebo que não consigo excluir, por completo, que me aconteça o que temo (a menos que não deixe, sequer, acontecer coisa nenhuma).

Voltando:
O que interessa isto e como se liga ao primeiro?
É simples: a história que contei uma linhas acima aconteceu porque o gajo viu o terreno fugir-lhe dos pés, a mesma coisa que acontece aos pessoal que decide,de um momento para o outro, ter filhos.

Pensem nisto:
o pessoal está metido na cena há sei lá quanto tempo e tudo estará, em tese, a correr normalmente e, de um momento para o outro, sem que nada o fizesse prever, altera e aposta no para sempre.
Porquê e como?
O que me parece é o seguinte:
o pessoal está metido na cena e, de um momento para o outro, sente as circunstâncias alterarem-se. Percebem que alguma coisa mudou porque quando a mudança é violenta até um camelo a percebe e, percebendo que a coisa está a ir pelo penhasco abaixo, decide andar mais depressa; percebendo que o avião está a despenhar, recusa-se a saltar do avião.

No caso do pessoal que encontra depois, não tem maneira de saber o que aconteceu antes. Está a ser enganado mas não sabe e, em princípio, não tem como saber;
No caso do pessoal que já lá está, não tem maneira de não saber porque estava lá no antes. Está-se a enganar, ainda que com a conivência da outra pessoa.

Serão felizes? Eu acho que não.
Serão tão felizes como poderiam ser? Eu sei que não e eles também sabem.
Muito, para mim, é tão pouco.

MERECIDO!
Disto não costumo falar por uma conjuntural mas não consegui evitar porque já me chega o que me apoquenta.

A humanidade não é uma coisa bonita, por isso passei de sociável para misantropo e começo a pensar se não acabarei em eremita...e não queria.
Por isso gosto tanto do House. A humanidade não é uma coisa bonita mas um gajo tem de se rir da tragédia, na mesma.
Não me arrependo de ficar de fora, e sozinho, porque não aguentaria estar dentro, e acompanhado.
Velha história e mesma conclusão: Cínico ou Romântico?
Não se é cínico quando se vê o que acontece; é-se romântico quando só tudo chega.

...e pronto.
(não é pronto, Teria tanto mais para rasgar e agredir mas se o fizesse parecer-me-ia, aos meus olhos, um ressabiado que não sou ou um infeliz que não tem o que merece, o que não seria verdade. A minha solidão é o que é. A minha vida é o que é. Muito para mim é tão pouco e não trocaria o muito que tive, durante algum ou bastante tempo, por pouco a vida toda.
não é pronto, Teria tanto mais para dizer sobre este interminável assunto mas, a verdade é que, por causa da conjuntura de que falei, nem este post deveria ter escrito...mas não quero ser canceroso, já me chegam os males que me apoquentam).

...e para finalizar, uma coisa um bocado trágica e outra um bocado mais próxima da realidade:
e


As histórias que merecem durar para sempre só duram para sempre na memória.

Sunday, August 23, 2015

Ando com Isto na Cabeça Há 3 Dias (na cabeça e no carro)


Sempre as Duas Faces

Acabam de me manifestar desagrado por uma filha da putice que me fizeram. Não me causa estranheza que desagrade quem se preocupa comigo mas há duas coisas que só são explicadas porque cada farpa na pele das pessoas com quem nos preocupamos parecem sempre as primeiras: esta filha da putice não é nova e eu estou muito relaxado quanto ao assunto.

Sem pormenorizar, porque a minha vida não vos interessa, é uma deslealdade praticada por quem, segundo os ditames sociais, não o pode fazer mas isso diz-me nada; os ditames sociais também prevêem que se o dia chegar terei de prestar auxílio... Coisa que não vai acontecer.

Nada é incondicional.

O que custa a quem se preocupa comigo perceber é que o que me causa transtorno é ser desiludido mas só uma vez. Depois, desligo e tudo perde o sabor e está tudo bem.

Esta tendência maniqueísta é boa porque aceito e ajudo em tudo a quem entendo merecer e é má pelo mesmo motivo mas ao contrário.

A minha resposta à preocupação com o ferimento dos meus sentimentos foi: Pareço-vos preocupado ou irritado? Não se preocupem.
O mal é que quem ouviu entendeu, também, o que eu não Disse: Deixem. Isto vai dar volta e depois vão ver quem se fode com a brincadeira.

Esse dia vai aparecer e não vai ser bonito para ninguém. Nem sequer para mim.


Saturday, August 22, 2015

Vale a pena lembrar que, embora haja uma vasta diferença entre nós no que diz respeito aos fragmentos que conhecemos, somos todos iguais no infinito da nossa ignorância.

Karl Popper, bitches!

E agora, irei ser ignorante não sei bem para onde mas: 

O verdadeiro homem quer duas coisas: perigo e jogo. Por isso quer a mulher: o Jogo mais perigoso.

e, do mesmo gajo, mas um bocado mais trágico ainda que mais verdadeiro:

Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te.

Nietzsche, bitches!

(como é mais ou menos óbvio do que por aqui escrevo, não sou muito amigo de citações porque, ao contrário do que se propala a respeito, não sinto como uma demonstração de que alguém disse o que eu queria dizer melhor do que eu mas antes como uma enorme falta de imaginação.
A excepção é mesmo Nietzsche. Provavelmente faria posts inteiros com citações e ensaios dele porque o fdp é, de facto, um génio e não um génio como se apelida a todos que dizem meia dúzia de merdas acertadas e, às vezes, nem isso.

Sempre que leio Nietzsche tenho vontade de nunca mais escrever uma linha nem ter um único pensamento. Para quê?!)

O Gajo do "MAS"

Perguntaram-me, há uns tempo, se costumava perder discussões mas, na verdade, não me foi perguntado; foi uma coisa meio socrática em que a pergunta pedia a resposta que o emissor já possuía ou achava possuir: Não.
É verdade que não costumo perder discussões e é, também, verdade que não gosto de as perder mas fui andando para a frente na vida.

Na mesma conversa, foi-me descrito um determinado tipo de gajo, o Gajo do MAS, um gajo que já fui mas que, parece-me, abandonei.

O que é O Gajo do Mas?
O Gajo do Mas é uma pessoa (e são muitas) que nunca não têm razão mesmo quando estão enganados. É uma tipo de gente muito irritante.
Imaginem que estão a ter uma conversa com alguém e que lhe mostram, cabalmente, que esse alguém está enganado. Se este alguém for um gajo deste tipo concordará...MAS. Este Mas é usado para concordar mas não completamente porque, no fundo, há uma parte em que continua a ter razão, sendo certo que não tem.

Eu fui isto. Eu era um destes gajos. Tinha um tal asco a estar enganado, ou melhor, em reconhecer que estava enganado que metia isto no meio para não levar uma goleada ou para parecer que não estava a levar uma goleada.

Hoje, felizmente, a coisa mudou.
Só torno a ser O Gajo do Mas se estiver a sentir que me estão a atacar; é como com o FC Porto: só me torno no fundamentalista cego que não gosto quando estou a falar com outro e sou empurrado para lá da razoabilidade.
Hoje, passei a ser uma outra coisa que, espantosamente, também irrita as pessoas: concedo sem reservas, quando acho que a razão me escapa....e, muitas vezes, do outro lado ouço coisas como não tens mais nada a dizer?! ao que respondo não. Tens razão. e recebo, em retorno, Estás a desconversar.
Preso por ter cão...

Sem sair, muito, do tema:
Porque tendo a ser assertivo a abrasivo, é comum pensar-se que estou numa missão para convencer alguém de alguma coisa mas, sem evasivas, o meu objectivo só é convencer quando tenho algo a ganhar em termos materiais: profissionalmente (ganhando vantagem na guerra) ou pessoalmente (um resultado imediato que me agrada como alguém levantar rapidamente as saias).
Nas mais das vezes, especialmente quando se trata de alguém que me é próximo, o meu objectivo não é convencer mas fazer entender o que estou a ver quando o que esse outro alguém vê uma outra coisa. Depois de conseguir mostrar, depois da outra pessoa entender o que eu vejo e por que vejo, largo de mão (nem sempre, é verdade) porque a escolha não me compete.

Isto, assim, parece obtuso mas com exemplos práticos é mais fácil entender-se (e é bom que entendam, senão volto a ser o MAS).

Há uns dias intervencionei uma pessoa amiga porque entendi que se estava a perder daquilo que interessa e a entrar num buraco que me é conhecido e onde se entra sem se dar por ela; nota-se quando se olha em volta e só se vê parede.
Então,
expliquei-lhe o que via e o que achava que devia ser feito. Foi entendido o que eu estava a dizer e, por isso, senti o meu dever como cumprido.
Agora que ela tem a visão dela e a minha há-de decidir qual a que está certa e optar pela que lhe parece mais razoável ou certa e eu não intercederei mais.
(este é daqueles casos em que não posso garantir que largarei de mão porque o bem estar da pessoa pode sobrepor-se à minha ética mas vou esforçar-me por deixar que a decisão seja tomada sem interferir...o que não me parece que vá acontecer mas...).

Emocionalmente, a coisa não é particularmente diferente.
É muito comum alguém tentar convencer-nos (ou nós tentarmos convencer alguém) que são o que nós procuramos e que somos burros em deixar passar uma oportunidade de sermos felizes.
Para não parecer o génio que raramente penso que sou, direi que a diferença entre o que descrevi e o que faço não será muito grande mas, para mim, é toda a diferença do mundo.

O que me preocupa e com o que vivo mal é que alguém não perceba onde está metido e o que vai abandonar. Preciso que seja claro que antes da decisão tomada se saiba sobre o que se está a decidir.
Aceito que me seja dito pá, eu sei e vejo mas não posso fazer nada! mas já não qualquer coisa do tipo não sei ao certo... mas pelo sim pelo não, vou parar... Nop. Isto não é aceitável.
Depois de reconhecido, depois de detectado, depois de entendido, cada um decidirá o que quiser mesmo que seja contrário ao que eu entendo dever acontecer. Nada mais sinto haver a fazer.
(este é daqueles caso em que posso garantir que largarei de mão)

O que não é raro é acusarem-me de não me interessar o suficiente. É nestas alturas em que é comum a outra pessoa precisar de uma prova; qualquer coisa como correr atrás ou um grande gesto que demonstre o quanto se quer, algo que, para mim, é apenas a procura de uma segurança que não existe.
Afinal, quem pode garantir o que quer que seja? Aparecesse-me (lamentavelmente terá de ser este o tempo verbal porque o tempo até por ela passa...) a Monica Bellucci pela frente e não estou certo que a minha mulher/namorada seja lá o que for não fosse de vela. 
A ilusão da segurança é muito apreciada pela população em geral mas eu nem de ilusionismo gosto...

Como consegues ser tão frio? também já ouvi tantas vezes que daria para colocar uma fotografia minha num dicionário dedicado a expressões mas a questão não é bem essa. E é estúpido e irracional pensar-se isto.
NADA em mim é frio mas às vezes sou forçado a ser, pelas circunstâncias e a única coisa mais forte que a minha vontade é a necessidade de ser o que é preciso.

Friday, August 21, 2015

Já por cá deve ter passado - quase de certeza - mas gosto tanto de Badu que sempre que me cruzo com ela é uma alegria. Não é incomum um gajo, a dado momento, dar de frente com alguma coisa e pensar foda-se...não percebo como estive tanto tempo longe disto.

Então,
gosto de tudo na Badu. Começa no aspecto (esta afro, aqui, é um sonho), pelo funk/soul que já quase não se usa, a voz, a dicção e, muito importante, a lascividade que de vez em quando é clara e vermelha como sangue e outras romântica, como na Honey que segue.

De entre toda a letra que é uma declaração óbvia mas entregue de uma forma menos óbvia (love nem sequer aparece), a minha linha favorita é: can you stick your pinky finger in my tea, cause you´re so sweet to me...


Tinha mais para dizer, porque é sexta-feira, mas não destilarei fel. 

Thursday, August 20, 2015

Isto é uma coisa um bocado New Age mas dei por mim a pensar que atraímos, involuntariamente, alguns comportamentos, daí a mesma pessoa agir de forma diferente com pessoas diferentes.

Há uns dias, um amigo que era muito propenso a andar à pancada (o que levava a que eu também andasse... E era sempre quando estava com ele) caiu-lhe a fixa e percebeu que o comportamento dele atraía problemas.

Quando contei, de forma inocente, umas aventuras que tinha tido que consistiam em ser abalroado, sem palavras, por uma ou outra mulher na noite, foi-me dito que o meu comportamento encorajava isso.

Há umas horas, numa conversa que tinha que ver com as brancas que tenho na barba (eu gosto, dão-te charme, foi-me dito), a coisa resvalou para brancas, de forma eufemistica, noutros sítios.

As minhas conversas raramente são absolutamente comuns - o que me agrada porque comum é chato - e deve ser assim porque, sem saber, encorajo.

Quem Disse Que É Só Coisas Tristes?!


Wednesday, August 19, 2015

ISSUES? U THINK?!

- K... não percebo por que tenho de ser sempre eu a convidar e a pedir para fazermos alguma coisa...
- Vou imaginar que não te estás a queixar, senão respondia-te que ninguém te obriga a fazer nada!
- Mas eu não me estou a queixar!
- Eu sei! Se achasses que estavas dizia-te o que acabei de dizer e continuaria com "ainda vou a tempo de me vestir e ir embora!!", mas como não estás...
- ...isso não te parece desmedido?
- Parece. Eu sei que é um abuso. Eu sei que estou a ser parvo. Eu sei que nem mereces que diga alguma coisa parecida com isto...mas é como um botão em que se carrega.

...

- Preciso que faças isto, não dá para esperar mais tempo, K.
- Foda-se... que massacre... não gosto nada de fazer essa merda!
- Pois, não se faz só o que se quer...
- Ei, ei! Quê? Foda-se, não faço!
- Pá, calma. Não é vontade de te foder a cabeça!
- Eu sei... não gosto que me dêem ordens...

...

O pessoal duvida do meu mau génio porque, na verdade, ele não é permanentemente demonstrado e as mais das vezes até sou um gajo porreiro.
Quando me tocam em partes sensíveis...

Tuesday, August 18, 2015

Quantas vezes ouço pessoas dizer que distinguem muito bem o profissional do pessoal, como se fossem compartimentos estanques de um mesmo barco. Nunca entendi e tendo a não acreditar nas coisas que não entendo.
Eu gostava.
Faço um esforço enorme por conseguir não ficar absorvido pelo que faço durante o dia mas apenas consigo (quando consigo) minimizar os efeitos. E sou amplamente mal sucedido na empreitada. E não sou apenas mal sucedido em impedir que o profissional afecte o pessoal como vice-versa.

Exemplo flagrante de ser incapaz de estancar efeitos que, aparentemente, não teriam de interagir:
Como já disse, hoje estou com dores e como sou homem estou mal preparado para dores que não resultem de agressão rápida, por mais dolorosa que seja; dor continuada chateia-me.
Ora, dor faz-me sentir fraco e mais do que me fazer sentir fraco faz-me ficar fraco. As minhas defesas caem, a minha resistência diminui. Poderia estar a referir-me a defesas orgânicas, tipo sistema imunitário, mas não estou; refiro-me a todas as defesas. É um bocado como ficar despido.

Espero que a puta da dor não dure muito tempo porque caso contrário vai-me foder mais a vida do que o que já está a fazer.
Por causa do meu humor de hoje, a minha tendência natural é eu quero me esconder debaixo dessa sua saia pra fugir do mundo, pretendo também me embrenhar no emaranhado desses seus cabelos...mas vou combater.

Por isso....

Sempre que estou com dores penso a mesma coisa: se o futuro da humanidade dependesse dos homens darem à luz, esta merda já tinha acabado há muito!

Foda-se.
Pareço estóico quando tenho dores e só dá a ideia de que estou com mau feitio mas não. Dor que não resulte de levar pancada, coisa a que me fui habituando, dá cabo de mim...

Monday, August 17, 2015

Já Passou Uma Semana, Acho


3 Coisas

1) Ele disse-me que eu sou fria;
2) Ele disse-me que eu sou frígida.

Uma destas afirmações ouvi-a recentemente e outra há mais tempo; duas mulheres diferentes; dois gajos diferentes a dizê-lo; duas mulheres a ponderar que eles tivessem razão; dois gajos enganados.

Quanto à primeira, entre outras coisas, já me foi buscar a lugares de onde não estava em condições de sair e, uma delas, levou-me para casa dela, despiu-me, deitou-me na cama, cobriu-me, beijou-me a testa e disse-me não te preocupes, está tudo bem. Dorme bem. Não estava tudo bem mas ainda assim dormi bem.
Porque não quer estar com gente só porque essa gente quer estar com ela, ouve com alguma frequência que é fria e começa a acreditar, de tantas vezes repetido.
Ela tem problemas, como eu e todos nós, mas frieza não é um deles.

Quanto à segunda, quando me contou que lhe tinham dito o que lhe disseram, ri-me muito e ela ficou meio ofendida.
Ri-me porquê?
Porque só não me engolia, literalmente, porque não podia. Mais uma vez, ela tem problemas, como eu e todos nós, mas ser frígida não é, seguramente, um deles.
Ouviu aquele idiota dizer-lhe aquilo tantas vezes que começou a acreditar.

Ambas as histórias levam-nos para o clássico o problema são os outros.
Um não concebia que lhe fosse dito não, entre nós não vai acontecer, daí ela ser fria;
O outro não percebia o que tinha de fazer, daí o problema ser dela.

Lembrei-me disto porque há uns tempos, numa cena de Recursos Humanos, foi-me perguntado qualquer coisa relacionada com a minha facilidade em ter atritos com algumas pessoas de vez em quando.
Respondi que sempre que isso acontecia olhava para tudo o que tinha feito para entender onde tinha sido responsável. A isto, disseram-me: Hmm... não tem perfil de vítima e de baixa auto-estima para achar que a culpa é sempre sua...
Corrigi o que pensei ter sido claro: Não, não. Eu não acho que tenha sempre culpa, só me é mais fácil tentar perceber o que fiz para, depois, decidir quem tem culpa e agir como tem de ser.
Ah, assim parece-me mais certo. Isso é egocentrismo.

E é. E sou.
O que acontece é que se os outros dois camelos fossem mais egocêntricos, provavelmente teriam pensado, primeiro, por que é ela fria comigo ou por que é ela frígida comigo e talvez a conclusão fosse diferente e talvez essa mentira tantas vezes repetida nunca viesse a parecer verdade.

3) A Intervenção

Acabei de ligar e dizer Isto não é uma intervenção!! ainda antes de ouvir estou? e tinha a vantagem de ser mentira. Era uma intervenção mas como isso me faz parecer uma coisa que não gosto de ser porque não é sexy e não se coaduna com a minha imagem - a voz da razão - entrei à defesa.

Foi, com panos quentes, um aviso dando conta de que se encaminha para onde eu já estive e de onde nunca saí; um antro de quase solidão onde as pessoas se metem quando perdem a perspectiva do que as rodeia a troco de qualquer coisa. Neste caso, trabalho, no meu caso...bem, no meu caso era outra coisa.

Contrariando a minha natureza e contrariando-a porque algo mais importante do que ela se levantou, andei uns minutos a dar colo e a explicar assim não pode ser.
Ainda não é certo que tenha resultado, ainda que pareça, mas se não resultou vou fazer o costume e que me é bem mais natural: intensificar a pressão e intensificar o que tiver se intensificar, mesmo correndo o risco de ser desagradável e ver o feitiço virar-se contra mim...mas o meu egocentrismo latente não me permite fazer menos do que tudo o que consigo porque acho que consigo tudo e o custo é sempre secundário.

3 coisas diferentes;
3 coisa que revelam tanto dos outros como de mim;
3 coisas que mostram que de tanto nos martelarem com alguma coisa na cabeça ela passa a ganhar vida própria.

Wednesday, August 12, 2015

Como se Criam as Pessoas

Às vezes, a ficha demora a cair e outras vezes não cai.
É injusto mas verdadeiro que somos o produto da nossa vivência e, em primeira análise, da criação que nos deram e mais injusto é que a culpa seja sempre de quem nos educou ou tentar educar.

Para se entender alguém é preciso conhecer e o mesmo se aplica quando somos nós em relação a nós mesmos.

Há muitos anos atrás, num jantar de família que englobava a minha namorada da altura, o meu Pai, a propósito nem consigo imaginar de quê, disse qualquer coisa como isto: O K, entre vocês os dois, é claramente o mais bonito!
Vamos esquecer que não há forma de se justificar dizer algo assim;
Vamos esquecer que se as pessoas são analisadas como um todo, ainda que fisicamente, e que se alguém, entre eu e ela, estava com alguém de um nível superior não era ela;
Vamos esquecer boas maneiras.

Na altura, achei parvo e mal educado mas nada mais que isso.
Agora, explica muitas outras coisas.

Quando tinha 18 anos, o meu Pai foi chamado à escola porque me portava mal. Era ridículo, tanto eu portar-me mal como ser chamado à escola o pai de um adulto, mas ele lá foi e já sabia ao que ia porque não minto nem me escondo, coisa que não é recente.
Confrontado com a minha insolência a roçar a má criação e pouco contente com ver as suas (e as minhas) orelhas serem puxadas em público, perguntou à idiota (que o era) se os filhos dela tinham a mesma média que eu, se eram, como eu, do topo das respectivas turmas, se eram, como eu, federado e medalhado em mais do que um deporto...enfim, se tinham o meu CV.
Ela respondeu que não mas que isso não justificava tudo...e ouviu que o melhor era deixar-me em paz porque não tinha nada a apontar além de não gostar de mim. Pois, deve haver muita gente que gostava de ter tido um K mas ele mora lá em casa (esta frase, ou algo parecido, foi-me contado por um gajo da minha turma que tinha lá a Mãe).

Há uns dias, fui praticar desporto.
Vou fazer uma descrição daquilo que me foi contado, sem a conclusão, para depois voltar ao mesmo tema e para que não seja o meu Pai o único culpado do buraco ou montanha que foi criada:
Então,
T-shirt de mangas cortadas, muito suado, cabelo molhado, calções de quando tinha, talvez, mais 25 kgs, e umas sapatilhas que deveriam ter entregado a alma ao criador há muito.
Atrás de mim vinha um casal com cerca de 50 anos e quando se iam aproximando o homem olhou para mim de cima a baixo, por trás, e quando se colocou ao meu lado olhou uma outra vez; trocou de lado com a mulher, que antes estava do meu lado, e colocou-se entre mim e ela e agarrou-a pelo braço (isto está em itálico porque me foi contado por quem estava comigo, eu só os vi uns 10 metros depois de terem passado).

Eu: ui ui, teve medo que a gaja se excitasse toda e me quisesse sacar?!
Ela: não, não me pareceu nada disso. Parece que pensou ui ui, se isto der merda ainda apanho na tromba porque olhou para ti assustado.
No dia seguinte, se bem me lembro, contei esta história à minha Mãe, sem as conclusões dela nem as minhas, só a história.

Mãe: Pois... ele devia ser inseguro e tu já eras bonito mas agora...

...e está explicado!

Porque me lembrei destas coisas?
Bem, lembro-me ciclicamente porque não consigo evitar tentar compreender para controlar mas, desta vez, há outro motivo.

Ontem recebi o que apenas pode ser entendido como uma boa notícia. Se a minha personalidade fosse uma outra coisa que não é a notícia teria sido óptima.
Pouco depois de a receber tive de verbalizar o ocorrido por questões profissionais que senti não poder evitar e verbalizei a conclusão desta forma: Vou optar por não ficar fodido.

Como se justifica isto?
Na minha cabeça, é bom mas não o que deveria ter sido; era o que eu pretendia mas não exactamente o que pretendia e nem foi entregue da maneira que eu entendo que deveria ter sido; o meu intelecto apreciou o feito mas o meu cérebro reptiliano não ficou satisfeito...nem durante 5 minutos.

Depois disto, em contexto social e não profissional, deram-me os parabéns mas perguntaram-me por que motivo não estava contente e a resposta é tão simples como isto: Nunca estou; nunca chega.
Se tivesse sido EXACTAMENTE o que eu queria e entregue EXACTAMENTE da forma como eu entendia que deveria ter sido é provável que ficasse contente durante, na loucura, um dia e depois voltava tudo ao mesmo.

Nunca chega.
Uma relação passada disse-me uma coisa que já por aqui escrevi mas que não deixou de ser verdade uns 8 anos depois: K, só te vejo feliz um bocado antes, durante, e um bocado depois e não estava enganada.
Há pouco tempo, disseram-me que gente do meu tipo ou tem uma carreira galopante, sempre, ou, volta e meia, dá tombos fodidíssimos e não estava enganada.

Depois, há o reverso da medalha, aquilo que também dói nos outros.
Não é fácil conciliar a ideia de que sou capaz de fazer tudo por outra pessoa enquanto sinto que merece e nada quando me parece que não recebo na medida em que deveria; não é uma medida de faço isto por ti tens de fazer isto por mim como aqueles idiotas que caem de boca nas gajas para, depois, elas chuparem, não é isso.
Não é uma medida de comparação. É eu preciso disto independentemente do que isto seja. Não aceito menos mas não exijo igual... e não aceito o que não aceito.

O que quero dizer, demasiadas linhas depois, é que não acho que a minha educação tenha sido errada, ainda que exagerada aqui e ali. Detestaria ter sido educado em baixa auto-estima; detestaria ser aquele coitado a quem tudo acontece e que não entende todos os males que lhe são infligidos; detestaria contentar-me com qualquer coisa só por ser suficiente; detestaria ser aquele gajo que se sente agradecido porque lhe dão alguma coisa, ainda que pouca; detestaria que dissessem que sou simpático ou boa pessoa de forma inócua, só porque não incomoda.

O que gostaria, contudo, era de ser um bocado como o buraco negro que não tapa independentemente daquilo que lá para dentro se atire.
O que gostaria era de ter mais paz ou, pelo menos, mais paz durante mais algum tempo.

É por isso que gosto tanto de músicas sobre redenção, porque não a vejo acontecer.
É por isso que rosno, de vez em quando, para não ser forçado a morder. Podem detestar o que faço ou fiz mas não que não avisei que iria acontecer.

Fica perto quem quer e quem quer tem de querer bastante porque, como diz o Zambujo no Zorro, foi ela que pediu.

Monday, August 10, 2015

...e a saga continua...

Depois de fazer a cena que costumo fazer, que implica um furo no dedo:
- Vou ser furado outra vez!? (enquanto era desinfectado num outro dedo)
- Não...
(...)
- Tinha o dedo sujo com tinta de caneta e aproveitei...

A coisa apanhou-me de tal maneira que duas coisas aconteceram:
1. Fiquei sem saber, exactamente, o que dizer e, por isso, calei-me;
2. Ponderei, mesmo depois da resposta, que ela se tivesse confundido e esquecido que já tinha feito o que tinha a fazer.

Apanharam-me na curva e esfolaram-me a canela.

Ferreiros e Espetos de Pau

Num dos dias deste FDS fui jantar a casa de uma amiga na companhia de mais 4 (confirmo, era a única pila presente, o que se tem tornado mais comum do que seria expectável, e, além de ser a única pila presente ainda me foi pedido que a mostrasse, coisa que não fiz porque coloquei como condição que fosse diligenciado no sentido de a mostrar em extensão).

Uma delas, a minha melhor amiga, estava a contar cenas dela e de um gajo com quem está a ponderar ter alguma coisa que dure mais do que algumas hora. Um dos motivos para ser a minha melhor amiga é que somos muito parecidos em muitas coisas, pelo que os conselhos que damos um ao outro não são verdadeiros conselhos mas antes a verbalização do que outro já sabe.
Daí, o relevante não ser isto.

O relevante, para mim, é o seguinte:
Quando questionado disse isto: Pá, podes fazer duas coisas: ou pensas que gostar chega e é que se foda, bora com isso, ou ponderas tudo que envolve uma coisa dessas, caso em que não vou deixar que escolhas o que ponderar só por ser mais fixe.
Uma outra amiga disse quase o contrário mas exactamente o contrário do que disse ser o caminho a seguir: racionalizou as variantes menos agradáveis e agarrou-se às coisas boas.

Não, não. Isso é que não.
Não vale sempre a pena, que é o contrário do que ela disse; vale a pena ir se se sabe que só o gostar, naquele momento, chega; vale a pena ir se se gostar o suficiente para pensar depois no que tiver de se pensar; vale a pena ir se se entender que a base de tudo chega para ser um início.
Não vale a pena se se procura os problemas ao mesmo tempo que se finge não existirem; não vale a pena justificar para aliviar uma consciência que, depois, encontra um peso com que contava mas ignorou e fingindo surpresa.

Em suma, para mim:
Escolhe! Vai se chega, fica se só não queres ver.
Em suma, para ela:
Vale sempre a pena. Temos de dar uma oportunidade às relações!

E agora, a puta da loucura!
Como conheço muito bem quem estava a dar conselhos perguntei-lhe há quanto tempo não tinha uma relação e se ela não achava que estava na altura de dar uma oportunidade (sabia a resposta às duas); não seria altura de ela se apaixonar se se desse o caso, sem mais considerandos (também sabia a resposta).

Ora, ela não tem relação nenhuma desde que a conheço, o que bate numa década, acho;
Ela não acha, e isto foi verbalizado, que uma pessoa se possa apaixonar em idade adulta como se apaixonaria na adolescência...mas vai em frente, acredita porque pode dar certo!!!

Eu, que sou cínico, não acho anda disto.
Eu, que sou cínico, sei que não há um prazo de validade para nos apaixonarmos e não preciso que isto se seja provado: Sei.

O que tem de se decidir é se se vai ou se se fica, pelos motivos certos ou pelos motivos que conhecemos nas condições em que estamos.
Escolher ponderar e ponderar, apenas, o que dá jeito é só estúpido.
O Estado Islâmico reflecte verdades sobre todos nós. Não estou a falar de questões metafísicas, ainda que pudesse, mas algo bem mais simples como a natureza humana que, despida da sofisticação da capacidade de raciocínio singular, continua a ser animal.

O sucesso do EI não se prende, apenas, com a sua capacidade de armamento; ele teve e tem apoio da população.
Parece esquisito porque não andamos por lá mas não é assim tanto. Não é particularmente diferente do que sucedeu com a Alemanha Nazi nem com o Portugal de Salazar, no seu íntimo.
A população das terras conquistadas sente-se mais segura com um regime completamente repressivo que chicoteia quem não reza, entre tantas outras coisas, e sente-se mais segura porque sabe com o que contar, mesmo quando é assim tão terrível. 
Esta é, por exemplo, uma lição para aqueles mentecaptos que acham que o Estado é imprestável: é necessária ordem e, na ausência de uma que seja justa, uma injusta é melhor que nenhuma.

Ademais, os gajos do AI, por entre julgamentos que terminam em tiros na nuca e apedrejamentos, vão dando pão a quem não tem acesso a ele e a comunidade tolera um tiro ou outro se tiver o que comer porque, como em tudo na vida, nunca somos nós quem vai apanhar porque seremos sempre cumpridores.
...vi um tipo a quem perguntaram o motivo que o levou a submeter-se (não no sentido literal mas porque o procurou) a um tribunal do EI (sharia) e não aos comuns. Porquê? Porque este é mais rápido e a coisa fica resolvida.

Ordem, pão, rapidez.
Vende-se a liberdade por isto e, para ser honesto, acho que o pão seria suficiente.

Pode parecer que critico, porque sentado na minha poltrona europeia, mas não é o que estou a fazer.
Haverá sempre idealistas que preferem liberdade a pão e eles são necessário. Não falo dos comunistas que não preferem a liberdade nem a democracia, embora o bradem a todos os ventos, porque não querem nem uma coisa nem outra; querem a privação da liberdade e da democracia mas de acordo com os seus ditames.
Falo de idealistas que são capazes de mudar o mundo, nem que seja porque o tentaram, e que põe o corpo juntamente com as palavras mas ainda que tal seja admirável não sinto como sendo exigível.

É inconcebível, mormente por falta de memória, que alguém se submeta à repressão por um prato de lentilhas mas isso é para quem tem um prato de lentilhas.

Lembrei-me disto, também, porque este fim-de-semana ouvi gente julgar outras pessoas por comportamentos que já não lembram terem sido os deles próprios.
Mais uma vez, eu também julgo e, às vezes, até parece que o faço do cimo de uma altivez moral que não tenho nem julgo ter...é uma questão de carácter e de incapacidade de ser abrasivo.

É fácil falar-se de fora.
É fácil dizer-se que se faria uma outra coisa.
É fácil pensarmos que estamos num pedestal ao abrigo das intempéries.

....e depois a merda acontece e somos como os outros.

Friday, August 07, 2015

Porque estou a rebentar de cansaço mas, ainda assim, a achar que não o suficiente para ir para casa como costumo fazer todas as sextas-feiras:

É muito aprazível achar-se que o sacrifício que impomos aos outros é justificado por aquilo que lhes oferecemos.
Por exemplo: há assuntos que têm de ser tratados com pinças no que a mim diz respeito e quando digo assuntos quero dizer, também, comportamentos.
Sim, mas o que dou em troca é mais do que suficiente para compensar o que têm de fazer para me ter por perto! Não, não é.
Ninguém deve fazer sacrifícios para ter alguém por perto e por muito que me custe eu incluo-me nesse princípio.

Felizmente, nem todos acham o mesmo e entendem que, de vez em quando, vale a pena.
Por norma, não me dizem que não a nada. Não sou daqueles idiotas que dizem que conseguem tudo o que querem porque, infelizmente, não sou e, entendo, ninguém é mas, ainda assim, não estou habituado a que me neguem.
A ideia de quem me conhece mal é que não me costumam desatender porque têm medo de mim e não posso excluir por completo em relação a todos os que comigo se relacionam; o que posso dizer é que quem me conhece melhor compreende que é porque as pessoas acham que vale a pena fazer-me as vontades, mesmo que estejam enganadas.

E agora...

O Nosso Cão de Guarda!

Ontem estive a ver um bocado da entrevista do Jorge Jesus.
JJ, como era previsível, entende que se o Benfica ganhar ao Sporting, no Domingo, ainda assim é ele quem ganha porque jogará contra si mesmo.
O SLB continua com a mesma equipa, a mesma estratégia, o mesmo modelo de jogo, o mesmo tudo... as mesmas ideias, as minhas ideias, nas palavras do próprio.

Tenho acompanhado o Donald Trump na corrida para candidato dos Republicanos.
Tenho-o visto dizer que o Mccain não é um herói de guerra (só por ter sido prisioneiro de guerra e sobrevivido, é curto...quando o próprio não pôde ir para a guerra porque tinha bicos de papagaio nos pés, coisa que não existe), que os mexicanos são traficantes e violadores, que ver uma mulher amamentar é nojento... enfim, só coisas boas.
Os Republicanos estão a entrar em transe com este tipo de postura, sendo certo que os incomodava menos quando o alvo era o Obama.

O que quero dizer com isto?
Bem, quero dizer que o problema das bestas, como tanta outra coisa na vida, depende, apenas, do lado em que nós estamos.
O Jesus não passou a ser uma besta por ter trocado de clube;
O Trump não passou a ser uma besta por estar a atacar os Republicanos.

Sempre foram o que são, a diferença é, apenas, o alvo.

Por isso me lembrei dos cães de guarda, aqueles ferozes. Aqueles de que eu gosto.
São admiráveis quando defendem quem devem (e quando quem devem somos nós) mas um animal, seja ele qual for, onde se incluem os humanos, só consegue ser controlado até certo ponto; quando um caniche se descontrola, ninguém liga muito; quando um bullmastiff se descontrola, liga-se muito.

Ora, o que é esquisito é que todos se surpreendam quando o JJ ou o Trump morde quem eles não esperam, sendo certo que eles sempre foram indiscriminados. Apenas estiveram de um dos lados durante algum tempo e, depois, mudaram-me para outro. Mudaram de lado, não de comportamento.

Não é diferente, por exemplo, de quando se vê uma pessoa a cortar outra da sua vida.
Nós, que não fomos cortados, achamos admirável gente com força suficiente para não apanhar na pá; com ele não fazem farinha, ouve-se com bastante frequência mas, não se tendo o cuidado devido, um dia o cortado deixa de ser o outro para sermos nós porque cesteiro que faz um cesto faz um cento.

Nós só somos especiais na nossa cabeça.

....e...
como já por aqui escrevi, as pessoas tendem a contar-me coisas. Muito provavelmente porque não pergunto; muito provavelmente porque sabem que não me meto se não me perguntarem; muito provavelmente porque pensam que sou mais ponderado e esperto do que aquilo que penso de mim mesmo.

Então, hoje, foi um desfraldar de cenas.
E, para ter graça como costuma ter, sempre que a conversa tomba para gente que ambos conhecemos - e quando a conversa envolve apreciações mais pessoais - os nomes desaparecem. Passa-se para expressões como a pessoa de que estamos a falar ou o casal de que estamos a falar o que eu acho imensamente divertido porque, aparentemente, se não se disser o nome não existem.

As sextas têm sido menos más.

Thursday, August 06, 2015

(vamos dizer que é mais uma coisa com graça mas, de facto, não é)

Depois de mais uma nega que não devia ter dado pela milionésima vez, é-me dito telefonicamente:
- K... és um coninhas!

E o que tem graça - e não tem, ao mesmo tempo, mas optarei por não ser trágico - é que em algumas coisas sou mesmo. Não costumam ser as previsíveis, é tudo menos aparente...mas sou mesmo.

Wednesday, August 05, 2015

Coisas Com Graça

# 1

Fiquei sozinho com duas médicas miúdas numa sala enquanto a médica principal foi fazer cenas.
Como não tenho problemas com silêncios, fiquei quieto e uma delas, volta a meia sorria para mim por puro constrangimento.
Para disfarçar, pegou no meu dossier e começou a desfolhar, como se interessasse.
Quando chegou à parte do processo dedicado à minha consulta de psicologia, levantou os olhos na minha direcção e começou a rir-se.

Não me surpreendeu. Sou claramente melhor no papel e por curtos espaços de tempo.

# 2

- K, acho que ainda me vou perder a sair daqui... não queres levar uma cerveja para o caminho?!
Não sou de chorar mas se fosse tinha chorado.

CONSIDERAÇÃO!

# 3

- Eh, pá... tenho uma gata chamada Maggie há 1 ano e ontem descobri que é um gato. Arranjei uma gata para fazer companhia e a Maggie começou a cheirá-la por trás. Achei esquisito. Fui ver. Tinha tomates!!

# 4

- Olha, não me entendas mal porque não é minha intenção ser ofensivo, até porque nem sequer estou chateado: não precisas de parecer a filha que está a tentar reconciliar os pais.
- Mas... só por causa de ter (cenas) ?
- Vamos fazer o seguinte: eu não te trato por burra e tu não me tratas por burro. Parece-te justo?
- Parece...

(esta só tem graça porque acho graça a quem se preocupa comigo, mesmo quando não quero e mesmo quando não preciso, especialmente quando o faz de forma dissimulada - que comigo não resulta mas aprecio o esforço - e desentendida, sem nunca atirar à cara o que se está a fazer)

Tuesday, August 04, 2015

"tens escrito na testa que precisas que tomem conta de ti...e que não deixas."
Não é um mau resumo e pode até ser verdade mas eu quero deixar.

É por isso que as minhas músicas favoritas vêm da redenção e da alma negra, mais por fora do que por dentro, da Bahia, onde ele nasceu.

Então, 
Redenção que aconteceu e que não foi apenas desejada, o que é raro...mas em que a regeneração não foi completa, o que é menos raro.
Andava com isto na cabeça há duas semanas.

E agora, como se um desmame se tratasse, não vai haver samba durante uma semana (aqui, claro)!

Monday, August 03, 2015

Não era isto que vinha cá fazer mas porque acabei de ser exposto a isto uma outra vez, aqui vai:
O drama dos refugiados - a quem se chama de migrantes, agora, sendo que deve haver dos dois tipos - em Calais parece estar a apanhar todos de surpresa. Bem, não todos.

O que torna tudo muito mais estranho (ia escrever divertido mas contive-me) é que são, agora, os franceses a dar lições de civismo e tolerância aos ingleses e estranho porque o historial, e talvez não apenas o historial, francês no que tange à xenofobia não é particularmente brilhante nem recomendável. O partido Le Pen é disso um exemplo; é certo que me parece que o crescimento se deve à crise europeia mas não nasceu assim e a relevância do apoio também não é de ontem... e o apoio começou com um Le Pen menos children friendly que a actual.
E estranho é, também, que a Inglaterra, que nunca se entendeu como integrante da Europa - nem entende - está a surpreender todos ao dizer Bebés, o problema é VOSSO! Um gajo está aqui numa ilha e não tem nada que ver com isso.

E agora, o que me trouxe, que é bem mais fixe:
No Domingo, estive acordado uns instantes à hora do almoço e vi a história de um gajo que queria que os Foo Fighters fossem à cidade dele tocar e, para os sensibilizar, criou um vídeo.
Ora, estava à espera de ver um vídeo com graça e tal mas não, não foi uma graça feita numa cave, foi este sonho:

Resultou, quer porque depois disto não sei quem poderia, ainda que quisesse, dizer que não, quer porque o Grohl é o maior!
(foi-me chamada a atenção para o facto de que o post anterior parece que foi escrito com os pés e constatei que é verdade.
Caguei um bocado, como é evidente, mas achei muita graça ao reparo)

(e porque, no fundo no fundo, sou o Vítor)


Na interminável discussão do que é bonito/vale a pena/feliz/infeliz e por aí fora, apanhei alguém a dizer que a Esta Melodia, que colocarei, uma outra vez, no fiz, é uma história feliz.
Tentando entender o porquê, pelos vistos, a opinião é qualquer coisa como valeu a pena enquanto durou e que foi uma história feliz por ter sido vivida. 

Não pretendo que se entenda, por ser provavelmente errado, que não entendo a felicidade ou qualquer história como feliz quando acaba. O mais vale amar e perder do que nunca ter amado nunca fez qualquer sentido para mim. Histórias felizes são-no enquanto duram e não depois de terem acabado. 
E porque não pretendo que se entenda, consigo entender, pelos outros, que a música contará uma história que em tempos foi alegre mas quando o refrão diz eu tinha esperança que um dia, ela voltasse para a minha companhia a felicidade vai de vela; deixa de ser feliz quando não volta, quando acaba. E não interessa que esteja toda a gente com ar feliz e a velha guarda nos aqueça o peito: a forma não muda o conteúdo.

Aquilo que não espero que se entenda porque se assemelha a uma patologia que tornaria o mundo ainda mais triste do que o que já é, é o seguinte:
Entendo e apoio que se dê tudo e que se pense que é para sempre mesmo quando se sabe - e gente realista sabe - que mais difícil do que acreditar que é para sempre é, de facto, ser para sempre. Não faz sentido fazer as coisas de outra maneira.
Entendo que se recordem momentos felizes e que o foram enquanto durarem, entendo que seja agradável, em tese... o que já me custa a entender é que se fique feliz por ter vivido algo que acabou; pode-se ter boa lembrança, em momentos que aconteceram, mas já não qualificar uma história que acabou como feliz...porque para ser feliz não tinha acabado.

Ele ficou à espera dela por escolha e não se arrependeu.... sim, por escolha, nada a dizer porque a vida é de cada uma. E a estupidez ainda não paga imposto.

Só para que fique claro, contudo, todo o meu gosto musical e ideia de romantismo é contrária a tudo que se revelou ser a minha opinião; acho maravilhoso esperar para sempre, em conceito, o problema é que a realidade não me permite confirmar o que intelectualmente me parece.

Não suporto mais, tua ausência.
Já pedi a Deus, paciência.

Desde o dia em que ela foi embora,
eu guardo esta canção na memoria.


Sunday, August 02, 2015

Futebolês

Acabei de ver uma notícia que revela a indignação de muitos porque o Messi apoiou o ditador gabonês ao deslocar-se ao país para publicitar (acho) o CAN que se vai lá realizar.
Este fim-de-semana, fecharam-se ruas no Porto porque o Jorge Mendes se casou e os moradores das ruas em questão ficaram um bocado fodidos. Um comentador televisivo disse que se a lei prevê e ele pagará os custos, nada a dizer.

Pois, alguma coisa a dizer.

O Messi foi fazer o que o pessoal faz: ganhar dinheiro. É certo que foi a coberto da sua Fundação e as Fundações, ou aquilo em que se tornaram, são algo muito pouco recomendável.
O Jorge Mendes fez o que fez pelo mesmo motivo que os cães lambem os próprios tomates: porque podem.

O problema é que se pensa ou se vende que pessoas como Messi devem dar o exemplo, demitindo os pais dos jovens de o fazer.
O problema é que se tende a permitir tudo a pessoas bem sucedidas, como o super-empresário, porque ganham e dão a ganhar rios de dinheiro.
Ambos os problemas só o são por problemas de perspectiva; tanto Messi como o Mendes são pessoas cujo percurso deve ser admirado mas os messias, a existirem, não se revelam por saberem dar pontapés na bola ou por terem a capacidade de fazer o dinheiro, que não os pães, multiplicarem-se.
Não se deve esperar dos outros aquilo que nós não conseguimos fazer só porque há mais gente a conhecê-los do que a nós; não devemos tratá-los como seres superior só porque, de facto, são mais importantes.

Outro problema é que o Messi, e em certa medida o Mendes, são a versão moderna da história da gata borralheira e não sei se a fantasia de pensar que a vida lhes deu, e terão merecido, o que nos pode dar a nós tendo por base apenas talento natural...e pior ainda é que se acha, apenas por ser o que a epiderme revela, que foi apenas o talento natural que os levou onde estão.

...é que o suor não fica bem nas câmaras.