Monday, March 24, 2008

Passou mais uma Páscoa e, como nas anteriores, estou absolutamente na mesma.
Aliás, se a minha mãe não me apresentasse um pão de ló na quarta feira passada e eu não tivesse perguntado Para que é isso?!, acho que nem perceberia que era Páscoa.

Tenho o mesmo relacionamento com todas as épocas festivas, não lhes ligo.
Uma das possíveis explicações para isso poderia ser o facto de ter uma família muito pequena, o que impede que encare uma festa como uma oportunidade de os ver.
Poderá, também, ser porque não tenho particular de ver ninguém, muito menos quando essa vontade sai das páginas de um calendário.

Não sei se haverá uma génese para esta minha indiferença por épocas festivas mas que não me dizem absolutamente nada... isso não dizem.
Pior... está para aparecer, rapidamente, o meu aniversário e eu nem me interesso por isso.

Às vezes, quando me acho um gajo que demais, penso que todos os dias são especiais e o tumulto criado em torno de um dia, por qualquer motivo, é hipocrita e eu sou muito melhor que isso.
Em dias menos cheios de mim, acho que não quero saber porque simplesmente não quero saber. Caguei nessa merda toda, não há dias especiais.

Dia especial será, seguramente, o dia em que a Bebel Gilberto regressará a Portugal, em Maio.
Isso é digno de festejo.
Outro dia especial será aquele em que o Porto voltar a ganhar a Champions, outra vez.

Agora, daí a tornar qualquer um dos dias descritos em marcações anuais de calendário, isso é ridículo.
A especialidade é no momento e depois esfuma-se, no ano seguinte será apenas um dia e não O dia.

Faz-me lembrar as semanas/meses/anos/décadas de um qualquer relacionamento e esse tipo de aniversários destituidos de qualquer valor.
A vitória não será permanecer na relação, do tipo, "AGUENTEI!!!", quando muito, haverá festejo no dia que terminar porque só os inícios são dignos de registo.

Wednesday, March 19, 2008

Não sou paciente...
Não sei se será um defeito...

Já me disseram que é porque sou mimado.
Não me parece.
Acho que se a minha impaciência resultasse de ser mimado apenas se revelaria nas coisas que eu quero e, no meu caso, revela-se em tudo.

Não tenho paciência para esperar, por exemplo, que uma coisa que tenho de fazer amanhã não possa ser feita hoje.
Não gosto de esperar a paulada, desejo que apareça com a maior rapidez possível.

Sou assim em tudo...
Detesto esperar mas também detesto que esperem por mim.
Detesto que me imponham limites mas detesto não os ter para mim mesmo.
Irrita-me demorar mais do que previa demorar.
Irrita-me experimentar roupa.
Irrita-me esperar que o Word abra.

Em contrapartida a este defeito, se o for, nada fica por fazer quando lhe ponho as mãos.

Saturday, March 15, 2008

City Folk

Pelos vistos, é um programa da 2.

Assumo que não sou espectador assiduo do canal em questão mas como esta semana decidi ficar por casa, acabei por lá cair.
Deve ser um programa sobre gente comum, gente como a maioria de nós, que não anda de evento em evento e não é responsável por uma mudança visível no mundo.

Bem, o episódio que vi era sobre um gajo dos skates.
Devia ter uns trinta e poucos, aquele arzito pseudo-forita, comunista, selvagem... quase um gajo que sofre de adolescência tardia.
Dizia todos os lugares comuns aos Jim Morrison´s de esquina. Que não ia ser um clone, que a vida era mais que um emprego de merda, que o canudo não é a solução...já devem ter entendido o tipo.

Sou sincero quando digo que não critico esta opção pela diferença [se é que se pode chamar isso].
Também acho que a vida é mais que uma tela cinzenta mas, a mim, é esse cinzento que me paga a cerveja e a comida, ainda não encontrei alternativa.

Enquanto o ouvia, pensei que o gajo era daqueles que fazia uns biscates para sobreviver e que isso lhe chegava ou, melhor ainda, vivia do skate.
10 minutos depois percebi que não.

Afinal, os pais são ricos.
Afinal, a casa dele tem 6 quartos.
Afinal, recebe mesada para ser um gajo à frente.
Afinal, o cinzentismo paga-lhe os charros.

O gajo era tão idiota que exactamente por baixo do clássico poster do óbvio Jim Morrison e ao lado do, eventualmente, ainda mais clássico poster do Bob Marley, tinha um stereo de módulos, daqueles que custam uns 2.000,00€... seguramente pago por um dos clones da sociedade.

Moral da história:
Este mundo tá cheio de burros sem espelho e de neurónios sob efeito de psicotrópicos.

Wednesday, March 12, 2008

Esta semana deparei-me com uma exigência que não faz qualquer sentido.

Sou usado para determinados cenários.
Acho mais que natural, acredito que as características devem ser usadas nas alturas e situações certas, faz todo o sentido.

A mim, normalmente, chamam-me quando a possibilidade de diálogo se esfuma.
É sabido que não gosto particularmente de perder tempo demais com as coisas, sejam elas telefonemas que me parecem desnecessários, amabilidade que não me parece passível de dar frutos, insistências que me parecem mais pedidos do que outra coisa quando não tenho nada a pedir... enfim, não sou diplomata e não acredito em soluções amigáveis a todo o custo.

Então, quando os diplomatas não conseguem o resultado desejado [diga-se que o conseguem muitas vezes. É verdade que é, a maioria das vezes, mais simples... mas o meu orgulho impede-me de dizer bom dia quando não desejo que a pessoa tenha um bom dia], as coisas passam-me para as mãos.

Falo pouco, cedo menos e ataco muito rapidamente.

Bem, um destes dias ligou-me uma gaja que me anda a dar nos nervos há meses.
Arranjou várias confusões, é parva, arrogante [sem que se perceba porquê] e, como se não bastasse é feia de doer [parece saída da plateia de um programa dos anos 80].
Despachei-a com uma velocidade e violência que, ainda agora, a cabeça dela deve estar às voltas.

Burra como é, voltou a ligar para falar com o meu superior e fazer queixa de mim.
Fui confrontado com o telefonema e confirmei tudo.
Que a despachei, que não respondi ao que ela queria porque não me apeteceu e que se voltar a ligar faço o mesmo.

O diplomata compreendeu mas lá me tentou convencer que deveria, no caso, ser mais amável e devolver a chamada com a informação que ela queria.
Naturalmente, não o fiz.
Ofereceu-se para fazer ele esse serviço, ao que respondi, literalmente "Vais fazer isso com a melhor das intenções, eu sei, não tenho dúvidas. Sabes o que essa puta vai ouvir? - Ainda bem que fiz queixa, assim resulta!!!".

Ele, porque não pensa como ela, não concordou.
Respondi: "Ok. Liga-lhe e desautoriza-me, por mim tudo bem. Agora, EU não a atendo mais."

Concordamos em discordar e ficou assim.
Dali a eu partir pro "quero que se foda" ia ser um salto muito pequeno.

Moral da história, não vale a pena tentar fazer de um pitbull um cão de companhia.

Tuesday, March 04, 2008

Em caso de dúvida fica-se calado.
Não vejo isto como uma revelação porque não é um enorme mistério nem um segredo e nem uma verdade que se revela ao fim de uma vida de estudos.

O que me parece é que não se dá o devido valor a esta verdade que, para mim, é absoluta.
Do que vivi e do que vi viver é claro como água que o mal do mundo vem do que se diz a mais e do que se diz quando não se sabe, exactamente, o que se deve dizer.

Mas onde está a espontaneidade nisso?
Não está, caguei na espontaneidade.

Aquela coisa de dizer o que se pensa é demasiado idiota para ser tomada a sério.
Não é uma apologia à hipocrisia o que aqui faço, é a simples capacidade de pensar no que se vai dizer 5 segundos antes de uma trovoada sair da boca.

Também não é uma preocupação com o bem estar dos outros, protegendo-os das verdades ou das palavras precipitadas, nada disso.
Cada um deve tratar dos seus interesses e assim todos terão os seus interesses tratados. É o bem estar global a partir do bem estar particular.

É só saber o que se vai dizer... parece simples mas, pelo que se vê, não é.

Monday, March 03, 2008

Domingo, 05:45 da manhã:

Dois otário pegam-se.
Do que consegui ver, nada demais se passou, não houve tempo.
Vi dois empurrões e umas quantas pessoas a meterem-se no meio. Reparei numa mulher com os dois braços no ar a chamar os seguranças.

Em poucos segundos, 04 ou 05 seguranças chegam a põe cobro à confusão.
Naquele momento, não bateram em ninguém.
Montaram cerco a um dos gajos envolvidos e o outro ficou encostado ao balcão.

Domingo, 05:55 da manhã:

Já estava farto de lá estar e o meu amigo parecia orientado com uma fêmea [acabo de descobrir que, afinal, não estava. Era uma amiga da Ex dele e estavam a conversar].
Despedi-me dele e lá me fui embora.

No caminho, vi o gajo que estava envolvido na confusão, o que se encostou ao balcão.
O outro, não sei, não cheguei a vê-lo.
Presumi que os seguranças não tinham colocado nenhum na rua, ou, pelo menos, só tinham colocado um.

Domingo, 06:18 da manhã:

Chego a casa, faço umas idiotices no telefone e no computador e vou-me deitar.

Domingo, 01:25 da tarde:

Acordo.
A custo, vou para a sala para almoçar.
Na televisão está a dar "Segurança baleado várias vezes, uma delas na cabeça. Incidente ocorrido às 06:50 da madrugada de domingo".

Pois, 40 ou 45 minutos depois de eu me ir embora.
Pelos vistos, diz-se que foi na sequência de uma confusão entre clientes.
Pá... só pode ter sido outra além da confusão que eu presenciei.

Maldito o mundo em que porque se leva um empurrão, uma chapada ou mesmo um soco, se sai em busca de uma pistola para dar uns tiros.
Eu não posso ser daqui, é mau demais para ser verdade.

ps: o meu amigo está bem, falei com ele e, ao que parece, ao tiroteio que escapei por 45 minutos, ele escapou por 10.