Saturday, May 30, 2015

....afinal

Como não considero mentirosa uma pessoa que mente ocasionalmente também não considero cobarde uma pessoa que tem momentos de cobardia ou casos específicos em que a coragem lhe escapa.
Não considero, também, como corajosa uma pessoa que faz o que quer que seja para a qual não necessita, intrinsecamente, de coragem; como, por norma, achamos que qualificamos os outros tendemos a entender como valente aquele que faz ou pratica o que nós não conseguiríamos praticar.

A minha opinião é diferente.

Não é corajosa a pessoa que arrisca a vida se não tem medo de morrer;
Não é corajosa a pessoa que leva uma paulada quando sabe que isso lhe não custará.

A coragem mede-se por enfrentar o que se teme e não o seu contrário.

Não penso o meu caso de forma diferente.

É fácil verem-me como corajoso porque não temo o que normalmente é temido. É fácil nutrir alguma admiração pelas minhas características pessoais não por serem imensas mas por serem menos comuns; não por serem de um valor inestimável, em si, mas porque são difíceis de encontrar.

O que só se percebe a muito custo porque sou perito em esconder onde me dói (quase tão bom como a descobrir onde dói nos outros) é que odeio expor-me e isso é tudo menos um sinal de coragem.
Entendam, não consigo dizer, sem duvidar, que é cobardia porque, genuinamente, acho uma perda de tempo e contraproducente andarmos de peito aberto por aí. É assim que um gajo apanha infecções.
Aliás, era capaz de afirmar categoricamente que não é cobardia mas há pequenas coisas que me fazem duvidar disso e me impedem de ter uma conclusão definitiva.

Tenho dificuldade em encaixar alguns termos quando me são dirigidos; é-me difícil aceitar, por exemplo, que gostem mais de mim do que deveriam (será querer controlar o que os outros gostam de mim um problema de control freak? Nada...); é-me difícil admitir elogios que entendo como exagerados; é-me difícil ouvir, sem um pequeno esgar de dor, uma expressão como para sempre.

Não deveria ficar desconfortável com isto;
Não deveria ficar desconfortável quando quero, da mesma pessoa, carne e alma;
Não deveria ficar desconfortável quando tudo está a correr bem em qualquer parâmetro da minha vida;
Não deveria ficar desconfortável quando sinto que algo me foge, um bocado, ao controlo.

Portanto, voltando há pergunta que me foi colocada:
Não sei.
Para ti, devo ser corajoso.
Para mim, a resposta é mais difícil.

E agora, porque não volto mesmo, do fundo do baú:


Ia falar de Cobardia, como prometi há uns tempos, mas não me apetece.

Não é momento para certas coisas passarem por cá mas deixo, como presente, tanto aquela que é, provavelmente, a minha cantora favorita bem como a demonstração que o lascivo pode ter uma elevação muito apreciável dependendo da forma como se o veste (não olvidando que, as mais das vezes prefiro a lascívia nua).


ARTE

Esta é, para mim, mais uma questão em que a diferença psicológica, essa nuance quase imperceptível, é tudo.
Arte, por definição, é inútil. Não no sentido em que não tem qualquer aproveitamento mas no sentido em que não é palpável aquilo que faz por nós e porque não é palpável é inestimável.

Poderia, neste momento, discorrer sobre a impossibilidade de se ganhar dinheiro com alguma coisa e essa coisa ser arte mas não é isso que penso. O que penso é que a Arte pode ser um ganha-pão mas já não pode ser Arte se for para isso que tenha sido criada; podemos ficar ricos porque somos artistas mas se formos artistas para ficarmos ricos não o seremos.
Não é mau (nem bom) querer que milhões gostem daquilo que fazemos mas não é Arte; se criarmos para agradar estamos a fazer uma outra coisa mas se agradarmos porque fizemos o que queríamos a história é diferente.

Hoje não consegui evitar ler - ainda que muito rapidamente por deferência ao meu estômago - uma entrevista do Chagas Freitas ao I e é aquilo uma manifestação do que não é ser um escritor mas antes um gajo que escreve. Na verdade, o próprio define-se desta forma mas de maneira a que alguém lhe diga que está enganado, que ele é um escritor... que não é e que afirma não ser acreditando que o é.
Ora, este gajo quer - legitimamente - ser lido pelo maior número de pessoas possível, o que é honesto, mas diz que faz o que lhe apetece, o que é menos honesto.
Este gajo escreve, pelo vistos, uma média de 10 livros por ano e qualquer mentecapto que alguma vez tenha tentado fazer algo como escrever um livro de forma decente sabe que isto não é possível.

Não perderei muito mais tempo com este tipo mas deixo duas notas que revelam tudo:
a) comparam-no com o Rodrigues dos Santos - comparação que aceita em termos de vendas - , Rodrigues dos Santos com quem tem muito em comum e que começa no pouco talento para escrever, passa pela ignorância nos temas que aborda e acaba num ego muito grande para aquilo que realmente vale;
b) usam o gajo que era vocalista dos Toranja para uma equivalência musical e, mais uma vez, acertam e ele aceita; de facto, ambos são vazios mas imaginam-se uma outra coisa.

Voltando,
a Arte não deixa de o ser porque dela se gosta, muito ou pouca gente;
a Arte não passa a sê-lo porque não se entende;
a Arte é uma manifestação de nós que serve para nos darmos a conhecer.

Há uns tempos perguntaram ao Ne-Yo o que procurava nos Artista com quem assina contrato para a sua editora ao que respondeu "que fizessem a mesma coisa se não desse dinheiro nem gajas". Ora, se ele foi sincero ou não, desconheço, mas errado não está.

Estou, neste preciso momento, a ouvir o Sinatra em Barcelona (1992) a cantar o Under My Skin, em Big Band, naturalmente. É Arte. Leva-me embora. Pagava-se muito dinheiro para o ver. Também era uma profissão. Ele ganhou mundos e fundos. Foi, provavelmente, para a cama com quem lhe apeteceu.

Leva-me embora.
Faz-me feliz por momentos.
É Arte.

EGOÍSMO

Nasceu a filha de um amigo na passada terça-feira.
Soube disso, tentei ligar e não atendeu. Mandei SMS a parabenizar. Depois calei-me.

Ontem estive com ele e como nos conhecemos há muito expliquei-lhe que nem me ocorreu ir ao Hospital visitar e que só iria se me fosse pedido.
Entendeu, naturalmente. Como eu, também acha que não é momento para paradas e público. A mãe está num 8, a criança ainda nem se apercebe de nada e o pai quer estar com ambas. As pessoas vão lá para chatear mas ninguém tem coragem para lhes dizer. As pessoas vão incomodar.

Disse-me que estava farto de andar cima e baixo a entregar cartões e receber e responder a mensagens mas tinha-o feito porque as pessoas poderiam ficar chateadas. Tinha razão, As pessoas ficam chateadas. No momento em que o que deveria interessar era o bem estar de quem nasce e de quem deu a nascer as pessoas medem a sua importância. Se receberam a notícia mais cedo; se foram as primeiras a visitar; se deram o melhor presente.

As pessoas fazem com boa intenção, disse-me ele, e nem discordo. E talvez o mais triste seja isso. A completa incapacidade de entender que o que pensam ser pelos outros ser pelos próprios. 
Egoísmo...

Quando nos despedimos, disse-lhe que estava a pensar visitá-los (aos 3) este fim-de-semana mas que me parecia, ainda, muito cedo e que era irrelevante quando a visita iria acontecer.
O pessoal que recuperasse, que se adaptasse, que ficasse mais confortável que eu depois aparecia. Não tinha nem tenho pressa. A importância de me quererem lá é secundária ao que é benéfico para quem nasceu e deu a nascer.

Eu ligo a perguntar como está;
Eu ligo para saber se está tudo bem;
Eu ligo a disponibilizar-me para o que precisarem.... mas sempre para o que eles precisarem porque eu não preciso de nada.

Fizeste bem. Se um gajo precisasse de alguma coisa no Hospital tinha-te ligado.
Pois, espero que sim.

(acho que ainda volto...)

Friday, May 29, 2015

É que nem de propósito...

No dia seguinte ao post em que dei conta de sofrer de variações de humor violento tive um dia realmente de merda.
Os motivos são mais que um ou dois - e, às vezes, nem de 1 preciso - mas foram muito potenciados pelas poucas horas de sono a que tive direito na noite anterior.
Isso interessa menos, porque a coisa é outra.

Ontem, devo ter conseguido a proeza de ter verbalizado coisas durante uns 15 minutos, ao todo, tendo passado o resto do tempo em completo e absoluto silêncio o que não me é assim muito característico; melhor, eu nem sou de falar muito mas dia em que não digo parvoíces é porque alguma coisa está a acontecer.
Hoje, pelo contrário - e muito porque consegui dormir - o dia nasceu radiante ou tão radiante como é costume.

As pessoas com quem me dou bem ficaram contentes mas surpreendidas porque a coisa, seja lá o que ela for porque elas não sabem - ter passado tão depressa.
É muito melhor quando estás assim. Dias como o de ontem são um terror... (atente-se... não faço mais do que não falar, se não me incomodarem, pelo que o meu mau humor alastra-se como um buraco negro só por existir, algo que não me é desconhecido mas que me surpreende sempre que acontece).
Ontem nem te ouvi e hoje já estás assim?! (alusão a um massacre, relativamente contínuo, que dou a quem acho graça e me interessa).
Preferes como estava ontem? É isso? É isso? É isso?
Não. És mas é maluco!

As pessoas com quem em dou pior - diria mal se fosse o caso mas não é - têm uma reacção muito diferente. Para essas é melhor eu estar como ontem porque faço menos barulho e incomodo menos com a minha postura pouco profissional e os palavrões que não evito com muita frequência.

O que é mais ou menos engraçado é isto:
Eu sou muito mais espaçoso de bom humor. Faço mais barulho. Chateio mais. Perdoo menos erros. Escapam-me poucas palavras ambíguas (como minutar, por exemplo). Poupo pouco paneleirices ao telefone e gozo muito mais.
....e as pessoas preferem, claramente, isso quando não me são avessas.

E PORQUE SOU UM GAJO COM SORTE....

...em dias maus falo com muito pouca gente. Só falo com quem me conhece mais do que eu gosto de permitir e isto, as mais das vezes, atira-me para o passado mas o passado vai-me aparecendo quando preciso dele mais do que quando não preciso.

K, se estivesse aí, dava-te um abraço mas como não estou, o que achas desta minha amiga?
(foto de amiga enviada para eu ver)
É gira...
Mostrei-lhe uma foto tua, agora, K e parece que,se quiseres, ela é gaja para te fazer o jeito!!!

Reparem:
ela sabia que ontem eu não estava em condições de pensar em gajas e muito menos em parti-las.
ela ainda lamenta que o que tivemos não tenha resultado e se eu quisesse tentar outra vez ela alinharia.

Apesar de tudo isto, naquele momento, era muito mais importante animar-me com parvoíces do que pensar em reconquistas ou retomas de passado ou mesmo dos ciúmes que ainda tem.
Ontem só interessava distrair-me.
Não resultou mas a tentativa é importante.

...e por isso, entre outras coisas, sou um gajo de sorte,

Thursday, May 28, 2015

ODE

Lou Diamond By Dave Matthews Band & Warren Haynes


Wednesday, May 27, 2015

não é habitual mas...

É raro responder a coisas que me chegam por email mas algumas têm graça, por isso...

Sim, tenho mudanças de humor violentas. 
Sim, estou muito melhoNu r mas não curado.
Sim, tenho andado de melhor humor porque apesar de achar a visa amarga ela não é SEMPRE amarga.
Sim, perder deixa-me louco mas só perco uma vez (metafóricamente).
Sim, sou estranhamente educado e cuidadoso para quem usa o verbo foder como pontuação.
Sim, sou mais generoso do que pareço e, muito raramente, mais do que devia.
Sim, tenho má ideia da humanidade mas não do humano individualmente.
Sim, se me tratarem bem têm-me para a vida e sei que a vida é muito tempo.
Sim, prefiro o conflito à paz porque não sou útil parado.

Não, provocar-me nunca é boa ideia.porque apesar de odiar perder - ou porque odeio perder - quando atacado meto tudo.

Sobre cobardia, de que também padeço mas de uma forma menos óbvia, falaremos em outras núpcias porque não sou de esconder mas também não é só como quem questiona quer.
Parece-me que há uns tempos manifestei por cá o meu desagrado pelo facto de as gerações mais novas estarem a desabituarem-se das mais básicas normas de etiqueta e, se bem me lembro, o exemplo que dei foi o de as miúdas não perceberem o motivo de não entrar no elevador quando já lá estava à espera.

Mais uma coisa nesse mesmo sentido mas não exactamente igual.

O meu humor anda (não completamente, como se tem visto há coisas boas a acontecerem) uma merda porque tenho de fazer uma coisa que não me apetece e eu odeio (palavra que uso com parcimónia porque usada em abuso perde o sentido) fazer o que não me apetece.
Hoje, quando cheguei, tinha um E-mail que me dizia:
K, manda-me umas 20 (cenas) para ir fazendo, assim é mais rápido.

Resisti muito e, embora parecendo parvo, tiveram que insistir comigo com força para aceitar que me ajudassem.
Quando aceitei, mandei outro E-mail, com CC para quem me quer ajudar, ao gajo que coordena o trabalho mais ou menos neste sentido:
Gajo,
a X, como vês, ofereceu-se para ajudar na (cenas), coisa que se me ajuda a mim mas também a ti.
Se tiveres alguma coisa a obstar, avisa.

Ora, quem se ofereceu para me ajudar não percebeu o que me levou a avisar e dizer que ela o ia fazer, especialmente porque ninguém precisava de saber.
Comigo, a coisa não funciona dessa maneira.
Já me é difícil aceitar que me ajudem mas é-me impossível ficar com créditos que não me pertencem e, ademais, quem faz merece ser reconhecido por isso, ainda mais quando o faz desinteressadamente.

E é isto,
as pessoas desabituam-se de receber o tratamento que merecem porque já não contam com ele ou nunca o conheceram.
Fico a parecer um gajo impecável só porque sou normal.

Apesar de me desgostar o hábito de justeza que se perdeu, agrada-me que ainda haja gente desta.

Como com as crianças que gostam de Samba, é outra coisa que faz com que se pense que o mundo tem salvação.
Para doer,
Hangin´ Tree com o Mark Lanegan


Tuesday, May 26, 2015

Acabo de ver o Jerónimo de Sousa apresentar parte do programa eleitoral do PCP.
Uma das ideias é a reestruturação da dívida; melhor: o perdão de, pelo menos, metade.
Gostava que alguém lhe tivesse perguntado por que não toda? Metade parece pouco...

E é isto o que temos. Mesmo com os Gregos a bater com a cabeça na parede, nada se aprende.

Aproveito, ainda, para repetir o que nunca é demais: o Comunismo é um parasita da Democracia. Enche a boca com ela, aproveita a sua benevolência e maleabilidade mas matava-a assim que lhe desse as costas.

...um dos motivos pelo quais, contrariamente à crença geral, eu sou burro.

Repetir, interminavelmente, o mesmo processo à espera de um resultado diferente foi uma definição dada para insanidade.

Ora, não me considero maluco porque não faço sempre isto.
Considero-me burro porque faço isto muitas vezes.

Um dia passa.
Já foi pior do que é agora.

Monday, May 25, 2015

Mais Coisas que Me Deixam Contente

podia falar de coisas que me desagradam, porque hoje também as houve mas os meus dias não têm sido maus, por isso:

O tema é o mesmo mas são, estranhamente, situações distintas em momentos distintos, ainda que próximos.

K, coloquei o Trenzinho tocado pelo Trio Madeira Brasil e o garoto veio voando do quarto para escutar!

K, mandas-me a Madalena do Pacu? Queria pôr os miúdos a ouvir.
(depois de enviado o link)
K, pediram para se levantarem da mesa e estão a dançar!! Sucesso!

...e o Mundo parece ter salvação.

Coisas que me Deixam Bem Disposto

o Nem Vem que Não Tem do Wilson Simonal é uma ode à minha boa disposição.
Vou, por economia e falta de paciência, transcrever as partes que me fazem rir, ainda que sem a voz e entoação a coisa resulte pior...

Vâmo voltar à pilantragem;
Uma musiquinha para machucar os corações;
Não vem de escada que o incêndio é no porão;
Pra virar cinza minha brasa demora.....

...e pronto.

Sunday, May 24, 2015

- Olá, K. Andámos não sei quanto tempo sem nos vermos e agora parece que é todas as semanas!!!
- Pois é. Mas isso é uma coisa má?!
- Não, não. É óptimo.

(mesma pessoa, uns minutos depois)

- Oh I, tu e o K são namorados?
- Não, somos amigos....

(minutos depois desses)

- K, a M perguntou-me se somos namorados.
- Foi? Esquisito... falou comigo há 15 minutos e deve ter-se esquecido de me perguntar a mesma coisa.
- Pois, deve ter-se esquecido!

Não se esqueceu.
Também não me parece que não me tenha perguntado porque tinha interesse no meu estado civil por querer ser ela a desposar-me (ainda que por um par de horas).
Não se me perguntam coisas deste tipo sem se ser muito íntimo. E ela não é mas ainda assim sabe disso.

Saturday, May 23, 2015

Agora, estou a sentir-me bem! Estou contente comigo.
Eu sei que parece uma coisa mais ou menos comum porque, as mais das vezes, tenho-me em boa conta mas nestes dias, como tem sido latente, não tem sido o caso porque em esforço fico mais fragilizado.
Agora, neste momento, não.

Mais uma vez - é a segunda esta semana mas a primeira não estava pronto para saborear - fiz o que muito me agrada: cumpri o que tinha planeado e mais do que cumprir o planeado fi-lo em força bruta, a minha favorita; há, em geral, uma ideia de que são bonitas vitórias técnicas ou floreadas mas eu prefiro das outras, prefiro das que acabam em goleada (se futebol) ou com corpos estendidos no chão (se rugby ou desportos de luta), sem apelo nem agravo. KO logo no início.
Há um pensador chinês cujo nome não me recordo que disse que se quiseres paz prepara-te para a guerra e a minha ideia não é muito diferente: se queres que não te chateiem, enforca uns quantos que os outros passam a evitar a corda; se andares às voltas cansas-te e encorajas.

Então,
esta semana foram duas dessas.
Objectivos altos, sem temor, sem retrair. Força, só força, nada de subtilezas.

Por isso, se me perdoarem - e como estou com a adrenalina a bombar se não perdoarem dá no mesmo - serei mais atroz com a natureza do que me rodeia e menos compreensivo porque estou em cima do cavalo e isto não me acontece muitas vezes.

O QUE NÃO SE ENTENDE EM MIM

É difícil, nos dias que correm, ser entendido que não se faz tudo por dinheiro ou por vantagens óbvias, ainda que nem sempre materiais.

Imaginem:
é pedido que se faça alguma coisa e a contrapartida é receber algo em troca, seja dinheiro, dias de férias ou palmadinhas nas costas.
Como é óbvio para quem por cá passa, as palmadinhas nas costas dispenso; o dinheiro, não dispenso; os dias de férias fica entre uma coisa e a outra, estar de férias para fazer nada interessa-me isso mesmo, nada...

Onde a coisa dá uma volta, no sentido contrário aos ponteiros dos relógios, é quando digo (deixei de dizer para não ter de falar muito) que não me interessa muito a recompensa além de conseguir. Lamentavelmente (e lamento mesmo!) não faço mais por mais dinheiro, por exemplo. E porque assim é fico fodido quando não tenho a paga que mereço e mais fodido ainda porque não deixo que isso, conscientemente, afecte o meu esforço.
Eu não farei mais do que tudo por trocos ou parabéns; Eu farei sempre tudo porque odeio perder e falhar e a sensação de falhanço não é compensado com coisa nenhuma.

Missão dada é missão cumprido diziam os gajos do BOPE e diziam-no sobre mim.

Isto cria-me problema...
Como sei que não consigo arrastar os pés, quando sinto que mereço mais mas não recebo não consigo fazer perceber - pela míngua - o valor que tenho...vou-me embora.
Já me rebentei muito com isto mas não me parece ter aprendido.

Uma vez, numa conversa com gente com poder, perguntaram - gente com peso directo na minha vida - foi-me perguntado o que eu queria e eu respondi Ganhar!. A pessoa em causa ficou um bocado surpreendida e questionou Mas ganhar em quê? ao que respondi Em tudo!
Nada mais me interessa. Não penso em mais nada. Se não ganhar fico muito queimado. Odeio falhar.

Eu sei que é contra-corrente pensar em mais do que o carro e a casa e o fato de Saville Row (e quantos sabem o que isto é? Podia dizer Boss mas isso iria fazer-me menos pedante e, neste momento, não me apetece). É estranho, hoje, medir o sucesso sem alguma medalha que o comprove.
Não preciso de nada disso. Nem preciso que saibam que ganhei. Só preciso de ganhar.

O QUE NÃO ENTENDO NOS OUTROS

Também porque não gosto de desapontar, tendo. como já muitas vezes o disse, ser manifestamente claro com as pessoas que me interessam quanto ao que quero, ao que faço e o que sou. Não quero margens para dúvidas porque não quero que se desiludam comigo.
Parece justo, certo?

Ainda por cima, se ligarmos a televisão ou lermos um jornal não conseguimos escapar à ladainha da frontalidade e da transparência; Eu sou o que sou!! dizem os otários que são uma outra coisa e querem uma outra coisa do outro.

Então,
vamos lá.

Em tese, haverá coisa melhor do que ter alguém que diga:
Isto é o que me interessa, nada mais!
Isto é o que me incomoda e não me queres incomodado.
Isto é o que eu faço e isto é o que eu sou.
Eu sei que lendo assim e imaginando-se isto a ser dito a coisa anda muito perto da ameaça mas a realidade é outra: este tipo de coisas, vindo de mim, só são ditas a quem sabe que não tem qualquer motivo para se sentir ameaçado. Isto nem sequer é um aviso, o que, normalmente, é um eufemismo para ameaça.
Isto é uma forma de ser previsível nos meus acessos de raiva e nos pontos onde sou mais sensível e onde reajo mal ao toque.

Ora, isto parece um mapa dos melhores!
Pois, é feito para isso.

O que dizer ou fazer quando a reacção ao eu digo o que faço e faço o que digo é eu sei mas não pensei que fosse mesmo assim...
A linha que separa a verdade da mentira esfuma-se quando uma coisa e outra dão no mesmo...
Se mentes, é expectável que mintas;
Se dizes a verdade, é expectável que faças outra coisa.

Onde está a vontade da verdade?
É aquilo a que chamo de banho de realidade e a que não se costuma estar habituado. É fácil dizer-se que se espera e se quer uma coisa quando ela não acontece; o problema é quando ela acontece e, depois, não era bem isso...

Lembro-me que uma amiga minha disse-me, uma vez, que um gajo com andava a dar umas voltas lhe tinha pedido indicações quanto à forma de melhorar a performance.
Tudo certo, não? Eu faço o mesmo, quando tenho dúvidas.
Não, tudo errado.
Quando ela teve a infelicidade de responder, ele ficou muito chateado...porque ele não queria mesmo saber, o que ele queria era que lhe dissessem que não havia como melhorar.
Pediu realidade; teve realidade; não se foderam mais os dois.

Gosto que saibam o que esperar de mim, detesto desiludir.
E o burro sou eu?!

ESTE CLIP JÁ O PASSEI AQUI

mas vou passá-lo, outra vez, numa versão mais suja e que, por ser mais suja, prefiro.
Não é, ainda assim, por isso que vai tocar outra vez. O motivo é outro.

O cerne da letra diz:
se você chegar e me encontrar
no samba eu lhe peço um favor
respeite o insano
sagrado e profano
que foi nosso amor.

Ele ficará agradecido e vai admirá-la se ela não se exibir no braço de outro gajo à frente dele.
Ora,
é a isto que chegamos... admiração por alguém ter algum respeito pela outra pessoa que fez parte da sua vida.
Reparem: não é pedir que ela não apareça com outro gajo, o que seria desmesurado, é que não se exiba!!
É esta a tão baixa opinião que se tem dos outros e, por isso, a fasquia que temos para nós porque nós somos os outros dos outros...


...e pronto.
Da próxima vez é possível que seja, novamente, um bocado mais meigo, como costumo ser, com as fraquezas e falhas dos outros - as que entendo como tal, o que não é o mesmo de serem...
Por hoje vou sentir-me bem para outro lado durante o tempo que conseguir porque, daqui a pouco, a adrenalina esvai-se e venho por aí a baixo....mas antes vou ouvir outra vez Se a Fila Andar.

FCP


Passaram os dias suficientes para poder falar disto sem que isso se resuma a uma panóplia de palavrões.
Esta besta deste treinador tem muitos problemas...muitos! Mas o pior deles todos é falhar quando não pode, aquilo que distingue os que podem orientar gente que quer ganhar e os outros.

Não há problema encostar o Quaresma se achar que isso resolve o problema;
Não há problema rodar meia equipa se achar que isso vai dar resultado;
Não há problema achar-se superior a todos os outros se, depois, lhes ganhar;
Não há problema ser mau em conferências de imprensa porque, apesar de hoje em dia esta não ser uma questão menor, não foi para isso que o contrataram.

Qual é o problema?
Perder na Madeira quando se podia ter encostado (ou passado, não me lembro);
Não ganhar, em nenhuma ocasião, ao SLB;
Não marcar, em nenhum jogo, ao SLB;
Perder a Taça por desconsiderar, em demasia, o SCP;
Empatar e dar o título quando podia tê-los posto a tremer na última jornada.

Isto pode ser injusto mas a vida é isto, não é a quantidade de vezes que se perde, o problema é perder quando se não pode. Não é bem os pontos, é os pontos quando foram.
Mas eu fiz tudo bem, só falhei ali! Pois, mas era só essa vez que contava.

É o que torna o Mourinho um outro gajo e que estes idiotas não conseguem perceber.
Quando o Jesus disse que tinha a certeza que ia ganhar a Liga dos Campeões mas não sabia quando (o Vítor Pereira disse o mesmo) foi na onda da confiança que o Mourinho demonstra e que passou a ser moda... só que a confiança, sem apoio, é basófia.

Podemos detestar o Mourinho mas ele não só diz como faz e, neste tempo em que vivemos, as pessoas esquecem-se que não é só preciso dizer para acontecer.
É a merda de serem todos comunicadores. É preciso haver cenas para comunicar.

Lopetegui na RUA!

MEL

Como é provável que o meu humor piore, vamos a coisas boas.
Não é sempre nem com toda a gente em todos os momentos mas é uma lufada de ar fresco quando nos desejam coisas boas, ainda que nós mesmos não as entendamos como tal.

Como passeio com poucas mulheres e aquelas com que passeio são claramente conhecidas por serem, apenas, minhas amigas, quando a coisa varia dá-se um eclipse.

Já contei aqui a história de eu estar noivo sem saber e isso aconteceu porque estava com uma mulher que não é conhecida por ser apenas minha amiga.
Outro destes dias, fui ver uma cena a um lugar e encontrei-me com um par de amigos e eu estava acompanhado.

O resultado não foi que tenham pensado que eu estava noivo e muito menos que frequentasse um curso - estes conhecem-me - mas houve claramente uma excitação em torno do olha, olha...o K vai arrumar-se!
Foram e ainda são dias de achas que vai acontecer e há romance?!; Não há uma coisa nem outra mas as pessoas torcem por isso. E torcem quer porque me desejam o melhor - e é mesmo o melhor, quanto a isso não tenho dúvidas, ainda que não consiga praticar - quer porque eu não passeio pessoas do nada e finaliza com o facto de nos darmos muito bem e isso ser visível.

Não se querem meter na minha vida, querem só que a minha vida seja melhor e isso é agradável.
As intenções não resolvem nada mas contam e a vida nem sempre é desagradável.

O facto de quererem que eu acalme não vai fazer com que isso aconteça, naturalmente, ou já teria acontecido há muito mas é bom desejar-se o melhor a outro quando nada se ganha com isso.


Friday, May 22, 2015

O quão queimado estou eu?
O que diz o tubarão à tubaroa?
...tubaralhasme!

Assim tão queimado...
Abriu uma cena supostamente in por cá. Quando me perguntaram se queria um convite disse que não e quando soube que teria de ir vestido de empregado de mesa - indumentária que, além do mais, nem possuo - ri-me por acharem que alguma vez isso aconteceria.

Ontem, encontrei um gajo que estava a contar a sua experiência. 
Vou resumir:
Então, lá dizia smoking e ia toda a gente de smoking mas eu não; eu fui de fato escuro!!! (não perguntei, por desnecessário, se não tinha ido porque não tinha).
Estava toda a gente a dizer que não me iam deixar entrar e eu disse-lhes que isso não seria um problema. E não foi!!!
Quando entrei, tudo de smoking - não fosse o caso de me ter esquecido - e eu de fato...tudo a perguntar como me tinham deixado entrar!!!

Até aqui, é só mau.
Um gajo excitar-se por não respeitar um dress code é parvo mas não respeitar porque, na loucura, em vez de smoking foi de fato escuro, torna tudo ainda mais parvo.
Pensarão vocês: mandaste-o pró caralho?!
E a resposta é não. Estava muito cansado para fazer mais do que pensar em mandá-lo pró caralho.

Piorou...

Depois deste discurso, investiu-se da pele de radical porque isto de indumentária era um conformismo social e o ambiente era muito pedante (!!!). Não tinha gostado nada...e já sabia disso. Estas convenções chateavam-no...na verdade, desde 2003 (atentem, sabia a data) que não usava gravata diariamente!

Mandei-o pró caralho.

Thursday, May 21, 2015

Acabei de voltar de jantar.
Há coisas que confortam uma pessoa além da comida.

Como é e era aparente que não estou virado para conversas, a despesa das palavras foi assumida por outra pessoa mas, ainda assim, com o cuidado de não me envolver demasiado e não me obrigar a mais do que sim e não. Ninguém ficou chateado, perceberam que não é com eles.

O hábito, corroborado pelo seu resultado, é perguntar-se às pessoas o que elas têm ou o que aconteceu ou o que precisam ou se se pode fazer alguma coisa; há outras pessoas, contudo, que só precisam que as deixem em paz ou as distraiam, como se faz a um gato com um novelo de lã.

Parece-me que o maior problema com gente do segundo tipo - constata-se que evito usar o termo eu para não parecer demasiado narcisista mas - é que forçam, muitas vezes, as outras a adivinhar o que precisam de fazer por elas e isso torna-se difícil e, a espaços, injusto.

...mas a vida não é justa.

...eu sei que começa a parecer fixação...

mas sa foda!


A história do escorpião e do sapo, mais uma vez...

Ontem, por ser como sou, meti a cave! Um bluff absolutamente irreal, um jogo de soma zero. Caso me tivessem pedido para ver as cartas teriam descoberto que tinha coisa nenhuma.
Como tiveram mais medo do que o que eu mostrava, desistiram e submeteram-se ao que propus sem vacilar nem ceder mais do que tinha dito que cedia nos primeiros 10 mins.

Uma hora depois, aconteceu o que disse iria acontecer no início e só aconteceu porque não lhes cheirou a sangue e eu sangrava por todo o lado...mas por dentro.
Ganhei e só isso interessa.

Só que este tipo de demonstração de determinação e alheamento à eventual dor não é tão boa como parece porque tem ramificações que afectam quem a pratica.

Como não sei parar, mesmo quando confrontado com uma parede, tendo a descobrir que estou a ir rápido demais ou a fazer mais do que o que o meu corpo aguenta quando ele quebra e não quando começa a avisar.
Uma vez exagerei e foi um verdadeiro inferno. Jurei que nunca mais me aconteceria e, até agora, não voltou a acontecer.

(este reconhecimento é uma evolução. Um reconhecimento de limitação. O problema é que não estou certo que consiga tomar a decisão seguinte que é parar mesmo)

Wednesday, May 20, 2015

 Parece-me que todos nós temos ideia de que o que nos acontece é especial ou que sentimos de maneira diferente dos outros o que tem a vantagem de ser impossível de provar ainda que altamente improvável. É por isso que alguns filmes nos emocionam, porque nos revemos neles, e algumas músicas sentimos como tendo sido escritas para nós, porque descrevem um sentimento que pensávamos ser apenas nosso.

É impossível excluir-me desta normalidade. Embora me tenha em elevada consideração tendo, de vez em quando, a sentir-me mais humilde porque não me parece que não tenha nada de particularmente especial, não sinto nada de único e nem sequer reconheço o cheiro das pessoas, cheiro esse que já deu tanto romance e tanta canção.
Não tenho facebook porque me irrita pelos motivos já repetidos até fazer saltar os olhos mas também porque não tenho nada que partilhar com o mundo e que ao mundo interesse.

Então porquê este blog?
Seria uma pergunta muito pertinente caso não se desse o caso de nunca ter dele feito alarido em lugar nenhum e apenas usar este user, além daqui, num outro blog; ou se chega cá por acidente ou porque se seguiu do outro único lugar onde existo.
Não tenho nada de particularmente interessante.

Há uns minutos, alguém me chamou presunçoso, algo que não sou ainda que o pareça... exactamente o que foi respondido por uma terceira pessoa que ouviu a utilização do epíteto.
É um bocado isso. Não sou mas posso parecer - se provocado posso mais do que parecer, posso ser com muita facilidade - e isso interessa-me pouco...ou interessa-me alguma coisa porque se não quisesse evitaria.

Eu sei que o que se passou nestas últimas linhas é pouco característico porque se não sou presunçoso também não sou humilde, coisa que me irrita muito mais. 
O que se passa é, então, a manifestação de algo com que lido muito mal: O Cansaço.
Como vi as minhas forças drenadas sinto-me muito mais vulgar do que o que realmente sou; muito mais frágil do que realmente sou; muito mais susceptível do que realmente sou; muito mais acessível do que realmente sou.

Como já me habituei a isto, opto por não falar nem me expor e como o meu mau feitio é muito mais habitual que este estado de letargia é difícil perceber-se, de fora, se estou fodido (irritado) ou fodido (desfeito).

Vim para aqui porque preciso de mais meia-hora e estou a ver se a ganho...
Vim para aqui porque preciso de centrar a coisa porque ainda faço asneiras de todo o tipo...
Vim para aqui porque preciso de ocupar os dedos a falar do meu assunto favorito: Eu...
Vim para aqui porque preciso...

Vamos juntar o problema que mantém de não ter destinatário com quem partilhar com o de me andar a flagelar e a tentar ultrapassar preconceitos que me fizeram perder muito tempo...


Tuesday, May 19, 2015

"Sabedoria" Brasileira, sabedoria que além de sapiente tem ritmo e graça, como o Brasileiro em si

Aquele torcedor é como mulher de malandro, sempre leva ferro mas nunca larga o time.

Não gosto de mulher de malandro por isso mesmo.
...era entre vir aqui e biqueirar alguém na boca e optei pela primeira, porque é o mais adulto que consigo ser.

Uma das minhas favoritas e como o aspecto ao vivo para mim é mais importante do que a qualidade e o acerto.

Monday, May 18, 2015

Porque sou um gajo agradecido mesmo quando não o digo expressamente - apesar de costumar fazê-lo - aqui ficará o que já deveria conhecer há mais tempo.
...e porque, no meu caso, normalmente quando me perguntam - mais pensar perguntar, na verdade - como é que alguém assim está comigo posso responder foi fácil, foi ela que me pediu.


Não me Costumam Acontecer Coisas Muito Esquisitas Mas...

Contexto:
Há mais ou menos uma semana fui jantar fora com uma amiga e quando cheguei ao restaurante estava uma mesa com 4 pessoas (2 homens e 2 mulheres) das quais conhecia 1 (1 homem), pessoa essa que me conhecia a mim e à minha amiga e que cumprimentámos.

Uma semana volvida, recebi uma chamada da minha amiga a dizer isto:
K, então nós estamos noivos?! Estamos, até, a fazer um curso para noivos?!
Sim, isto aconteceu. 
Perguntei AH?!
Sim, uma amiga do B, que estava na mesa com ele, disse que tinha a certeza que nós andávamos a fazer o curso de noivos com ela e o futuro marido...

Então,
dizer que éramos namorados, que não somos, era pouco;
confundir-nos com outras pessoas (sendo que nenhum de nós é facilmente confundível), era pouco;
achar que eu frequentaria um curso para noivos, que nem sabia existir, era pouco;
imaginar que podia ser um segredo, estarmos noivos, para quem com ela trabalha todos os dias há 3 anos, era pouco...

Isto dava para escrever muito mais mas talvez noutro dia.
De todo o modo, É A PUTA DA LOUCURA!

Sunday, May 17, 2015

Coisa a evitar dizer-me:
Andei atrás de ti a vida toda...

Coisa a evitar fazer-me:
Dar-me o que se quer mesmo sabendo que o que eu quero é uma outra coisa.

Coisa a fazer-me:
Hoje vai haver Samba no X às quatro. Não queres vir?

Saturday, May 16, 2015

Não é bem que tenha mentido quando disse que não voltaria, é mais para partilhar com o Universo o que estou a ouvir para evitar começar a pegar fogo a tudo (e a coisa está tão mal - o termo mais certo, para este caso deveria ser ridícula - que acabei de usa a expressão partilhar com o Universo que me faz sentir que deveria receber um clister) 

Aqui fica:


"Não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. Não sei sentir em doses homeopáticas. Preciso e gosto de intensidade, mesmo que ela seja ilusória e se não for assim, prefiro que não seja.
Não me apetece viver histórias medíocres, paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar. Não sei brincar e ser café com leite. Só quero na minha vida gente que transpire adrenalina de alguma forma, que tenha coragem suficiente pra me dizer o que sente antes, durante e depois ou que invente boas estórias caso não possa vivê-las. Porque eu acho sempre muitas coisas - porque tenho uma mente fértil e delirante - e porque posso achar errado - e ter que me desculpar - e detesto pedir desculpas embora o faça sem dificuldade se me provarem que eu estraguei tudo achando o que não devia.
Quero grandes histórias e estórias; quero o amor e o ódio; quero o mais, o demais ou o nada. Não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer e me fazer crêr que é para sempre quando eu digo convicto que "nada é para sempre"."

Não sairemos do preconceito que trouxemos do post anterior.
O que acabei de fazer é muito pouco característico para este blog, transcrições - especialmente nesta magnitude - são raras.

Porque o fiz (além de ser maravilhosamente escrito, apesar de lamentar, por não ser a minha terra, ter colado a tradução em brasileiro)

Este texto foi-me enviado e quando o li a primeira coisa em que pensei (e é o primeiro motivo) é que quem escreveu isto é maluco; não maluco por sentir isto ou por conseguir dizê-lo mas por querer. 
Daqui, duas hipóteses se abriam:
a) era a cena politicamente correcta, hodierna, de querer ser super intenso quando a maioria não aguenta e nem sequer quer aguentar, só fica bem dizer;
b) é alguém que vive isto assim e não consegue evitar... e esse alguém seria mais parecido comigo mas com a enorme diferença de o querer, enquanto eu não quero.

Como sou cínico, parti de cabeça para a primeira hipótese; um Gustavo Santos desta vida com mais talento para escrever mas, depois, descobri que era Gabriel Garcia Marquez.
E aqui aparece o preconceito:
O facto do autor ser quem é e, por isso, credível, fez-me admirar o que estava escrito porque não foi desenhado por quem diz e não faz mas por quem diz e viveu.

Deveria quem produz ser mais importante do que o que é produzido?
Não, não devia...mas conta. Não, necessariamente, para a beleza estilística mas pela admiração que merecem aqueles que mais do que fazer algo agradável à pele e aos olhos dão-nos conteúdo e substância baseado naquilo que praticam mais do que naquilo que apregoam.

....mas, ainda assim, acho que ele é maluco por querer isto...

Bem, vou-me porque o que estou a fazer está a render (uma dor de cabeça, também) e não devia ter interrompido o ritmo mas foi mais forte que eu.

...não era para ser bem isto

...mas, como já disse, ando com dificuldades em partilhar e preciso disso.

Então,
esta comprova que devo ter manos preconceitos.
Demorei a achar que o Ney era um génio porque a imagem dele me chateava muito e tive dificuldade em ultrapassar esse facto (e há que agradecer ao Cartola por me ter feito tolerar o que não gostava e ao Ney por me ter apresentado quase tudo que conheço do Cartola) e haverá mais exemplos desses.

Esta é do Nelson Cavaquinho, que conheci com a Beth Carvalho, mas que esta versão do Caetano Veloso - que me desagrada muito - é, para mim, melhor.
Quanto ao Nelson, na belíssima tradição do Samba, fez muita coisa boa (a Flor e Espinho também é dele, por exemplo) sem que para isso precisasse de ser difícil ou denso em termos linguísticos...e também na belíssima tradição do Samba é trágico sem que transpareça claramente. Quer dizer, é evidentemente triste mas é possível ouvir e cantá-la com um sorriso nos lábios.

Aqui fica:

MAYWEATHER vs PACQUIAO

Para começar com honestidade, não tenho a certeza que tenha escrito correctamente o nome deles.
Para continuar, não vi o combate todo mas apenas um resumo alargado.

As notícias que li depois do combate davam conta de que o filipino tinha sido roubado e que merecia a vitória. Li, também, que o combate foi uma seca.
A primeira não se confirma, pelo que vi. Ganhou e ganhou bem.
A segunda confirma-se mas não é surpreendente. Quando duas pessoas que são muito boas no que fazem se encontram é raro a coisa ser mesmo espectacular. Em casos destes, sabendo cada um ao que está sujeito, é muito comum tratar com mais respeito e, em sequência, ser mais avisado nas decisões que toma.
Quando se quer espectáculo, mete-se um gajo mais fraco para apanhar e dar para a pirueta e para o festejo avassalador.

É assim em quase tudo.
Um jogo entre o Real Madrid e o Bayern nunca acabará em goleada (escolhi este em específico porque já acabou mas não desvirtua o princípio, a anomalia não pode ser tida como regra ou afectá-la), uma corrida que tivesse o Rossi e o Dohan não terminaria com voltas de avanço, um jogo do Kasparov e o americano cujo nome não me recordo (acho que era Fisher) não terminaria em 20 minutos.

De volta ao combate:
Eu acho que o Floyd ganhou bem e apesar de pouco espectacular, se se apreciar a arte em si, é incrível a capacidade dele de não apanhar na tromba. Dar KOs em boxe, para um pugilista, não é difícil, difícil é evitá-los.
É menos espectacular mas muito mais difícil.

O POLITICAMENTE CORRECTO

Mandaram-me, ontem, uma história - verídica - sobre uma família que foi abalroada por uma tempestade perto dos Açores e que, se bem me lembro, apenas um dos membros sobreviveu.
Lida a história, quem a escreveu usou-a como um clássico cada um é cada qual. Irritou-me muito.
Então,
os Pais levaram os filhos a dar uma enorme volta de barco. Decidiram que deveriam dar-lhes a conhecer o Mundo e que isso seria mais importante e mais útil que a vida clássica de escola que está destinada às crianças.
Contra isto? Nada.
O gajo que escreveu, para dar ênfase, explicou que eles decidiram voltar da viagem porque tinham saudades da terra e porque começaram a sentir-se afectados pelo franzir de olhos social que entenderia que as crianças deveriam seguir o manual que a comunidade lhes entrega de escola, amiguinhos, rotinas e por aí fora...e quando decidiram o regresso, a natureza castigou-os e matou-os.

Isto sim, irrita-me.
Na tentativa de mostrar a rebeldia de desafiar as regras e não se conformar o que se conseguiu é o que é hoje o politicamente correcto.
Hoje em dia estamos numa fase em que as pessoas criticam o equilíbrio e fazem gáudio de não se enquadrarem e de serem extremos e de ou as amarem ou as odiarem. E o pior é que não são nada disto. Quando chega o momento de mostrar que não se conformam, conformam-se; quando chega a altura de mostrar que conseguem ser extremos e defender os princípios em vez da pele que os cobre, conformam-se.

Novamente,
o meu problema não é com os conformados nem com os que não se conformam, com os heróis ou com os cobardes, o meu problema é com mentirosos e, pior, moralistas.

Para que se entenda mais ou menos o que quero dizer:
a) quando os gajos do Bloco de Esquerda não usam gravata por serem anti-sistema, o não usar de gravata torna-se igual ao usar de gravata; quero com isto dizer que é uma farda na mesma, não os torna diferentes e fora do sistema, faz exactamente o contrário;
b) quando os vegetarianos criticam os que o não são não ajudam a causa da natureza e da liberdade, defendem o seu contrário; não é a ordem que os incomoda, como dizem, é a ordem que não querem que seja seguida;
c) quando se quer lutar contra o sistema e o resultado da luta é a morte em alto-mar, o que se repudia não é o sistema, é aquele sistema.

Eu sou muito anti cenas, como se retira facilmente, e não tenho orgulho nisso quanto à esmagadora maioria das coisas; os extremos não são uma coisa boa e só acha isso quem é burro ou quem não é assim.
Quando chega a altura de pagar por se ser radical os voluntários são muito poucos.

(ainda devo voltar...)
(sim, é mais uma ameaça!)

Friday, May 15, 2015

Num breve regresso ao tema As Pessoas Dão Mais Valor ao que Ouvem que ao que Vêm:

Ontem:
- K, ligou agora o M. Está no X com umas amigas! Vamos lá?!
- Nop... Não estou para isso.
- ...mas a coisa aqui está fraca. Ao menos lá é mais garantido.
- Nop. Não estou para isso.

Eu falo muito de mulheres, eu gosto muito de mulheres mas isso não regula a minha vida em contexto algum.
Quem só ouve não faz ideia e depois tem um choque de realidade como este.

Thursday, May 14, 2015

....E Porque Estou a Ficar Muito Cansado...

...estive a pensar se recolhia ou se avançava.
Quando fico muito cansado as coisas tendem a correr-me pior ou, no limite, de forma que não pretendo. É um bocado como quando se está bêbado e ou se fica demasiado beligerante ou demasiado mole.

Quando estou assim - e acontece com alguma frequência, apesar de o esconder - as minhas defesas baixam e, como todos os animais que calcorreiam esta Terra, perco um bocado o equilíbrio e reajo ou de forma menos defensiva ou muito mais defensiva; ou cedo ou ataco com mais força mas o equilíbrio sai muito afectado.

Então, o melhor é ficar calado mas sob pena de começar a colar decidi fazer desta quinta-feira uma quinta-feira normal, ainda que com mais custos para o corpo.

E, como já aconteceu, porque hoje é hoje e porque tenho esta merda em loop desde a hora do almoço:

Porque é Apropriado...

...e porque o Mark Lanegan tem uma voz que vem de um lugar muito sombrio
...e porque já não se faz muita gente desta e a que se fez tende a quinar relativamente cedo.

Wednesday, May 13, 2015

Como Estou Numa Coladela que nem Vejo

...vamos mudar um bocado o tema.
Normalmente, por feitio, refiro-me mais ao que as pessoas fazem para me perder (ou o contrário) e não o seu contrário. 
Vai ser curto porque tenho cenas para fazer.

A manifestação, sincera, de boa vontade, é algo que me agrada e pequenas coisas que me facilitam a vida também, mesmo quando à outra pessoa custa coisa nenhuma.
Por exemplo:
Eu odeio falar ao telefone, coisa sabida e se para me pouparem puxarem uma chamada fico grato.
É pouco mas é suficiente.

Controlarem-me a vida (com boa vontade) também me agrada.
Se não for excessivo - e às vezes é impossível aos outros entenderem quando passam a linha na minha concepção - acho simpático. Não gosto que me controlem nem verdadeiramente que se preocupem mas gosto que se lembrem que há coisas que tenho de fazer (às vezes, dormir) e não me apetece.

É relativamente fácil cair nas minhas boas graças e é, até, pouco dispendioso. 
Como disse quando comecei, a manifestação é a maioria absoluta das vezes suficiente; quer porque não gosto de incomodar quer porque é difícil ajudar-me mesmo quando se quer muito.

Então,
para isto não ser, completamente, a inversão do meu feitio:
O problema coloca-se, violentamente, quando eu decido que preciso um bocado mais do que manifestação. Se ela não aparece - e, por vezes, é preciso adivinhar infelizmente - o tempo muda muito depressa.

Mas hoje, e ontem e ultimamente, se quiser ser honesto, não tenho tido razões de queixa. Em geral, não tenho razões de queixa porque não preciso nem quero precisar de muita gente.

E agora, não vai haver música (apesar de a estar a ouvir).

Queria o Hamburger de Jalapeño!

- Tens a certeza, K? Isso deve ser muito picante e queimar-te por dentro!!
- Não, não é grande coisa (responde a empregada)...

- Está a dizer que é uma merda?! disseram
- Está a dizer que devia escolher outro?! disse

- Não, não - responde a empregada ruborescida - o que eu queria dizer é que não é muito picante...

Tinha-se percebido mas deu para rir.
Quando não se tenta humilhar quem está a fazer o seu trabalho, como evidentemente foi o caso, mas apenas achar graça à má escolha de palavras a coisa é muito divertida.

...e a minha versão de música romântica (mais a música do que letra em si)

Tuesday, May 12, 2015

A volta que isto, por aqui, está a dar começa a incomodar-me.
Preocupa-me que ande muito à volta de rabos de saia (sendo que é prova cabal de que a minha vida não é muito interessante e, como a minha vida, eu também não) e que comece a parecer uma playlist (o que justifico porque agora não tenho a quem mandar este tipo de merdas e preciso disso para não entrar em parafuso...por isso, pagam vocês!!).


Monday, May 11, 2015

Pixinguinha


Sunday, May 10, 2015

Duas coisas:
1 o post anterior está pessimamente escrito e é possível que este vá pelo mesmo caminho. Caguei.
2 este vai voltar a um assunto que me faz parecer pedante mas o intuito é outro. Se mal entendido, caguei.

A mesma pessoa que me disse o que escrevi anteriormente, ligou-me a dizer que uma amiga dela que vi há duas ou três semanas e que também conheço lhe disse que me tinha visto e sonhado comigo.
Desculpou-se por ter sonhado comigo e disse -lhe que eu estava muito bonito (o que se subentendia...).

Vamos ultrapassar alguém achar que sou de alguém;
Vamos esquecer que me conhece há uns vinte anos;
Vamos olvidar que que ela preferiu não contar o sonho (o que é mais ou menos o mesmo que contar).

Não é que nunca tenham sonhado comigo mas só por me verem, sem mais nada, é novo e esquisito.

ontem disseram.me

Se não tivesses esse mau feitio não terias metade da graça!

Lembrei-do Houve.
Num dos episódios ele disse que toda a gente gosta de uma parte girl até ela te vomitar nos sapatos.

Acho o mesmo.

Saturday, May 09, 2015

AS PALAVRAS

Eu sei que parece picuínhas mas chateia-me que se travistam palavras.
Ontem, a notícia quanto à vitória do Cameron em Inglaterra dizia qualquer coisa como os ingleses escolheram a austeridade.
Austeridade não é uma coisa má. Austeridade não se consubstancia em sofrimento; Austeridade é, apenas, uma atitude realista de equilíbrio, ou seja, é seriedade e não sofrimento. O que se deu é que as pessoas, como nós, sofrem de uma dieta violenta e não da manutenção de uma dieta equilibrada...que é o que a Austeridade, nesta metáfora, é.

A palavra Intelectual também apanhou.
Ser-se Intelectual, em princípio, não é uma coisa má porque o intelecto não é uma coisa má e não é um defeito gente que o usa com mais afinco que outros.
Hoje, contudo, quando se pensa em Intelectual pensa-se em gente chata e pedante, atira-se este título como uma pedra e não como um afago ou com admiração, que é o que deveria acontecer.

A palavra Simpática é um eufemismo para gaja feia.
Então, como é a tua amiga?, pergunta que quando seguida de É simpática nos atira para o evidente camafeu.
Simpatia não é uma coisa má - para mim é chata mas eu não sirvo de medida - mas quando usada como característica primeira revela-nos que o que, em tese, teria mais interesse não está lá.

Enfim,
o problema, como de costume, não é o conceito mas as pessoas.

REAL POLITIK

...vem um bocado no seguimento...
A Real Politik, se bem me lembro, foi um termo cunhado para definir a forma como Kissinger dirigia a política externa americana (porque era de ascendência alemã) e, simplificando, é uma coisa parecida com o Maquiavelismo, sendo que a maior diferença entre uma coisa e outra foi o tempo e não o âmago; quero com isto dizer que não podia Kissinger, como pôde Maquiavel, dizer claramente que mais vale ser temido do que amado...e vale mesmo.

Hoje, usa-se o termo que serve de título como um insulto porque devemos ter o Mundo como interesse primeiro e esta prática é a sua negação.
O problema, uma outra vez, é o resultado:
Como é do conhecimento generalizado mas pouco sitematizado, a Europa foi para o Médio-Oriente ajudar o pessoal e apoiar os rebeldes e defender as populações e por aí fora (se conseguiu ou se foi suficiente é outra história); o pessoal do Médio-Oriente - o pessoal que se foi ajudar - não está muito virado para morrer e as pessoas que não estão nessa onda tendem a fugir...e muitos tentaram fugir para a Europa.

Até aqui, tudo certo.

Só que quando as vidas que se querem salvar lá começam a aparecer no Mediterrâneo a querer chegar cá uma gajo deixa-as afogarem-se ou repatriam-nas, quando têm a sorte de sobreviver.
Faz sentido?
As pessoas que abraçam árvores peroram contra e acham desumano: não estão enganadas;
As pessoas que têm de dirigir países tentam evitar o assunto para não dizerem que os seus recursos são escassos e o conforto dos nacionais é mais valioso que a vida dos estrangeiros: não posso garantir que estejam enganadas.

Isto é utilitarismo e realismo.
As vidas valem todas o mesmo? Sim, nos livros.
Na realidade, não sei com que números estaria disposto a sacrificar a vida de quem gosto pelas de quem não conheço.
Triste mas verdadeiro. Não faz de mim uma besta, faz de mim uma pessoa como as outras pessoas.

Quanto ao Medo e ao Amor, repetirei o que tenho ideia de já ter dito por aqui:
Jesus Cristo (partirei do conhecimento comum para não complicar) queria ser amado e não temido e foi amado, em retorno, tanto no seu tempo como no nosso.
Acabou por aleijar porque amavam-no tanto que lhe cravaram um pregos.

Quantos de nós tentariam cravar uns pregos no Mike Tyson de antigamente?
Pois, não era o amor que nos impediria mas sim o medo de levar nos cornos.

ALTRUÍSMO E EGOÍSMO

Quem priva, proximamente, comigo tem ideia de que sou altruísta;
Quem não priva, proximamente, comigo tem ideia de que sou egoísta.
Estou mais perto dos segundos mas como ontem me acusaram de serem os primeiros a ter razão, senti necessidade de explicar.

Então,
O conceito de Altruísmo está ligado, com razão, ao sacrifício de colocarmos interesses alheios à frente dos próprios. O que sucede é que às vezes, quando fazemos bem às pessoas, elas acham que apenas as estamos a benificiar a elas, o que não ocorre frequentemente no meu caso.
A realidade, pura, é mais esta:
Eu gosto de me sentir útil para as pessoas de quem gosto, então, quando as estou a ajudar estou, também, a ajudar-me a mim. Existe uma troca mas é subtil.

É difícil conceber que quando dedico a minha atenção e preocupação a alguém que precisa - e, às vezes, precisa muito - estou, também, a receber.
Quando alguém está numa situação difícil e que sente que só eu a posso ajudar - não por ser particularmente brilhante mas antes por causa das minhas características específicas - não concebe que seja mais do que um fardo mas, se eu gostar da pessoa, é.

Eu sem um propósito sinto-me perdido e quanto mais propósito mais encontrado estou.
Quem recebe o que dou nem nota, muitas das vezes, que também me está a entregar porque este meu defeito de precisar de uma direcção não é visível.

No verdadeiro teste de Altruísmo eu falho: se a pessoa não me interessar ou se já me interessou e me irritou por um qualquer motivo, sou incapaz de roubar parte das minhas forças e do meu tempo para ajudar. Se não me custar mesmo nada, talvez, mas nada custa nada.

Outra forma de tentar explicar a, por vezes, pequena diferença entre estas coisas é esta:
Duas pessoas doam um determinado dinheiro a uma determinada instituição ou a uma determinada pessoa.
Uma doa porque as pessoas precisam de ajuda;
Outra doa porque as pessoas precisam de ajuda e porque isso o faz sentir bem.

O Segundo obtém retorno pelo que doa;
O Primeiro não obtém retorno, só ajuda.
Não considero nenhum dos dois melhor ou pior e o resultado, para quem recebe, é precisamente o mesmo mas um deles é menos Altruísta que o outro.

O TEMPO

Ontem, ao almoço, achei melhor ter companhia. Não porque tenha problemas em almoçar sozinho mas porque me apetecia comer um hamburger e quando como hamburger sozinho faz-me sentir como as pessoas que se embebedam sozinhas: deprimido.
A dada altura, o assunto começou a andar à volta daquilo que podia e devia fazer para...como direi...bem, pensar em sacar menos gajas e ficar-me por uma mais tempo (esta pessoa não me conhece o suficiente para distinguir que eu só quero uma para sempre mas como não vejo isso a acontecer fico com várias pelo tempo que aguentar).

Disse-lhe, então, que quando me envolvo com alguma seriedade com alguém a coisa funciona assim:
Em viva voz ou de forma que se capta: Eu não preciso de ti para nada! Se quiser companhia feminina, tenho amigas; Se quiser sexo, tenho outras amigas. Eu, de ti, não preciso de nada. Eu quero-te, só isso.
A outra pessoa, porque normal, achou que o que lhe tinha dito era muito agressivo e acho que a maioria das pessoas entenderiam da mesma maneira; a maioria das pessoas tem medo de ser largado quando gosta de alguém, daí (um bocado na onda de ser amado ou temido, ainda que nunca assumido) que lhes faça muita confusão que alguém delas não precise; a maioria das pessoas, ainda que nunca admitindo, prefere que precisem delas e que se sintam presas a elas porque é mais uma arma para se sentirem seguras.
Eu não quero isso.
Eu não preciso disso.
Eu quero que me queiram e quero querer a outra pessoa. Não quero precisar porque quando se precisa há algo de útil no outro e quando apenas se quer não há utilidade mas prazer.

Hmm, ainda te vou ver a andar caídinho por alguém e tentar a todo o custo conquistá-la! que é uma outra afirmação que ouço com uma frequência alarmante.
Não, é pouco provável que aconteça.
Se virmos pela rama, como ela viu, poderá pensar-se que é um exercício de valorização pessoal e alguma snobeira; algo do tipo sou bom demais para esse tipo de coisas!! mas não é.
Na minha cabeça, a coisa acontece rápido. Nos primeiros minutos percebe-se se a coisa pode acontecer ou não. Não me refiro a amor à primeira vista, porque é parvo, mas o interesse é, ou não, imediato. Se sentir interesse, sou capaz de avançar, se só eu tiver interesse, esqueço e sigo em frente.

A mesma coisa com tentar conquistar.
Talvez seja capaz de algum esforço se a quiser foder. Afinal, há-de ser rápido, tanto o corpo como a alma, e não terei de conviver com a atracção que contruí.
Não sou capaz de tentar conquistar uma pessoa que queira realmente. Sou transparente porque como não a quero a prazo não tenho interesse em andar apenas com o fato de domingo.

...e voltamos ao porquê de precisar que se entenda que eu não preciso mas apenas quero.
Não quero ninguém enganado quanto ao que conta. Pode parecer estranho; pode parecer suicida; pode parecer néscio.
Quero que se saiba o que me vai fazer irritar, o que vai destruir, o que convém evitar.

Pois, é por isso que os homens não são românticos, como as mulheres!!!
Oi?!
Querer em vez de Precisar não é romântico?!

Hmm... pensas e fazes essas coisas todas e, depois, olhas para trás e vês as coisas que perdeste e arrependes-te. As oportunidades que não aproveitaste!!
Coisa, também, já ouvida em quantidades nauseantes.
Ainda não me aconteceu. Quer dizer, eu sei que perdi oportunidades ou que não as aproveitei como devia. Eu sei que menos de uma determinada característica minha ou uma curva que não consegui dar teriam escrito o meu percurso de forma muito diferente e até melhor.
Felizmente, o tempo ajuda-me.
Como a minha natureza ou a forma como a construí é solipsista, quando o tempo me permite, quando a ausência me acontece, volto com facilidade - ainda que talvez não com alegria - ao estado primeiro em que não sinto falta. Volto a sentir-me confortável com o facto de não me preocupar se chega bem a casa e se está contente ou triste com o que quer que seja. Volto a estar mais descansado e a sentir-me mais livre.
O tempo ajuda-me.

...e no meio disto tudo, eu não quero sentir-me mais livre nem mais descansado mas a minha cabeça não está certa de permitir esta simples mas dolorosa alteração.
...a história de deixar solto quem se ama porque se também te amar volta (parafraseei mas acho que é isto) comigo é uma tanga. Se me deixam ir embora não volto.

E MAIS MAGIA


Nem sequer é a minha música favorita mas qualquer coisa com o Dereck a tocar vale a pena.
É muito esquisito ver-se um guitarrista como este gajo (em slide não conheço melhor, apesar de ele achar que o Elmore James era melhor) sem pedaleiras e sem muita extravagância em palco.

Bem, vale a pena.

Thursday, May 07, 2015

Ah, só porque tens as coisas disponíveis podes usar com moderação!!
Pois podia, se fosse outra pessoa. Anos a defender -me desta merda de estar sempre on line para começar a vacilar apenas porque a oportunidade se depara.

Não sei estar quieto quando posso estar a mexer-me e depois faço coisas sem interesse nenhum, como acontece neste preciso momento...

Ao menos, como hoje é hoje: