Friday, May 31, 2013

Coisa Antiga

Há muito que digo que me irritam as pessoas que para provar a sua superioridade intelectual necessitam de rebaixar outras. Uma coisa do tipo eu sou tão esperto porque tu és assim tão burro. É parecido, ainda que não igual, ao porteiro da discoteca que se sente superior por ter o supremo poder de impedir a entrada de alguém ou os tipos da universidade que praxam para sentir o que é ter alguém a ser espezinhado que não o próprio.
Pequenos poderes e parvoíces extremas numa tentativa não de chegar ao topo de uma montanha mas antes de se colocar em cima de um banquinho muito pequenino.

Esta coisa ultrapassa, contudo, estas quase trivialidades que se assemelham a uma coceira desagradável mas que nada de realmente mau podem causar.

Politicamente, estamos num momento, quase em termos globais, em que ou se é preto ou branco, de um lado ou do outro. Podemos comunicar mas apenas por meios visíveis para que não nos confundam com aqueles de que nos queremos distanciar.

Se o problema se resumisse aos idiotas que fazem disto profissão a coisa só estaria mal mas tem-se tornado um vírus!
Vai sendo cada vez mais difícil a existência daquela raça conhecida por moderados. Não, não são os gajos sem espinha que os querem fazer parecer mas apenas aqueles que conseguem distinguir as cores do arco-íris e chegar a um acordo quanto à cor que se econtra mais acima e aquela que se econtra mais abaixo...por uma está, de facto, mais acima e outra, de facto, mais abaixo.
Os moderados tendem, contudo, a extinguir-se não porque sejam convencidos de uma outra coisa mas porque, como no jogo da corda, quanto mais se puxa de um lado mais resistência se encontra do outro e como não há desconpressão todos são forçados a escolher qual dos lados preferem.

Perdeu-se o ser melhor apesar do outro ser bom.

Wednesday, May 29, 2013

A Importância da Roupa

Há uns anos atrás saiu uma música de um gajo chamado Eamon que tinha a clássica batida de balada de amor, quer fosse para o celebrar quer fosse para descrever uma dor de corno. Era, efectivamente uma dor de corno mas não na costumeira lamechice, dizia, por exemplo, Fuck you, you hoe, I don't want you back.
Outra, dentro do mesmo género mas não precisamente igual uma vez que era, de facto, uma canção de amor era uma música dos Tenacious D que, mais uma vez vestida de balada, dizia, por exemplo, I'm gonna Fuck you softly/I'm gonna screw you gently/I'm gonna hump you sweetly/I'm gonna ball you discreetly.


Em ambos os casos, quantos não nativos da língua inglesa imaginaram ou mesmo se aventuraram a cantar isto sem fazer a mais pequena ideia daquilo que diziam e daquilo que o autor dizia?
O ritmo fez metade e aquilo que as pessoas julgam saber sobre o ritmo fez a outra metade.

Outro caso destes e que é ainda mais gritante porque imperceptível à grande maioria dos nativos de língua portuguesa é o Samba.
Quantos dos que passam por nós na rua pensam que nós somos melancólicos e os brasileiros felizes e para dar uma imagem disso mesmo recorrem ao aparente contraste Fado/Samba?
A verdade, contudo, é outra.

Como disse Vinicius de Moraes no Samba da Benção (e será mais ou menos aceite que ele percebia muito de Samba), Mas pra fazer um samba com beleza/É preciso um bocado de tristeza/ É preciso um bocado de tristeza/Senão, não se faz um samba não.
A verdade é mais ou menos esta, apesar de não ser absoluta. Ouçam qualquer música do Cartola (samba mais samba não há) e procurem a alegria. Vão perder muito tempo para não a encontrar.

A explicação para isto é mais ou menos a mesma dos exemplos em inglês que já dei: veste-se uma letra com uma cuíca, um tamborim, um cavaquinho, um pandeiro e uns acordos menos soturnos (ainda que nem sempre aconteçam) e somos levados a pensar, por preguiça, talvez, que o que parece é e, como acontece com uma frequência de causar vertigens, a verdade é uma outra coisa.

A Problem Delayed is a Problem Denied

...ou o expoente máximo da procrastinação.
Umas vezes há-se ser uma questão de carácter;
Outras vezes há-de ser uma questão de contingências;
Outras vezes há-de ser uma necessidade;
Outras vezes há-de ser uma incapacidade;
Outras vezes há-de ser uma questão de sobrevivência.

Problemas de Formatação

As pessoas pensam de acordo com o que lhes aparece aos olhos e é espantoso como é que vendo o mesmo pensamos coisas absolutamente diferentes. A experiência passada molda muito a experiência futura e no meio de toda a confusão que envolve mais do que uma pessoa a interpretar os mesmos factos é quase impossível atribuir razão que não a nossa...que também padece dos mesmos males que as dos outros.

Soube-se, uma vez, que eu tinha convivido com uma determinada mulher e este convivido nada tem de metafórico, foi apenas isto mesmo que aconteceu: passei algum tempo com esta mulher em questão e nunca estive sozinho nesse convívio, foi algo acompanhado por outras pessoas. Não vou ao ponto de dizer que psicologicamente foi inocente mas factualmente foi-o.
A ideia imediata que se formou foi exactamente que nada teve de inocente e que havia alguma coisa a passar-se e, para validar esta apreciação, afirmaram que os olhos deles vieram à minha procura com frequência e que havia ali mais qualquer coisa.
Em abono da verdade, quando me disseram isto eu não notei, embora fosse posteriormente confirmado.

Neste posteriormente é que reside a tal coisa da Formatação. Neste posteriormente e nos momentos que se seguiram, nos quais se engloba o presente.
Em termos intelectualmente honestos, na minha cabeça o que aconteceu foi isto:
É verdade que nunca fui inocente neste convívio mas é mais verdade ainda que nada fiz de óbvio para que esta falta de inocência se tornasse visível e muito menos óbvia.
É verdade que ela procurou os meus olhos mais que uma vez, ainda que reforce que no momento em que disseram que o fez eu não reparei se tal aconteceu. Neste caso, houve vezes em que acho que aconteceu porque procurava, como todos nós, um rosto conhecido que muitas vezes nos acalma no meio de um ambiente novo; houve vezes em que pode ter sido por mero acaso, como muitas vezes acontece; houve vezes em que me pareceu mais lascivo...mas que, para mim, nunca foi óbvio.

A formatação acaba por ser isto.
Para mim a mesma coisa tem muitas explicações e se nenhuma delas se sobrepuser a outra eu mantenho-me relutante.
Não tenho uma ideia simplista dos mais simples factos nem monocromática de uma simples cor. Nada me parece simples quando olho para ela demasiado tempo, e faço-o sempre.

Se aconteceu uma conexão entre duas pessoas que se acharam mutuamente interessantes? Sim, nitidamente.
Se podia ter acontecido mais alguma coisa? Sim, nitidamente.
O que me levou (sendo certo que não depende apenas das minha vontade, claro) a que acontecesse mais do que aconteceu? Aqui é menos nítido. Falta de oportunidade; falta de timing; condicionantes externas que poderiam torna-se complicadas; falta de tempo; falta de coragem; falta de certeza.
É só escolher uma ou várias...

Monday, May 27, 2013

Simplicidade

Nem tudo é complicado nem caro nem impossível nem final.
Mesmo quando o tempo é horrível, mesmo quando tudo parece destinar-se a ruir há sempre um raio de sol que fura a tempestade ou uma viga que se recusa a cair.
Simplicidade.

Por estes dias tive aquilo que me falta com frequência: gente nova, gente interessante, gente imprevista.
Há anos atrás descobri que um determinado concerto num determinado momento é capaz de encher o tanque que se encontrava vazio durante um bom tempo.
O mesmo acontece quando se encontra, por acaso, uma pessoa mais simpática do que se esperava e se perde uma enormidade de tempo num assunto que muito pouco contribuirá para o PIB mas que muito interessa, por um motivo ou por outro, aos participantes da conversa.

Naquele momento e em momentos posteriores, uns mais longos que outros, as cores ganham vida e o sentido de uma nulidade evidente deixa de ser tão inabalável.
E nada disto custa dinheiro; nada disto resolve um problema premente ou de outra espécie; nada disto é feito em estrangeirismo ou em polissílabos.
Interesses comuns, palavras comuns e uma cerveja. O pouco que se transforma e muito, sendo que muito pra mim é tão pouco e pouco eu não quero mais.
Mas há poucos e poucos.

Empatia

A Empatia é a arte de sermos capazes de nos colocarmos no lugar dos outros. Parece uma cena que provém da virtude ou da experiência mas por vezes é absolutamente impossível; impossível não porque o que outra pessoa passa nos ser inimaginável mas porque vivemos outras vidas em outras cabeças apesar de todos termos pernas e braços e muitos de nós falarmos a mesma língua e, inclusive, termos mais ou menos as mesmas experiências de vida.
Para tentar enquadrar isto, uma história inofensiva, recente e irrelevante:

Fui sair para ir a um espectáculo na Sexta-feira à noite e planeei ir para casa cedo porque Sábado de manhã tenho sempre cenas a fazer. Quando as circunstâncias são estas saio de carro porque sei que não vou beber e, assim sendo, não faz sentido usar taxis ou transportes públicos.
Tanto o espectáculo como o pós-espectáculo foram muito melhores que o planeado, então o planeado saiu furado e acabei por ficar pela rua até mais ou menos às 6 da manhã. Como estava de carro, dominei a sede com vontade férrea, como costuma acontecer.

Quando eram umas 5 e tal da manhã decidi ir para casa e levei duas amigas comigo.
Meti-me no carro e lá fui eu. Sóbrio, consciente e devagar porque tenho sempre receio de ser abalroado por um bêbado e, por isso, duplico a cautela.
Íamos todos tranquilos a conversar e com um CD a rolar apenas como música de fundo quando me aparece, ao lado, em alta velocidade, um carro branco que abre o vidro e me manda encostar - numa voz bem audível - e me mostra uma placa de STOP. Estavam lá dentro dois polícias fardados e eu encostei.

Aqui há que dizer o seguinte: ia devagar, a conduzir com segurança, não infringi nenhuma lei do Código de Estrada e não havia carroa à minha frente ou atrás.
Ou seja, os tipos vieram especificamente para me mandar parar a mim, por isso vieram em velocidade elevada.

Entramos, então, na empatia:
Eu encostei o carro e pronto. Nem sequer hesitei.
As minhas amigas assustaram-se imenso e disseram isso mesmo aos polícias.

Para elas, aquilo tinha sido ridículo e de mau gosto não porque apareceram de gás sem motivo aparente (o que, para mim, era ridículo) mas porque àquela hora da noite se lhes fizessem o mesmo que me fizeram elas teriam medo e era, até, possível, que não parassem porque temeriam ser assaltadas ou pior.
Nunca tal me ocorreria.
Espantosamente, quando contei a história à minha mãe e a uma outra amiga, hoje, elas tiveram a mesma reacção: medo de ser assaltadas ou pior por uns gajos num carro sem identificação e por gajos que podiam estar disfarçados de polícias.

E aí está!
Era-me impossível sentir esta Empatia porque nunca me ocorreu que pudesse ser assaltado. Nem sequer me passou, rapidamente, pela cabeça.
Eu que peso, provavelmente, quase o mesmo que as minhas duas amigas juntas e que já andei várias vezes à pancada não tenho medo das mesmas coisas. E falta de medo das mesmas coisas impede-me de pensar o mesmo que elas.

Friday, May 24, 2013

Honestidades

À medida que o tempo vai passando e que as cores garridas que nos guiam para uma determinada opinião ou posição se vão esbatendo, torna-se importante que nos perguntemos quanta honestidade é demasiada honestidade ou se a honestidade que não seja completa pode ser assim chamada.
É um tema difícil e ambas as posições são passíveis de defesa; se é verdade que Honestidade a 100% é o compromisso menos comprometido com a verdade não é menos verdade que um atenuar da Honestidade pode ser importante para um convívio mais são com quem nos rodeia.

Há uns tempos, por exemplo, ouvi alguém dizer que a mentira é a massa que impede que a sociedade se fracture. Não a mentira que é indubitavelmente prejudicial mas aquela que pode não ter consequências sérias, porque consequências há sempre. Por exemplo o responder que Não quando uma mulher/namorada/amiga nos pergunta se está mais gorda quando, efectivamente, está.

Ontem, por exemplo, uma amiga convidou-me para ir ver uma cantora.
Quando me disse o nome dela e me perguntou se a conhecia, respondi que a tinha visto no dia anterior num programa de televisão e quando, depois, me perguntou o que tinha achado respondi-lhe que tinha sido terrível.
Ora, essa minha amiga está ligada à promoção dessa cantora, o que eu já tinha percebido, mas isso não me impediu de dizer que, de facto, aquela actuação havia sido de muito má qualidade. E foi mesmo.

Felizmente, esta minha amiga conhece-me há muito e sabe que não digo isto por mal ou para ser especial e directo: digo porque foi o que realmente aconteceu.
Esta minha amiga entendeu e concordou que a coisa correu mal; é verdade que foi menos enfática que eu mas é, também, verdade que temos de defender os nossos e, se possível, reverter uma má opinião. Não é desonestidade, é sobrevivência.

Quantas vezes me fodi por ser assim? Muitas.
Quantas vezes me fodi por ser assim sem saber que me estava a foder? Muitas mais, seguramente.
Arrependo-me? Arrependo-me, tenho de o admitir. Mas a minha história a este respeito compara-se com a história da tartaruga que ajuda o escorpião a atravessar o rio e a meio do caminho o escorpião morde-a e morrem os dois, sendo que o escorpião sabia que isso iria acontecer; era a sua natureza.

Wednesday, May 22, 2013

Co-Adopção II

Como era de prever aquilo que mais me irrita na discussão que envolve a suposta modernidade aconteceu.
Neste últimos dias quem por algum motivo estivesse contra a adopção (co ou de outro tipo qualquer) por casais homossexuais era desde xenófobo a neandertal (que começam a parecer sinónimos), desde espancadores de mulheres a néscios.
É isto que me irrita profundamente nesta discussão e que faz os defensores dos direitos dos homossexuais (que também sou mas considero que a questão da adopção não tem que ver com os homossexuais mas com as crianças) serem o espelho fiél dos homófobos que tanto odeiam: são fundamentalistas, radicais e incapazes de entender pensamentos diferentes.

A isto juntam-se os artistas (de quem também gosto) que sobem a qualquer parte e que dizem coisas como a aprovação da co-adopção prova que Portugal vale a pena e estamos na vanguarda dos direitos humanos. Vanguarda dos direitos humanos? Passem pelas ruas mais movimentadas e vejam como na vanguarda estamos pela qualidade dos cobertores (quando os há) utilizados pelos sem-abrigo na porta das lojas ou dentro das casinhas dos multibancos.
Traduzindo, ainda assim: Somos avançados porque permitimos tanto o casamento como a co-adopção e serão, naturalmente, atrasados todos os que forem contra isto.

Outra coisa que me parece extraordinária é que a maioria dos convidados dos programas de televisão que vão defender que não deveria ter sido aprovado o diploma são, de facto, mentecaptos; são, de facto, homofobos; vivem, de facto, no século passado.
Isto é mesmo intrigante...
Tenho a certeza que haverá gente equilobrada e ajuízada que não é favorável à adopção...mas onde andam eles? Fico com a nítida sensação que os media os evitam...

Monday, May 20, 2013

Co-Adopção

Quando era miúdo tinha problemas com os homossexuais, do tipo não os conheço nem os quero conhecer, uma cena adolescente que me passou. Hoje em dia não sou a favor nem contra, é-me indiferente.

Quando a questão do casamento de pessoas do mesmo sexo apareceu fiquei na dúvida quanto ao que achava. Já não padecia de homofobia, é verdade, mas havia implicações que podiam, potencialmente, incomodar-me. Uma delas era, exactamente, a questão da adopção.
Era evidente, a quem o quisesse ver, que não era possível permitir a igualdade de direitos quanto ao casamento e, depois, impedi-la quanto aos direitos que as pessoas casadas têm.
Assim, sendo a favor do casamento de per si tinha muitas dúvidas quanto ao que daí poderia resultar.

Agora, ainda que possa ser politicamente incorrecto, o que eu achava veio a concretizar-se e não sei se é uma coisa boa.
Tenho as maiores dúvidas quanto ao facto de uma criança não necessitar de uma figura masculina e feminina na sua vida para se desenvolver correctamente;
Tenho as maiores dúvidas quanto ao que sofrerão estas crianças, numa primeira fase pelo menos, quando fizerem o desenho da sua família, nas aulas, e se descobrir que têm dois pais ou dias mães;
Tenho as maiores dúvidas do que resultará de uma criança que necessita de se sentir integrada - o que significa o normal social - ao não conseguir sê-lo.

A todas estas minhas dúvidas, há, no entanto, que acrescentar que nada indica que, neste preciso momento, não haja imensas crianças a viverem com casais homossexuais; nada indica que é preferível uma criança entrar no sistema em vez de ser adoptado por um casal do mesmo sexo; nada indica que a preferência sexual seja, de alguma forma, um factor determinante para qualificar ou desqualificar uma pessoa como boa educadora.

Como tenho todas estas dúvidas (em que nenhuma se prende com a homossexualidade em si), teria votado contra.
Ainda não sei o suficiente para experimentar em crianças...

Friday, May 17, 2013

A Vida Não é um Concurso de Beleza

Já não me lembro de vi, li ou ouvi esta afirmação. O que me lembro é que, apesar de não ser uma pergunta obteve uma resposta: É, é!
Será isto verdade?

Talvez...

É de muito mau gosto, especialmente hoje em dia, assumir que a beleza é atinente a permitir a quem dela usufrui um tratamento diferenciado de quem dela tem falta.
Eu, por exemplo, tenho por hábito por uma questão meramente de cortesia tratar mulheres por querida. Não o faço com todas as mulheres em todas as situações mas faço-o com frequência mesmo quando não tenho assim tanta confiança com o elemento feminino. Para mim é mais ou menos o mesmo que abria a porta do carro, deixar passar primeiro e afins; é meramente uma cortesia.
O que acontece, contudo, é que é ouvido com alguma frequência como uma coisa paternalista e que tem por objectivo diminuir a mulher independente e qualificada que se encontra do outro lado da conversa.

Há uns tempos, por exemplo, o Obama foi cravejado de balas porque disse que uma determinada procuradora além de muito competente era a procuradora mais bonita dos EUA. Ora bem, assumamos que não é a coisa mais institucional que se possa dizer e, até, que não devesse ter sido dito. Mas é, de facto, um problema?

Não é, contudo, esta a temática.
É a vida um concurso de beleza?
Eu tenho mais dificuldade em dizer não a uma mulher bonita; Eu tendo a ser menos implacável em negociações com mulheres bonitas; Eu deixo passar à minha frente qualquer mulher mas tenho mais prazer quando o faço a uma mulher bonita.
Nada disto é pensado ou planeado, apenas é assim!

Wednesday, May 15, 2013

Educação...Novamente...

Não é o primeiro post sobre o assunto e talvez não seja o único, apesar de destestar repetições.

Lembrei-me, novamente, da Educação por conta de um spinning que deixou de o ser para passar, claramente, a novilingua.
É muito difícil e custoso entender o que nos dizem todos os dias, desde redimensionamento a reestruturação, passando por inteligência emocional e front loadings; desde flexibilização do mercado de trabalho a requalificação da função pública passando por convergência, por exemplo, de pensões.
Um gajo que tenha tido a infelicidade de apenas conhecer o seu superior hierárquico como patrão desconhecerá que criador de emprego é a mesma coisa. Um gajo que, primeiro, conheceu um gajo como investidor e que depois ainda o via como empresário desconhecerá que empreendedor é a mesma coisa.

Ora, este tipo de coisa impele-nos para entender de uma maneira diferente é a mesma coisa ou, inclusive, não entender sequer a que coisa um gajo se refere.
Há uns anos, por exemplo, foi aprovado nos EUA uma coisa chamada "clear air bill" ou um nome semelhante que, na verdade, era regulação para se poder poluir.

Estas coisas eram e talvez ainda sejam chamadas de spinning; pega-se numa coisa desagradável aos ouvidos e chama-se-lhe outra, com uma outra sonoridade para comer os papalvos. O que, na minha opinião, aconteceu é que se passou para um outro estágio da coisa: é que o spinning, ainda que camuflando, queria dizer aquilo a que se referia com truques lexicais, agora, a coisa é diferente.
Hoje em dia inventam-se cenas sem qualquer ligação ao mundo palpável. Em termos gerais, há uma quase aceitação da mentira que se traduz não num léxico adaptado mas num léxico completamente novo em que os sinónimos não o são e em que os antónimos estão mais perto do verdadeiro significado.

Porquê educação?
Se é difícil a um gajo que lê livros e até estuda, por exemplo, história conseguir decifrar o que ouve o que dirá de um outro gajo que, ou por falta de vontade ou por absoluta impossibilidade de se instruir, não tem o mesmo conhecimento.



Monday, May 13, 2013

Ópio do Povo

A cultura desportiva em Portugal é baixa.
Vamos pensar nos eventos desportivos e imaginá-los como aquilo que são e aquilo que, certamente, se chama como espectáculo. Haverá outro espectáculo de qualquer espécie em que a qualidade prede para o resultado? Que me lembre, não.
Em Portugal e em muitas partes do mundo (de cabeça, tenho apenas Inglaterra como excepção) o mais importante é ganhar! Se der para ser um bom jogo, tanto melhor mas a qualidade do jogo é absolutamente secundária quando comparada com o resultado em si.

Por exemplo:
Sou portista desde que me lembro e sofro com os jogos do Porto. Vejo o jogo todo, fico tenso, fico nervoso e se perder o meu dia ou noite estão estragados...fico com muito mau feitio.
Tenho, contudo, alguma dificuldade em assumir-me como fã de futebol. Tenho uma enorme dificuldade em ver jogos que não incluam o Porto de um dos lados, com excepção de coisas extra-terrestres como um Real Madrid x Barcelona e afins ou a final de uma competição europeia. Excluindo casos como estes sou incapaz de perder uma hora e meia em frente à televisão. Não consigo mesmo.

Então, também eu estou imensamente mais interessado em ganhar do que com o que efectivamente se passa no campo.
Também eu fico mais contente quando o Porto joga bem e ganha mas o jogar bem vem depois, muito depois.

Este Sábado, contudo, revelou-se tudo o que de bom ganhar tem.
Não foram os jogadores que ganharam, fomos todos nós que ganhámos com eles; foram os tipos que andavam atrás da bola e todos nós que andávamos, mentalmente, atrás deles.
Quando o Porto ganhou, aos 91, por uns momentos deixámos de nos interessar nos números do desemprego e na Troika e nas contas e nas dívidas e nos Governos e em tudo que nos assola diariamente há demasiado tempo; naquele momento fomos vencedores, naquele momento não havia núvens, naquele momento não havia intempérie, naquele momento todos eramos ricos...

Naqueles momentos fomos felizes e só por isso valeu muito a pena.

Tuesday, May 07, 2013

Velhos do Restelo

As coisas que nos incomodam são engraçadas.
Apesar de não ser velho em termos absolutos incomoda-me que, hoje em dia, tenha ressacas de 2 dias; incomoda-me que se estiver sentado em determinada posição me doam os joelhos quando me levanto; incomoda-me que a histeria me incomode muito mais agora do que há tempos atrás; incomoda-me que, quando presto atenção, às vezes me sinta o moralista que via em tipos que há anos atrás tinham a minha idade.

Vamos, brevemente, a este pseudo-moralista que muito me incomoda.

Este fim-de-semana conversei, durante algum tempo, com uma miúda de 20 anos. Esta miúda, pelo que me apercebi, é manifestamente mais madura do que eu era na mesma idade e incomparavelmente mais complacente. Bem, é mais complacente com 20 anos do que eu sou agora o que, na verdade, não diz assim muito de mim; na idade dela era ferro quente, sempre...
Já não sei bem a que propósito entrámos numa discussão sobre a compatibilidade entre um casal em que a mulher bebe (não compulsivamente mas normalmente...o que às vezes dá em bebedeira, como é normal) e o homem é abstémio. Para mim, tal coisa não funciona. É um pronúncio do fim que chegará a breve trecho. Para ela não tinha nada a ver.

Contei-lhe, então, uma história verídica, uma de entre muitas que podia ter escolhido, de uma amiga minha que esteve numa situação parecida. Acontecia, por exemplo, os dois irem jantar e pedirem bebidas que vinham invariavelmente trocadas porque a cerveja ia para ele quando, de facto, era para ela.
Para mim isto nada tem que ver com masculinidade ou falta dela, é apenas um dos muitos presságios que se vão identificando de pessoas que são demasiado diferentes para que a coisa resulte.
Se é verdade que hoje em dia as mulheres não procurem machistas empedrenidos, não é menos verdade que continuam a procurar homens com traços de homens; corram e saltam mas, como vejo em todo o lado para onde olho, os metrossexuais ficam, eventualmente, óptimos nas revistas mas elas, apesar do que possam dizer, não os querem.

Isto para dizer o seguinte:
Quando eu tinha a idade desta miúda esta conversa nunca teria resultado comigo e o mais provável é que tivesse acabado com um vai pró caralho da minha parte porque, ainda hoje, detesto lições de moral... mas agora sou eu, ainda que carregado de razão como é evidente, que falo destas coisas e destruo inocências. E não é por ter razão que me incomoda menos ser este gajo a quem a experiência e o feitio impedem ouvir sem nada dizer estupidezes que também eram minhas, há anos atrás.

Quando caí em mim e me ouvi, disse-lhe exactamente isto:
Pá, se eu estivesse no teu lugar estava muito fodido!! Isto é muito irritante!! Já me tinha mandado foder!!
Ela, porque é muito mais complacente que eu, como já disse, limitou-se a rir e eu ri-me com ela.

Saturday, May 04, 2013

O Meu Problema Com Políticos

O título é mais ou menos enganador.
Por um lado tenho mais do que um problema com Políticos e por outro não tenho um ou mais problemas com todos os políticos.

O problema a que me refiro, neste caso, é a profissionalização da política.
Como somos constantemente informados, os políticos existem para nos servir, são humildes servos. O que pretendem é o nosso bem estar e são, por natureza, altruístas.
Foi, aliás, com base neste pressuposto que, por exemplo, os primeiros presidentes dos EUA (desconheço, contudo, até que momento) caso pretendessem ter uma secretária teriam de a pagar do seu bolso e, até há relativamente pouco tempo atrás, as pessoas podiam fazer piqueniques no jardim da Casa Branca e, se fossem suficientemente audazes, era possível marchar até à porta da Sala Oval e bater, caso em que era muito possível que o Presidente abrisse.
Ou coisas como o General Ramalho Eanes disse: no tempo dele caso pretendesse dar um jantar era ele que o pagava, por isso optava por convidar o pessoal para tomar chá.

Isto mudou com a profissionalização.

A Política, hoje, é uma profissão que consiste na manutenção do poder, só e apenas.
É ver como se escolhe o momento de dar notícias (por vezes antes de um importante jogo de futebol) ou como decorrem e quanto se paga por campanhas eleitorais.
Aliás, é vergonhoso como hoje em dia vemos comentadores a dizer que um determinado partido disse ou fez ou não disse ou não fez determinada coisa porque se aproximam as eleições.
Não são os jornalistas que estão errados, o que está errado é que se tome isto como normal; quotidiano pode ser; corriqueiro pode ser...NORMAL já não pode.

É mais ou menos consensualmente aceite que o Poder corrompe.
Poderíamos esperar outra coisa de gente que faz da manutenção/conquista do Poder a sua profissão?