Friday, September 28, 2018

...não sou de cá (II).

Ontem (acho que foi ontem), comecei de uma maneira que terminou noutra mas dei por ela que mais do que ter começado de uma forma que não correspondeu ao seguimento...o intuito do próprio título era um outro.
Vamos ver se hoje vai para onde deve.

Há uns dias, Ela disse-me - surpreendida e algo indignada - que o Chefe dela se preparava para não cumprir com o que tinha dito a uma outra funcionária.
Isto é de indignar e surpreender?
Não.
O Mundo corporate é assim. Não existe uma conceito de bem e de mal como se lê nos livros nem de dignidade ou justiça como se propaga na sabedoria popular e nos filmes.
Karma? Fuck Karma. Especialmente se for o nome artístico de uma stripper.

Eu sei disto.
Eu não gosto disto.

...mas, para pena minha, não é só este tipo de merdas que me faz pertencer a uma realidade alternativa que não consegui, ainda, materializar.

A própria estupefacção perante o facto de uma cobra morder é-me dolorosa.
A gaja que está ao meu lado, por exemplo queixou-se há uns momentos que fez uma qualquer merda que terá sido espectacular e a Chefa nem sequer lhe ligou a dar os parabéns.
Saí daqui e fui fumar para o lugar mais isolado da zona e lá vieram três gordas - só uma delas era gorda, de facto - discutir sobre o que uma qualquer estava a fazer na impressora e como isso as indignava.

Pá...eu sei que isto não é tão significativo quanto isso mas tudo junto enlouquece-me. Especialmente quando a minha sanidade já não anda lá grande coisa.

Aqui há um tempo, o Pai dela - gajo porreiro - disse-me para um gajo ir dar uma volta. Estávamos numa reunião de família que já me estava a esgotar e ele só estava um bocadinho melhor que eu.
Íamos a falar no carro e a coisa resvalou para o reconhecimento no trabalho.
O meu reconhecimento quero-o apenas em dinheiro. Caguei no elogio. Caguei nas palavras. Caguei que digam que eu sou o maior. D-I-N-H-E-I-R-O!
Ele não acha igual. Ela não acha igual. A gaja que está ao meu lado não acha igual. A esmagadora maioria das pessoas que eu conheço não acha igual.

Reparem: eu nem sequer sou materialista. Eu nem sequer ligo por aí além a coisas.
O que se passa, contudo, é que dinheiro é mais caro que palavras e não é enganador.
Querem que sinta que sou apreciado? Paguem!
As palavras não me dizem coisa nenhuma, com excepção de um punhado de pessoas cuja opinião me interessa.

Este Mundo não é para mim.
Eu não sou corporate,
Eu não finjo que choro por cada mosca que tomba.
Eu não digo que uma gorda é larga de ossos.
Eu não chamo negro a um preto.
Eu não ando à pesca de elogios.

Eu quero ir para o meio do monte.
Parece uma vontade mas está a transformar-se numa necessidade.

....e lá voltaram estas gajas todas para continuar a sofrer a falta de reconhecimento.
Puta que Pariu. 

Thursday, September 27, 2018

...não sou de cá.

Ia contar duas ocorrências de hoje - e vou - mas assolou-me uma outra questão que me prendeu.
Nada do que por cá escrevo é remotamente falso ou ficcional. Pode dar-se o caso de estar errado no que digo ou ser imperfeito nas minhas observações e conclusões mas são um retrato fiel não editado do que penso e do que, as mais das vezes, não tenho pena ou vergonha de pensar.

-------------depois das histórias volto------------------
Vou pôr o ar-condicionado mais baixo um bocado disse uma das colaboradoras e foi desligá-lo.
Outra das colaboradoras disse isso não é pôr mais baixo! e a primeira, porque acha ser engraçada, disse qualquer merda que nem ouvi.
- B, não. Isso é para estar ligado. Se eu não mexo nisso, tu não mexes nisso.
Não sei porquê. O deste lado não influi o teu bem estar.
- (só fiquei a olhar)
Mas que não seja por isso, eu ligo.
- (só fiquei a olhar)
Pronto. Mas continuo sem perceber o que influi o teu bem estar. Estou a falar contigo.
- Eu ter de explicar por que motivo o AC num open-space influi no bem estar de todos...bem, vamos dizer que é um lapso de raciocínio da tua parte para não dizer pior.

Eu não sou um cão pequeno.
Eu não ladro e não me impressiono quando me ladram.

Depois - ou antes, não estou certo - mandei um E-mail a uma mulher que até aprecio a fazer reparos ao trabalho que o escritório dela estava e está a fazer.
Como a aprecio, dentro do desagradável que é ser chicoteado tentei ser mais amável do que é costume.
Não nutro, contudo, o mesmo apreço pelo chefe dela que ia em CC.
...o chefe dela também não gosta muito de mim porque acha que tem uma posição importante e que percebe mais da poda que eu.
Enventualmente, terá uma posição mais importante;
Seguramente, não percebe mais da poda que eu;
Obviamente, está uns bons milhares de neurónios atrás de mim.

Respondeu-me este segundo camelo e chamou hostil à minha forma de colocar as questão e manifestou o desagrado, por entre reparos ao que eu tinha dito.
Ora, ele estará certo quanto a eu ser hostil mas, na realidade e neste caso, não fui; ele não sabe fazer reparos ao que eu disse porque 1º não havia reparos a fazer e 2º porque não tem arte para isso.

Respondi com recortes das merdas que fez, para lhe esfregar na cara;
Terminei lamentando ter ferido a sensibilidade dele.

Duas horas depois, estava feito o que tinha demorado, até agora, mais de um mês para fazer.

--------------------voltando---------------------------------

Nenhuma destas situações são excepcionais nem raras no meu dia-a-dia e aprecio que assim seja. Confirmam o meu sentimento quanto a quão parvas as pessoas conseguem ser e que a maioria delas baqueiam quando lhes cheira que o que está a acontecer não é uma ameaça mas uma promessa.

...mas ando a dar mais valor do que o costume a este tipo de merdas e a pensar, para mim, é assim, foda-se! com mais intensidade.
E dei por mim a perceber que isso está directamente relacionado com a falta de alegria que me anda a percorrer há algum tempo mas mais intensamente esta semana.

Estou a afagar o meu Ego com estas paneleirices para compensar o facto de estar onde não me apetece. Estou a combater o realismo do se calhar precisar de fazer alguma merda! com a ficção de ainda que não estejas a fazer a merda que devias...continuas a ser espectacular!.

Não estou certo de como isto vai acabar mas é ainda possível que não acabe mal.
Pode ser que seja só uma fase. Já aconteceu antes.

Como estou mais velho, também estou mais ponderado o que é, na minha cabeça, uma metáfora para apaneleirado. 

Wednesday, September 26, 2018

ELITES

O termo Elites desagrada-me porque a primeira coisa que me ocorre é castas e eu não aprecio castas.
Esta minha reacção visceral à palavra está em confronto com a racionalidade que - acho - lhe deve ser conferida.

...mas esta minha repulsa não vem do nada.

Quando se diz Elites as primeiras relações que se fazem será com dinheiro e berço; não são uma e a mesma coisa mas estão, as mais das vezes, ligadas. Outra delas é um avanço ou vantagem inata que decorre do dinheiro e do berço.
Estas relações não estão erradas mas não são necessárias.

A primeira vez que tive contacto com Elites foi quando entrei no secundário e a minha ideia foi de encontro ao parágrafo anterior. Aquilo a que, na altura, apelidava de betos.
Então, porque acho ser uma relação directa mas não necessária?

Bem, para mim e acho que correctamente, Elite corresponde a desenvoltura intelectual e conhecimento.
É mais fácil conseguir-se esta desenvoltura e conhecimento quando se tem berço e dinheiro porque o berço implicará uma cama que já vem preparada para transmitir a importância de se saberem cenas e o dinheiro permitirá o acesso à educação e à informação.
Ora, porque nem todos os que beneficiam destas condições são capazes de as aproveitar a relação não é imediata e consequência; será, no entanto, obviamente mais fácil.

A título de exemplo, os meus Pais, a quem nada tenho a apontar e que sempre apoiaram as minhas investidas académicas, não devem ter lido 3 livros entre eles. Não faziam ideia de onde era o Sri Lanka e nem o que realmente quer dizer ser-se de Esquerda ou de Direita.
As conversas que tinha à mesa não eram sobre o impacto de medidas orçamentais nem sobre a influência da queda do Muro de Berlim no Mundo.

A partir dos, talvez, 12 anos já os tinha ultrapassado culturalmente.

Os gajos que conheci a partir do secundário podem não ter aproveitado o que lhe era proporcionado mas tinham acesso.

Eu não fiz, não faço nem nunca farei realmente parte da Elite de berço e dinheiro. Movimento-me nela com facilidade mas não a integro. 
Eu passei a fazer e faço parte da Elite intelectual deste País porque trabalhei e trabalho para isso. É verdade que tenho prazer em aprender merdas e sou curioso inatamente mas esforço-me por não ser burro.

Ah, K, por que motivo te lembraste disto?!

Bem...
O Bismark, membro da Elite, inventou o Estado Social para controlar a turba. A turba beneficiou dela mas isso foi a consequência e não o objectivo.
O que o Bismark pretendia era manter Poder numa altura em que a cajadada já não chegava.

A Elite controla sempre porque sabe mais.

Com esta confusão que praí anda do Benfica, por exemplo, é ver a quantidade de idiotas que acreditam no inacreditável! E o inacreditável só é vendido porque é comprado.

Por estes dias, apanhou-se umas merdas em que - em código - o Paulo Gonçalves usará o termo padres para se referir a árbitros.

Reparem:
O Paulo Gonçalves - que haverá de ser condenado ou absolvido - começou a carreira no Porto, passou pelo Boavista e chegou ao Benfica;
Nuns E-mails anteriores, o Pedro Guerra refere-se, expressa e claramente, aos árbitros como padres e aos jogos como missas.

....e, contaram-me, que ontem começou a ser vendida a estória de que o Paulo Gonçalves é muito religioso e que vai à missa sei lá quantas vezes por semana e que até tem uma capela em casa.

Gente!
Como é possível alguém achar que um gajo começa no Porto, passa pelo Boavista e chega ao Benfica mas apenas no Benfica terá descoberto: caralho, um gajo pode fazer umas merdas manhosas!
Como é possível alguém papar a estória da religiosidade?!

Mas papam.
E papam não por serem más pessoas mas antes por ser ignorantes.
O tempo e conhecimento não lhes foram dados para aceder a um estádio em que a lógica impere ou, pelo menos, tenha uma palavra a dizer.

Eu, por exemplo, não acho que o Paulo Gonçalves nasceu no SLB e muito menos que tenha inventado alguma coisa que nunca fora feita.
Eu, por exemplo, acho que o problema é transversal, independentemente da possibilidade de provar que todos o fazem.

Isto é óbvio!

Eu, por exemplo, sei que o Porto - o meu clube - não me vai pôr comida na mesa e, por isso, tenho muitas e muitas e muitas coisas mais importantes em que pensar.

Pão e circo.

Monday, September 24, 2018

PODER + LIBERDADE + EGO e Vales

PODER
Há uns dias, Ela trouxe-me um teste um teste que fez lá na empresa que se destinará a analisar das necessidades dos funcionários e do quão satisfeitas elas estarão.
Tenho com este tipo de testes a mesma relação que tenho com a astrologia: acho graça mas não ligo nenhuma.

Obviamente, porque acho graça também o fiz.
A minha necessidade mais premente era de Poder e esta necessidade a 100% encontra-se 75% satisfeita.
Não me surpreendeu o resultado. Há alpha que não queira poder? Há egocêntrico que desdenhe mandar? Há protagonista que despreze a luz do holofote?

O que é engraçado é isto:
se o meu superior hierárquico visse o resultado - a necessidade de Poder era óbvia! - tenderia a pensar que a minha vontade é tanta que uma facada nas costas seria mais que possível. Seria provável.
Em abstracto, esta análise estaria certa.
Em concreto, a análise seria completamente errada.

E isto porque,

LIBERDADE
Meço o meu poder em estreita e umbilical relação com a Liberdade.
A minha sede de poder não é baseada em querer mandar em pessoas. A minha sede de poder é baseada na mais completa e plena aplicação do princípio de ser Livre.

O meu poder é o de dizer Não.
Parece pouco mas, no fundo, é tudo.

Preciso de ter domínio para não ser dominado.

O meu superior hierárquico tem as contas plenamente seguras quando mas dá ou quando mas der mas não tem a cara protegida quando tentar mandar além do que entendo razoável.

...e é, também, por isso que no seguimento de um dos posts anteriores, Dinheiro é Poder.

Mas como não sou perfeito,

EGO
Esta semana, trabalharei mais uma hora por dia para ter direito a meio dia de férias antes do feriado.
Por mim, dispensaria porque não me compensa o sofrimento de alterar uma rotina mas como Ela queria meter um dias de férias, perguntei-lhe se queria que fizesse esta merda.
Ela disse que sim.
Eu farei mais uma hora por dia.

Perguntei, hoje, ao gajo daqui:
- Tu também vais fazer a cena de mais uma hora por dia?
Não. Tenho de ir buscar o meu filho e tal. Não dá.
- Fazes bem. A mim obrigaram-me.
Oh, não te obrigaram!
(ele achou que a empresa me teria obrigado ou pressionado a isso)
- Não foi a empresa. Vocês não me obrigam a nada! A Patroa é que quis.

Era necessário dizer isto?
O K racional sabe que não mas o Ego do K não acompanha este tipo de racionalidades paneleiras.
A mais ténue das ideias que alguém possa ter de que me domina ou força o que quer que seja precisa de ser rapidamente abatida. E raramente é abatida com simpatia e delicadeza.

Podem pensar Ah, cão que ladra mas não morde! e não estarão sozinhos mas há por aí muita gente mordida que me ouviu, primeiro, ladrar.
...e aí está, novamente, o Ego: não me é permitido dizer e depois não fazer. As consequências serão pesadas e avaliadas mas, independentemente de perceber que vou ganhar pouco ou, mesmo, perder...será feito se antes for dito.

O Ego faz de mim admirável, muitas vezes, mas também miserável, em número talvez igual.

Às vezes, fico contente quando não cedo à minha necessidade de provar que consigo castigar e sinto que evoluí um bocado. Mas outras há em que...

Os VALES são uma metáfora simpática para os momentos depressivos que me apoquentam de vez em quando (não uso o termo depressão porque sou sensível à questão por a ter viso de perto. Não digo que estou deprimido porque não estou).

A soma dos 3 anteriores redunda em experiências dolorosas quando me parece que não estão a ser cumpridas e satisfeitas.
Eu não quero estar aqui.
É um bocado pueril mas isso não me ajuda.
Eu não quero estar aqui e, por isso, neste momento, sou infeliz.

Friday, September 21, 2018


Nazi das Horas

O Seinfeld tinha o soup nazi que decidia quem deveria receber a sopa que vendia de acordo com o respeito pela coreografia que era necessária para realizar o pedido e pela intolerância a pedidos que contemplassem alguma diferença com o que servia e como servia.
Eu sou assim com horários.

Não me agrada ser intransigente com horários porque não é sexy seguirem-se regras mas é pior o caos desordenado.
Eu, control freak, me confesso.

Existe uma compulsão pela ordem que me é inerente ainda que não aparente mas esta compulsão é alimentada pela racionalidade.

Atrasos são justificáveis.
Ser-se atrasado por natureza, não.

Pode ocorrer um acidente que impossibilita o cumprimento do acordado?
Pode ocorrer uma maleita que impossibilita o cumprimento do acordado?
Pode um despertador avariar ou um telemóvel ficar sem bateria e impossibilitar o cumprimento do acordado?
Pode.
Pode haver um acidente e uma maleita e uma avaria todos os dias?
Não.

Julgo, por exemplo, pessoas que andam apressadas na rua.
Uma pessoa de passo apressado - se não estiver a fazer exercício ou a acorrer a uma emergência - é só pouco organizada.
Acorda mais cedo;
Demora menos tempo a tomar o pequeno-almoço;
Vês menos posts no FB:
Atribui menos likes no Insta;
Organiza a roupa no dia anterior;
Andar mais depressa é o resultado de um atraso anterior e não do momento.

A maioria de nós tem horas que se repetem todos os dias para cumprir.
A vida não é inesperada, apesar do que nos contam os idiotas do cada um é cada qual...que, curiosamente, também costumam ser os que se atrasam para toda e qualquer merda.

Eu não ando depressa na rua.
Primeiro porque não gosto, Segundo porque não é sexy e Terceiro porque eu sou organizado no meu tempo.

Ainda que não seja algo que defenda como bom ou a seguir:
o meu dia de trabalho deveria acabar às 18.00hs mas, em termos efectivos, acaba pelas 16.30hs.
A partir das 16.30hs, passo a adiantar trabalho dos dias seguintes ou a tratar de questões burocráticas que são necessárias mas nada urgentes.

Ah, K, então não gostas é de trabalhar!!!
Não se trata disso.
Trata-se de que é impossível prever o imprevisto e todos os meus dias são montados a contar com o imprevisto para evitar que o imprevisto me foda.
Se algo de absolutamente inesperado - que pode, até, ser um esquecimento - acontecer, tenho, no mínimo, uma hora e meia para tratar dele...todos os dias.

Para 95% dos casos, não ter tempo é o caralho!

Thursday, September 20, 2018

Dinheiro Sujo

Dinheiro ganho de forma dúbia ou ilegal?
Não.
Para mim, todo o dinheiro é sujo.

Poucas coisas me fazem mais confusão do que aparecer-se com qualquer merda ou ir-se jantar a qualquer lado e a primeira coisa que é alvo de questão é o preço.

O dinheiro não traz nada de bom.
É apenas um mal necessário.

Infelizmente, como acontece com tanta e tanta coisa, não posso ser completamente alheio do que me rodeia nem das regras que regem a sociedade e o Mundo onde fui plantado.
Também eu tenho de comer e também eu aprecio, por exemplo, viajar. Também eu gosto da minha máquina fotográfica e também eu gosto de dar presentes (a Ela e quase exclusivamente a Ela).

...mas é triste.

O que me dói ainda mais um bocado é o facto de ser o dinheiro que me proporciona o mais precioso dos bens: Liberdade.
Só a acumulação de dinheiro - com razoabilidade e não aos milhares de milhões - permite que possamos fazer mais do que gostamos e menos do que não queremos. Sem uma razoável acumulação de dinheiro não se pode mandar o Patrão foder e isso é muito triste...

Há uns dias, por causa da minha obcessão com fotografia e a pretensa melhoria de qualidade das merdas que faço, disseram-me devias ganhar dinheiro com isso.
Respondi: Não sei se quero e, ainda pior, eu não sei ganhar dinheiro.
Ambas as afirmações contidas na minha resposta são verdadeiras.

Não sei se quero porque sendo pago por qualquer coisa sinto-me na obrigação de satisfazer aquilo para que me pagam, independentemente do que seja;
Não sei ganhar dinheiro porque não gosto de dinheiro e tenho uma dificuldade imensa em fazer o que quer que seja que não goste.

Há uns anos, tinha uma ocupação de sonho:
Uma gaja precisava que lhe fizesse umas coisas dentro da minha área profissional mas não que contactasse com ninguém além dela e mesmo com ela a coisa era tratada por E-mail. Eu recebia o pedido que vinha de um qualquer cliente; analisava, resolvia e respondia e ela encaminhava o resultado para onde tivesse quer ser.
Além disso, conhecia e confiava há muito nessa gaja, pelo que não estabelecia preço.

Em termos profissionais, é a minha ideia de paraíso.
Sentado em frente ao computador a receber e enviar comunicações escritas que eram remuneradas - eram bem remuneradas, diga-se - sem ter de estabelecer preço.

Honestamente, só queria ser rico para não querer saber de dinheiro.

Tuesday, September 18, 2018

#METOO e a Estupidez

Este é um assunto que a gente à frente tornou polémico.
Nesta idade estúpida em que o contraditório se perdeu e em que uma pergunta é entendida como uma acusação, não convém dizer uma determinado tipo de coisas.
Não deixa de ser muito interessante que a aceitação por todo o tipo de cinza entre as pessoas (o cada um é cada qual e merece ser respeitado) não merece tratamento nem aproximado quanto aos pontos de vistas que não coincidam com a cor dominante.

É absolutamente incrível que alguém possa ser atacado por dizer algo de tão óbvio como pá, será que algumas das gajas que dizem que foram assediadas se calhar não foram? ou será que algumas das gajas não levaram com ele para progredirem na carreira por assim terem decidido e, agora, entram nesta onda sem nela merecerem ser incluídas?.
Não.
Uma qualquer gaja vem acusar um qualquer gajo de a ter assediado e passa a ser um violador.

O Bill Cosby, ao que parece, violou um número ainda não plenamente apurado de gajas e o Louis CK foi posto no mesmo saco por bater pívias em frente a gajas...depois de lhes perguntar se podia.
Não é a mesma merda. Não é.
Podia dizer que as gajas em frente a quem ele bateu uma e que aceitaram não são vítimas mas porque não pretendo fazer o que critico nos outros direi antes isto: é perfeitamente possível que alguma ou algumas das gajas que aceitaram a punheta o tenham feito por sentirem que dizer não as prejudicaria e sentiram-se intimidadas - é assim que funcionam as regras do Poder - e pode, até, ter acontecido que alguma ou algumas delas tenham tido fisicamente medo, o que também é justo.

Agora: o que o Bill Cosby fez e o que o Louis CK fez não são, nunca!, a mesma coisa.

E deixem-me dar um outro passo em direcção ao precipício e deixar as #metoos fundamentalistas perto de um ataque de nervos:

Apresento-vos a Raquel Henriques: https://www.instagram.com/raquelhenriques_oficial/
Não tenho absolutamente nada contra a Raquel Henriques. Nada de nada.
Nunca me fez mal; não acho que seja má pessoa; não a considero inferior a ninguém.

Então, porquê?
Bem, a Raquel veio dizer que foi assediada e que por ter rejeitado os avanços a carreira televisiva dela terminou.
Acredito que tenha sido assediada? Acredito.
Acredito que a carreira televisiva dela tenha terminado por isso? Bem...pode ter sido mas acredito que não tenha sido a única razão.

Se vocês derem uma vista d´olhos ao Insta da Raquel, verão que não estarão perante os mais profundos pensamentos da humanidade. Na verdade, verão que existe pouco tecido envolvido. Poderão, ainda, constatar que ela é podre de boa e que não tem qualquer problema em esfragar-nos isso mesmo na cara.

Ora bem:
Será justo uma mulher como a Raquel queixar-se dos avanços masculinos?
Será justo uma mulher como a Raquel queixar-se da atenção masculina?
Serão justo uma mulher como a Raquel queixar-se dos trolhas que assobiam quando ela passa?
A tudo isto responderei não.

Ninguém tem o direito de ser agressivo no seu cortejo ou mal educado e muito menos pôr a mão na Raquel a menos que ela assim o deseje.
É óbvio e qualquer gajo que proceda de outra forma é um camelo que merece levar na tromba.

Para tentar ilustrar o que quero dizer:
Certa vez, uma gaja estava perto de mim num bar com um decote que corria até ao umbigo.
Quando me disse pode não olhar para o meu peito? eu respondi poderia, se não estivesse a entrar pelos meus olhos dentro!.
Percebem?
Eu não disse nada. Não ofereci bebida. Não me apresentei. Não lhe perguntei o nome. Não lhe toquei com um dedo. 
Eu olhei para as mamas de uma gaja que as estava a mostrar.

Pode ela pretender não ser apalpada?
Pode.
Pode ela queixar-se de estarem a olhar para o que ela veio mostrar?
Não.

Estas distinções e gradações óbvias perderam-se no politicamente correcto nauseabundo e falso.
Querem ficar fodidos ou fodidas comigo por não embarcar na estupidez?
Fiquem.
Caguei.

Ah, e perguntem à Asia Argento o que ela acha, também.

Thursday, September 13, 2018

Gente Idiota

Ia ser sobre outra coisa, coisa essa que seria pontecialmente muito mais interessante mas na viagem de elevador a coisa meio que azedou.

Entrou uma gaja pindérica e que se presumia de boa - só teço comentários deste tipo porque me irritou - no elevador para subir. Eu ia descer e chamei o elevador para o efeito.
A idiota demorou muito tempo a marcar o piso para onde ia e a porta do seu elevador abriu outra vez, desta vez, para descer.

Entrei e ela continuava furiosamente a tentar passar o cartão e não conseguia. Eu esperei, encostado à parede do elevador, para que ela conseguisse ou para que desistisse.
Desistiu. Eu passei o meu cartão. Começou a descer.

Ah, não acredito!
- Desculpe?!
Eu queria ir para cima!
- Pois...mas o elevador vinha para baixo, primeiro, de qualquer maneira.
Obrigado!!!!
- Não tem por que agradecer...
Eu não estava a agradecer!!!!
- Pensei ter ouvido "obrigado".
(saí do elevador e quando já estava a chegar à porta do escritório)
Obrigado!!!!
- De nada. Como lhe disse, não tem o que agradecer.

Custa-me ser menos do que agradável com mulheres e, por isso, estou irritado com esta merda mas, para que fique claro, nada arrependido.
Esta idiota há-de estar habituada a que as suas tortas pernas ou os seus manhosos saltos altos lhe permitam ser parva porque deve haver muito idiota que se impressione com isso e ainda mais idiotas que metem a piroca onde quer que os deixem.
Deu-se mal. Eu detesto gente parva.
Ainda que ela fosse tão boa como imagina, não a tinha ajudado.
Eu detesto gente parva.

Pela postura, acrescentarei ainda que deve ser daquelas nado-mortas intelectualmente que há-de clamar ela injustiça de ser tratada diferente por ser mulher e pela igualdade completa entre géneros.

Fosse eu partidário da mesma ideologia e é provável que a tivesse mandado para a Puta que a Pariu, como provavelmente faria com um homem.

Detesto gente idiota.

Tuesday, September 11, 2018

A Comparação é o Ladrão da Alegria

Comparison is the Thief of Joy, disse o Theodore Roosevelt.
Este Roosevelt é o meu presidente americano favorito.

Por estes dias, um dos gajos que trabalha comigo disse o meu sonho era ter 1.80mts
Tenho a certeza que muitas das pessoas que vêm, por exemplo, o Instagram pensam quem me dera ser como ela ou ele e deve ser por isso que o CR tem tantos seguidores; suponho que as pessoas queiram ser rapadas e ricas e ter carros.

...isto parece-me esquisito desde há muito tempo.
Infelizmente, não poderei dizer que sempre fui assim porque também quis ter as Air Jordan quando era criança e ir de férias para Paris, como muitos dos meus companheiros de escola.
Mas...agora?
Adoraria que esta coisa fosse exclusiva de adolescentes ou crianças mas não é. 
Se fosse algo etariamente pueril não seria vendido um único BMW M3.

Nesta altura, poderão pensar Lá está o K na sua senda contra o materialismo! e estarão apenas parcialmente certos. 
Fujamos a dinheiros e partamos para o que me interessa em termos particulares.
O que eu gostava mesmo de fazer era viajar e ser pago por isso. Esse seria o meu sonho juntamente com ter uma família e viver no meio do monte.
O Bourdain teria a vida com que sonhei - talvez excluindo a droga mas apenas talvez - e o que aconteceu? Matou-se.
A realidade é que neste preciso momento eu sou mais bem sucedido do que ele porque estou vivo (sendo certo que não cheguei à idade dele, ainda).

O gajo que teria a vida que eu mais desejava...não a tinha, de facto. 
Ainda que a Comparação não fosse a Ladra da Alegria, não podemos comparar o que não conhecemos...e, no caso do Bourdain, conhecíamos o programa de televisão. Em muitos outros casos, temos meia dúzia de fotografias retocadas e congeladas num tempo que não tem qualquer expressão.

Agora, porque não sou iludido:
é impossível sairmos ilesos de comparações.
Profissionalmente, por exemplo, é impossível.
Desportivamente, por exemplo, é impossível.

As pessoas mais bem pagas são-no por serem superiores a outras no desempenho das suas funções.
Isto, só se consegue, comparando.
Os vencedores levam a melhor sobre os vencidos e não há manifestação maior de comparação.

A verdade que o Roosevelt corporizou não é aplicável a uma parte considerável da nossa vida social mas, na minha opinião, é-o à mais importante; é aplicável à ilha que podemos ser na persecução da nossa felicidade ou, mais importante, na nossa paz.

Ser o melhor que conseguimos ser, em si, não depende do que os outros são ou possam fazer.
E o melhor que conseguimos ser é dentro de portas. O melhor que conseguimos ser não deveria ser contextualizável. O melhor que conseguimos ser é um trabalho solitário e não solidário, ainda que obviamente se manifeste para lá da pele que nos envolve o corpo.

Eu gosto do Theo.

Friday, September 07, 2018

Desigualdade

Ontem, estive a ver a entrevista que o Herman José deu na RTP a um gajo cujo nome me escapa mas que nem considero mau entrevistador.
Deu-se que aconteceu ao entrevistador o que acontece aos entrevistadores que entrevistam o Herman José: estão fora de pé.

O Herman José é um gajo que aprecio.
Provavelmente o mais avant garde dos humoristas nacionais nos 90s e que apesar de ter perdido algum fulgor nunca se tornou irrelevante. 
A dificuldade de não se tornar irrelevante em Portugal é maior do que em outros países. Nós somos poucos e, por isso, cansámos mais depressa o público; não há gente para ir redescobrindo o que se faz...são sempre a mesma meia dúzia, e o Herman consegue por ser portador de uma inteligência e cultura superiores.
Pode não ser superior em termos absolutos - ainda que ache que o é - mas é obviamente superior à média.

Há, no humor dele, algo que aprecio em quase todas as formas de arte: é suficientemente simples para ser apreendido pela massa e suficientemente sofisticado para ser apreendido por quem anda mais nas franjas.
É muito difícil fazer isto. Mesmo muito difícil.

No caso da entrevista, o gajo que fazia perguntas andava meio perdido.
A dada altura, quando o assunto era a Cristina Ferreira o Herman disse que achava que ela ia morrer sem ser aceite pela elite; o entrevistador disse, atabalhoadamente, que isso resultada de ela ser provinciana da Malveira.
Estava errado mas não sabia. O Herman, diplomaticamente e nada sobranceiro disse-lhe que não era bem isso...e nem de linhagem (o que seria a pergunta seguinte, como bem previu e se tornava óbvio).
Para não ser demasiado agressivo com a Cristina Ferreira e nem como o entrevistador disse-lhe: eu sou de classe média mas andei no colégio alemão, onde andavam os verdadeiramente ricos. Então, mesmo sem ter dinheiro, aprendi os códigos e a forma como se comportam; como sentar à mesa, como pegar nos talheres e por aí fora.

Isto é óbvio e muito interessante.
Eu era - ou sou - de classe média baixa e tive a mesma experiência.
Quando fui exposto ao ricos usava meias brancas e isso foi um problema.
Sofri uma aculturação que ainda hoje é óbvia. Naquele momento, foi uma transformação.
Aprendi de indumentária, de comportamento e de educação.
Nunca fui e não sou um par mas estou completamente à vontade no meio da elite. Não destoo a menos que queira destoar, o que é a mesmíssima coisa.

A Cristina Ferreira não teve nem tem isto.
A Cristina Ferreira é a Feira que mantém ao largo a elite. E isso nem é uma coisa má. Só se torna uma coisa má se ela quiser ser aceite num lugar onde não pertence e, verdade seja dita, que não precisa.

Há uns tempos, estava a falar com Ela e disse-lhe:
É muito engraçado. A Cristina Ferreira pode andar coberta de Gucci o resto da vida que vai sempre parecer que a roupa lhe foi emprestada pela patroa.

Não é por ser da Malveira.
Talvez seja porque nunca conseguiu sair de lá.

Isto é um assunto muitíssimo interessante mas não disponho de mais tempo.

Wednesday, September 05, 2018

Preconceito e Outra Cena

Sou gajo para ser preconceituoso com algumas coisas.
Não é um preconceito que implique discriminar alguém ou tratar mal mas, ainda assim, é um preconceito.

Hoje, circulou um E-mail por causa de um presente para uma pessoa que trabalha por cá. A sugestão? Acho que devíamos dar o livro novo do David Lynch, ela AMA tudo o que ele faz!.

Na minha cabeça - com o devido fundamento para o efeito - só gente possidónia e pseudo-intelectual gosta de David Lynch; por motivos desconhecidos, o David Lynch é suficientemente estranho dentro do comercial para parecer um fenómeno de culto que o pessoal que quer parecer sapiente aproveita.

Pensei, claro, foda-se....
Felizmente, coincide com o que eu acho da pessoa em questão, por isso, tudo está bem porque eu tinha razão.

A outra cena é o Roger Vadim.
Poderão pensar Ai, o K criticou quem gosta do Lynch mas também escolheu um outro realizador mais ou menos obscuro para parecer super espectacular! mas estarão errados.
Sou, no fundo, um ser bem mais básico.

O Roger Vadim teve relacionamentos com:
Brigitte Bardot;
Annete Stroyberg;
Jane Fonda;
Catherine Schneider;
Marie-Christine Barrault;
Catherine Deneuve;
Ann Biderman.

Pá...se não conhecerem alguma delas, vão ver quem é.
Sa fodam os filmes que ele fez!

Tuesday, September 04, 2018

Cool Cat

O termo cat foi atribuído aos músicos de jazz (acho que pelos 20s) porque, como os gatos, eles eram engenhosos, estavam fora a noite toda, caíam sempre de pé e eram maio alheados da sociedade.
Eles eram cool cats e eu também, apesar de, infelizmente, o único instrumento que sei tocar esteja permanentemente preso ao meu corpo.

Hoje, pela primeira vez, senti a terra a tremer. Das muitas vezes que houve notícia de sismo nunca tinha dado por ela mas hoje dei.
A coisa não chegou aos 5.

Estava sentado a ver televisão - sim, no meu suplício diário de esperar que Ela se oriente para um gajo sair - e senti o sofá tremer. Parecia que o sofá estava assente em molas e não em pernas sólidas.

- Oh, C, acho que o sofá está a tremer.
Pois deve estar, isto está tudo a tremer!
Levantou-se e foi cirandar pela casa para tentar perceber o que estava a acontecer. Podem ser os alicerces, ouvi-a dizer.
Vais ficar aí sentado?
- Ah? - perguntei enquanto estava a prestar atenção à opinião sobre o próximo evento do UFC - Queres que faça o quê?
Nem sequer te vais proteger?
- Proteger de quê e como?!
E continuei a ver o que estava a ver.

Aprecio a minha capacidade de não me preocupar com o inevitável (se a merda fosse suficientemente rápida não havia nada a fazer além de levar com o tecto na cabeça) e a de não entrar em pânico (se tivessem começado a cair merdas das prateleiras e tal não iria pensar o que vou fazer?!, já estaria com Ela no ombro a bazar dali).

Como acontece de vez em quando, fiquei contente comigo e mais contente, ainda, por ser, de facto, aquilo que acredito ser e não o que digo ser quando falar é barato.

E lembrei-me que, eventualmente, no meu epitáfio poderia dizer K, a Cool Cat!
Seria suficiente e..cool.
Talvez tenha mesmo de aprender a tocar trompete...

PS. Há uns anos, quando perguntado ao João Donato o que gostaria de ter escrito na sua lápide ele respondeu: Ah, isso é fácil! Quero que diga "Aqui, Jazz".
O João Donato é um cool cat completo.