Saturday, April 30, 2011

Tou farto de ligar a televisão e ver gente a confessar-se. Tou farto de abrir jornais e ver gente a emendar erros passados e a reabilitar-se para a sociedade.

Tou farto porque tou farto que me mintam.
Repare, se toda esta onda de arrependimento (cristão ou outro) fosse verdade, de onde saem os Filhos da Puta que vejo sempre que saio de casa?!

Thursday, April 28, 2011

Vivemos, por agora, impregnados de um sentimento que acabará por destruir muitos.
Se olharmos para uma geração antes parece-me que resultará que os mais bem sucedidos, ou a maioria entre estes, não o foram por acaso mas também não o planearam meticulosamente. Não tenho qualquer intenção de apelidar de acidental o sucesso em questão, nada disso, o que pretendo dizer e temo ser mal sucedido é que não existia, naquele tempo, uma ideia social generalizada de que o futuro iria tornar, cada um de nós, no próximo Bill Gates, Rupert Murdoch ou Warren Buffet (e o que mais estranho, ainda, se torna é que uma esmagadora maioria dos que se vêm como destinados ao estrelato não saberão quem são 2 destes 3 tipos).

Hoje, fruto, em larga medida, da doutrina Americana de um self made man em cada um dos cidadãos, do exacerbamento do egocentrismo do indivíduo (de CADA UM deles) e do sucesso unidireccional temos muitos mais falhados do que ontem e, por isso, muito mais frustrados do que alguma vez existiram.
Hoje, há um vazio resultante do futuro que nunca chegou, do amanhã que nunca será tão radiante como se imagina (sim, já não se sonha, imagina-se como uma inevitabilidade) e este é imensamente mais perigoso do que a falta de uma ou duas refeições; pior que ter fome é não ter rumo, por muito que isto pareça disparatado, olhem à volta e vejam se há mais suicídios por fome ou por frustração.

Não sou saudosista. Não espero e muito menos ansejo o regresso de um passado qualquer, não é isso que pretendo.
Também não quero uma sociedade de carneiros, isso seria enfadonho; também não quero uma sociedade de leões, primeiro porque pura e simplesmente tal não é possível e porque a ordem natural ensina-nos que terá sempre de haver líderes e seguidores.

O que pretendo, talvez ininteligivelmente, dizer é que todos devemos ser ambiciosos mas todos devemos, também, saber que essa ambição não é a ponte para lado nenhum, poderá ser a vontade de construir a ponte mas nem todos seremos Engenheiros.

Tuesday, April 26, 2011

Este Domingo, antes de partir para um merecido festejo no meu dia favorito para sair à noite (por motivos que me fariam corar só de pensar neles, se eu fosse do tipo de corar), estive num café a fazer uma das minhas coisas favoritas: discutir o que não tem possibilidade de atingir uma conclusão definitiva.

Então, nesta conversa tripartida, a coisa andou, em traços gerais, pelo fazer por prazer (uma coisa na linha do auto conhecimento e afins) e o fazer por ganhar. Eu sou pelo fazer por ganhar; o que faço por prazer não o faço de facto, é mais parecido com o ir fazendo. As outras duas partes diziam-se apologistas do fazer por prazer, do desenvolvimento pessoal. Para mim, é uma opção como tantas outras mas uma receita para a mediocridade; é politicamente fofo mas factualmente estéril.

Então, um deles, disse-me que fazia o que fazia porque queria aprovação externa, um prémio visível e uma vassalagem efectiva. Isto revelou-me, à partida, duas parvoices: a primeira foi que, obviamente, não me conhecia nem um bocadinho e a segunda é que para quem não lhe interessa a aprovação externa mas apenas o seu próprio desenvolvimento estava demasiado preocupado em vencer ou convencer (o que confirmei mais tarde...).
Bem, no meu caso não acertou, embora assuma que possa ser verdade em muitos ou na maioria dos casos. Não me interessa particularmente que me aplaudam, interessa-me ganhar e, para esse propósito, não preciso de publicidade. É uma coisa interior, motivacional...
O melhor exemplo disto talvez seja o facto de ter praticado desporto durante a maioria absoluta da minha vida e ter sido sempre federado. Nunca pratiquei qualquer exercício meramente por fazer bem à saúde (o que pratiquei, na verdade, fez-me mais mal do que bem) ou por qualquer outro motivo que não fosse competir e, em última racioganhar.

Voltando ao tipo que me acusou (sim, foi acusatório no sentido de eu ser quase sub desenvolvido) de procurar reconhecimento exterior: quando eram uma 3 da manhã, este gajo informou-nos de que se ia embora. Como sempre acontece, tentámos demovê-lo e, como sempre acontece, também, optámos pelo clássico és um menino, não te deixam chegar tarde a casa e afins, ou seja, como disse, o clássico. Em resposta, o Senhor Enriquecimento Interno optou pelo, também clássico, Eu?! Menino?! Vocês é que são meninos à minha beira porque eu já....e debitou um chorrilho de que já apanhou bebedeiras e fumou ganzas e tal, coisas que ninguém lhe perguntou mas que eles precisou de dizer....para se validar externamente.

É o mundo que temos. Um mundo que, nos dias de hoje, defende o que obviamente desconhece e espera que nunca se descubra essa ignorância.

Monday, April 18, 2011

Sapo e Escorpião

Há uma fábula que envolve estes dois animais; o Sapo ajuda o Escorpião e este, depois de ajudado, mata-o. No seu leito da morte o Sapo pergunta ao Escorpião o porquê de o ter morto e o Escorpião responde-lhe que tal faz parte da sua natureza.

É uma boa fábula e explica muitas das consecutivas falhas na nossa personalidade. É de elementar justiça, ainda assim, reconhecer que seremos mais racionais que os animais referidos mas não é de menor justiça que somos, também nós, animais e é milenar a questão que se coloca quanto à possibilidade de mudarmos, todos nós.

Ora, este Sábado encontrei, por acaso, um casal amigo de longa data e a conversa andou por estas bandas. Não se puxou por para esse lado, até porque é um temo algo deprimente para mim, mas a verdade é que desaguou nas vizinhanças.
Porque me deprime?
Tenho algum orgulho em acreditar que me vejo como sou e não como gostaria de ser ou imagino ser (apesar de reconhecer que tal possa não ser verdade mas o facto de estar atento a este tipo de coisas é meio caminho andado) e isso tem uma pequena maldição acoplada: Eu sei o que faço de mal, sei quando o vou fazer e, ainda assim, há ocasiões em que o não consigo evitar.
Por exemplo, tenho uma enorme dificuldade em confiar e em encarar o fracasso. Não me orgulho, não devia ser assim mas não consigo evitar, pura e simplesmente não consigo.
Estou melhor em ambos os aspectos mas começo a duvidar, ferozmente, que consiga, algum dia, resolver de vez esses problemas.

Chega a ser risível: tento, com bastante afinco, eliminar de mim aquilo que não presta, que me prejudica ou que me impede de ser mais do que o que sou....e como tenho fracassado nisso, fico profundamente irritado.

Thursday, April 14, 2011

Muito se discute sobre política e muito se fala da corrupção que por lá se encontra. Desde processos judiciais e contratos ruinosos passando por obras públicas absolutamente desnecessárias e acabando em concursos públicos combinados. Tudo isto acontece no partido que conquista o poder e, à data, não me parece que haja qualquer excepção.
O célebre "onde há fumo há fogo" parece-me de evidente relevância, aqui.

Mas esqueçamos tudo isto.
Vamos ignorar a foz e pensar um pouco mais na nascente.
Como nunca tenho a intenção de me alongar (por falta de paciência vossa e minha) vou fazer a habitual reflexão básica e superficial.

Comecemos com um exemplo americano que nada tem de original mas que ilustra, em exagero, o que quero dizer com isto da "nascente".
Numa eleição para governador de um estado (mais básico e superficial não se encontra), um dos candidatos gastou uma pornográfica quantia de milhões para se eleger...quando o vencimento e retorno que o cargo daria não se aproxima, sequer, de 1 milhão.
Isto não parece estranho? Que investimento ruinoso é este de "meter" dezenas de milhões para um emprego que não proporcionará, sequer, 1% desse valor em rendimento?

Esta questão não é meramente americana. Esta questão é mundial!!
Será que alguém no seu perfeito juízo ou sequer em meio do seu perfeito juízo acredita que tudo isto é meramente um esforço patriótico? Que os particulares e as empresas espetam dinheiro sem qualquer medo apenas para que se arranje o melhor para o país? E se assim fosse, porque apoiariam gente que nunca trabalhou na vida, que não tem uma profissão que o sustente (pelo menos relativamente à sua ambição) e que, por vezes, até o diploma da licenciatura falsificou?

Meus amigos, o depois é sempre reflexo do antes. Como em tudo na vida, não há almoços grátis e a dívida de hoje é o crédito de amanhã.

Isto cheira mal desde que nasce....

Wednesday, April 13, 2011

Ao Elemento Femninio

Domingo passado tiva o prazer de mais um convívio regado a comida e bebida (como tem de ser) entre amigos e amigas, antigos e recentes.
Como é habitual, a conversa acaba sempre por redundar no mais interessante dos assuntos: sexo. Não sei se assim é porque quem se encontra presente o pratica muito ou pouco frequentemente mas uma das duas tem de ser; assuntos medianos não são tão recorrentes nem tão interessantes.

Bem, porquê o aviso ao elemento feminino? Porque, na minha opinião, há muitas e muitas mulheres mal comidas e são-no por culpa própria. Sim, os homens que as comem não estão isentos de culpa mas esta é incomparavelmente mais reduzida.
Porquê? Ora bem:
Há muitos mitos criados no seio masculino; uns porque pensam que os filmes porno são reflexo da realidade e, por isso, algo de parecido com manuais e outros porque pensam que mulheres e homens, em termos de satisfação, são iguais ou, sendo simpático, similares.
Neste encontro, alguns dos homens presentes saíram com um imenso traumatismo porque as mulheres presentes disseram-lhes algumas coisas que eles precisavam saber mas que nunca lhe tinham sido ditas.

Às mulheres:
1) não finjam orgasmos. Primeiro porque se o fizerem nós vamos achar que estamos no caminho certo e seguiremos, cegamente, essa cartilha e vocês serão, constantemente, mal comidas. Segundo porque deveriam transmitir aos homens que, muitas das vezes, sentem um imenso prazer mesmo sem orgasmo (nunca dizendo que ele não é importante mas fazendo saber que não é tudo);
2) não façam menos do que pretendem fazer apenas para não parecer mal ou para que os homens não pensem que vocês são levianas ou fáceis. Garanto-vos que a maioria dos casos de infidelidade estão a isto ligados, quando não se tem em casa procura-se fora;
3) não permitam que os homens pensem que o que vocês gostam é de martelos pneumáticos, de horas e horas de martelada sem interrupção, de maratonas intermináveis de posições e mais posições para que, a meio, vocês estejam a fazer as listas de supermercado para o dia seguinte;

Estes são os que me parecem mais importantes e os que me lembro. Conhecimento que agradeço às mulheres sem papas na língua que estiveram e ainda estão na minha vida; aquelas que me indicaram o caminho porque queriam o mesmo que eu: foder e ser fodidas.

Monday, April 11, 2011

O que nos alimenta nem sempre nos entra pela boca. É verdade, ou assim me parece, que sem alimento no sentido mais literal do termo não sobreviveremos, o que não acontece com o seu equivalente metafórico.
Por isso, e antes de mais considerações, irrita-me ouvir gente dizer que sem isto ou aquilo morreriam; sejam livros, seja pintura, seja música ou outra coisa qualquer. Obviamente não morreriam sem arte mas é também óbvio que seria sempre um sobreviver diferente.

A arte não é suficiente para nos fazer viver mas é imprescindível para que essa vida, ou sobrevivência, tenha cor. Não tem que ver com sustento, tem que ver com prazer e, coisa manifestamente estranha, não raras vezes prescinde-se de algum sustento para ter alguma cor.

Confesso que sempre que me recordo de momentos felizes está lá alguma forma de arte. Sim, até um filisteu como eu tem alguma sensibilidade a este nível. E não digo alguma forma de arte no clássico portador de náusea de uma música que me lembra isto ou uma fotografia que me lembra aquilo. Não, nada disso. Não é a banda sonora ou um adereço de um qualquer momento, é o momento em si. Não corrobora com o que se passava, era o que se passava.

Lembro-me, por exemplo, do livro Madagáscar, do concerto dos Pearl Jam, no restelo, da bateria na Portela e no Salgueiro, do Magnólia e do Paris/Texas, apenas para citar alguns exemplos. Os momentos foram criados por eles e não empurrados para lá por uma qualquer lembrança de uma fêmea ou coisa que o valha. Isto, para mim, foram momentos de arte, momentos que se consumiram em si mesmos e não partilharam o seu espaço com ninguém.

É como a música de fundo, odeio-a. Ou me incomoda porque me atrapalha, quando é má, ou me incomoda porque me atrapalha, quando é boa.

Friday, April 08, 2011

Vi há pouco tempo "O Turista", filme pejado de bons actores, alguns deles que se deram a fazer papeis manifestamente secundários, mas que tinha como astros principais e Angelina Jolie e o Johny Depp (por esta ordem, sem dúvida).
O filme é péssimo...parece-me difícil que fosse possível ser pior com tanto talento por metro quadrado. É péssimo. Péssimo. Péssimo!

Vi-o, já, duas vezes.

Qual o motivo para tanta boa gente fazer tão mau filme (o único mau do Depp que já vi)? Qual o motivo que me levou a ver, para já, tão mau filme duas vezes?
A resposta, para ambas as perguntas, parece-me simples: Angelina Jolie.
Para eles, que fizeram o filme, pela oportunidade de estar perto dela. Para mim, que vi o filme, pela oportunidade de a ver mover-se.

Num mundo de mulheres bonitas (ou lindas) a Jolie é mais.
É discutível que seja a mais bonita e é, também, discutível que seja a mais boa; então, porquê?
Bem, eu que não sou saudosista nem penso que o melhor já lá vai, tenho de admitir que, aos meus olhos, o glamour das actrizes do antigamente (Sophia Loren, Bardot, Lolobrigida, Fonda, Taylor...) sobrevive, hoje, apenas nos corpos da Jolie e da Bellucci. São os baluartes últimos de classe; são as únicas que entram num baile e fazem o tempo parar; são as únicas com uma qualidade intrínseca que se corporiza no deslizar e não no andar; são as únicas que nos levam, de novo, ao tempo de classe e de presença, afastando-nos, por isso, da vulgaridade actual.

Já vi duas vezes e algo me diz que verei mais ainda, mesmo que sem som.

Wednesday, April 06, 2011

Sou um apreciador da história, maioritariamente, da história que se liga a conflitos, tanto armados como outros.
Aliás, história que não tem de ser tão histórica assim.
Por isso,

"Missão dada é missão cumprida, parceiro!"

Monday, April 04, 2011

Optimismo e Pessimismo

Não me parece uma verdadeira opção esta de ser oprimista ou pessimista. Como em quase tudo que nos rodeia há-de ter uma carga genética própria e ser, juntamente com esta última, um resultado do ambiente e da educação familiar...mas, ainda assim, mais genética do que outra coisa.

Ver qualquer um destes tipos inverter-se para o outro chega a ser doloroso e, a maioria das vezes, inconsequente. São os que terminam uma relação de coração destroçado e que, naquele momento, juram a pés juntos que não estão mais para aí virados e, passados uns momentos, apaixonam-se de novo (optimistas); São os que, depois de ponderarem, chegam à conclusão que passados milénios será altura de ter uma relação mas que nunca a chegam a ter, mesmo quando efectivamente acompanhados, porque os dois pés nunca estão juntos, há sempre um atrás (pessimistas).
É uma luta titânica em que uns dizem que a coisa até pode correr mal mas, até esse momento vale a pena e os que quando acham que a coisa pode correr vêm como irrelevante qualquer coisa que medeie o início e o fim.

Pertenço, por natureza, aos pessimistas. Racionalmente, direi que estou certo, apesar de não ter podido escolher, porque, ao fim ao cabo, alguma coisa sempre correrá mal; estou certo disto e a história sempre o comprovou, contudo, o grande calcanhar de aquiles deste dramático destino é que, se assim sempre se pensar, não adianta levantar o rabo da cadeira nem empreender qualquer viagem, afinal de contas, esta acabará sempre.

Porque não me agrada esta visão e porque não me vejo capaz de a alterar totalmente (também não quero) evolui (ou regredi, depende dos pontos de vista) para aquilo que considero ser realista. É assim como que uma cor entre o negro e o rosa; é o compromisso entre o desejo eterno do que se calhar vai acontecer e o que tragicamente acontecerá.
Poderia falar de Espinoza e de toda uma corrente de Realistas mas não o farei. Não o farei porque esta teoria filosófica não me adoptou, procurei-a e aceitei-a como minha...Afinal, todos precisamos de alguma ordem.