Wednesday, May 22, 2019

Fake News

Esta expressão está muito em voga. Não a aprecio e nem concordo com ela.
...o problema é não ser completamente desprovida de sentido.

O pessoal que anda a dizer fake news a toda a hora, por norma tem um problema com factos. Utiliza a expressão para combater coisas como 1 + 1 = 2. 
Com esta gente eu tenho problemas.
Pretendem, as mais das vezes, uma narrativa que lhes interesse, por muito distópica (mentirosa talvez fosse um termo mais apropriado ainda que menos polido) que seja; procuram combater o que chamam de fake news com reais fake news.

...mas eu deixei de ver telejornais.
A coisa está difícil para quem quer notícias.

Ontem, estive a ver uma reportagem sobre as empresas que recuperam crédito mal parado.
A reportagem foi vergonhosa.

Não é minha intenção defender empresas de recuperação de créditos (ou gestão de activos, o que soa muito melhor!). Na verdade, o que me interessa, para este assunto, nem sequer é o tema. O que me interessa é a falta de rigor nas merdas que se dão como certas.

O pessoal que se terá sentido afectado pela reportagem poderá e haverá de dizer que não se sabe quem são as pretensas vítimas ou, sequer, se o são. Há muito vigarista e gente que, pura e simplesmente, não quer cumprir com as obrigações que assume.
É um argumento válido.
...mas nem isso me interessa.

O problema é outro: foi dita muita coisa que, pura e simplesmente, não corresponde à realidade. Por mais que não seja, não corresponde à realidade legal.
As imprecisões fazem muita diferença. A desinformação ou informação incompleta muda tudo.

Ora,
neste caso, eu tenho um conhecimento profundo da coisa, pelo que detectei todas as estupidezes que se disseram e sei, sem margem para dúvidas, que o tema não é o que dele fizeram, pelo menos numa parte substancial.
Aquilo foi uma reportagem para indignar, como são todas.
A banda sonora era dramática. As pessoas entrevistadas não deviam nada a ninguém. As vítimas viviam uma vida de inferno injustificado.

Rigor? NENHUM.

Deixei de ver notícias e de lhes prestar atenção por causa disto.
Não é de agora. Este não é o único tema que conheço com mais profundidade do que a média das pessoas.
E o dilema é como posso confiar em reportagens sobre o que não domino?
É óbvio que a falta de rigor e a desinformação não se reduzem a notícias sobre assuntos que conheço. E como posso confiar em notícias sobre outros assuntos?

Simples: não posso.

Nada de novo, na verdade.
Há uns anos, um gajo foi baleado e morto à porta de um restaurante. A notícia relatou o facto (homem é chamado por uma mulher ao exterior do restaurante e, quando saiu, foi assassinado) e deu-lhe o enquadramento; falou com familiares.
Os familiares disseram qualquer coisa como: Estamos chocados! Não entendemos! Não tinha inimigos. Vivia perto de X e era (profissão que não me recordo)! Não entendemos!!!

O gajo em questão era um traficante de droga.
A família inteira traficava droga.
O gajo que o matou, traficante de droga era.
Possivelmente, o gajo que morreu já tinha feito o mesmo a outros.

Isto constava da notícia de jornal?
Nop.
Como é que eu sei?
Bem. Sei. Não é de ouvir dizer.

Monday, May 20, 2019

40´s

Os primeiros dias dos meus 40 não estão a ser cool.
Acho que até por aqui tenho falado de crise de meia idade. Não pesquisei nada a respeito e também não tenho vontade de fazê-lo agora.
Vou imaginar que apesar de acharmos que somos todos únicos e especiais, somos muito mais parecidos do que gostaríamos.

Como disse, não andei a ver a definição clínica para o caso nem dissertações sobre isto.

Porque não sou um gajo materialista nem (absolutamente) superficial, achei que não seria afectado por esta maleita.
Afinal, nunca quis e nem quero um descapotável; na verdade, nunca quis nem quero passar a malhar miúdas com metade da minha idade para provar que sou Homem ou que sou jovem por dentro.
Também não estou a pensar andar vestido à moda nem passar a usar vocabulário milenial.

Estou safo, certo?!
Errado. Oh, tão errado.

Até aqui, penso ter demonstrado que estou numa minoria, apesar de não único.
Pertenço a uma estirpe mais evoluída, não é?
Não. Infelizmente, não.

Bem,
até agora, nada de físico se alterou (Ah, K, e haveria de ter mudado em meia dúzia de dias?! é uma questão justa mas refiro-me ao último par de anos). Honestamente, os meus 30s foram mais duros, fisicamente.

O que me anda a moer fortíssimo é a ideia de finitude.
Não da morte em si. Tenho a certeza que quando chegar a altura - se a vir chegar! - não vou achar graça e talvez tente regatear com ela. Mas, agora, não é medo da finitude enquanto tal.

O que me anda a chatear é arrepender-me de não fazer coisas que realmente queria! Dispenso os Ferraris e as Kelly Baileys (se é assim que se escreve) mas não dispenso meter os pés longamente na Ásia, por exemplo. Não me apetecia passar por cá sem saber como é a vida no Irão.

...e tudo me dói mais, por causa disto.

Amanhã temos 60 anos, é essa merda que anda a moer! disse-lhe.
Eu sei que sentes o mesmo mas não sofres na mesma medida que eu quando fazes o que não te apetece! disse-lhe.

...e tudo isto é verdade mas Ela não tem culpa.
Ando insuportável!

Monday, May 13, 2019

O Berardo

Há algum tempo, ouvi a tipa dos Verdes dizer que o congelamento da carreira dos professores e a falta de recuperação integral dos rendimentos era ridícula, especialmente se tivermos em conta o dinheiro que se gastou a resgatar os Banco.
Ela ouviu isto e disse é, e se eles ardessem nós não ardíamos também?!.

Acho o mesmo que Ela mas o problema é que enquanto os gajos responsáveis pelo arder dos bancos não forem engavetados, a Comunista pode usar este argumento; é falacioso, claro, mas tem por onde se pegue porque o pessoal que fodeu esta merda ainda se anda a rir.

...e o Berardo.

Vi uma passagens do depoimento deste gajo no Parlamento.
Foi doloroso e provocador de uma cólera que nada traz de bom.

A desfaçatez deste gajo fez-me desejar, por momentos não tão breves quanto isso, que andasse por cá um Salazar.
É uma vergonha e um despudor que não podem nem devem ser admitidos.
Nestes momentos de delírio, talvez um ISIS ainda fosse melhor do que um Salazar...para o que aquele gajo teve a lata de dizer, Salazar era demasiado meigo.
Lapidação?
Cortar as mãos dos gatunos?

Não tenho orgulho deste desvario radical e violento mas também não tenho vergonha.

O Berardo é, provavelmente, o sintoma da decrepitude em que nos encontramos. Talvez seja um dos cavaleiros do apocaplipse.

O meu desejo é que a Democracia se mantenha apesar de termos de papar estes reles vermes. 
Mas a verdade é que não sei se o sistema se vai aguentar muito tempo perante estas demonstrações de que a história se repete como farsa.

A Le Pen anda aí e, ou muito me engano, ou andará cada vez mais acompanhada.

Agradeçam, também, a este Madeirense que foi fazer o que quer que tenha sido - não poderá ter sido bom!!! - para a África do Sul e, depois, veio presentear-nos com a gosma que lhe sai da boca.

Friday, May 10, 2019


Wednesday, May 08, 2019

Confiar em Gente

É difícil confiar nas pessoas e assumo-me como desconfiado.
Por norma, associa-se a desconfiança a insegurança ou trauma ou cinismo. Provavelmente, assim se associa por ser verdade. É como a palhaçada dos lugares comuns: não os aprecio mas não apareceram de gestação espontânea nem foram completamente inventados. São usados e são comuns em resultado de experiência adquirida e demonstrável.

(eu sei, eu sei. Todos são especiais e, por isso, nunca se identificam com lugares comuns. Se todos fossem especiais tornar-se-iam. ipso facto, comuns. Mas e explicar isto?)

Ainda que conceda que pode dar-se o caso de desconfiar por conta de alguma das merdas a que me referi, o que me parece é uma outra coisa.

As pessoas são egoístas. É difícil confiar-se em gente egoísta.
Ah, K, quanto cinismo! Nem todos somos egoístas!!!
Falso. Só gente com problemas não é, intrinsecamente, egoísta. A Natureza e a Biologia são egoístas. 
Se tivermos de escolher entre nós e outros, escolher-nos-emos Nós. A vida é uma luta pela sobrevivência. Antes, era uma luta pela sobrevivência literal e hoje, com aquilo a que desaprendemos a viver, é mais metafórica mas igualmente poderosa.

Não é cinismo.
Eu nem sequer me ofendo por alguém ter os seus interesses em primeiro lugar. Se mo disser, considerarei que é honesto. Aprecio gente honesta.

Os cães ladram porque são cães.
As pessoas são egoístas porque são pessoas.
Ora, se não levo a mal que um cão ladre...

A minha desconfiança nada tem de pejorativo, resulta, apenas, de uma constatação de facto.

Tuesday, May 07, 2019

Deambulação

Gosto de olhar. Gosto de ver.
Acho que sempre foi assim.

Quase tudo o que escrevo tem que ver com o que vejo; é verdade que pode haver uma qualquer alegoria ou metáfora mas a ficção interessa-me pouco.
Sempre apreciei fotografia e, agora, aprecio muito (mas mesmo muito!) fotografar. O facto de não editar fotografias, por exemplo, tem mais do que um fundamento. É verdade que joga contra a minha natureza brusca mas é ainda mais verdade que me interessa muito mais tentar captar o que estou a ver do que o que gostaria de estar, ainda que para as outras pessoas possa ser menos interessante.

Chego-me sempre mais perto de um precipício porque quero ver de lá;
Faço sempre mais uns kilómetros de carro porque quero saber o que está depois da curva.
Ando sempre mais umas centenas de metros porque quero ter a certeza que aquela estrada não leva a lado nenhum.

Viajar não é diferente.
Podia ser pedante e falar de mergulhar na cultura ou enriquecer como ser humano e mais umas quantas expressões ocas que pintam as redes sociais.
É provável que faça a primeira e que aconteça a segunda mas o que eu quero, mesmo, é ver.

A maioria vem contar das ilhas paradisíacas e dos resorts incríveis e das águas límpidas e isto não me interessa por aí além.
Não se enganem: excluindo os resorts, aprecio todas essas coisas mas não faria milhares e milhares de kilómetros por conta de uma água mais quente e mais limpa nem por um cocktail na praia. 

Vou porque quero ver.
É, também, por isso que não gosto de ficar meia dúzia de horas num lugar só para dizer que lá pus os pés.

...é uma coisa minha.

Este romantismo, como tudo na vida, não vem sem custos.
A fantasia que ajuda muitos de nós a suportar uma vida que nem sempre é aquilo que gostaríamos não me é permitida.
Não acho que tudo vai correr bem nem que tudo tem uma solução. Acho que algumas coisas correrão bem. Acho que algumas coisas têm solução.

Bem, é sempre melhor ver...não é?

Monday, May 06, 2019

...a ver se cá venho com mais tempo nos próximos dias